Wunsch escrita por Tsuki no Taiga, Alexia Jo
Capítulo 9
Os Puros
Bill e Tom voltaram para o hotel depois de terem ido até a livraria anexada à editora “Rebirth”. O moreno estava com uma sacola que continha seu livro e o DVD que mostrava a imagem da tal “Deusa da Lua”.
- Vamos Bill, anime-se. Você finalmente vai ver o rosto da sua musa. – disse Tom.
- Eu sei... E estou muito feliz por isso, mas os últimos acontecimentos têm me deixado confuso e... Eu não sei de mais nada!
Para Tom, era frustrante ver o irmão naquela situação e não poder fazer nada para ajudar. Se fosse outra pessoa, certamente chamaria de louco, mas não Bill.
Conhecia Bill desde antes de seu nascimento e sabia que o irmão não era insano. Mas se até para o próprio Tom era difícil de acreditar e entender, imagina para Bill que estava vivendo tudo aquilo...
Entraram no quarto do hotel e Bill tirou o disfarce que tinha usado para andar livremente por Berlim e logo colocou o DVD pra rodar.
- Er... Maninho, por acaso a Patrícia te disse qual delas é a Deusa da Lua? – Tom perguntou vendo as várias imagens que apareciam, mostrando a rotina da editora. Várias mulheres entravam e saíam, era quase impossível adivinhar qual delas era a tal escritora.
- Er... Não – Bill respondeu com cara de “não creio nisso”.
Enquanto isso, no andar de cima as vampiras ainda conversavam.
- Não gostei desse “Oh mein Gott” – Alexia respondeu – E isso é o de menos, o meu problema é maior.
- Você precisa mesmo organizar a sua lista de prioridades. - Avisou Selene fechando o caderno que tinha em mãos e levantando-se – Vamos falar com os gêmeos, ainda preciso pensar em uma maneira de convencer o Tom.
- Não vai adiantar, eu sei... Eu nunca me engano. – disse a ruiva enquanto saíam do quarto – Não vai adiantar, não vai adiantar, não vai adiantar.
- Alexia, se você repetir isso mais uma vez eu acabo contigo! – a escritora ameaçou.
- Mas é verdade!
- Não, não é! Já passamos por coisa pior, podemos com isso também! Você vai ver que vai dar certo – disse Selene, e ouviu a amiga soltar uma gargalhada seca.
- Ah claro! Depois de eu ter quase matado o irmão dele, descobrir o que nós somos e de ter invadido o quarto dele, claaaaaaaaro que vai dar certo. - disse ironicamente. - Acrescentando a parte que se ele aceitar, eu teria que estar mais perto dele e por mais tempo, isso significa que eu teria que resistir ao seu aroma... Não lhe dou mais de três dias de vida.
- Vai ter que resistir. - disse Selene entrando no elevador.
- Uma pergunta... Por que não entramos pela janela? Não seria mais rápido?
- Alexia, francamente, nós vamos pedir para ele se aproximar de você!
- Eu sei! Mas o que tem a ver?
- É melhor não o assustar. - Respondeu saindo do elevador e andando pelo corredor até parar na frente de uma porta.
- Como sabe que é aqui? – a ruiva perguntou franzindo as sobrancelhas.
- Não está sentindo o cheiro?
Sim, era verdade, o cheiro adocicado do sangue dos gêmeos estava mais forte ali, bem atrás daquela porta. Selene bateu.
- Quem é? – perguntou uma voz no interior.
- Serviço de quarto. – a escritora disse tentando disfarçar a voz.
A porta abriu-se, e ao contrário do que esperavam, Bill se mostrou pouco surpreso, ao contrário de seu irmão...
- Vocês? - Tom surgiu atrás dele e mal as viu já cambaleou para trás e caiu de bunda no chão. - O que elas estão fazendo aqui? - perguntou aterrorizado levantando-se rapidamente.
- É melhor não o assustar. - disse Alexia imitando a amiga. - Isso é fácil. – ironizou - Podemos entrar?
Hesitante Bill afastou-se da porta permitindo-lhes a passagem. Alexia foi a primeira a entrar, seguida da amiga.
- O que vocês querem? - perguntou Tom aproximando-se de uma faca em cima da mesa onde antes tinha o seu almoço e Alexia sorriu-lhe de forma cruel, fazendo estacar como se tivesse sido petrificado.
- Acredite, não é com isso que vai se proteger de mim.
- Alexia! - resmungou Selene. - Não se esqueça do que viemos falar. - disse rispidamente.
- Mas não responderam. - relembrou Bill fechando a porta. - O que trás vocês aqui?
