Wunsch escrita por Tsuki no Taiga, Alexia Jo


Capítulo 30
O Começo do Fim


Notas iniciais do capítulo

atrasámos-nos um pouco com este capitulo mas também, estamos a perder todo o interesse que tinhamos quando começamos a escreve-la...a cada capitulo que passa tentamos fazer sempre o nosso melhor, e com mais de 100 pessoas k leem esta fic e no maximo recebermos 7 comentários num capitulo...não está a dar...custa muito os leitores fantasmas comentarem? Boa leitura!



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Berlim, Alemanha...


 


- Como assim  “ela descobriu tudo”? – Klaus estacionava o carro sem a mínima dificuldade enquanto falava no celular.


Sua sobrancelha encontrava-se comprimida, avisando que problemas se aproximavam, e a sua voz elevada e revoltada fazia com que qualquer um que se atrevesse  a cruzar o seu caminho estremecesse.


A porta foi empurrada com tamanha brutalidade que o carro só não partiu por pouco.


A passos largos, caminhou em direção à porta principal ignorando os empregados medrosos que o tentavam evitar a todo o custo. 


Mal entrou dentro do edifício, o vampiro fez sinal a sua ruiva sendo acompanhado até ao escritório. A humana tentava controlar o seu corpo para não tremer. A muito que evitava que Klaus provasse uma gota de sangue temendo que descobrisse coisas que deveria permanecer-lhe desconhecidas.


Arrependia-se de ter acabado de dispensar as pessoas que trabalhavam naquele lugar de modo que ficasse as sós com Klaus. Não fora de todo uma decisão feliz.


Encolheu-se ao ouvi-lo gritar


- Você é uma incompetente! – atirou. – Como você pode ter dado um mole desse? Você é louca? – uns segundos passaram-se enquanto escutava a voz que vinha do aparelho preto, sentando-se no seu divã preferido e levava os dedos ao meio das sobrancelhas. – Como você quer que eu saiba? Vou desligar! Depois te digo alguma coisa. – e desligou sem esperar resposta. Guardou o celular no bolso olhando Madeleine servindo-lhe um copo com a mistura das duas garrafas que tinha sempre abastecidas : Sangue humano e vinho.


- Problemas? – questionou a moça posicionando-se atrás do divã e começando a massagear os ombros de Klaus. Apesar de não fazer qualquer efeito, Klaus gostava de sentir as mãos quentes da humana. Recostou-se ficando mais confortável e deu uma leve festa na mão direita da humana.


- Selene e Alexia conseguiram fotos que provam que a minha cliente está acusando aquele rapaz injustamente. – desabafou soltando o murmúrio de frustração. – Devia ter matado Alexia naquela noite. – engoliu um pouco da bebida saboreando o gosto adocicado.


Alexia. Lembrava-se do nome. Já o tinha ouvido fora das paredes da enorme mansão. Não teve o prazer de conhecê-la pessoalmente durante a festa... Na verdade, não tinha tido o prazer de conhecer muita gente naquele baile desastroso.


Daria tudo para esquecer o que tinha ouvido naquela noite, daria tudo para esquecer o que tinha descobrido.


Não conseguia olhar para Klaus da mesma forma que o olhava antes, mas... Amá-lo? Oh, como o amava! Nada tinha mudado em relação a isso. Amava-o da mesma maneira, desejava-o da mesma maneira e queria-o da mesma maneira.


Meganie, ou melhor, Princesa Maria Luísa Isabel de França. Será que teria o mesmo futuro que ela? O mesmo destino?


Não.


Ninguém lhe salvaria. Ela não teria segundas oportunidades. Ela não teria nada. Ela seria apenas mais uma (escrava de sangue) que morreria de uma morte sem causas aparentes.


Tentou esconder uma lágrima.


- Nunca vai me transformar, não? – ela perguntou controlando a voz.


“De novo, a mesma pergunta” Klaus pensou ajeitando-se no divã. Desde que lhe prometera tal coisa, ela nunca tinha parado de lhe perguntar. Começava a ficar sem paciência, mas precisava dela, uma luta estava próxima e o doce sangue daquela moça adorável era perfeito para reconstituir as suas forças. Teria o mesmo destino que a loira, mas se encarregaria de saber que ela não teria a mesma maldita sorte que a outra tivera.


