Fairy Tail! Aratana Densetsu! escrita por Maya


Capítulo 77
Filho da Luz, Filho da Sombra


Notas iniciais do capítulo

Yo minna! Mais um capítulo grandão pra vocês. Boa leitura!



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O rosto de Gildarts estava impassível; ele não se importava com a chegada de Gabriel, e o garoto também não se importou com isso. Só se importou com a expressão de seu irmão mais velho: Diego estava visivelmente orgulhoso. Não poderia haver um incentivo maior.

– Vai, Diego! – Gritou.

Ele agitou a mão gigante de trevas e jogou Diego para cima. O rapaz entendeu a deixa. Seus punhos ficaram cobertos de uma poderosa luz e ele socou o ar, lançando as duas bombas luminosas na direção de Gildarts. Gabriel usou sua mão mágica de novo para ajudar o irmão a pousar enquanto o oponente sumia em meio a fumaça e neve levantadas. Quando ambas cessaram, porém, viu que o homem continuava de pé no mesmo lugar, com o mesmo semblante inalterável.

– Ótimo... Agora são duas decepções. – Ele estalou o pescoço despreocupadamente. – É melhor eu matá-los logo, ou vou ficar bem chateado daqui a pouco.

Gabriel franziu a testa. Ele não devia simplesmente subestimar dois magos desse jeito.

Diego voltou para seu lado e pôs a mão em seu ombro.

– Tome cuidado com ele. É um mago de Classe S que pode transformar sua magia e seu corpo em pedaços.

– Serei cauteloso. Mas ele também devia tomar cuidado, enfrentando os irmãos Darklight...

Diego sorriu.

– Sim, mas vamos deixar que ele descubra isso sozinho.

– Pode deixar.

Gabriel cobriu os punhos de trevas, exatamente como Diego fez com a luz. Gildarts soltou uma risada de desdém.

– O que te faz pensar que vai funcionar agora?

O garoto sorriu e lançou as bombas de trevas no chão, bem diante de seus pés. Ele e o irmão foram cobertos pela fumaça.

Gildarts franziu a testa.

– E qual seria a utilidade disso?

Gabriel conseguiu correr antes que a cortina de fumaça sumisse. Apenas Diego permaneceu em seu lugar. Agora, o Darklight mais velho usava sua Light Magic para fazer seu corpo brilhar enquanto o mais o novo se escondia nas sombras da noite.

Muito bem, mano. Gabriel continuou correndo o mais silenciosamente que pôde, com as costas curvadas e os braços para trás. Deu a volta na área enquanto a luz de Diego chamava a atenção de Gildarts, e então, deu um passo maior para chegar às costas do oponente.

– Acho melhor você parar de se achar tanto, senhor “Classe S”.

O garoto, então, pôs a mão da mão no meio das costas do inimigo. Sua mão brilhou num roxo escuro e ele atirou seu raio negro que atravessou o corpo de Gildarts.

Acabou, ele pensou. Não tinha como alguém permanecer de pé com um buraco enorme no meio do peito. Gabriel baixou a guarda e fez o sinal de positivo de Diego.

Porém seu irmão não parecia tão contente. O mais velho transferira o brilho do seu corpo para os punhos, aumentando sua força, e continuou em posição de batalha. Gabriel não entendeu. Já podiam relaxar, não é?

– Hm, isso foi interessante.

Não.

– Ainda assim... Foi fraco demais.

O espanto e a pontada de medo de Gabriel não o deixaram se mover, mesmo quando viu o braço musculoso de Gildarts – já com o peito totalmente recuperado – ir em sua direção. Ele foi atingido bem no rosto e ouviu um estalo antes de ser lançado no ar por alguns metros e se arrastar pelo chão.

– Gabriel! Aguente firme!

O garoto levou a mão ao rosto sangrento para limpar o líquido vermelho. Seu nariz tinha quebrado, disso tinha certeza.

Ouviu o som de socos. Tirou a mão do rosto para ver: de fato, Diego estava travando um combate mano a mano com. Este, porém, conseguia bloquear todos os socos do adversário com as mãos vazias e sem sair do lugar. Os punhos iluminados de Diego iam perdendo a luz a cada ataque falho. Quando sua luz se extinguiu de vez, Gildarts segurou um dos punhos do garoto em seu último soco, tomou impulso e o empurrou. Diego foi jogado longe como se tivesse sido atropelado por um ônibus em alta velocidade.

Gabriel ficou cansado de só assistir. Limpou o restante do sangue com a manga da camisa e enterrou as palmas das mãos na neve estranha e fofa. Um círculo mágico surgiu sob cada uma, e logo depois manchas brilhantes roxas apareceram sob os pés de Gildarts.

