Ah... Se eu fosse descrever tranquilidade, usaria as nuvens como exemplo. Só não as de tempestade. Elas sempre anunciam algo ruim que vai acontecer, algo desastroso.

Eu sou como uma nuvem das brancas, calmo e quieto. Andando sempre calmamente sem preocupações...

Tetsuya é uma nuvem negra, das mais problemáticas.

Olhei para o céu uma ultima vez antes de suspirar e sair do terraço da escola. Deixando minha paz para trás.

- Ei, Mana – disse o garoto com aquele tom aborrecedor.

- O que foi? – perguntei sem paciência.

- Aonde você pensa que vai? Tem algumas coisas para fazer para mim, lembra? – disse presunçoso.

Ah é... Nuvens negras sempre me trazem aborrecimento.

- Kurokumo... Deixe-me em paz – pedi pela milésima vez.

Ele olhou-me aborrecido. Ele insistia que eu parasse de chama-lo de Kurokumo e o chamasse pelo nome dele, mas o que eu poderia fazer? Ele tinha cara de Kurokumo (nuvem negra).

- Vamos, eu quero apresentar você para os meus pais – disse ele.

Eu sei, aquilo soou estranho, mas não é isso que você está pensando.

- Eu não sou seu amigo, Kurokumo – disse afastando-me.

- Olha, eu sei que não, mas meus pais precisam achar que eu ando com gente decente – ele falou pela terceira vez, desde que eu tinha recusado sua ofertada da primeira.

- Já lhe passou pela cabeça de que eu não tenho nada haver com isso? – apesar do meu desconforto em relação ao garoto, continuava calmo e afastando-me dele.

Quanto mais rápido me livrasse da nuvem negra, mais meu dia limpo e claro estaria de volta.

- Deixe de ser tão chato cara. Você devia se sentir honrado em poder se dizer meu amigo – disse Tetsuya claramente se achando.

Não poderia se esperar algo menos do garoto mais conhecido da escola, tanto pelas suas confusões, como por sua beleza que atraía as garotas. Ele não tinha cabelos coloridos, piercings, brincos, tatuagens ou algo do gênero. Nem mesmo olhos de uma cor diferente do normal japonês. Ele tinha um cabelo curto bem cuidado, uma pele igualmente boa e um perfil atlético. Além de chamar muita atenção com seu jeito imperativo que queria que todos obedecessem.

O problema de Tetsuya era que para mostrar seu valor, ele acabava fazendo bobagens e se metendo com gente que não devia, às vezes.

Na verdade, Tetsuya não era o problema dessa história e sim eu.

Eu que não gostava da companhia das pessoas e preferia ficar sozinho. Mesmo esse garoto enchendo meu saco por quase o fundamental inteiro, eu simplesmente não o considerava meu amigo.

- Eu não me sinto honrado – disse dando de ombros.

Ele fez uma careta.

- Eu ainda faço você mudar de ideia, você vai ver – disse e saiu ao ouvir seus amigos vândalos o chamarem.

E a nuvem negra se foi e meu dia voltou a ser claro e tranquilo, como eu gostava.