Minha Doce Criança. escrita por asmanda


Capítulo 5
Até a morte.




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Axl ficou ali parado durante algumas horas, ele não queria ir a lugar algum, sentia-se um fracassado, sentia-se incompleto, sozinho.

Ficar sem ela era como marcar seu suicídio.

Finalmente criou coragem, foi em direção ao carro, ligou o rádio e estava tocando Still Loving You do Scorpions. Ótimo, tudo o que ele precisava era de uma música para deixá-lo no fundo do poço. Deu partida no carro e foi para seu apartamento, o lugar que poderia descansar e refletir.

Ficou isolado por dias, afogando as dores em bebidas e drogas. Havia fósforos queimados, cigarros tortos, garrafas vazias. Aquilo o dava uma falsa sensação de alívio, mas ele sabia que não importava quanto estivesse drogado, os seus pensamentos haviam o traído novamente, ele fechou os olhos e pôde sentir Erin por alguns minutos sobre o seu corpo, pôde sentir os seus lábios se encontrando lentamente, podia senti-la, mas não a tinha. Ele era realmente um idiota por deixá-la. Um demônio que deixou seu anjo voar.

Foi em direção ao banheiro, precisava de um banho, precisava esfriar sua cabeça que a todo momento estava a ponto de explodir. Ficou debaixo da água fria que arrepiou seu corpo o fazendo tremer. Depois de alguns minutos saiu do banho, enxugou-se e vestiu com suas costumeiras roupas caras. Ele tinha o luxo, fortuna, talento, era cobiçado e belo, mas ele não tinha nada, pois não tinha sua amada.

Jogou-se na cama, fechou os olhos e adormeceu.

Ali estava ela com um lindo vestido preto, lábios carnudos de cor rubra, cabelos longos ondulados dançavam com o movimento do ar, foi então que ele viu seus olhos, estavam tristes, sem brilho, sem vida.

Axl acordou com lágrimas em seus olhos, aquilo poderia ser um aviso de que algo pior aconteceria? Aquilo significava que ele podia perdê-la para a morte?

O desespero tomou conta de seu corpo, a angústia dominou seu coração, o medo era sua companhia. Ela era sua droga mortal, o vírus que o destruía aos poucos. O amor por ela que o mantinha vivo, só agora entendera, ao imaginar que poderia a perder eternamente pôde sentir a dor. Ele a amava e odiava a si próprio por isso.

Saiu do apartamento apressado, não podia perder mais tempo, precisava falar tudo o que não conseguira antes, não iria reprimir mais nada, nada poderia o conter.

Ligou o carro e acelerou, era por volta das três horas da manhã. Tudo estavam em plena escuridão, nas trevas como sua alma. Ele precisava de luz, precisava de um anjo para salvá-lo, sua Erin.

Enfim chegou na casa de Erin, correu, a porta estava aberta, talvez ela soubesse que ele apareceria. Entrou ofegante, mas casa estava vazia e silenciosa até demais, correu até o quarto e deparou-se com uma cena que fizeram seus olhos encherem de lágrimas, sua respiração falhar, sua cabeça estava sobrecarregada com a pressão do que seus olhos estavam vendo.

–Erin! – ele gritou com desespero.

Estava desacordada sobre a cama, em uma de suas mãos estava uma adaga, o sangue manchara os lençóis brancos de seda, os pulsos não paravam de sangrar, a sua vida estava escapando lentamente.

Ele pôs a cabeça sobre o peito Erin, pôde sentir os batimentos fracos do seu coração. Rasgou dois pedaços de lençol e amarrou com força nos delicados e ensanguentados pulsos de Erin, a pegou no colo com cuidado e a levou correndo para o hospital mais próximo.

Ainda havia esperança, ele não a deixaria morrer.

Já havia andado de um lado pro outro pelos corredores do hospital, abaixava a cabeça, pois não queria ser reconhecido, pelo menos não agora naquele momento de dor, naquele momento de fracasso, momento de medo.

–Senhor Axl, a senhorita Erin acordou, você já pode vê-la– disse uma as enfermeiras que interrompeu seus pensamentos.

–Obrigado por avisar– respondeu ele.

Foi em direção ao quarto onde ela estava, respirou fundo e ficou parado ali por alguns segundo tentando criar coragem para falar o que tanto guardara dentro de si.

Ele entrou e ficou a encarando, olhando fixamente nos olhos de Erin, finalmente conseguiu quebrar o silêncio, o silêncio era a única barreira que havia entre eles  e ele iria destruir essa barreira.

–Você estava louca? – Axl disse demonstrando raiva.

–Eu não tinha mais motivos para viver– ela respondeu com lágrimas nos olhos.

–Você não percebe o quão idiota você foi? Eu te odeio sua inútil! – ele disse com voracidade.

Ela o encarou e chorou, temia aquele tom de voz, sentia-se uma garota imatura, queria que o mundo desabasse quando viu tristeza nos olhos de Axl, ele podia a fazer sofrer, mas o fazer sofrer era um dos maiores castigos para ela. Ela queria sumir, desaparecer, sentiu-se um nada com aquelas rudes palavras.

–Eu me odeio por te amar. Sim, Erin eu te amo. Você é tudo o que preciso, só em pensar que te perderia para sempre parte de mim foi arrancada. Se você morresse, todos os dias eu morreria. Você nunca vai entender, ninguém nunca irá entender o que sinto, tenho um conflito muito grande entre ódio e amor, mas saiba que o meu amor por ti sempre vai ser maior. Procurei pelo universo e me encontrei dentro de seus olhos. –Axl disse com emoção.

Aquelas palavras tiraram a fala de Erin, os sentidos falharam, o coração acelerou e as suas lágrimas correram livremente pelo seu belo rosto.

–Amo você, prometa que não me abandonará novamente– ela disse soluçando como uma criança.

–Prometo Erin, nunca nos separaremos, pois eu não suportaria. Quer se casar comigo? Aceite porque eu não vejo um futuro sem você.

–Eu te aceito até a nossa morte– Erin respondeu sorrindo.

Aquele sorriso fez o rosto de Axl iluminar-se. Seu anjo havia o resgatado das trevas, sentia-se vivo novamente, aquele sorriso o alimentava de vida, finalmente sentia-se livre de seus demônios.

Axl limpou as lágrimas de Erin, olhou fixamente naqueles belos olhos e sorriu, aproximou seu rosto e a beijou  como nunca antes, um beijo puro, com amor.

Minha doce criança– Axl susurrou.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o final, que peninha, triste realidade :c
Espero que vocês tenham gostado, até a próxima.