Lorem escrita por The Klown


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Algumas observações da minha parte:
—O universo no qual a história se passa não é o nosso, não obedecendo as leis químicas, físicas e biológicas do mesmo.
—Talvez haja certa ingenuidade da minha parte na minha interpretação do futuro distante.



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   Era X221K-29. Isso era uma data, um ano, sendo mais específico. O seu correspondente no extinto calendário gregoriana é incerto, embora o estimado seja algo como 5400 D.C. De fato, uma data deveras avançada, em comparação a época em que esse extinto calendário estava em vigor.
   O lugar? Um planeta no centro da Via Láctea, cujo nome era Clare. Fora para lá que a raça humana se espalhou após o colapso do planeta Terra. Não que todos os humanos tenham se transportado para lá, outros planetas habitáveis foram colonizados também, embora Clare tenha sido o tal cuja colonização foi mais abrangente.
   O planeta Terra havia entrado em colapso na metade do ano de 2126 depois da vinda de Jesus. Por sorte, cinco anos antes, a cultura terráquea havia aperfeiçoado os métodos de viagens em torno do universo, tornando as tais rápidas, baratas e, acima de tudo, possível de se realizar em grande escala, para a sorte da raça humana.
    Reza a lenda que tais ancestrais haviam abandonado seu planeta de origem exatamente no momento certo, pois quase um ano depois, a Terra havia se tornado deserta e inabitável, tamanha a concentração de gases tóxicos na atmosfera. Em grandes ônibus espaciais, a elite do povo deixara seu planeta e rumaram aos planetas habitáveis mais próximos que, ironicamente, ficavam muito longe. Quase que dez anos depois, eles alcançaram tais planetas, enquanto o povo comum ficou na Terra, esperando a morte lenta pelas mãos das toxinas aéreas.
    A viagem até esses planetas não foi muito amigável. Milhares de pessoas presos em um ônibus espacial por dez anos não daria muito certo, mas tudo foi bem, em prol da humanidade. Geradores de calor avançadíssimos conseguiam reproduzir o calor dos raios de Sol, evitando que seus passageiros morressem por frio.
   E essa história foi passada de geração para geração. A cada geração, detalhes foram sendo modificados, como aquele velho ditado diz: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”. Nesse caso, “diminui um ponto” seria mais adequado, sendo que a cada geração tais detalhes foram sendo comidos. Até que, três milênios depois, a história real tenha sido esquecida e o fato de que o povo de Clare veio de um planetinha chamado Terra no braço da Via Láctea seja considerado um absurdo, e apenas um mito. Se você perguntar para algum rapaz aleatório na rua o que acha da “Teoria Terráquea”, ele riria e falaria que você está delirando, e até talvez mandaria você procurar o hospital mais próximo.
    Quanto aos avanços tecnológicos de um tempo para outro, não tem nem por onde começar. De mais significativo, temos o seguinte: em 4326 no antigo calendário terráqueo, os cientistas descobriram em suas viagens de campo um estranho cristal azul brilhante nos asteróides mais próximos. A tal cristal foi dado o nome de “Excer”, embora o porquê dessa nomeação apenas os cientistas sabiam.
    Depois de estudos que levaram alguns anos, os cientistas clarenses descobriram que os excers, na verdade, são fósseis cristalizados de seres vivos. A partir da sua estrutura genética tais gênios elaboraram uma fórmula. Uma fórmula que, ao ser aplicada em um ser humano, o tal adquiria uma habilidade especial.
   Apelidada de E.V.O.L (Evolutive Vector of Life), a fórmula foi testada em várias cobaias, pessoas voluntárias, e concluíram que a habilidade adquirida PE diferente conforme o material genético do indivíduo. Simplificando, a habilidade é diferente de pessoa para pessoa.
   Como a fórmula em si é genética, filhos de alguma pessoa cuja fórmula tenha sido injetada não precisará da injeção para ter poderes, ela nasce com tais, embora eles variem de pai para filho.
   O estudo foi publicado, e logo aplicaram E.V.O.L. em cada pessoa de Clare. Assim, cada pessoa do planeta possuía uma habilidade especial. No começo houveram problemas no controles dos poderes, com resultados catastróficos, culminando na Guerra Evolutiva (datada de 4335), mas isso é assunto para outro capítulo. Após a guerra, o povo enfim se acostumou as habilidades.
   Resumindo, E.V.O.L. foi a evolução mais drástica e importante na história clarense. Fora isso, a fusão a frio fora descoberta, acabando com noventa e oito por cento dos problemas de energia. As barreiras religiosas foram quebradas e logo a clonagem se tornou possível. O povo de Clare também se acostumou ao ambiente do mesmo. O calor excessivo (algo como dez graus a mais em comparação com a temperatura que estavam acostumados) e bactérias desconhecidas (logo vacinas foram inventadas) foram alguns problemas no início, mas logo foram solucionados.
    E essa é Clare.