- Meu amor… - começou iniciando o seu número de teatro mais famoso. – Você por enquanto é mais útil viva, minha pequenina. Quando eu a transformar, irá sofrer grandes alterações e tenho...


- Alterações para melhor! – disse a moça cortando-o.


- Mas meu amor, você já é tão perfeita... Os seus cabelos são como fogo, os seus lábios os mais belos e apetitosos de todos, a sua pele… - pausou agarrando-lhe na mão e beijando-a. – Oh, a sua pele. Como eu vou aguentar transformá-la em mármore branco, meu amor? Uma pele tão delicada.


- Você vai aguentar porque você prometeu. – insistiu afastando-se de qualquer contato que estava tendo com ele e dirigiu-se ao pequeno carrinho das bebidas.


- Meu amor, não seja tão dura comigo, eu apenas quero o seu bem. – Madeleine encheu um dos seis copos com a bebida escarlate até ao topo, virando-se para o vampiro. Em seguida levou o copo aos lábios, sorvendo o seu conteúdo até meio contendo no fim, uma careta.


- Eu quero ser como você, Klaus. – ajoelhou-se perante o de olhos azuis colocando os seus braços sobre as pernas dele de modo a ficar uma espécie de almofada para ela deitar a sua cabeça. Fixou os olhos na lareira. – Eu apenas quero ser como você. – sussurrou tentando evitar chorar. Sentiu as mãos de Klaus a alisar o cabelo, provocando-lhe um certo conforto mas não eliminando o frio que sentia.


- Madeleine, minha querida, eu já tomei a minha decisão. – a sua voz soou como um murmúrio da noite. – Não insista meu amor. Não me quero chatear com você. – beijou-lhe os cabelos demoradamente.


- Mas Klaus, você prometeu. – insistiu a criança birrenta dentro dela.


- NÃO!-  Gritou arrependendo-se depois ao ver o olhar assustado da moça. Controlando de novo a sua voz e tentando formar um sorriso, continuou - Me perdoe pela minha indelicadeza, mas…


- Não é preciso se desculpar. – rebateu levantando-se. Dirigiu-se para a lareira, agarrou no ferro e começou a ajeitar as brasas. Era difícil manter uma casa de pedra mármore quente e ela precisava de mais calor só que nem o melhor do agasalho a conseguiria confortar. O frio que sentia era incurável e vinha diretamente de dentro do seu coração.


Agora tinha a certeza. Todas as suas esperanças tinham-se dissipado. Todos os anos que passara com Klaus não tinham sido nada a não ser anos para servi-lo. Deixou a sua família sem qualquer tipo de razão. Deixou os seus amigos sem pensar duas vezes. Deixou-se sem qualquer explicação.


 Trocou a sua maravilhosa vida por uma medíocre.


Mikel, o seu pequenino irmão de mãos rechonchudas e olhos brilhantes que cada vez que a via formava um sorriso enorme permitindo ver as suas gengivas ainda sem dentes.


Foi o único que percebera que ela iria partir. Dissera adeus a todos, mas ninguém ligara pensando que seria um ‘até amanhã’ e não um ‘levarei vocês no meu coração’.


Apenas Mikel percebera. Com poucos meses, depois de se deliciar com a canção de embalar que a sua irmã cantara-lhe, deixou-se que o enroscasse nos confortáveis lençóis e ai ouviu as palavras da ruiva, o adeus que lhe custara tanto a dizer.


Madeleine sabia que ele percebera. Os seus olhinhos brilhantes perderam o brilho quando viu as lágrimas escorrerem pelo rosto da mais velha, estendendo-lhe uma das suas mãos esperando um aperto, mas não. Madeleine não aceitou o carinho do bebê depositando um leve e doce beijo na delicada testa e saindo de casa, chorando em coro com os berros do irmão.


- Primeiro tenho que tratar daquele assunto. – ele referia-se a Alexia, ela sabia. – Deu-me mais trabalho do que imaginara.


- A advogada? – não precisou de reposta. - Que vai fazer?


