O Massacre escrita por HannahGreyjoy


Capítulo 3
3. Bad decision?


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu demorei mas eu tava sem inspiração e.e Enfim, aproveitem ^^ Que a sorte sempre esteja a seu favor!



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===== DIA DA COLHEITA =====

Fios de luz passavam pelas cortinas da minha janela. Eu me levantei me olhando no espelho. Meus cabelos estavam bem mais curtos, um pouco a cima dos ombros. Há quase 11 meses, eles chegavam a tocar meus ombros tranquilamente. Afastei os panos grosseiros que usávamos como cortinas e olhei a fazenda da minha família uma ultima vez. O céu estava azul, sem uma única nuvem. A grama não poderia estar mais verde, e as vacas estavam todas deitadas na sombra de um enorme carvalho. Suspirei penosamente. Eu não estava completamente certa se eu queria me voluntariar. Eu tinha poucas chances de sair na colheita, já que ninguém nunca esperou muita coisa de mim. Sai da cama, tomei um banho e coloquei a blusa menos surrada que eu tinha, junto com uma calça de brim novinha e minhas botas perfeitamente polidas. Desci as escadas e entrei em um cômodo único que usávamos como sala de estar, cozinha e copa.

Minha mãe usava um dos seus longos vestidos e meu pai e minha irmã roupas parecidas com a minha. Nós tomamos um café silencioso e nos dirigimos ao centro do distrito. Como sempre, eu fiquei ao lado de Letícia e Cloé. Minha prima estava mais chorosa que o normal graças a um boato que espalharam : Joel tinha 50% dos votos do distrito e ela 45%. Se eu conheço bem Cloé, ela não estava ligando com os 45% dela, e sim com as altas chances de Joel ir pra Arena. Ele parecia bem e nos lançava sorrisos corajoso vez ou outra, mas eu sabia que ele estava com tanto medo quanto qualquer uma de nós.

Uma mulher de cabelos prateados subiu ao palco e fez o blá blá blá de sempre. O prefeito entregou-a dois envelopes lacrados.

-Aqui, em minhas mãos, estão os nomes dos dois jovens corajosos que representaram o distrito 10! Damas primeiro, claro. – Ela disse abrindo o envelope. O aperto de mão de Cloé e Letícia se intensificou.

-Letícia Carvalho! – A mulher disse. Lê ficou pálida e soltou nossas mãos. Ela começou a se dirigir ao palco. Eu tenho que tomar coragem, eu tenho que me voluntariar...

-Esperem! – Eu gritei o máximo que minha voz permitia. As câmeras focaram em mim, junto com todos os pares de olhos presentes ali.

-E-eu... Eu me voluntario como tributo! – Eu disse hesitante. Murmúrios surpresos correram os habitantes do distrito. Letícia se aproximou de mim.

-O que você pensa que está fazendo?! – Ela sibilou.

-Salvando sua vida. – Eu respondi sorrindo tristemente antes de ser levada pelos pacificadores.

-Parece que o distrito 10 finalmente tem sua primeira voluntaria em vinte e cinco anos de Hunger Games! – A mulher disse quando subi no palco. Meu olhos ardiam enquanto eu segurava as lágrimas -  Qual seu nome, querida?

-Hannah Strauss.

-Qual sua idade?

-Treze. – Seu sorriso vacilou um pouco. – Farei quatorze daqui a alguns dias.

-Essa menina que você se voluntariou é o que sua?

-Minha melhor amiga... Quase uma irmã – As malditas lágrimas escorreram pelo meu rosto. Merda,vou parecer fraca.

-Uma salva de palmas para nossa jovem e corajosa tributo feminina! – A mulher disse puxando palmas desanimadas de todos do distrito. – Agora, nosso tributo masculino! – Ela abriu o envelope. – Foi uma disputa acirrada, mas o 25º tributo masculino do distrito 10 é... Noa Woods!

Puta merda.

