- Não se meta nisso, se você não é capaz, eu o farei.

- Não vou permitir.

- Não acredito que está defendendo os humanos – disse a ruiva. – Sel abra os olhos, você está sob o controle dele.

- Sabe que ele não faz porque quer. Afaste-se ou serei obrigada a te atacar – disse a escritora solenemente.

- Você não faria isso...

- Por que não tenta? Ouviu o que Emmus disse, precisamos protegê-lo.

- Ele vai nos destruir!

- Não vai, confia em mim. Afaste-se.

Alexia ficou um tempo parada, mas por fim afastou-se.

- Isso ainda não acabou. – a advogada avisou.

- Tenho certeza que não – disse a escritora.

Do mesmo modo que entrou, Alexia saiu, e Selene virou-se para os gêmeos.

Bill recuou mais um pouco, ainda sem sair da frente do irmão, e Selene sorriu de maneira conciliadora.

- Não se preocupem, não vou fazer mal a vocês. Mas tomem cuidado com ela... Alexia é uma boa pessoa, mas é muito impulsiva.

- Por que nos defendeu? – Bill perguntou ainda com o medo estampado nos olhos.

- Eu não sei... – Sel disse em meio a um suspiro – Hoje, na saída da boate, você me pediu para proteger o Tom. É o que estou fazendo, e também protegendo você.

- Tenho tantas dúvidas... – Bill disse com os olhos começando a lacrimejar.

- Eu também tive. Não se preocupe, você vai encontrar as respostas dentro de si mesmo.

- Você não pode me ajudar? – perguntou Bill dando alguns passos à frente, mas a vampira recuou.

- Por favor, não se aproxime. Não tenho idéia do quanto posso aguentar – ela disse vendo o moreno estancar. – Obrigada. Respondendo a sua pergunta... Eu bem que gostaria de poder te ajudar... Mas eu não posso, estaria condenando a mim mesma... A única coisa que posso te dizer, que é você não é um humano comum... Tem poderes que são uma ameaça para seres como eu.

Dito isso, Selene saiu do quarto do mesmo modo que Alexia.

- Bill... Acredito que você me deve explicações – disse Tom que parecia estar petrificado.

- Acho que eu que preciso de explicações – Bill disse em meio a um suspiro frustrado.

Na manhã seguinte, Alexia estava em seu escritório como sempre, quando o interfone tocou.

- Sim? – respondeu.

- Srta. Ravenshelter, o Sr. Pietcovisch está indo para o seu escritório.

- Obrigada.

Um ponto de interrogação vermelho pairou em cima da cabeça da advogada. Leon Pietcovisch era seu chefe e nunca antes ele lhe fez uma visita. O que será que tinha acontecido? Será que tinha resolvido mal algum caso? Mas isso jamais havia ocorrido antes!

- Com licença – disse um homem alto, de cabelos grisalhos, olhos azuis e um sorriso intimidador entrou na sala.

- Por favor chefe. Fique à vontade. Algum problema?

- Srta. Ravenshelter, onde estava com a cabeça para se expor de tal maneira? - perguntou o homem com a voz transbordando de irritação.

Alexia olhava-o surpresa. Não sabia do que estava sendo acusada e não admitia que lhe falassem naquele tom de voz. Para conter a sua raiva, mordeu língua até sentir o doce sabor do seu sangue... Mas recompondo-se imediatamente, voltou à sua expressão profissional.

- Perdão? Sr. Pietcovisch temo não saber do que se está referindo? Por que razão me está me acusando?

- Não se faça de desentendida Ravenshelter! Só não a despedi ainda pela sua boa influência nesta agencia. Mas sei ato impensado pode trazer danos irremediáveis para a nossa reputação.

- Mas o que eu fiz? Não estou entendendo. – novamente Alexia desejou ser capaz de ler pensamentos. Era problemático não saber o que estava acontecendo.

Então Leon Pietcovisch jogou em cima da mesa de sua melhor advogada uma revista. Poderia ser uma revista comum, se na capa não estivesse a imagem do beijo de Alexia e Tom, da noite passada. O beijo que nunca deveria ter acontecido.

- Sente-se, por favor. - pediu a advogada sem tirar os olhos da revista começando a lê-la com uma expressão apática.

A manchete logo acima da foto era "Advogada é flagrada aos beijos com o guitarrista da banda sensação da Alemanha. Leia mais na pág 58". Sem mais demoras e com uma agressividade quase incontrolável, Alexia folheou a revista até chegar na tal página, e à medida que lia a sua expressão tornava-se apática enquanto uma raiva imensa invadia-a.

“A advogada Alexia Ravenshelter, conhecida por sua competência e pelos casos até hoje solucionados com louvor, foi flagrada dando beijos quentes em Tom Kaulitz, guitarrista da banda mais famosa da Alemanha, Tokio Hotel.

O casal estava acompanhado por Bill Kaulitz, irmão gêmeo de Tom, e Selene Cellegher, melhor amiga de Alexia. Estavam na saída de umas das boates mais badaladas de Berlim às 1:30.

