- Você só pode estar mentindo… - Ela disse, ainda muito apavorada para acreditar que Davis Turner havia escapado. - Olhe nos meus olhos e me diga que aquele imundo escapou?

- Jen... - Jonh veio ao lado da garota que havia se sentado em uma cadeira que havia ali. - Vai ficar tudo bem. Ele provavelmente vai fugir. Ele não vai ser tão idiota...

- Ela vai Jonh. Eu o faria se estivesse no lugar dele. Eu sei que ele vai e sabe de uma coisa: ele pode vim.

- Mas... - Lestrade começou a dizer, - pensei que seria uma boa idéia você deixar o 221B e ir morar com alguém.

- Nunca! Eu deixar o 221B? O mundo acabaria. - Ela disse. Não podia abandonar a única coisa que ainda tinha que lembrava-lhe Sherlock. Não havia nada mais. Só aquele flat e as lembranças que ele lhe trazia.

- Jennifer eu acho que seria mais razoável você vir morar comigo e Mary. Ela não ficaria brava, adoraria sua presença lá e...

- Jonh, coloque uma coisa em sua cabeça. Eu vou morar naquele lugar até o dia que eu acabar morta. Mas já avisei para Mrs. Hudson para não se preocupar: isso não deve demorar mais do que alguns anos. - Mars se levantou da cadeira indo em direção a saída do prédio. Ela escutou os amigos chamarem-lhe, mas ignorou. A ultima coisa que precisava era um sermão. O que ela queria agora era vodka.

-Temos que fazer alguma coisa Jonh. - Greg havia fechado a porta depois da saída de loira. - Ela está certa, ele vai vir atrás dela. - ele pegou um pequeno envelope e entregou ao doutor. - essas são as fotos da cela dele. - Jonh abriu e encarou surpreso. Preenchiam toda a cela. A mesma frase, o mesmo nome.

Matar Jennifer Mars.

- Ela não vai fugir e nem se esconder. - Jonh falou. - Desde que... Bem, desde que ele morreu, ela não se importa. Já aconteceu de algumas vezes, Madeline ou Trinity me ligarem porque ela entrava em coma alcoólico ou em overdose.

- Ela está usando drogas?! Eu...

- Não, remédios para dormir

- Mas para entrar em overdose ela teria que...

- É ela não anda tomando a medicação corretamente. Eu tento arrumar isso toda vez que vou visitá-la, mas ela apenas ri.

- Ela quer morrer.

- Com toda a certeza. - Jonh disse. - Vou tentar falar com Madeline e ver se ela consegue fazê-la ficar na casa dela por um tempo.

- É o que podemos fazer, ela não aceitaria morar em qualquer outro lugar. Eu me lembro ela falando que não seria peso morto para ninguém.

- É, essa foi a desculpa que ela deu para morar do 221B quando Sherlock morreu.

- Estou chegando Jennifer. - Disse Madeline ao telefone. A agora ruiva, ia em direção de um pub pouco conhecido de Londres. Jen havia lhe ligado a poucos minutos, dizendo que precisava de ajuda e dando aquele endereço. Ela sabia que acabaria tendo que ligar para Jonh Watson no final de tudo. Era assim toda vez que era Jen que a convidava para sair. Se ela desejava sair, ficar longe de seu refúgio, o 221B, é porque algo ruim aconteceu, e ela precisa extravasar.

- Tudo bem, eu estou em uma mesa no canto esquerdo. - Ela viu a amiga entrar logo depois de desligar. Era estranho ser amiga de Madeline.

Para começo de conversa ela não era nem patricinha, nem perua e muito menos vadia.

Era até mais santa que Jennifer.

As duas construíram uma amizade durante o ultimo ano escolar e, quando ambas foram para a mesma faculdade, mesmo curso e mesma turma, acabaram inseparáveis. Trinity fazia moda em Paris e estava para virar da nobreza inglesa. Luiz havia lhe pedido em casamento. Então agora Jennifer tinha Madeline como sua amiga inseparável. Mas de uma coisa era certa: Madeline dava mais sermões que Trinity e, muitas vezes, colocava alguma razão naquela mente maluca.