Dark Geyser!

Raios de trevas foram disparados para cima, todos ao mesmo tempo, originados das manchas. Eles subiram por vários metros e então desceram de volta na direção de Gildarts.

Dessa vez, Gabriel não se deixou distrair pelo som do impacto. Permaneceu numa posição defensiva e aguardou. Nem arriscou procurar Diego com os olhos; teve que acreditar que o irmão estava bem.

Como esperava, seu inimigo surgiu do nada. Chegou tão rápido que era como se tivesse se materializado diante do garoto. O homem ergueu o punho cerrado, que estava envolto de algo parecido com um relâmpago branco, e o desceu na direção da cabeça de Gabriel.

Darkness!

O corpo do rapaz ganhou um contorno de magia negra, aumentando sua resistência. Só que não durou muito tempo: Gildarts continuou o soco até o contorno se quebrar em pedaços. Com um sorriso maléfico, retornou o punho apenas um metro e atacou com tudo de novo. Gabriel só teve tempo de tirar sua cabeça do caminho e deixar que o soco atingisse seu tronco.

A dor foi indescritível. O mago pensou que todos os ossos tinham sido quebrados ao mesmo tempo. Tinha ido parar no fundo de um buraco escuro e com vários metros o separando da superfície, onde Gildarts observava seu sofrimento com um prazer quase tangível.

– Acho que tenho motivos para poder me achar, garoto. Agora vou deixar que passe seus últimos minutos aí enquanto vou cuidar de seu amiguinho. Aliás, pode me agradecer depois por ter te dado um túmulo de presente.

Gabriel mal acreditou no que ouviu. A dor insuportável foi aos poucos se transformando em ira. Odiava ser humilhado assim. Pensou que isso tinha acabado quando seu pai se foi, então definitivamente não estava a fim de ser humilhado por um inimigo. Não. Tinha que dar o troco.

– Tenho que admitir... É uma magia forte.

Estava tão fraco que sua voz não passaria de um sussurro, mas Gildarts ouviu.

– Ah, então você reconhece?

– É claro. Esse é com certeza o poder mágico mais impressionante que já vi. Por isso... – O garoto ergueu o rosto para o sádico homem. – Eu o quero pra mim.

Gildarts franziu as sobrancelhas. Ficou parado enquanto os olhos de Gabriel ficavam totalmente negros e ele olhava o inimigo nos olhos.

Magic Copier.

Um fio negro saiu de Gildarts e foi até Gabriel, enrolando-se em seu corpo. Quando o fio desapareceu, o jovem se sentia revigorado, enquanto o veterano da Fairy Tail tinha as costas curvadas e arfava.

– O que você fez...?

– Você vai ver.

Gabriel estendeu a mão na direção do paredão de terra. Linhas brancas, agrupadas como uma rede enorme, preencheram toda a extensão acima dele. No instante seguinte, toda a área foi transformada em pedaços. Gildarts caiu e soltou um leve gemido de susto.

– Vamos brincar um pouco agora?

– O que você fez, desgraçado?! Essa magia é minha!

– Aprenda a dividir, cara. Agora ela é nossa.

Gabriel subiu na elevação onde Gildarts estava. Fechou o punho e o recuou um pouco.

– Agora... Como é que você fez mesmo?

Aqueles mesmos relâmpagos brancos surgiram em seu braço. Gildarts continuou caído no chão, só esperando enquanto Gabriel o encarava com uma expressão terrivelmente cruel.

– Vai pagar pelo que fez, maldito.

Gabriel já ia atacar quando uma mão pousou em sua testa.

– Pare aí.

O jovem cessou o ataque e olhou para o irmão mais velho.

– Diego? O que está fazendo? Eu estava prestes a acabar com ele!

Diego suspirou. Com um movimento leve e rápido, ergueu os dedos indicador e médio. Gabriel olhou para Gildarts – que já se preparava para um ataque surpresa – e viu que um círculo mágico branco enorme tinha aparecido sob seus pés. Diego empurrou o irmão um pouco logo antes de um dragão branco sair dali e levar o oponente para o alto com ele.

– Uau.

– “Uau”, nada. Para alguém como Gildarts, esse dragão é apenas uma distração, e você não muito mais do que isso no momento.

– Mas você não viu o que aconteceu? Eu copiei a magia dele. Estou forte como ele agora.

Diego deu um leve tapa na cabeça do mais novo.

– A Magic Copier usa seu poder mágico para alimentar a magia copiada. Veja o poder da magia de Gildarts. Quanto poder mágico você acha que gastou em um só ataque?

– Muito, mas...