- Matá-la. – disse simplesmente. Ainda pensara divertir-se um pouco, mas não queria arriscar tanto. – A ela e aos seus amigos.


A humana sentiu um calafrio percorrer o seu corpo, apertando inconscientemente a haste de ferro.


- Vou matá-los um por um,  deixando Emmus para o fim.


- E-Emmus? – gaguejou.


-Sim... Quero que ele veja quem mais ama morrer à sua frente.


- A Alexia. – concluiu sentindo dó da advogada. Sem duvida que Klaus seria lento e doloroso a acabar com a vida dela. O vampiro não era conhecido por ser piedoso e Madeleine sabia a raiva que Klaus sentia por Emmus. A raiva e a inveja.


- Não! Não seja patética, Madeleine. – gracejou. – Alexia não é a sua herdeira.


Madeleine virou-se com os olhos arregalados.


- Vai matar o herdeiro? – se bem se lembrava, o herdeiro era Vincent e essa conclusão não a agradava de todo.


Klaus felicitou-a com um dos seus melhores e orgulhosos sorrisos.


- Isso mesmo, minha flor. – bebeu o resto que Madeleine tinha deixando no seu copo. – Quero ver Emmus sofrer e pagar por tudo o que me fez.


- Não podes…- murmurou tentando controlar as lágrimas. Não parava de ver a imagem de Vincent coberto de sangue. Não suportava ver aquilo. Não podia. Ele não podia. – NÃO PODES! -  gritou e com um movimento instintivo, Madeleine ataca Klaus com o ferro em brasa marcando apenas as roupas.


Abriu os olhos de modo a ver os estragos que tinha feito, mas o que encontrou foi um Klaus completamente surpreso com as roupas manchadas do sangue que restava do copo.


Madeleine começara a chorar, deixando o desespero apoderar-se de si ao ver que o seu ataque não tinha tido qualquer efeito.


As consequências poderiam ser agora, fatais.


Viu Klaus a agarrar com a mão de mármore a ponta do ferro, fulminando-a  com um olhar furioso.  Esta, ao observá-lo levantando, cambaleou para trás chocando-se contra o quadro de moldura de madeira ilustrada batendo com a cabeça sobre o vidro que protegia a obra.


- O que você me esconde?


- Afaste-se! – gritou. Klaus avançava para ela a passos lentos fazendo o seu coração ameaçando saltar-lhe pela boca. – Pare! – suplicou ignorando as lágrimas que lhe manchavam o rosto.


Nada.


 Klaus alcançou-lhe o pulso sacudindo-a.


- O QUE ME ESCONDE? – gritou. – Diga-me ou eu juro que… Vai se arrepender do dia  em que me conheceu!


- Tarde de mais. Já me arrependi. – atirou aguentando com outra vaga de dor.


- DIGA! – ordenou já perdendo a paciência.


- ME larga! Quem você pensa que é? Eu perdi todo o respeito que tinha por você. Não te devo nada!


- Se engana!


- Não! Você é que está enganado. Deixei tudo por você, por você e pelas suas promessas. Já chega! Não vou mais acreditar em você,  por isso nem pense que eu…


- Luisa Isabel… - ele murmurou para si mesmo.


- Uaaau! – exclamou surpresa sendo mais irônica que conseguia. – Ele lembra-se! Bem, afinal ela foi uma das minhas antecessoras.


- Você falou com ela?


- Não te interessa! Nada relativamente à minha nova vida te interessa. – Klaus apertou mais o pulso acabando por parti-lo. Era um aviso de que tudo iria começar, dava-se inicio então, às consequências.


Madeleine gritou ficando quase sem ar devido à intensidade da dor.


- Me larga! – suplicou de novo contorcendo-se.


- Esteve com eles. – acusou revoltado com a traição da ruiva. – O que você sabe? O que descobriu? Fala Madeleine, não me faça perder a paciência.


- Nunca… - soltou outro grito quando Klaus a puxou para si e a empurrou de novo contra o quadro, fazendo com que ela partisse o vidro com a cabeça. Madeleine engoliu mais um grito de dor continuando com o seu discurso. – Nunca irei te contar mais nada. -  a dor era imensa, tanto física como emocional.