Meu olhar foi até o menino alto de cabelos cor de cobre e olhos cinzas maldosos. Ele estava sorrindo. Andou confiante até o meu lado, de nariz em pé.

-Muito bem! Eis os tributos representantes do Distrito 10! Apertem as mãos. – A mulher disse. Nós nos viramos e apertamos nossas mãos com força. O olhar de Noa dizia tudo: “Não vou te proteger na arena só porque você é mais nova. Estará lá por conta própria”. 

Eu me sentei no sofá de uma das salas do prédio de Justiça. Tinha vontade de pular a janela e correr para as campinas e viver lá, como uma nômade. Obvio que eu iria ser capturada e transformada em uma Avox (ou coisa pior), mas deve ser melhor que isso.

A porta da sala se abriu e meus pais e minha irmãzinha entraram.

-Vocês tem 3 minutos. – Um dos pacificadores disse fechando a porta em seguida. Eu dei um abraço forte em minha mãe, e logo depois em meu pai.

-Estamos orgulhosos de você... – Meu pai disse entre lágrimas silenciosas. – Tente ficar viva.

-Eu irei. – Eu disse dando outro abraço nele. Me virei então pra minha irmã, que chorava copiosamente. Ela me deu um abraço forte, que quase me desequilibrou.

-Ei, ei. – Eu disse me abaixando e limpando suas lágrimas. – Calma ok?

-Tenta ganhar. Por favor. –Ela disse com os olhos cheios de água.

-Eu vou. Você sabe disso. –Eu disse tentando sorrir. Me levantei e me voltei pra minha mãe. Ela me deu outro abraço apertado e me disse:

-Não vá pro banho de sangue. Pegue apenas uma mochila perto de você e corra. Me entendeu? – Eu assenti chorando. Ela levou um dos polegares ao meu rosto e secou uma das muitas lágrimas. O pacificador chegou e levou meus pais e minha irmã embora. Logo entraram meus avós. Minha avó estava quase tendo um ataque cardíaco, mas disse que eu era mais forte do que eu pensava e que eu tinha chances de vencer com uma boa aliança. Já meu avô me deu um caderninho velho de couro.

-Aqui tem várias espécies de plantas medicinais. De um jeito de levá-lo para arena, ou estude-o bem. Principalmente as plantas comestíveis ou venenosas. – Ele disse indicando as páginas numa espécie de indicie no começo do livrinho. – Me deixe orgulhoso ok? Use suas habilidades e não se esqueça de ficar em um lugar com água. – Ele beijou minha testa. – Nós te amamos muito. Não esqueça disso.

Os pacificadores os levaram também. Então Letícia, Cloé e Joel entraram na sala. Letícia deu um tapa forte em meu braço esquerdo, mas logo depois me abraçou.

-O que você pensa que está fazendo?!

-Lê... –Eu tentei disser, mas Cloé me interrompeu.

-Você é maluca não é?  

-Ei! Eu fiz isso pra salvar minha melhor amiga! Duvido que você não fizesse o mesmo por Joel se fosse possível! – Eu gritei irritada. Um silêncio constrangedor caiu sobre a sala. Cloé virou-se e deixou a sala.

-Garota maluca... – murmurei. Joel me deu um abraço e mais algumas dicas de sobrevivência e foi embora com a Letícia.

Me sentei no sofá e cobri a cabeça com as mãos. Eu estava prestes a ir pra arena... teria que matar pessoas. Como eu iria fazer isso?! Eu não tenho coragem nem de matar moscas! Ok, eu já deixei muita gente com cicatrizes feias graças ao meu facão, mas só isso! Nunca tentei matar nenhum deles, e matar bestantes com certeza é diferente de matar pessoas.

Perdida em meus pensamentos eu não percebi os dois pacificadores que pararam ao meu lado.

-O carro a espera. – Um deles disse me levantando pelos cotovelos. Lágrimas escorriam pelo meu rosto quando eu saí do prédio e entrei no carro que me levou para a estação de trem no Norte.Eu nunca tinha ido lá.