– Exatamente! Se continuar usando isso, vai acabar morrendo. Seu corpo ainda não aguenta tanto. Não seja estúpido.

Gabriel baixou a cabeça.

– Sou tão capaz quanto você, mano – falou.

– Nunca duvidei disso – Diego disse. – Mas você precisa saber como utilizar essa capacidade. Agora, se livre dessa magia antes que seja tarde.

Gabriel assentiu de leve. Se concentrou no poder recém-adquirido e o dispersou. Sentiu o corpo ficar muito mais leve ao se livrar da magia de Gildarts.

– Ótimo – disse o mais velho. – Agora, vamos voltar antes que...

Nem precisou terminar. Os garotos ouviram um estrondo e viram várias partículas de luz se espalharem pelo céu noturno. Ficou claro que o dragão de luz já tinha sido exterminado.

Subiram às presas para a superfície. Gildarts estava sentado de pernas cruzadas, aguardando calmamente pela continuação da luta.

– E então? Pararam de brincar?

Gabriel cerrou os dentes diante de sua provocação. Diego, por outro lado, continuou calmo.

– Odeio admitir isso, mas não podemos derrotá-los apenas com nossos poderes.

De todas as coisas, Gabriel não esperava ouvir isso de seu irmão.

– Do que está falando? Nós somos fortes!

– Sim, nós somos. Mas não o suficiente. O poder de Gildarts é enorme; ele foi, e talvez continue sendo, o mago mais forte da Fairy Tail, e não podemos superar isso tão facilmente.

– O que quer fazer, então? Desistir?

Diego sorriu.

– Vamos orar.

– Orar? – Perguntou um confuso Gabriel. – No que isso pode ajudar?

– Não me diga que viver com o papai te fez esquecer as lições de nossa mãe.

O mais novo franziu as sobrancelhas. Tentou se lembrar de algo que sua mãe disse sobre orar. Tinha algo realmente familiar vindo dessa palavra.

Não demorou muito para recordar. A deusa do Mundo Celestial de fato lhe ensinara algo muito importante sobre orações – e isso seria muito útil no momento.

–--

– Orar, mamãe?

Aquela foi a penúltima vez que os irmãos Darklight estiveram juntos no Mundo Celestial. Sua mãe acabara de lhes dizer que orar era uma maneira de conectar suas almas, colocá-las em harmonia. Segunda ela, isso seria útil para eles algum dia.

– Como a senhora sabe que vamos usar isso? – Diego perguntou.

– As mães sabem dessas coisas, querido. – A deusa deu uma piscadela. – Sabemos o que vai proteger nossos filhos.

– Mas como vamos usar isso? – Perguntou o pequeno Gabriel.

– Não mistérios, meu filho. Basta você ficar em posição de oração e se concentrar na pessoa com a qual deseja conectar-se, e com a qual já tenha uma forte relação. Pense nela com toda a sua força e peça por sua ajuda. Não demorará muito para você conseguir entrar em contato com ela e conseguir o que quer.

Diego soltou um suspiro.

– Então vai demorar para conseguir essa conexão. Mesmo que eu conheça mais pessoas, leva tempo pra relação ficar forte...

– Querido, fortalecer um laço não depende do tempo. Depende apenas da vontade das pessoas envolvidas e de seus sentimentos semelhantes. Quando duas pessoas sentem as mesmas coisas uma pela outra e pelos outros, se conectam facilmente. Por exemplo, vocês dois poderiam facilmente se conectar com seu amigo Hayato, porque um ama o outro profundamente e esse amor é o mesmo para os três.

– Então, o que acontece se um de nós se conectar com Hayato?

A deusa pôs a mão sobre a cabeça do filho caçula e lhe mostrou seu sorriso sempre gentil e caloroso.

– A conexão permitirá que seus poderes e corações se unam. Ambos sentirão a ligação, mas apenas aquele que fez a oração terá em mãos o poder enorme e único resultante da ligação de seus sentimentos. Então, queridos, usem esse recurso com muita sabedoria. Vocês saberão quando chegar a hora de orar.

–---

Como sempre, ela tinha razão. Agora Gabriel também sabia que a hora tinha chegado.

– Você vai primeiro – disse seu irmão. – Eu vou segurar Gildarts enquanto isso. Quando terminar, lute com ele enquanto eu faço a ligação. Entendeu?

Gabriel assentiu. Deu alguns passos para trás até ver Diego saltando na direção de Gildarts para iniciar mais um combate corpo a corpo sem causar-lhe nenhum dano, e então correu para mais longe.

Quando achou que já tinha se afastado o suficiente, ajoelhou-se e juntou as mãos. Ainda podia ver a luta dali e viu que Diego tinha sido jogado par o lado como se fosse um inseto. Porém ele se ergueu voltou à luta. Gabriel decidiu focar-se no que tinha que fazer.

