O Massacre escrita por HannahGreyjoy


Capítulo 1
Massacre


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^ (N.A.: Todos os tributos e alguns personagens foram BASEADOS em fãs do FC carioca de Hunger Games PanemRJ)



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O vento açoitava meu cabelo. O cheiro fétido e forte de decomposição emanava da gruta dos bestantes.

–Tem certeza que quer fazer isso? – Letícia perguntou ao meu lado.

–Claro. Eu preciso fazer isso. – Eu respondi armando uma flecha no arco. Puxei e respirei fundo, fechando os olhos. “A flecha é uma extensão do seu corpo”, era o que o meu avô me falava desde que eu tinha seis anos. Já era uma espécie de mantra. Soltei a flecha e armei mais duas. Os bestantes em forma de lobo saíram rosnando da gruta. Letícia sacou uma pequena espada tosca que pertencera a seus avós. Abati mais dois e errei um por alguns milímetros de distancia. Letícia decapitou três.

–Você é uma chata! – Eu disse rindo enquanto armava mais flechas. Essa era a nossa rotina no distrito 10. Acordar, tomar café, ir matar alguns bestantes que foram deixados pela Capitol depois da guerra, voltar pra casa, tomar banho e ficar o resto do dia a toa nas campinas até o toque de recolher.

Claro que matar bestantes era algo totalmente ilegal, mas quem liga?

Um bestante mordeu minha perna e eu dei um chute em seu focinho. Eram uns oito bestantes, nem em sonho daríamos conta de todos.

–Vamos pra armadilha!- Gritei pra Letícia virando meu cavalo, Tifão, para o sul. Ela fez o mesmo e fizemos nossos cavalos correrem o máximo que podiam. Retirei uma das facas de caça da sela do cavalo e cortei um cipó. Uma rede com tábuas de madeira foi levantada, deixando um buraco enorme a mostra. Os bestantes mergulharam no buraco e Letícia cortou outro cipó e a rede caiu novamente, fechando a pequena cratera.

Eu parei o cavalo ao lado de Letícia, que estava ofegante graças a adrenalina da perseguição.

–É melhor tomarmos um banho para tiramos nosso cheiro. – Eu disse retirando um dos meus cachos do rosto. Letícia concordou com um aceno de cabeça e fomos ao único rio do nosso distrito.

Após um banho rápido, cuidamos da minha ferida (Que, por milagre, ficou escondida em baixo da minha bermuda) colocamos roupas limpas e fomos para nosso acampamento improvisado. Como o sol já estava alto, resolvi que almoçaríamos ali.

–Então... O que você acha que vão anunciar hoje a noite? – Letícia perguntou mordendo um pedaço de carne assada.Ontem, na escola, haviam contado que teríamos um programa obrigatório da Catipol e não teríamos aula. Essa é a única coisa que eu gosto nos programas obrigatórios, não tem aula.

–Sei lá... Alguma merda que eles geralmente falam. – Eu disse dando de ombros. Eu ergui meu cantil. – Down if the Capitol! - Eu gritei a plenos pulmões. Letícia tapou minha boca.

–Ta louca?! Se nos ouvirem... AI! –Ela gritou quando eu mordi seu dedo.

–Ninguém vai ouvir. – Eu disse rindo. – Estamos a cinco quilômetros da fazenda mais distante do centro do distrito!

Letícia hesitou por um momento. Então deu de ombros e ergueu o cantil.

–Down if the Capitol! – Ela gritou rindo. Tomamos alguns goles da água e me levantei.

–Vamos! Temos que chegar em casa logo. –Eu disse montando em meu cavalo. Foi um trajeto silencioso e tranquilo. O centro do distrito era um dos lugares mais agitados do distrito. Possuía o único comercio do distrito, a prefeitura, o edifício da Justiça e a casa do prefeito, claro. Eu entrei no boticário dos meus avós.

–Oi vó! – Eu gritei quando entrei. Ela saiu de trás do balcão e me deu um abraço tão apertado, que quase me sufocou.

–Como foi o dia de vocês hoje? –Ela perguntou abraçando Letícia.

–Ah, foi... Normal. – Eu disse dando de ombros e escondendo rapidamente as armas, já que alguns pacificadores passaram em frente a loja da minha avó.

–O que ouve na sua perna? – Ela perguntou vendo a mancha vermelha na minha bermuda verde oliva. Merda.

–Bom...

–Ela foi mordida. – Letícia disse sem rodeios. Vaca!

–Hannah! – Minha avó disse preocupada. – Porque você não me contou? Ah, esqueça! Vamos, seu avô deve saber o que colocar nessa perna.

Subimos as escadas e encontrei meu avô debruçado sobre a mesa do seu consultório lendo algumas páginas de um livro antigo. Geralmente era isso que meu avô fazia quando não estava dormindo ou fazendo estoques de remédios.

–Oi querida. Como foi a caçada? – Ele perguntou virando uma página do livro. Meu avô, assim como a minha avó,já foi loiro, como a maioria das pessoas do norte do distrito. Tinha olhos claros e geralmente mudavam de cor, ora verde, ora azuis. Já minha avó tinha olhos castanhos profundos e tão escuros quanto café, assim como os meus e os da Letícia. Ambos eram brancos, já que no Norte faz menos sol que na parte Sul do distrito.