O seu Klaus, o seu príncipe das trevas  estava destruindo-a. O príncipe que ela amara e por quem julgara ser amada estava agora tratando-a como uma boneca de trapos.


- Eu nunca te darei nenhuma informação deles.


- Não seja impertinente Madeleine! – ameaçou Klaus enraivecido.


- O que vai fazer? O mesmo que fez à jornalista? – o vampiro soltou uma gargalhada seca.


- Não duvide disso, meu amor. Você sabe que eu sou capaz de fazer tudo para alcançar aquilo que quero.


- Quem é você? – perguntou roucamente engolindo toda a tristeza que sentia por aquela criatura e eliminando toda a ternura que ele alguma vez lhe despertara. – Não é o Klaus que eu conhecia. Onde é ele está? – tentou soltar a mão para lhe esbofetear, mas era impossível. Qualquer movimento era impossível de realizar.


Klaus apertava o seu pulso, ainda intacto, cada vez mais prestes a fazer com que tivesse o mesmo destino que o outro.


- Madeleine. – gritou rancorosamente.


- Não! Esquece. Não te darei mais nada. Esqueça que eu existo. Esquece que algum dia me conheceu. Esquece tudo sobre mim. Se quiser, me mate já que…


- Com todo o prazer. – declarou surpreendendo a humana. Largou o pulso quebrado segurando o frágil pescoço da ruiva sem se importar com as retaliações da parte dela e mordeu da forma mais dolorosa possível.


Madeleine gritou ao sentir as presas do vampiro penetrarem seu pescoço e a dor dilacerante que a sensação de seu sangue ser sugado com uma rapidez desconcertante lhe provocava.


 


XXxxXX


 


A sua audição apurada já tinha captado vozes um tanto elevadas, o suficiente para fazerem-na correr até à mansão, demorando demasiado ao tentar ocultar-se dos empregados que caminhavam cansativamente para fora dos enormes portões questionando-se do porquê da recente “dispensão” por parte da mademoiselle Madeleine.


No entanto, tal preocupação foi destruída ao ouvir o grito agudo da ruiva. Saltou para cima de uma árvore ocultando-se assim de todos os humanos que não tinham reparado no apelo da sua senhora. Saltou da forma mais rápida que conseguia, movendo-se com uma graciosidade invulgar. Os ramos que apareciam no seu caminho eram completamente destruídos, não conseguindo provocar qualquer dano na pele de mármore.


Depois do grito não se ouviu mais nada o que sobressaltou ainda mais a loira mais ao olhar pela janela, Meganie percebeu tudo.


Klaus encontrava-se debruçado sobre a humana estrangulando-a.


Não pensou duas vezes, não permitiria que o vampiro fizesse outra vitima como fizera com ela.


 


XXxXX


 


As memórias de Madeleine passavam como um filme diante de seus olhos, os seus pensamentos surgiam como se fossem dele e as suas decisões, embora involuntárias, revelavam-se.


Um homem de cabelos pretos e olhos negros como ônix abordava-a.


A ruiva adorara o seu porte altivo e os olhos negros como quando pousaram nela.


“Beleza pura” disse uma vozinha familiar dentro da sua cabeça.


Odiava aquela conversa galante que Madeleine, a sua humana, tinha tido com aquele sujeito. Odiava o que ela tinha sentido por ter chamado a sua atenção, mas mais importante ainda, odiava o vampiro que a cumprimentara.


Vincent Cosidini, herdeiro de Emmus.


O calor que ela sentiu no momento que este lhe beijou as costas da mão sem desviar o olhar do dela enojou Klaus que já se encontrava enfurecido por tal relacionamento


“Encantada” ouviu-a responder.


Lembranças dele próprio também estavam presentes na memória de Madeleine, mas não da melhor forma.


» Um pequeno grito agudo bruscamente silenciado foi ouvido pelo salão, o que despertou a curiosidade dos presentes.


- Finalmente nossa pequena espiã resolveu se pronunciar – disse Emmus – Apareça ou será pior para você!


Timidamente uma bela jovem vestida de Cleópatra saiu detrás de uma das pilastras.