- Afinal o que foi que aconteceu para você querer sair da Batcaverna? - Disse Madeline ao se sentar.

- Lestrade me chamou há pouco. Ele... Aconteceu uma coisa Mad, algo ruim, algo muito ruim.

- Não é algo sobre Sherlock, é? Ou Moriarty, porque se ele aparecer vivo eu ficarei muito, muito, muito brava...

- Não. - por mim seria mais fácil se fosse - é sobre um passado que eu nunca... Mencionei. Trinity sabe, mas não completamente e, muito menos, com detalhes.

- E você está prestes a me contar pelo tamanho do copo de vodka que você tem a sua frente. - Incrível como ela a conhecia. Jen riu, concordando.

- Tem um homem, ele é um detetive inspetor da Yard. Ele era o inspetor responsável pelo caso dos meus pais. Eu e ele... Bem, nunca nos damos bem. Ele vivia dizendo que eu era uma maluca e que meu pai era o culpado de tudo e, é claro, eu vivia dizendo que ele estava errado. - Jen tomou um longo gole. - Acontece que o tempo passou, e eu continuava tendo essas pequenas brigas com ele.  Não foi muito antes de conhecer Sherlock, Jonh e Lestrade que isso aconteceu. Foi, na realidade, uns seis messes antes. Era noite, eu estava lá tentando conseguir as fotos do caso. Eu já havia solicitado muitas vezes, mas ele me ignorava. Então eu achei que seria mais fácil eu apenas...

- Pegar emprestado? - Madeline disse rindo, - eu sempre soube que havia algo de Mulher gato em você. - Jen olhou para a amiga e pediu:

- Você estava lendo gibi do Batman ultimamente?

- Desenho com Brad. - O irmão mais novo dela, - mas continue.

- Enfim, eu estava na Yard, era tarde da noite, achei que só teriam alguns policiais e isso eu poderia enganar. Eu estava na sala dos arquivos quando ele apareceu. Davis estava lá. Eu não sabia como, mas aquele maldito homem estava lá. E, naquela vez, ele pareceu achar que eu merecia um castigo. Um castigo não muito ortodoxo... Mad, ele me estuprou naquela noite. Eu era virgem na época. E depois daquilo, nunca mais voltei a Yard, não até conhecer Sherlock. Foi naquele dia, quando ele me viu lá, tendo a chance de reabrir o caso dos meus pais, que ele disse que eu merecia outro... Castigo. - Jennifer pegou o copo de vodka e virou. Fez sinal para que o garçom trouxesse outro. - Por sorte, eu consegui fugir. No dia seguinte eu fui presa por um roubo idiota e meu álibi era ele... No final, estávamos a sós na sala de interrogamento e ele confessou. Lestrade, Jonh e Sherlock ouviram e ele foi preso.

- Ok, isso só serve para ver que sua vida era um inferno. Mas Jen, o que isso tem haver com Lestrade te ligando no meio da noite e você tomando vodka como se fosse água? - O garçom trouxe-lhe o outro copo. Mars tirou da carteira uma nota de cinco dólares mas o jovem não aceitou.

- É por conta de um homem. E ele mandou um recado: beba em quanto pode. - Jennifer estancou. Ela pegou Madeline pelo braço e puxou-a para fora do pub. Ele estava ali, ele estava a seguindo...

- Jennifer... - as duas estavam praticamente correndo pelas ruas de Londres. - Jen... Jennifer Mars eu não darei mais um passo se você não me explicar o que está acontecendo agora! - Jen se virou para a ruiva e disse:

- Davis escapou. - Mad compreendeu e correu o olhar pela rua quase deserta. As duas começaram a correr novamente.