Diferentemente de alguns distritos, o nosso era dividido em Norte,Sul, Leste e Oeste. Cada um cuidava de um animal diferente. No Sul cuidávamos de bovinos, no Leste de suínos, o Oeste da parte aviária e o Norte... bem, o Norte não fazia nada específico. Eles trabalhavam mais produzindo ração para os animais, com abatedouros e transportando os animais (mortos ou não) para o distrito 9 para serem transformados em alimento ou para a Capitol (Nem me pergunte o que eles queriam com galinhas, bois e porcos vivos!). Mas a Vila dos Vitoriosos, o centro comercial do distrito, a prefeitura, o prédio de Justiça e a casa do prefeito ficavam exatamente no centro do distrito. Só os comerciantes e o prefeito (e, infelizmente, os pacificadores) moravam no Centro, já que eles não estavam ligados diretamente com as atividades do distrito.

–Ah, foi meio chato. – Eu respondi dando de ombros. – Não conseguimos nada porque fomos atacadas por bestantes.

–É mesmo? – Ele perguntou interessado. – Quantos vocês abateram?

–Edgard! – Minha avó exclamou batendo no braço dele. – Um dos bestantes mordeu nossa garotinha!

–Eu não sou uma garotinha vó... – Eu disse rolando os olhos enquanto Letícia morria de rir. Eu ia fazer 13 anos da que a um mês! Eu não era mais uma garotinha!

–Se acalme Dolores! Onde foi a mordida? – Meu avô disse me sentando em uma cadeira.

–Na perna. – Eu disse puxando a perna da bermuda pra cima.

–Hm... Passe isso aqui duas vezes por dia nas próximas duas semanas, ok? – Ele disse me jogando um frasco com um líquido esverdeado dentro.

–Ta bem. Brigada, vô. – Eu disse dando um beijo na bochecha dele. Depois eu dei um abraço na minha avó e tive que explicar que eu já tinha almoçado antes de vir pra casa dela e blá, blá blá.

Eu fui pra casa da Letícia na Vila dos Vitoriosos. Os pais dela tinham ganhado os jogos a uns vinte anos atrás. Sim, os dois pais dela ganharam os jogos. A mãe dela ganhou a 5ª e o pai a 8ª edição.

Eles tinham uma aparência comum das pessoas do Sul: pele morena ou bronzeada pelo sol, olhos escuros e cabelos castanhos com as pontas e algumas mechas queimadas pelo sol. Nós ficamos no quarto da Letícia fazendo nada até as quatro, quando a mãe dela apareceu para falar que o programa obrigatório ia começar. Nós descemos e encontramos outros dois vitoriosos prontos para assistir o anuncio da Capitol, Monike (ganhadora da 21ª edição dos jogos) e o Leonardo, ou Leo, como todo mundo chamava (que ganhou a 24ª edição, ou seja, a do ano passado). Ele era filho do prefeito da cidade e, diferentemente do que a maioria das pessoas achava, ele conseguia muito bem sobreviver no meio do mato. Monike era do Sul, assim como eu e Letícia, e Leo era do Norte. Mas ele vivia no Centro, por razões obvias. Os dois me deram um abraço apertado, o que eles sabem que eu odeio.

–Prontos pra assistir o anuncio? – A mãe da Letícia perguntou trazendo uma bandeja cheia de biscoitos feitos de leite, típicos do nosso distrito. Nós nos sentamos na sala e o pai da Letícia ligou a TV. O hino da Capitol tocou e o presidente apareceu acompanhado de um menino com um terninho branco. Meus punhos serraram automaticamente. Ele começou aquela historia sobre os Dias escuros, como nasceram os jogos e toda aquela conversa de sempre que eles falam no dia dos jogos. Então, enquanto ele recapitulava as regras dos Jogos, disse algo que eu nunca tinha ouvido falar:

–Mas, na mesma época em que anunciamos a criação dos Jogos, nós criamos uma comemoração para marcar o aniversário de vinte e cinco anos da criação dos Jogos Vorazes. Algo que lembre aos rebeldes, porque nós chegamos a esse ponto... Lamentável. – Ele disse com uma falsidade impressionante. Meus punhos se serraram ainda mais, fazendo as poucas unhas grandes que eu tinha se enterrarem na minha pele e furarem alguns vasos. Eu sentia os filetes quentes de sangue escorrerem pela minha mão enquanto ele abria a caixa de madeira carregada pelo menino. Lá dentro, vários papeis enfileirados e selados. Haviam muuuitos, mais de cem. Aposto que nunca teríamos tantos jogos, mas as pessoas da Capitol achavam. Ele retirou um papel selado com o número 25 e o abriu. Com seu sorriso falso, ele leu:

–No aniversário de 25 anos, para que os rebeldes se lembrassem de que seus filhos estavam morrendo por seus pai terem escolhido iniciar a violência, cada distrito fará uma votação para escolher os tributos que os representaram.

Diana, a mãe de Letícia, saiu correndo para a cozinha. Monike soltou um grito baixo, mas alto o suficiente para ecoar pela casa. Louen, pai de Letícia, e Leo pareciam atônicos. Eu não entendia o porque, mas quando eu comecei a compreender, lágrimas escorreram pelo meu rosto. Os distritos iriam mandar os melhores que conseguissem, claro. E, do nosso distrito, com certeza seria alguém dos bandos. Bandos eram os grupos de caçadores de ladrões de fazendas, e eu e Letícia fazíamos parte de um. E, levando em conta que a Capitol manipulava quase todas as edições com filhos de vitoriosos, eu acho que sabia muito bem quem iria ser escolhida como tributo feminino. Eu olhei pra Letícia e percebi que ela havia compreendido também, já que tremia e chorava abundantemente. Ela seria indicada como tributo, todos sabíamos disso. E nós não poderíamos fazer quase nada contra isso.



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