- Madeleine.... – Vincent sobressaltou-se – O que...«


» -  Ele realmente a usou? – perguntou com a sua voz trêmula à Maria Luisa, a sua antiga escrava de sangue. «


O som do choro da ruiva ecoou-lhe nos ouvidos o que não provocou qualquer emoção.


Traição.


Sentia-se traído. Fora traído.


Provocou-lhe repugnância o conforto que a humana sentira ao ser abraçada pelo herdeiro e provocou-lhe revolta por ela sentir o mesmo que antes sentia por ele.


Não podia ter acontecido. Madeleine estava sob o seu controle. Nada daquilo deveria ter acontecido.


O sangue da humana traidora escorria-lhe pela garganta ao mesmo tempo que ia sabendo mais dos seus inimigos.


Descobria o que nunca pensaria descobrir, via o que não queria ver, declarava o que não queria declarar.


Emmus utilizara bem as palavras, como sempre fazia, Meganie dera a volta à cabeça da sua humana com a história comovente do seu passado e Vincent oferecera demasiado apoio fazendo aquela alma perdida ceder por completo aos seus encantos… Da mesma forma que ele fizera antes.


Sentia a amarga traição da ultima pessoa que esperava.


Madeleine era o seu objeto de diversão, o seu animalzinho de estimação disposto a fazer tudo o que ele pedisse sem contestar e conseguira-lhe dar a volta ao ponto de o enganar e trair em todos os sentidos.


Parou de beber tendo a certeza que já sabia tudo o que lhe seria útil e afastou o rosto do pescoço da humana, que outrora fora o seu refúgio favorito.


Observou-a, tomava todo o seu peso nas mãos analisando a sua cara pálida, da cor da neve, e os seus olhos brilhantes que competiam contra as estrelas.


As forças tinham-lhe sido sugadas de tal maneira, que se Klaus a largasse, cairia de imediato no chão.


 


Já passara por aquilo.


Nessa época conhecia Klaus, acreditava nele e amava-o. Nessa época, nessa boa época que terminara na noite do baile.


Uma vez por semana, Klaus deixava-a naquele estado. Entre beijos doces, cheios de ternuras e carícias, Madeleine sentia os dentes do seu príncipe perfurarem-lhe a pele com uma ternura requerida ao longo dos tempos.


Depois esperava, soltando gemidos de prazer enquanto Klaus a acariciava e sugava o seu sangue, até senti-la prestes a perder os sentidos.


Quando já não se aguentava nas pernas, Klaus tomava-a no colo como se fosse uma donzela e a colocava na cama de dossel, cobrindo-a com os suaves lençóis cor de pêssego deitando-se perto dela afagando-lhe os cabelos ao mesmo tempo que enchia os pensamentos dela com palavras doces, promessas sugestivas e desejos sussurrados no seu ouvido contra a sua pele até que por fim, ela caísse no sono profundo.


Mas nada disso estava acontecendo.


Klaus não olhava-a satisfeito como antes, mas sim, olhos arregalados e transbordando de raiva.


- Como pôde?!  - tentava controlar a sua voz. – Como pôde? EU TE DEI TUDO! – gritou sacudindo-a de novo, partindo o quadro de vidro que protegia a obra.


Madeleine não tinha praticamente nenhuma, mas o desejo de viver era imenso. Mesmo assim, o que poderia fazer? Os empregados tinham sido dispensados por ela mesma, para o caso de Klaus decidir transformá-la e não ser preciso eliminar testemunhas. Pensara que fora prudente, mas enganava-se.


Podia gritar, mas seria inútil. Perdia de vez todas as suas forças e ninguém a ouviria, principalmente pela mansão estar tão afastada do resto da população.


Estava perdida.


- COMO SE ATREVEU? – apertou-lhe ainda mais o pescoço começando a estrangulá-la. – Nunca…Nunca ninguém me trairá e continuará vivo. NUNCA!


Madeleine debatia-se contra as mãos de Klaus tentando soltar-se daquele aperto. Já não tinha fôlego e sabia perfeitamente que estava prestes a morrer.


