Há muitos anos nos conhecemos. Praticamente nascemos juntos. Acho que fomos predestinados a ficar juntos.

No dia em que nos conhecemos, ambos com seis anos de idade, Minha mãe arranjou esse encontro. Uma amiga queria dar uma festa para sua filha, a irmã dele. e minha mãe ofereceu a casa para a festa. Era uma casa enorme. Tinha uns seis banheiros, cinco quartos, eu me perdia lá dentro.

Minha mãe levou todos para o quintal, mas ela nos colocou frente a frente e logo depois saiu. Ele tinha cabelos espetados, mas não tão curtos num tom loiro escuro, o que realçava seus olhos azuis. Até hoje me lembro de como ele estava vestido naquele dia. É uma das poucas coisas que eu consigo lembrar com facilidade.

Ele usava uma camisa azul Royal muito bonita, uma calça Jeans um pouco escura lembrando o preto e um All Star preto e branco de cano médio. Ele apenas me falou seu nome e me fitou de modo encantador, nem parecia um garoto.

-Meu nome é Edgard.

Ele estava vermelho. Olhei no fundo de seus olhos e lhe disse meu nome.

-E o meu é Maria.

Dei o meu melhor sorriso, queria ver como ele reagiria. Digamos que era o sorriso de uma princesa.

Ele ficou mais vermelho que um tomate e ainda por cima nervoso, não agüentei e ri baixinho, mas ele percebeu. O puxei pelo braço até a caixa de areia que estava bem perto. Fomos brincar, éramos crianças afinal, mas, ficamos calados durante o dia todinho que passamos inseparáveis.

Na hora da despedida foi a mesma coisa, a irmã dele e sua mãe vieram agradecer a minha, muito felizes. Nós apenas ficamos calados, olhando um para o outro. Parecia que estávamos nos comunicando telepaticamente.

Mamãe colocou a mão nos meus cabelos loiros alisando-os. Era como o toque de um anjo, embora hoje eu não acredite mais na existência deles, me fazendo perder a concentração na “conversa” com o Edgard. Olhei-a nos olhos e ela retribuiu, nunca tinha visto aqueles olhos verdes esmeralda mais brilhantes e felizes na minha vida.

Fiquei muito curiosa mais não tive coragem de perguntar o porquê de tanta felicidade, mas continuei a olhá-la. Seus olhos eram lindos. Rapidamente voltei a olhar para Edgard que também olhava os olhos da minha mãe. Ate hoje me pergunto o que ele pensou quando a viu daquele jeito.

Será que, ele também achou aquelas preciosas esmeraldas numa cor mais reluzente que já vira ou viria a ver?

A mãe dele então o puxou, de forma delicada tirando-o do transe em que se encontrava.

Ela me deu um beijo na testa e um beijo na bochecha da mamãe. A irmã mais nova de Edgard também veio falar comigo. Ela apenas disse Tchau e se agarrou à mãe. Edgard apenas me olhou e eu retribuí. Acenei e ele ficou vermelho, mas acenou de volta.

Depois do seu nome eu consegui ouvir outra frase vinda de Edgard naquele dia:

-Até mais, Maria.

Fiquei muito surpresa, mas lhe respondi.

-Sim... Até mais Ed.

Que audácia a minha chamá-lo de Ed. Mas ele gostou, percebi isso pelo seu sorriso refrescante.

Ele então as seguiu e todos saíram porta a fora.

Mamãe me olhou com seus olhos esmeraldas marejados e me abraçou. Eu também não entendo o motivo.