Justin's POV

Lágrimas percorriam meu rosto. Esse pensamento me atordoava. De que jeito eu iria dizer a Hope que teria de sair de Portugal hoje mesmo depois do concerto? No meio da noite, sem poder lhe desejar uma boa noite? Sem saber se nos poderemos ver novamente?

Isso estava dificil.

Usher me tinha dito isso minutos atrás, e deu "suas mais sinceras desculpas". Ele estava tentando me animar, enquanto eu deixava as lágrimas rolarem, deitado no sofá.

- Vá lá, Justin. Vocês dois não vão acabar… - ele disse, fazendo movimentos com as mãos, como se eu fosse uma criança de 5 anos.

- Como você pode ter tanta certeza, vai ser como com Caitlin, a distancia vai nos separar…  - respondi, olhando pra baixo.

Usher apenas suspirou. Ainda comecei meu namoro hoje e ele já está em risco… uh, ser famoso não tem piada nenhuma. Senti meus olhos pesarem e o sono vir. Deixei o sono me levar, afinal, eu tinha de estar preparado para isso…

…Para o fim…

(…)

Minhas mãos tremiam, mas eu sabia que não era por causa do frio lá fora, mas sim pelo que viria a seguir. Minha cabeça latejava, meus olhos piscavam freneticamente, tentando não chorar, minhas bochechas estavam rosadas e quentes, enquanto eu esperava alguém abrir a porta.

- Oi Justin! - Prya disse, sorrindo. - Tudo bem?

- Nem tudo… preciso falar com Hope, ela está?

- Não, foi ás compras… mas me diz, meu filho, o que você quer falar com Hope? - Ela perguntou, com um tanto de preocupação em sua voz.

- Eu… Eu terei de sair de Portugal… até durante o fim da minha tour. - Falei, Prya olhou pra mim com os olhos arregalados. Ela tinha percebido tudinho… tudinho até demais.

- Isso significa que vocês vão acabar? - Ela perguntou, no mínimo, preocupada.

- Isso depende de Hope… - eu falei, abaixando o olhar.

- Vem, entre… - Prya falou. Ela me levou até a sala, para ficar ali á espera de Hope, porque o assunto era importante, e não podia ser adiado.

A sala era nem grande, nem pequena. Tinha paredes amarelo camarelado, uma mesa de madeira grande, com um pano branco e fino. O sofá onde me sentei era verde, florido. Á frente do sofá havia uma televisão média, mas muito velha. Essa casa me fazia lembrar a minha antiga, quando os tempos não estavam fáceis, mas essa, ainda estava pior.

Descansei minha cabeça na almofada dourada do canto, enquanto retirava minhas supras pretas e me deitava. O meu cabelo estava suado, deixando cair suor em toda minha face. E, por isso, eu tinha que lhe passar a mão de cada cinco em cinco minutos.

Liguei a TV, onde estava a dar noticiário. Ah… coisa mais chata. Fiquei vendo o noticiário que falava sobre crise, suicídios, dinheiro, enfim. Tudo para rebaixar uma pessoa. Mudei de canal, onde estava a dar… noticiário. Droga, droga, droga… estes canais só têm noticiário? Mudei de canal, e apareceu tudo preto e branco, fazendo um som esquisito. Essa televisão só tinha quatro canais? Ta de sacanagem…

- Ai Justin, meu filho. Esqueci de te dizer que aqui só existem quatro canais, para ter mais tem que se pagar uma fortuna… - Prya disse tristemente, abrindo a porta para sair.

- Ah, tudo bem. Eu fico vendo isso mesmo. - Falei não querendo acreditar no que ouvira. Esse país estava muito mal economicamente. Muito mal mesmo. Então decidi deixar no canal anterior, enquanto Prya saía.

- "… Milhares de garotas estão esperando o fenómeno da música Justin Bieber aqui, no coliseu do Porto, para o concerto dessa noite. Cerca de 150.000…" - A mulher disse. As tugas têm um sotaque fofo desse português, hein? Ah bem, 150.000 isso é bastante para a crise daqui… Eu deveria oferecer bilhetes grátis a quem não pode…

No entanto, os meus pensamentos foram interrompidos pelo barulho de chaves lá de fora, estiquei o pescoço, me sentando, para ver através daquelas portas com vidros pequenos, quem era.

Então a porta abriu.

- Mãããe, cheguei! - Hope disse, entrando na sala onde eu estava. - Onde voc-JUSTIN?! O que você está fazendo aqui? E onde está minha mãe?

- Sua mãe saiu, calma. - Sorri, e ela suspirou pra mim. - Nós precisamos conversar.

- Como assim, Juju? - Ela perguntou, se aproximando de mim.

Um nó se instalou na minha garganta. Abri a boca duas vezes fechando-a em seguida. O som não estava saindo. Então me levantei e abracei Hope.

Aspirei o seu perfume, o perfume que eu nunca iria esquecer na minha vida, que iria guardar no funda das minhas fossas nasais pra sempre.