Diferentemente do Sul ou do Leste, ele tinha prédios de cinco andares e pequenas casinhas feias de concreto. Torci o nariz diante da paisagem sem graça, com a monotonia do cinza quebrada apenas pelas campinas de capim alto meio amarelado e pelos enormes galpões vermelhos de teto branco feitas de madeira, os abatedouros. Percebi também altas torres onde ficavam as diferentes rações para os animais. Saltamos do carro sempre, acompanhados dos pacificadores. Um enorme trem prateado estava nos aguardando.

-Esse é o trem que leva os tributos? – Eu perguntei a mulher de cabelos pratas, que eu descobri que se chamava Caitilinn.

-É sim. – Ela disse sorrindo para mim em quanto segurava meu pulso com a mão direita e o de Noa com a esquerda. Caitilinn nos levou para dentro do trem e partimos.

-Bem, seus quartos são por ali. Devemos chegar à Capitol amanhã de manhã.

-Amanhã? –Perguntei surpresa. Caitilinn riu.

-Sim, querida. Os trens da Capitol são rápidos, sabe. Se vocês me seguirem, poderão comer um pouco. Nós gostamos de dar o maior conforto possível aos nossos tributos durante esse período curto em que vocês estarão na Capitol.

Ela nos guiou até o vagão-restaurante. Lá havia uma mesa enorme cheia de bolos, tortinhas, pães, sopas, pratos frios e outras coisas que eu nunca tinha visto em minha vida. Eu nunca passei fome porque os pais da Letícia sempre davam uma parte da comida deles pra minha família, mas isso era muito mais comida do que eu já tinha visto no D-10.

Me sentei em uma das cadeiras e provei um pequeno bolinho com cobertura e confeitos. Era delicioso. Melhor que qualquer coisa que eu já provei da padaria do distrito. Noa se sentou a minha frente e pegou um pão feito de grãos e frutas secas, típico do nosso distrito.

-Porque você não prova um pão de outro distrito Noa? Os do 4 são meus favoritos. – Caitillin disse dando a ele um pão esverdeado.

-Essa coisa não ta estragada não? – Perguntei enquanto pegava mais um dos bolinhos enfeitados. Esse tinha várias flores de glacê. Caitillin riu.

-Não querida. Ele é feito de algas. Experiente um também! – Ela disse colocando um no meu prato. Eu dei uma mordida. Tinha um gosto estranho... era salgado e meio amargo. Fiz uma careta involuntária.

-Tem um gosto estranho... é salgado. –Eu disse.

-Claro que é salgado sua burra! São algas marinhas. –Noa disse. Eu senti meu rosto ficar quente.

-Desculpa, Sr. Eu-sei-tudo! Já que eu não sou inteligente o suficiente pra falar com você eu vou embora. –Eu disse me levantando e derrubando a cadeira de carvalho. – Desculpe Catillinn, mas eu perdi a fome. – Eu andei até a porta com uma das facas de manteiga na cintura (velhos hábitos não mudam).

-Ainda bem que você sabe que não é boa o suficiente para andar comigo... – Noa murmurou. Eu me virei e, com um movimento rápido, lancei a faca em sua direção. Ela se alojou na parede ao seu lado. Caitillinn gritou. Eu andei pisando forte até a mesa e acertei um soco na boca do seu estômago.

-Eu só não acabo com você aqui e agora porque eu posso fazer melhor na Arena. – Eu disse a ele antes de ir para o meu quarto.

Eu passei a tarde lá, olhando para o teto. Alguém bateu na minha porta.

-Se for o Noa, vai tomar no cu e não enche! – Eu gritei.

- Sou eu, Monike. – A voz disse abafada do outro lado da porta.

-Entra... –Eu disse. Ela abriu a porta e sentou ao meu lado na cama.

-Caitillinn contou sobre o que ouve... Não liga pro Noa, ele é um idiota. –Mo disse fazendo carinho em minha cabeça.

-Ele me irrita tanto... Não sei como eu vou aguentar dividir o mesmo apartamento com ele durante alguns dias.