Longos segundos passaram e a ruiva deixou de tentar o impossível, limitou-se a permitir que os seus braços caíssem no vazio enquanto a sua visão ficava cada vez mais desfocada.


Deixou os olhos fecharem-se, não aguentando mente-los abertos e esperou pela sua hora.


Hora que não chegou.


Um segundo depois, os seus ouvidos captaram o som de vidros sendo quebrados, sendo atingida por alguns fragmentos da janela no seu rosto.


O aperto cessou, caindo sobre cacos de vidro e pedaços de madeira presentes no chão.


Gritou ao sentir o ar entrar de forma dolorosa nas suas narinas encaminhando-se para os pulmões. Levou instintivamente a mão à garganta massageando-a, ao mesmo tempo que tossia.


Entre pequenas convulsões, seus olhos marejados captavam movimentos rápidos que deixavam destruição por onde passavam.


Com um estrondo enorme, ambos os vampiros caíram no chão. Meganie encontrava-se por cima de Klaus tentando estrangulá-lo.


Tudo fora muito rápido, ao ver Madeleine sendo estrangulada, Meg não pensou duas vezes, irrompeu pela janela empurrando Klaus contra a parede tentando atingi-lo o máximo que podia, caindo a meio, no chão de pedra. Pelo canto de olho, viu Madeleine escorregar para cima de pedaços de vidro e madeira, esforçando-se por respirar.


No entanto, um leve e doce aroma atingiu-lhe as narinas provocando-lhe água na boca, o doce e escarlate sangue humano. Pela intensidade do cheiro, sabia que não era pouco preocupando-se realmente do ferimento da humana. Com intuito maternal, Meganie olhou por um breve instante para a ruiva que levava a sua mão a garganta. Tal distração, saiu-lhe grave.


Ao vê-la baixar a guarda, Klaus agarrou-a atirando-a contra uma parede de estantes, provocando uma chuva de livros poeirentos.


Antes que a loira pudesse fazer algo, o moreno levantou-se precipitando-se para ela e então começou outra onda de ataques.


Desde o último confronto, tinha percebido o seu estilo de luta, os seus pontos fortes e os seus pontos fracos. Seria rápido e fácil.


- Não devia ter se intrometido neste assunto Luisa Isabel, ou devo te chamar Meganie? – perguntou com um sorriso maquiavélico enquanto a outra tentava levantar-se dos pedaços de madeira e livros que tinham caído sobre si. – Devia ter continuado escondida na sombra, esquecida pelo passar dos anos. Mas não. – abanou a cabeça. – Teve que se rebelar, ainda por cima, enfrentando-me. – fez um estalido de reprovação com a língua. – Continua a mesma inconsequente de sempre, minha querida. Você mesma sabes que eu sou invencível. – o seu ar presunçoso foi interrompido pelo riso sarcástico da loira, que conseguiu desviar-se de um ataque dele colocando a mesa entre os dois.


- Não me faça rir, Khristopher. Invencível? – os seus lábios contraíram-se outra vez num sorriso maldoso. - Não foi isso o que eu vi. – ronronou. – Encostou os cotovelos sobre a tampa da mesa de madeira escura e pousou o queixo sobre as mãos em concha. – Como se sente? Uma simples humana, que por acaso é uma escrava de sangue, conseguiu te enganar e você… - os seus olhos fulminavam-na com toda a fúria que sentia. - Você nem percebeu. Como é sentir-se… - colocou o dedo indicador um pouco abaixo do lábio e fez um ar pensativo, fingindo que procurava a palavra. – fracassado?


- Maldita! – atirou-se para cima da mesa conseguindo atingir a vampira. – Como se atreve? – um punho foi ao encontro da face direita de Meganie provocando um pequeno corte. – Vai pagar por tudo! – outro punho. – Por tudo! – repetiu fazendo outro corte no rosto sedutor da loira. – Por ter sobrevivido. – o lábio superior foi arrebentado. – Por ter me desafiado. – Meg soltou um grito quando a sua cabeça foi atirada contra o chão de mármore. – Por ter se revelado. – ele era muito forte. – Por ter existido. – mas não o suficiente. A custo, Meg agarrou pelos ombros projetando-o sobre si mesma de modo a fazer com que ele desse um mortal no ar estatelando-se com as costas no mármore frio.


