Distância escrita por Ushio chan


Capítulo 24
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

GOMENASAIIII!!!!! A minha irmã esteve com o computador no qual estava o epílogo e eu só pude terminar hoje!!! Terminei há uns cinco minutos... Gomenasai! Eu planejava postar já há dois dias, mas não pude!! Bem, espero que gostem e eu passarei o Link de Aikai Ito quando conseguir escrever o primeiro capítulo e postar.
Boa leitura!!!



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Corro para o banheiro, sentindo meu estômago se contrair. Abaixo-me diante da privada e sou lançada para frente quando os ácidos de meu estômago, juntamente com a pouca comida que me forcei a engolir, saem de minha boca. Nas duas primeiras semanas sem Mello eu conseguia comer. Agora, mesmo que eu sinta fome, a comida é expelida de meu corpo assim que toca o estômago. Eu tento me forçar a comer, mas simplesmente não consigo manter o alimento dentro de mim.

Near diz que deve ser alguma virose e que eu deveria ir a enfermaria. E eu fui várias vezes, mas nenhum dos remédios que a enfermeira me deu funciona. Na minha opinião, meu irmão não acha que isso seja verdade, só está tentando se convencer disso. E me convencer também. Para mim, meu corpo está reagindo à depressão e iniciando um tipo de processo de suicídio inconsciente. Talvez meu psicológico e meu emocional tenham chegado ao limite, não sei. Provavelmente meu cérebro decidiu que vale mais a pena morrer do que ficar sentindo toda esta dor. Agora preciso convencê-lo de que não quero morrer, porque preciso cuidar de Near. Sim, estou sentindo dor, mas seria um ato de extrema covardia morrer por isso e deixar meu irmão sozinho.

Então uma idéia surge em minha mente. Será que, se eu sentir uma dor física que seja igual ou maior do que a sentimental, meu cérebro se convencerá de que é desnecessário me matar? Talvez seja a mesma lógica de se beliscar para arrancar o band-aid... Se eu desviar um pouco a atenção da dor em meu peito, talvez ambas as dores diminuam e eu consiga continuar a sobreviver.

   Vou até minha escrivaninha e pego uma tesoura, agradecendo pelo quarto estar vazio. Volto para o banheiro, trancando a porta atrás de mim e me sentando na tampa da privada. Abro a tesoura e levo-a a meu pulso, fazendo o primeiro e profundo corte, evitando a artéria. Sangra um pouco. Faço outro corte. Arde muito, mas insisto e faço um terceiro. Lágrimas inundam meus olhos. Bem, ao menos eu me desconcentrei da tristeza. Agora chega.

Enrolo meu pulso ensangüentado com papel higiênico, contendo o sangramento. Levanto-me e lavo as mãos, o pulso e a lâmina da tesoura, eliminando qualquer prova do que acabo de fazer.

Quando finalmente consigo estancar completamente o sangue que escorre dos inúmeros cortes, então eu saio do banheiro. Guardo tudo rapidamente e, então, deito na cama. Deus, como eu queria comer alguma coisa! Mas sei que, se comer, vou vomitar de novo. Estendo minha mão para a mesinha de cabeceira e pego uma garrafa de água. Bebo alguns goles. Ao menos meu estômago não reage a água como reage a comida. Assim eu não morrerei de sede antes de acharmos uma solução para o meu problema.

Suspiro.

Queria ter alguém para conversar, falar sobre o que sinto agora, mas não quero machucá-los. Se não fossem eles, já teria desistido de me levantar todas as manhãs. Talvez, depois, eu deva falar com Akira. Mas, por outro lado, eu já lhe causei tanto sofrimento, já lhe dei tanto trabalho... Ainda assim, falarei com ele. Nem preciso citar meus problemas, só quero conversar. Saber se ele está bem. Apenas isso.

_____PDV NEAR_____

Minha irmã não tem comido. Bem, ela tem comido, mas vomita tudo depois, mesmo que não queira.

Sento-me na cadeira e me encolho todo, abraçando os joelhos. Mantenho a cabeça erguida, olhando para a parede, para as fotos, por alguns instantes. Depois deixo-a pender, escondendo meu rosto nos joelhos e chorando. Choro como se não houvesse amanhã. Choro como Kim chorou no dia em que Mello saiu. Como no dia em que ela foi para o Japão. Como no dia em que meus mais morreram. Enfim, choro como há um ano não faço.

Desta vez não choro de saudades, mas de medo. Medo de perder minha única família, medo de perder tudo o que tenho; medo de perder minha irmã mais velha. Não sei se Kim resistirá a tal nível de depressão. E o pior é vê-la tentar esconder isso de mim. Íris diz que a escuta chorar baixinho à noite inteira e Ushio confirma o que Íris me contou. Kim força-se a agir como se nada estivesse acontecendo. Força-se a levantar todas as manhãs, tomar banho e vestir-se. A descer para a mesa do café e comer alguma coisa, mesmo sabendo que colocaria tudo para fora assim que voltasse para o quarto. E eu sou obrigado as assistir isso. Não! Eu sou o culpado disso tudo. Eu disse para Mello salvá-la e, querendo proteger minha irmã, eu a estou matando. A verdade é que eu ainda posso contar tudo para Kim, mas ela continuará na mesma situação, deprimida pela distância de Mello. Tendo resultados iguais, ao menos manterei minha promessa para o louro, de manter a mentira.