-Eu e Leo cuidaremos disso, não se preocupe. Nós vamos assistir as colheitas, quer vir também? – Ela perguntou.

-Aham... Mas se aquele puto implicar comigo, eu mato ele.  –Monike riu, mesmo sabendo que eu provavelmente tentaria matá-lo de verdade.

Sentamos na sala de televisão para assistirmos as colheitas. Eu só tinha visto uma televisão uma vez, na casa do prefeito.

Quase todos os tributos escolhidos tinham a idade máxima. Os tributos do 1 e do 2 me deram um pouco de medo. Eles pareciam ser bem mais fortes que eu e tinham a idade máxima para participar dos jogos. Os do 4 eram mais novos, ambos tinham 15 anos. Os outros eu não prestei muita atenção, pois só alguns chamaram minha atenção. Tipo a menina do 5, Aghata, e o menino do 8, Adalberto. Aghata se voluntariou antes mesmo de falarem quem seria a representante do seu distrito. E Adalberto parecia ser forte. Aposto que os carreiristas iam tentar colocá-lo na aliança. Eu nem quis olhar nossa colheita, não queria ver minha demonstração de fraqueza na frente de toda Panem. Mas olhei o aperto de mão que Noa e eu demos. Era possível ver o ódio em nossos olhos. Até o comentarista percebeu.

-Parece que temos dois tributos que não tem uma relação muito amigável por aqui! Hannah Strauss, 13, e Noa Woods, 17! Será muito interessante vê-los em ação, não é mesmo Helder? – Um homem de cabelos verde-mar perguntou a um outro com várias pedras cravadas na pele.

-Com certeza! Em todas as edições em que havia pessoas assim, elas sempre deram um show em confrontos diretos! Estou muito ansioso para ver esses dois na Arena. Na verdade, eu estou mais ansioso para ver a menina, a Hannah. Ela fará 14 anos em 3 dias, e eu acho que ela pode ser uma forte candidata para chegar as oitavas de final, .

-Eu discordo... Ela é pequena demais, além de não parecer ser muito forte. Eu acho que o Noa tem mais chances que ela. Vamos agora ao distrito 11! - O homem de cabelos verdes disse. Um silêncio desconfortável instalou-se na sala. Eu olhei pra baixo desconfortável.

-Não ligue para eles minha querida. – Caitillin disse tocando meu braço. – Tromper acha que apenas os tributos grandes com cara de poucos amigos ganharam. Ele disse que o Leo serviria de palito de dentes de carreiristas. E ele matou três dos seis carreiristas. Você pode enganar a todos com seu tamanho, mas aí dentro eu aposto que tem uma guerreira pronta para ser a primeira vencedora de um massacre quartanário.

-Obrigado Caitillin. – Eu disse dando um meio sorriso.

-Pode me chamar de Cait, querida. – Ela disse me dando um abraço. – É melhor vocês irem dormir. Amanhã será um dia cheio.

Noa e eu nos levantamos e fomos para nossos quarto enquanto Monike, Leo e Cait discutiam algumas táticas para trazer patrocinadores para nós.  Nossos quartos eram um de frente para o outro, então tivemos que caminhar pelo corredor juntos, mas em silêncio. Quando eu fui entrar no meu quarto, Noa disse.

-Você ouviu Tromper não foi? Você não tem chances de ganhar. Você será a primeira a morrer e você sabe disso. – Ele disse barrando meu caminho até a porta. – Você se voluntariou para sua morte. – Meu rosto ficou quente de novo.

-Eu não me voluntariei para a morte, seu imbecil. – Eu disse serrando os punhos. Então cuspi em seu rosto e o empurrei para o lado. Assim que eu entrei no quarto, tranquei a porta e troquei de roupa. Fiquei lendo o livro do meu avô até tarde, quando o sono finalmente veio. Eu precisava estar pronta para a Capitol, então dormi um pouco. Afinal, o desfile de tributos seria amanhã. 


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