- Nada de especial. - disse Alexia com desdém. – A Sel apenas foi autorizada a te explicar o que você é.
- E a Alexia precisa de um favor do seu irmão. – rebateu a morena lançando um olhar vitorioso à ruiva que a olhava raivosamente.
- Não espere algo de mim - disse Tom, ficando ao lado de Bill - A última coisa que eu faria é te ajudar.
- Isso não importa agora, uma coisa por vez – Selene interrompeu.
- Então... – o vocalista disse puxando uma cadeira e sentando-se um pouco longe delas – Disseram que vieram me explicar o que eu sou... Podem começar.
- Você é o que nós chamamos de “Puro” – Selene começou.
- Os Puros surgiram na Transilvânia na segunda metade do século XVI e duraram até 1659, quando aconteceu um massacre que deveria ter aniquilado todos. – continuou Alexia.
- Eles surgiram para auxiliar os caçadores a acabarem conosco, e por isso, na época, muitos clãs de vampiros, até os inimigos, juntaram-se para acabar com os puros e por tabela, aniquilar os caçadores também. – disse Selene.
- Mas por que acabar com os Puros? – Tom pronunciou-se – A luta entre vampiros e caçadores acontece há milênios e nunca tentaram nada assim antes. Por que os Puros eram diferentes?
- Garoto esperto – Alexia abriu um sorriso debochado – Inconscientemente os Puros eram capazes de nos controlar sem nós percebermos. Foi o que o Bill fez com a Sel na noite que eu te beijei.
- Normalmente os Puros não sabem o que são... Pensam que são humanos normais. Como você mesmo pensou até ontem. – disse Selene.
- Eu... Posso controlar vocês? – perguntou Bill.
- Não conscientemente – Alexia respondeu – Os Puros se chamam “Puros” justamente pelo fato de serem incapazes de usar o poder para prejudicar alguém, mesmo que seja um vampiro.
- Ontem, quando Alexia ia morder o Tom – disse Selene - Bill foi impulsionado por uma força maior. Normalmente ele jamais teria força para puxar o Tom como ele fez. Bill conseguiu isso porque o instinto de sobrevivência falou mais alto, não por si, mas pelo irmão que ele tanto ama, por isso ele conseguiu. E quando ele me pediu para não deixar que Alexia fizesse mal ao irmão, ele não tinha intenção nenhuma de ser obedecido. Mas o inconsciente dele sabia que eu era a única naquele momento que podia detê-la. No fundo ele sabia que se pedisse, eu o faria, mas ao mesmo tempo não sabia... Entenderam?
- Não – os gêmeos responderam em uníssono.
- Explicando – Alexia levantou-se – Ao ver que Tom corria perigo, Bill conseguiu forças para fazer o que normalmente não conseguiria. Nesse momento, ele pediu pra Sel proteger o Tom de mim e é aí que ele usou o poder sem saber. Ele não tinha idéia de que poderia controlar a Sel, e é assim, somente assim que o poder pode ser usado. Caso ele queira testar agora, não vai conseguir. Entenderam agora?
- Agora sim – disse Bill – E como se reconhece um Puro?
- Tem dois modos – disse Selene – Assim como você percebeu o que eu e a Alexia somos só de olhar para os nossos olhos, nós também percebemos.
- E o outro modo... É vendo a marca – disse Alexia, fazendo Bill franzir as sobrancelhas.
- Marca? Que marca?
- É um nó celta com um Yin Yang no centro – respondeu Sel.
- Mas eu... Não tenho essa marca – disse o moreno, e foi a vez de Sel franzir as sobrancelhas. – Mas o Tom...
Tom empalideceu e tirou as duas camisetas que usava, mostrando as costas desnudas.
- Essa marca? – o loiro perguntou apontando para o símbolo na parte detrás do ombro esquerdo.
- É, mas... Como? – Selene estava visivelmente transtornada – Eu não senti nada quando te vi!
- Nem eu – disse Alexia – Mas eu já sabia dessa marca, vi ontem quando ele tirou a camisa.
- Ah safada! Tava me espiando é? Eu... – Tom parou ao ver os olhares nada amigáveis que lhe foram lançados – Desculpem, é força do hábito... Hei! Não é a Selene? – apontou para a TV que ainda exibia a rotina da livraria. Tinham até esquecido que ainda estava rodando.
Todos viraram-se para o aparelho e ficaram surpresos.
- Parece que é – disse Bill.
- O que fazem vendo a rotina de uma editora? – a escritora perguntou confusa.
