- Que horas são? - Foi a primeira frase que Jen Mars disse quando acordou naquela manhã de sábado. Quando ela olhou para o lado viu Luke Berrigan, o astro do Rugby da faculdade ao seu lado. Ela vestia uma camiseta que nunca tinha visto na vida e ele usava apenas uma boxer. Seu coração pausou por alguns segundos e ela tentou se lembrar de alguma coisa.

O que não foi fácil.

Mas ela lembrou-se de Madeline sumindo, dela subindo até o quarto dele. Deles se beijando... Só que as lembranças terminavam ali e, qualquer que seja o fato que ocorreu depois disso, ambos estavam muito bêbados para se lembrar.

Ótimo, era o que eu precisava.

Seu celular começou a tocar - era a música que ela dançara com Sherlock no baile que Wolf a levou pela primeira vez - fazendo Mars cair da cama e acordar seu companheiro.

- Por Deus, você está bem Jen? - Luke perguntou enquanto Jen, ainda um pouco atordoada, pegava o celular.

- Oi Jonh! - Ela disse, tentando ser casual. Acontece que havia mais de cinco chamadas não atendidas, sem contar as de Mad.

- Onde você está? Eu acordo com Madeline me ligando apavorada dizendo algo como ter te esquecido em uma festa e você não atender o telefone. Não sei quem eu vou matar primeiro, você ou a Srta. Covington.

- Sobre ela ter me esquecido, isso é totalmente verdade, mas eu estou bem Jonh.

- Assim espero. Eu exijo sua presença no almoço de hoje. Lestrade, Rose e Lilian também vêm e eu convidei a Mrs. Hudson também...

- Isso aprece um almoço em família... - Jen respondeu e imaginou como seria bom se Sherlock pudesse compartilhar disso também.

- Afinal, onde você está? - Jen, sabendo que a história apavoraria o velho amigo, apenas sorriu e disse:

- Estarei ai por volta do meio dia, tchau Jonh.

- Jennifer Mars você não vai desligar na minha car... - Pode se ouvir Jonh falando, mas Jen apenas riu e desligou o celular. Olhou a hora: tinha uma hora para chegar ao 221B, tomar um banho e ir para casa de Watson.

- Esse era Jonh Watson? O Jonh Watson? - Pediu Luke. Mars sorriu, concordando.

- Olha, preciso ir, tenho que estar na casa dele ao meio dia ou serei esfolada viva... Podemos sair qualquer dia desses, se estiver tudo bem para você...

- Eu vou te ligar. - Ele disse. Ela vestiu o short e ele disse para ela ficar com a camiseta. Quando ela pegou um táxi, Luke fechou a porta e subiu para o quarto sorrindo. Tudo estava dando certo.

Jennifer Mars chegou no 221B, tomou um curto banho, vestiu uma roupa qualquer e correu para a casa de Jonh e Mary Watson. Na frente, já havia o carro de Lestrade estacionado e, para a surpresa dela, o de Mycroft também. 

Ela entrou de fininho, desejando que Jonh não a visse, mas ele foi a primeira pessoa a perceber que a loira havia chegado.

- Eu vou matá-la pelo o que me fez passar hoje.  Onde você estava e... O que é esse vermelho em seu pescoço? Isso é o que eu acho que é? - Jennifer havia se arrumado tão rápido que não viu o chupão que Luke havia deixado ali. Eu vou matá-lo bem devagar...

- Não é... nada.

- Onde você estava? - Pediu Lestrade.

- Numa festa. - Ela respondeu, querendo fugir.

- E depois disso?

- Eu fiquei lá até agora de manhã... Olha, Mad havia sumido, eu estava bêbada de mais para chegar em qualquer lugar e a probabilidade de acabar morta era muito grande para sair sozinha no meio de Londres. O dono da casa pediu se eu queria dormir lá e eu aceitei, nada de mais.

- Não é o que seu pescoço nos diz. - Respondeu Jonh, um pouco irritado.

- Jonh... Eu... Merlin, não tenho nenhuma desculpa sobre isso. Eu tenho 19 anos e estava bêbada. Coisas assim acontecem. - Rose e Mary apenas riram, elas pareciam estar felizes pela garota finalmente encontrar alguém que não fosse um maluco ou algo assim.