Ao mesmo tempo em que estes pensamentos passam por minha cabeça, as lágrimas passam por meu rosto. Só queria que fosse seguro para Kim ficar com Mello. Assim tudo ficaria bem, minha irmã não estaria em perigo e muito menos estaria sofrendo da forma que estou sendo obrigado a assistir agora. E a culpa não estaria me devastando por dentro. E nem o medo. Ou a dor. Levanto minha cabeça e olho novamente para a parede com as fotos.

Então, ao invés de toda a confusão, ao invés de todo o medo, uma única imagem toma minha mente e minha concentração. Uma imagem com Kim sorrindo para a câmera. Um sorriso alegre de uma criança feliz. Ingênuo. Contente. Um sorriso que só vi raras vezes aqui no orfanato – vezes nas quais, invariavelmente, Mello era a causa de tal reação da parte de Kim. – Mas era comum quando nossos pais estavam vivos. Assim, só posso concluir que é um sorriso que surge no rosto de Kim apenas em casos de extrema felicidade. Sem meus pais, Kim só tem esta felicidade quando nós todos estamos juntos. Eu, ela, Mello, Íris, Matt, Leila, L e Beyond. Agora Ushio e Ino também.

Daria tudo para ver Kim sorrir assim mais uma vez. Mas ela não vai. E por minha causa.

Me perdoe, onee-chan.

Volto a deixar o rosto cair sobre os joelhos. Ainda tenho muitas lágrimas para deixar cair.

_____PDV MELLO______

Matt está sentado no sofá, lendo uma carta de Íris.

- Ela disse algo sobre a Kim? – Pergunto, preocupado com a situação na qual Snowdrop pode estar.

- Bem... Ah... Talvez seja melhor você... Por outro lado, considerando o jeito como se sente com relação a ela... Droga, não sei se eu devo te contar...

- Matt... Eu quero saber. Não! Eu preciso saber. Nos dois sabemos que eu menti para ela. Se ela está sofrendo por causa disso, eu preciso saber.

- Eu sei... Sei que precisa. Bem, Íris escreveu que Kim está muito triste, que ela chora baixinho a noite inteira, mas é só nesses momentos que ela se permite chorar, quando acha que Ushio e Íris estão dormindo. E também ela sempre sai de cena quando alguém menciona você, e muda de assunto quando lhe perguntam se está tudo bem. Fora isso, a vida dela se tornou uma mentira. Ela mente para todos, forçando-se a fazer tudo o que faz. Mas, nos olhos dela, você vê que ela está triste. – Forço-me a escutar as palavras de Matt, sabendo que não serei digno de ficar com Kim de novo algum dia se não for capaz de sofrer por causa dela também. Digo, eu já estou sofrendo, mas... Enfim, eu sinto que tenho que saber o que está acontecendo com Kim, saber o que eu fiz a ela.

- Mais alguma coisa?

- Só isso. Na verdade, Íris pediu que eu te xingasse de todos os palavrões que eu conhecesse por causa do que você fez com a amiga dela... Mas disso eu te pouparei. Acho que já te fiz sofrer demais, meu amigo. – Os olhos do ruivo descem de encontro ao chão frio e de madeira. – Me desculpe pelo que estou te fazendo passar. Pelo que eu estou fazendo Kim passar. Me desculpe por tudo.

Penso por um segundo. Na verdade, não sei o que dizer. Não foi apenas pela segurança de Kim que eu a deixei, fiz isso por Matt também. Por outro lado...

- Não é sua culpa, Mail. Você não fez aquilo. Eu sei que não fez. Você não conseguiria fazer algo assim. Sendo assim, está tudo bem. Só queria que não tivessem te descoberto, assim poderíamos ter ficado no Wammy’s House.

Levanto-me do sofá e saio do esconderijo. Preciso de chocolates... É a única maneira de afastar meu pensamento de Kim... Mesmo que não por muito tempo. No fim, meu amor por Kim supera até mesmo meu vício, que uma vez eu julguei insuperável. Como eu era ingênuo...


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Notas finais do capítulo

Pois é, meu povo... A Kim virou masoquista, o Near está se culpando e o Mello precisa ainda mais de chocolate (se é que isso é possível)... MAS a vida continua. Deixem reviews, espero que tenham gostado.
E agora os meus agradecimentos...
Para começar, eu quero agradecer à minha mãe e meu pai... Eu literalmente devo a minha vida a eles. Quero também agradecer à minha avó que veio a falecer ao longo do processo da escrita dessa fic, como eu mencionei nas notas iniciais de um dos capítulos...
Mas, enfim, de verdade mesmo, eu quero agradecer imensamente à Ayame Kioshi, ao Inovador e à Sarah. Gente, sem vocês essa fic jamais teria chegado até aqui. Na verdade, sem a Ayame Kioshi a história não teria passado nem do quinto capítulo da primeira parte. Ela foi a primeira pessoa que leu, ou ao menos leu, comentou e acompanhou essa fic. Vocês três foram os únicos que comentaram em todos os caps e mostraram o verdadeiro espírito de um leitor, deixando reviews que, mesmo sendo curtos, não diziam apenas "ameeeei". Eu admiro muito isso em vocês, pois, às vezes, eu mesma não consigo deixar um review que diga muita coisa. Assim, muito obrigada, pessoal! Valeu mesmo, vocês me deixaram muito feliz, eu fiquei muito contente em responder cada review! (Nem sei se vocês leram todas as minhas respostar idiotas e entediantes, mas, ainda assim...)
Enfim, beijos e abraços para vocês! Nos vemos em Aikai Ito!