---

   Martin estava morrendo de calor. Fazia aproximadamente quarenta graus, algo que em Clare era apenas um dia quente. O Sol mirava para ele, brilhando branca e majestosamente, iluminando e esquentando o hemisfério leste do planeta, e, mais especificamente, o escritório de Martin.
   O rapaz estava dando o melhor em seu trabalho. Embora tivesse apenas vinte e cinco anos de idade, já fora tachado de típico homem de escritório. Seu terno negro com risca-de-giz contrastava com o seu jeito relaxado de se arrumar. Os cabelos castanhos abundantes e despenteados, olheiras sob as cavidades oculares e barba por fazer. Já não vestindo mais seu paletó, ele espreguiçou-se sobre a cadeira.
    Não havia dormido direito, era perceptível para qualquer um que desse uma boa olhada em Martin. Saíra na noite anterior com John e Stu, quando vadiaram pelos bares da capital, Cite, bebendo cerveja, cantando garotas. Nada demais havia acontecido, mas a balada deixou Martin com sono e muita ressaca. E isso, junto ao calor, não era uma boa combinação.
   Atordoado, ele olhou ao redor.
   Não era o maior escritório do mundo, mas dava para realizar seu trabalho confortavelmente. Uma escrivaninha feita de salgueiro ocupava o centro da sala, seguido logo atrás por uma cadeira giratória preta na qual Martin sentava-se. Na verdade, a escrivaninha não era de salgueiro, mas era de um material parecido encontrado em Clare que foi batizado de salgueiro pelos colonizadores.
   Uma lâmpada fluorescente branca no teto providenciava a iluminação noturna no aposento, enquanto de dia a janela de vidro atrás de Martin fazia o Sol cuidar do resto.
    Sobre a sua escrivaninha havia um computador portátil. Os formatos deles não mudavam há séculos, 2125 anos. Mas a sua tecnologia evoluiu conforme o passar dos anos, sendo agora que cada computador é algo indispensável e barato na casa de alguém.
    Fora isso, um precário porta-canetas enfeitava a sua mesa. Surpreendente, pensava Martin, de como tantas coisas evoluíam, mas as coisas mais simples continuavam as mesmas. Bem, se continuavam cumprindo seu trabalho, estavam boas para ele. E também um vídeo-fone. Como um telefone de vídeo, todo mundo tinha o seu.
    Por falar no diabo, o vídeo-fone tocou. Martin rapidamente atendeu o tal, apertando o botão azul ao lado da tela de LCD. Era a sua secretária.
   -Senhor Johson, um Sr. Kennedy está aqui para vê-lo. Ele diz que é importante.
   Sr. Kennedy. Era um nome fácil de lembrar, um dos grandes amigos de Martin Johnson. Lentamente, levantou-se e caminhou até a porta, que se abriu, deslizando, sem ruídos.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que vocês tenham gostado do prólogo. Em breve estarei postando outros capítulos aqui.