- Ela está certa Jonh, - disse Mary ao socorro de Jennifer. - Ela é tão jovem, tem que aproveitar a vida.

- Mas ela não precisa sumir desse jeito...

- Jonh, - Mars começou a dizer, - podemos falar ali fora por um minuto?- Dr. Watson concordou e os dois seguiram para o jardim que ficava na parte de trás da casa.

- Você é o mais próximo que eu tenho de um irmão. É como se fosse meu irmão mais velho ok? E eu amo como você se preocupa comigo e, provavelmente você é um dos poucos que vão estar ai pra mim a qualquer hora por qualquer motivo... E eu... Eu sinto tanta falta dele que chega a doer. Eu choro todos os dias, meus remédios nem adiantam mais e... Essa noite eu, eu esqueci. Eu aproveitei e acho que talvez eu tenha achado alguém que eu goste... Só que nada disso vai valer de alguma coisa se você não me apoiar. - Jonh sorriu, ele considerava a garota como da família. Ele se preocupava e escutar que, talvez, as coisas começassem a melhorar, lhe trazia esperança.

- Sempre ao seu lado pequena Mars. - Jen riu e a dupla voltou a sala. Jen sorria, mas no fundo se sentia culpada. Toda essa coisa de: achei alguém que talvez eu goste era pura mentira. Não que ela não gostasse de Luke, o cara era lindo, tinha bom papo e também estava afim, mas ela não queria nada sério. Uma aventura, algo para ela esquecer do que está acontecendo.

- Como vai a faculdade, Jennifer? - Pediu Mycroft, quando todos já haviam começado a se servir.

- Ah, perfeita. Eu sou, com toda a certeza, a melhor aluna do curso. - Disse a loira abrindo um sorriso. - E também a mais modesta. - Todos riram.

- Você já ligou para Madeline? - Pediu Mary. 

- Oh não, vou deixá-la sofrer mais um pouco. Ela me deixou sozinha em uma festa ontem a noite e... - a probabilidade de Davis me matar era alta, muito alta. Mas ela não disse o que pensou, já que não havia contado que Turner tinha feito contato. - não sou tão querida assim. - O assunto então foi desviado e Jen se limitou a comer.

Depois dela, Jonh e Lestrade lavarem os pratos, a “família” se sentou no jardim imaculado de Mary. Era um lugar encantador que a Sra. Watson cuidava sempre que tinha tempo. Havia rosas, tulipas, violetas e lírios. A grama sempre estava perfeitamente cortada e havia uma caminho de pedras rústicas que levavam a um balanço e a bancos de metal envelhecido.

Jen se sentou no balanço apenas por birra e ficou ali, alienada da conversa, pensando no que ela deveria fazer. Caçar Davis ou fugir... Se ela devia fugir dele ou de Luke... Tudo era um pequeno enigma e o que ela tinha que fazer era decifrá-lo.

O que ela precisava era de alguma coisa para ocupar a cabeça ou acabaria atirando na parede do 221B quando chegasse lá.

-... mas já estamos chegando a um suspeito e tudo será resolvido. - Disse Lestrade sobre o atual caso. Mycroft havia sumido, a pequena Lilian estava brincando um pouco afastada dali, Rose e Mary falavam sobre nomes para a criança que viria a nascer, mesmo que a primeira opção seja Jennifer, ainda.  O celular de Greg soou e ele se afastou de Jonh, atendendo o telefonema.

- E então, como está o planejamento da viagem?

- A ponto de me colocar a loucura. Mad vai me deixar maluca antes mesmo de chegarmos lá.

- Você sabe, é uma ótima idéia se afastar de Londres por um tempo. Ainda mais que...

- Jonh, não quero falar sobre isso. - Lestrade voltou. Sua face mostrava preocupação, e ele tinha que admitir, estava preocupado.

- Jen... Onde foi a festa que você estava ontem?

- Ah... Na casa do Luke Berrigan.

- Você, por acaso, viu Sarah Moreau por lá?

- A loira falsa e chata da minha classe, sim... Porque a pergunta Lestrade?

- Porque ela está morta.