- Bill cismou que queria ver o rosto de uma escritora que ele gosta, mas que só usa pseudônimo – disse Tom. E nessa hora, se fosse possível as vampiras empalideceriam. – Ele até tentou patrociná-la, mas ela recusou. A dona da editora nos deu esse vídeo, mas não sabemos qual dessas mulheres é a tal escritora.
- Que... Que escritora? – Sel perguntou, esforçando-se para parecer uma pergunta casual.
- A Deusa da Lua, Bill simplesmente adora ela – disse Tom.
Bill ficou calado observando a vampira na TV e pensando nas possibilidades de ela ser a escritora.
“Não Bill! Você está louco” pensou “Só porque ela aparece no vídeo? Ela pode ser simplesmente uma leitora curiosa”.
- Sim, eu também gosto dela – disse Selene interrompendo os pensamentos do cantor – Estava justamente perguntando quando sairia o próximo livro dela.
- Já saiu – Bill animou-se – “Lágrimas de Sangue” eu já tenho um exemplar autografado!!
- Bom, mas voltando ao assunto – disse Alexia antes que Bill insistisse no assunto e acabasse descobrindo mais do que devia.
- Pois então... Eu também sou um Puro? – Tom perguntou.
- Não é possível – Sel respondeu – Nos dias de hoje só nasce um Puro por família a cada meio século. Antes era mais, pois era comum o casamento entre Puros, mas hoje eles estão extintos, o que faz a característica aparecer raramente entre alguém das gerações posteriores daqueles que por ventura sobreviveram ao massacre.
- Além disso Tom. Você não deu sinais de ter percebido que eu era uma vampira – disse Alexia.
- Realmente. Não percebi nada mesmo. Mas então como pode ser?
- Selene... – Bill chamou meio pensativo – Essa marca é de nascença ou aparece depois de um tempo?
- É de nascença – foi Tom quem respondeu – Não se lembra Bill? Eu sempre a escondi, mas a tenho desde sempre.
- E a marca aparece influenciada pela característica em que estágio da gravidez? – o moreno perguntou.
- Normalmente é assim que o óvulo é fertilizado... Por que a pergunta? – Sel respondeu.
- Será possível que na divisão que deu origem a dois indivíduos...
- A marca tenha ficado de um lado e a característica de outro – a escritora completou o pensamento do vocalista e ambos se olharam triunfantes.
- Isso explicaria muita coisa... – disse Alexia.
- Mas a divisão teria que ter separado tudo igualmente – observou Tom – Eu teria que ter a característica também.
- Como a Sel disse, só uma pessoa por família pode ter a característica a cada 500 anos. Nesse caso o Bill foi o escolhido, é aleatório. – disse Alexia.
- E o que eu tenho que fazer? – Bill perguntou – Quero dizer, qual é a razão de eu existir?
- Nenhuma – Sel respondeu – Você pode levar a sua vida normalmente, a diferença é que vai perceber mais coisas do que os outros. Na época em que surgiram, os Puros podiam ser usados pelos caçadores contra os vampiros, mas os caçadores foram dizimados e hoje em dia os vampiros estão em tão pequeno número que não é preciso que sejam caçados.
- Apesar de vampiros poderem transformar os humanos, – Alexia continuou - Hoje em dia não existe mais propósito em fazer isso... A não ser, é claro que queiram um parceiro ou parceira. E também ainda existem vampiros que querem dominar o mundo. Quando eles chegam ao conhecimento do Conselho, eles são mortos. Hoje em dia nós queremos paz e qualquer manifestação agressiva é vetada... E, Bill cuide-se também, existem vampiros que podem querer matá-lo... Acreditam que é uma ameaça... Como eu queria.
- Mas... Vocês bebem sangue humano? – Bill perguntou temeroso.
- Sim. - Selene respondeu – O sangue animal não nos sustenta, por algum motivo ele nos faz mal. Alguns vampiros enlouqueceram após beberem sangue animal e precisaram ser eliminados... Não temos escolha.
- Nós nos esforçamos para atacar apenas assassinos, prostitutas... Criminosos em geral, mas de vez em quando nós não resistimos quando algum sangue nos parece excessivamente irresistível... – disse Alexia – Vocês dois tiveram muita sorte.
- O sangue de vocês cheira muito bem – disse Selene com a voz rouca, como se falar sobre isso a ferisse – Estamos tentando nos controlar, mas a proximidade com vocês não ajuda.
- Então, naquela noite em que eu puxei a Alexia... – começou Tom.
- Sim, você quase morreu – a ruiva respondeu – Aliás, é sobre isso que eu vim falar contigo, preciso de um favor.
Continua...
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A historinha sobre os Puros quem inventou fui eu viu gente! Não vão encontrar nada se procurarem no Google.