Memórias escrita por Não sou eu


Capítulo 10
Luce




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Uma semana se passou desde que Luce saíra do hospital. Na escola alguns policiais pediram depoimento sobre o ocorrido na biblioteca, mas depois tudo voltou ao normal. Ninguém parecia realmente se importar, como se aquilo não fosse nada, ninguém parecia se importar que uma pessoa houvesse morrido, e Luce sabia que era por sua causa, uma morte a mais para carregar. Não viu Daniel nem uma única vez. Sua mãe havia voltado para L.A, onde morava, assim que Luce recebera alta, mas como o feriado se aproximava logo voltaria para vê-la.

— O que você prefere laranja ou verde? — Arya estava com uma expressão alegre em seu rosto, e Luce ao contrario, estava pensativa, sem nem ao menos prestar atenção no que lhe perguntava. — Luce me responde. Eu não sei que vestido escolher, não quero parecer uma desesperada.

— Acho que o vestido laranja ficará bonito.

— Tudo bem então. Ei amiga, vou ir me arrumar, ele disse que vai passar no meu quarto para gente ir. Tem certeza que não quer ir com a gente? Ele com certeza têm um amigo gatinho pra você!

— Não, estou bem. Vá você e se divirta.

Arya sorriu e saiu do quarto. Luce se jogou na cama, exausta. Passara o dia inteiro na biblioteca olhando livro por livro para ver se conseguiria encontrar outro exemplar de Anjos, por que caíram? Mas não encontrou nada. Não conseguia entender ainda por que o diretor lhe disse que esse livro serviria para alguma coisa.

Andava deprimida, e assustada. Não conseguia dormir a noite, como se soubesse que algo viria para machucá-la, e a cada ficava pior. Era um pesadelo. Ela estava em um beco sem saída, pensou que com o tempo, as pessoas do quebra cabeça começariam a se encaixar, mas pelo contrario.

Olhou no relógio, o segundo período iria começar, precisava descer. Assim que entrou na sala de química, olhou ao redor e percebeu que seu parceiro de química voltara. Mas algo estava errado com ele, Daniel parecia cansado, como se não comesse nem dormisse por dias. Sua aparência estava desgastada, parecia uma pessoa completamente diferente.

— O que aconteceu com você? — Luce estava sentada ao seu lado, o encarando. Quando tentou tocar sua mão, ele desviou, recusando seu toque.

— Nada, com que tenha que se preocupar.

— Como não vou me preocupar, você parece...

— Horrível? Pensei que você nunca me veria assim. — Sua risada era irônica, tão fria que causava calafrios em Luce.

— Eu ia falar doente.

— Já disse Luce, não tem nada com que se preocupar.

Ela entendeu pelo seu tom de voz, que aquela conversa estava acabada. Quando a aula acabou Luce seguiu Daniel pelo corredor, sem que ele percebesse. O que quer que ele fosse fazer, ela queria saber, ela queria saber o que ele escondia. Ele estava indo em direção a floresta, e Luce estava certa que sabia para onde ele estava indo. Não podia ser discreta andando atrás dele pela floresta, então esperou um pouco para poder ir atrás dele.

Quando chegou à cachoeira se manteve a uma boa distancia para que não a visse, mas boa o bastante para poder vê-lo e ouvi-lo. Percebeu que ele não estava sozinho, Pullie estava ao seu lado, com a mão em suas costas nua. Daniel estava sem camisa, de costas para Luce. Ela conseguia sentir o ciúmes se apoderando dela, a raiva, mas continuou ali, a encará-los. Ouviu alguém urrar de dor, e percebeu que era Daniel.

— Fique quieto, esse machucado está pior que os outros. Não sei por que você fez isso consigo mesmo. Olhe pra você, está acabado. Você sabe o que tem que fazer, não lute contra quem você é Daniel.

— Não, eu vou me recuperar do meu jeito.

— Você é muito teimoso.

Daniel gritou mais uma vez, e Pullie se afastou. Luce não conseguiu ver seu rosto, mas algo fez Daniel se levantar também. Em suas costas havia uma cicatriz em formato V. Alguma coisa estava acontecendo, uma luz muito brilhante invadira o lugar, e então acabou.

Luce caiu de joelhos, não podia acreditar no que via. Daniel continuava de costas para ela, mas agora as coisas estavam diferentes. Longas asas cintilantes tomavam lugar, ele parecia ter roubado todo o brilho do sol, porque sua pele brilhava de um jeito exuberante. A luz foi desaparecendo, mas as asas continuavam lá. Ouviu a voz de Pullie e despertou da sua perplexidade.

— Assim está bem melhor. Há muito tempo que não vejo você assim.

— Não deveria ficar tão alegre, por que eu não estou.

Então as asas sumiram, e Daniel se virou na direção de Luce, sua aparência havia melhorado muito, estava mais lindo do que costumava ser. Mas ela não sabia o que pensar, aquilo era impossível. Ela se levantou e começou a andar na direção dele. Por algum motivo, algumas coisas poderiam fazer sentido, coisas que ela sempre soube que não poderiam ser reais, mas o que sabia agora? O cara que estava apaixonada tinha asas, ele era um anjo. 


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