Será que a advogada também foi vítima dos encantos do loiraço? Como terá sido a noite, hein?

A corporação onde Alexia trabalha se recusa a nos dar mais informações, mas seria ela o novo affair do guitarrista? Quanto tempo durará? Ainda não sabemos a opinião de Alexia a respeito, mas tudo indica que...".

Sem nem ao menos terminar de ler aquele monte de idiotices, Alexia passou direto para o final, onde estava escrito o nome de sua próxima vítima.

- Quem foi o filho da... - Alexia estancou olhando o nome da pessoa que coisa. - Alicia Archetti??? FILHA DA...

- Alexia! - interrompe Pietcovisch antes que o tom de voz da advogada violasse a privacidade que as fracas paredes possuíam. - Como me explica isto? - pergunta ainda enraivecido apontando para a revista.

Alexia tentava controlar-se ao máximo, mas estava prestes a chegar ao seu limite.

- Eu posso lhe explicar, mas agora preciso de resolver uns problemas pessoais. Com a sua licença. - a advogada começou a arrumar as suas coisas na mala sem qualquer tipo de organização.

- Eu exijo explicações! - gritou por fim. - Os seu ato impensado vai causar a destruição da agencia!

- Esta agencia já estaria destruída se não fosse eu! - gritou também. - Sou completamente responsável pelos meus atos e acredite que posso resolver isto de forma limpa sem este estabelecimento sofrer qualquer dano. Agora não admito que me exijam justificações dos meus atos fora do meu local e horário de trabalho. Sou maior de idade e sei o que faço. Agora peço imensas desculpas, mas preciso de tratar de graves assuntos pessoais.

Alexia chegou furiosa em casa. Largou a bolsa em cima do sofá e socou a parede com força.

- Derrubar a casa não vai adiantar nada – disse uma voz irônica – Admita, você fez besteira e agora vai ter que arcar com as consequências.

- Some Emmus – ela disse com os dentes cerrados – Hoje não estou com paciência.

- Não senhora! Mostre essa revista para a Selene!

- Não estou afim de falar com Selene nem com ninguém. Aliás, nem sei onde ela está. Minha carreira corre o risco de ir por água abaixo, preciso dar um jeito de salvá-la.

- Ela está no hotel de ontem. Quarto 483, quem sabe você não consegue uma resposta lá? E conte ao Kaulitz mais novo o que ele é.

- Resposta? Do que você está falando Em... – ao virar-se percebe que está sozinha – Odeio quando ele faz isso.

Em seu quarto de hotel, Selene estava confortavelmente sentada em sua cama escrevendo em algumas linhas de seu caderno. Pelo visto sua inspiração tinha voltado.

- Apareça Alexia. Sei que está aí.

As cortinas da sacada moveram-se, e logo a figura de Alexia surgiu.

- Temos problemas – a ruiva informou.

- Mais?

- Sel, quero que saiba que não estou brava com você. Ontem eu estava muito furiosa...

- Eu sei... Também não estou brava com você. É tudo muito confuso para nós... Jamais tínhamos passado por algo parecido em 200 anos. Mas qual é o problema?

Alexia estendeu a revista para a amiga, que a pegou com os olhos transbordando de curiosidade.

Selene leu a notícia tranquilamente, e sua fisionomia não mudou em hora nenhuma. Ao término da leitura, Selene abaixou a revista calmamente sobre o colo e ficou em silêncio.

- E então...?

- E então? Te pegaram por um ângulo muito bom minha amiga. Ficou linda na foto.

- SELENE!

- HAHAHA To brincando. Mas que ficou bonita, ficou. Realmente, uma respeitada advogada se envolver em um escândalo é ruim para a reputação e...

- Escândalo? QUE escândalo?? É esse o problema Sel! Não existe escândalo! Não é anormal alguém aparecer beijando outra pessoa!

- Mas mesmo assim mancha a sua reputação. As pessoas esperam de alguém como você algo sério. Um relacionamento estável e... BINGO! É isso! Um relacionamento sério!

Alexia ainda demorou algum tempo para processar as informações... Até que a ficha caiu.

- QUÊÊÊ?? Está dizendo que eu... e o Tom... Nós temos...

- Quer salvar a sua carreira, não? Só consigo pensar nisso no momento.

- Mas eu... Nós...

- Vá lá Alexia... Decida-se. Nem precisa ser de verdade. É só fingir por enquanto e depois de uns... Três meses dizer que não deu certo e terminaram. Simples assim.

- Resta saber se ele vai topar né? Duvido que ele seja bonzinho comigo depois que eu tentei matar o irmão dele ontem.

- A gente dá um jeito – Sel respondeu com um sorriso maior do que o do gato do “Alice nos País das Maravilhas”. – Afinal ele me deve por tê-lo salvado de você naquela noite. Não se preocupe.

- Se você diz... – Alexia sacudiu os ombros – Ah e já ia me esquecendo... Emmus disse para que nós falássemos para o Bill o que ele é.

- Oh mein Gott!

Continua...