- Se há aqui alguém que se arrependerá, será você! – levantou-se cambaleando para trás. A sua cabeça latejava, mas não podia se desconcentrar. Limpou um rasto de sangue perto do lábio, com a sua blusa branca. – Ainda não percebeu? A sua sorte acabou aqui. Renda-se! Terás direito a um julgamento justo perante o Conselho e…


- Justo? – soltou uma gargalhada seca. – Justo? O Conselho? O Conselho nunca foi justo para mim. Até duvido que eles conheçam o que justiça significa.


- Enfrenta a pena. – aconselhou. – Será o melhor para você.


- NÃO! -  dito e feito. Klaus lançou-se, de novo, contra Meganie sem nenhuma piedade. O seu objetivo? Matar. Mataria as duas, não estava para perder mais tempo com conversas inúteis.


A humana encontrava-se aterrada perante a luta e destruição que presenciava. Tudo estava quebrado, já não existindo moveis intactos nem tecidos completos.


Ao pé de si, a cortina escura caiu no chão, entregando uma parte ás chamas da lareira que logo a engoliram. Em poucos segundos, um enorme incêndio começava.


Sentia-se tonta por falta de sangue e intoxicada pelo fumo nos pulmões. Se queriam sair dali vivas, teriam que matar Klaus. A questão era: Como?


O vampiro encontrava-se cego por vingança atacando-a sem qualquer relutância e esta encontrava-se incapaz de se defender devido à rapidez das investidas do adversário.


 


Assustada ao ver a vampira em dificuldades, a humana encontrou forças que desconhecia. Não podia cair num momento como aquele.  Começou a procurar, com as suas mãos trêmulas, qualquer coisa que poderia usar como arma. Mas o quê? Ferro não dava. O que poderia ser mais poderoso que aquele metal?


 


Ouviu algo estalar quando Klaus a atirou contra a parede nua a observou a escorregar ficando sentada de uma forma pouco confortável.


- Ultimas palavras? – perguntou aproximando-se. Meganie tentou levantar-se, mas a sua perna encontrava-se presa numa fenda do chão.


O fogo quase que engolia a sala toda, tornando o ar irrespirável. As sombras de labaredas dançantes projetavam-se nas paredes tornando-as seu palco. A fumaça negra tentava escapar pela janela partida, mas não o suficiente para os que estavam dentro da divisão encontrassem algum alívio.


Klaus caminhou a passos pesados com os dedos da mão ensanguentados, em forma de garra. Ajoelhou-se perto dela e agarrou-lhe o queixo analisando minuciosamente o seu rosto.


Os seus olhos continuavam brilhantes e amendoados, tal como ele a deixara, os seus lábios tornaram-se mais convidativos para um beijo voraz, o seu nariz continuava com a sua típica característica, arrebitado, e embora se encontrasse sujo e com alguns arranhões, continuava belo, mas era o seu cabelo que tanto o cativara. Loiro com uma ligeira ondulação. Em tempos, era seu habito pentear-lho com os dedos, adorava fazê-lo. O toque sedoso das madeixas ainda mais loiras à vista do sol e o cheiro a rosas que espalhava davam lhe um certo prazer que desde que morrera não sentia.


A transformação tinha sido muito generosa e bondosa com ela. Meganie ficara ainda mais bela.


Como sentia saudades de prová-la outra vez. Faria tudo para senti-la de novo debaixo de si.


- Continua bela como sempre, milady. – murmurou contornando o rosto da vampira com o dedo indicador. Lembrava-se dos jogos de sedução que jogara com ela em tempos.


- Pena que não vai ter muito tempo para apreciar. – sorriu demonstrando uns dentes perfeitos.


- Oh! Não se preocupe, minha querida. Eu posso adiar a sua hora o tempo que eu desejar.


- Meu querido, não é com o meu tempo que deve se preocupar. – respondeu divertida com o olhar curioso que o vampiro lhe fizera. – E sim, com o seu.


Dito isto, já Klaus se contorcera com o pedaço de uma moldura de madeira espetado nas suas costas. Apesar de se encontrar um pouco superficial, tinha sido uma surpresa terem-no ferido e com um ódio enorme por quem o atacara, sem esperar virou-se para trás pronto para aniquilar o infeliz.


Os seus olhos demonstravam surpresa quando encontrara os olhos trêmulos e cabelos ruivos desgrenhados á sua frente. Madeleine olhava-o agarrada ao pulso partido, arrependida por tê-lo utilizado como ajuda para atacar o vampiro.


Tremia por todos os lados, esforçando-se por ignorar  os múltiplos cortes que tinha nas suas mãos cobertas de sangue concentrando-se apenas em regular a respiração.


Aqueles olhos penetrantes, entranhavam-se nela como milhões de agulhas, o rosto manchado de vermelho, com os dentes a apontando para ela e os cabelos fora do lugar era totalmente novo para ele. Klaus sempre se apresentava perante dela impecável.


O vampiro sempre tinha tido o bom senso de nunca atacar ninguém à sua frente e agora, ela própria era a sua vitima.


- Você… - a sua voz soou desiludida e rancorosa.


- Perdoa-me… - pediu com a voz débil, fechando os olhos quando viu as mãos de Meganie agarrarem a cabeça de Klaus.


O som do pescoço a estalando provocou-lhe uma densa tontura, tendo que reprimir o sabor amargo de bílis.


Ouviu ainda mais sons que preferiu não identificar permanecendo com os seus olhos cerrados. Deixou-se cair de joelhos já tendo dificuldade em respirar e falta de sangue no seu corpo. Relembrando-se, levou a mão ao pescoço. A ferida ainda não tinha parado de sangrar, e talvez essa fosse a causa de se sentir tão fraca.


Olhou para as suas mãos manchadas de sangue, seu e de Klaus, sentindo a mágoa a assolar-lhe o espírito.


Forçou-se a olhar para Meganie arrependendo-se logo de seguida.


A loira acabava de arrancar os pedaços do que antes era o seu amante, formando autênticas poças de sangue no chão, atirando-os para as enormes chamas que saltavam de móvel em móvel.


- Não olhe! – alertou a vampira percebendo que tinha espectadores atentos. – Madeleine! MADELEINE! – gritou precipitando-se para a ruiva que acabava de cair no chão inconsciente.


Meganie tomou a humana nos seus braços colocando-a sobre o ombro. Evitando as labaredas, saltou pela janela quebrada, agarrando-se numa árvore.


Apressou-se para sair do território do vampiro ignorando as chamas que desejavam sair pela janela.


Em breve, a fumaça negra como uma noite sem lua, captaria atenções da população e não era conveniente encontrarem as duas ali cobertas de sangue, optando assim pelas árvores como principal esconderijo.


Enquanto saltava de ramo em ramo, ouvia o coração de Madeleine bater em longos espaços de tempo e a respiração fraca tocar-lhe nos pescoço.


Estava viva, isso era o que importava, mas não por muito tempo.


Klaus fizera-lhe no pescoço, uma ferida um tanto critica que se em breve não parasse de sangrar, Madeleine iria estar em apuros.


Ao ver-se fora da mansão, a vampira pousou a ruiva sobre um largo tronco analisando melhor as marcas rasgadas das presas de Klaus. Rasgou uma tira de sua blusa e amarrou no ferimento para estancar o sangramento.


Deveria levá-la para La Rochelle o mais rápido possível, mas como poderia fazer tal coisa sem chamar muita atenção?


A situação era complicada e o estado de Madeleine, critico, no entanto tudo tinha terminado e Klaus nunca mais faria mais vitimas.


Meganie tinha alcançado um dos seus objetivos, a sua vingança estava completa.


 


Continua...


 


 


N/A: Meninas, eu to broxada com essa fic. Sem zoeira, nós duas estamos nos esforçando tanto para agradar vocês, e agora que a fic entra em seu momento decisivo todo mundo some.


Eu sei que estou faltando com a minha presença na fic de vocês, mas eu mal to conseguindo levar essa! Eu to me esforçando pra caramba, mas se esse é o problema os seus reviews chegarão, eu prometo.


 


Beijos!


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