Concentrou-se o máximo possível. Sabia exatamente a quem pedir ajuda, só esperava que sua ligação com ele fosse forte o bastante. Focou os pensamentos nele, em seu rosto e em sua localização, até sentir algo como um estalo dentro de seu corpo. Logo depois uma voz grave e estrondosa de dragão ecoou em sua mente.

“Gabriel?”

“E aí, Killua-san?”

O atual deus do Submundo produziu um som que Gabriel assimilou a uma risada.

“Que bom ouvir sua voz, garoto! Não nos vemos desde a última vez que trouxe Nadeshiko aqui. Como vai?”

“Já estive melhor. Killua-san, não tenho muito tempo, então vou ser direto: preciso que você me empreste seu poder.”

Um silêncio se fez.

“Não posso”, enfim disse o dragão.

“Por que não?!”

“Meu poder é grande demais. Seu corpo não aguentaria, acabaria sendo esmagado. Não posso permitir que corra tal risco”.

Gabriel trincou os dentes. Estava cansado de ouvir as pessoas dizendo que seu corpo não tinha força o suficiente.

“Mas eu posso aguentar! Me deixe ao menos tentar!”

“Não é assim que funciona. Se você tentar e não conseguir, está acabado. Você vai precisar de mais do que força de vontade.”

“Eu sei que consigo. Passei o último mês inteiro me focando no treinamento. Estou mais forte do que antes. Então, por favor...”

Outro silêncio.

“Gabriel, você é o único humano em que confio para cuidar da minha Nadeshiko pessoalmente. Se você morrer porque eu te emprestei meu poder, não vou me perdoar jamais.”

“É um risco que eu vou assumir sozinho. Por favor, Killua-san. Prefiro arriscar minha vida a deixar que meu irmão e meus amigos corram risco de morte.”

“... Você tem certeza disso?”

“Absoluta.”

Killua soltou outro som, provavelmente um suspiro.

“Muito bem. Vou te emprestar apenas um pouco de minha força; deve ser o suficiente. Mas se algo acontecer...”

“... A culpa será toda minha. Muito obrigado, Killua-san.”

A presença de Killua desapareceu aos poucos, mas um poder enorme invadiu Gabriel. Sua força era tanta que ele se inclinou para frente e teve de apoiar as mãos no chão. Seu corpo doía enquanto todo aquele poder mágico se espalhava em seu ser, tomando a forma de uma grande aura negra com traços vermelhos. Gabriel sentiu não só a magia de fogo de Killua se expandir em si, como também a sua própria magia ficar mais forte.

Ainda ficou mais alguns minutos no preso ao chão, sem conseguir se mover. Quando conseguiu, se levantou lentamente e com esforço, e se obrigou a permanecer de pé. Como esperado do Killua-san, pensou. E isso não é nem toda a sua força...

Respirou fundo e começou a andar. Quando achou que já tinha se acostumado o suficiente com a pressão, correu.

– Pode trocar, Diego!

Diego, que estava prestes a ser jogado para escanteio de novo, deu um pulo para trás e correu para se afastar.

– Conto com você.

– Pode deixar.

Gabriel parou diante de Gildarts e afastou o punho. A aura localizada ali se expandiu e ficou mais concentrada, e o garoto o socou. Uma explosão se fez com um impacto e Gabriel perdeu Gildarts de vista mais uma vez. Só que ele já não se permitia ficar tranquilo de novo naquela luta.

Quando Gildarts reapareceu, estava com a mão estendida, ileso, e com um sorriso estranho e terrível no rosto.

– Você não entendeu ainda, não é? Sua magia negra não me afeta; apenas me alimenta! Um filho das trevas como você não pode me derrotar!

– Eu não sou um filho das trevas!

Gabriel lançou mais bombas de magia negra e de fogo misturadas, mas só o que conseguia fazer era criar uma fumaça cada vez maior. Já estava ofegando quando a cortina negra cessou e Gildarts ressurgiu, ainda ileso.

– Ainda não me convenceu disso – disse ele.

O garoto escolheu responder com mais magia. Dessa vez, reuniu mais fogo na palma de sua mão e a ergueu. Uma chama revoltosa e brilhante cresceu ali, rodeada de faiscantes fios negros. Lançou-a.

A explosão resultante foi maior do que as anteriores juntas. A neve ao redor dos dois já tinha se derretido. Mesmo cansado, Gabriel não saiu de sua posição. Recuou dois passos curtos só de garantia e se manteve na defensiva.

– Devo admitir que esse foi mais forte. Mas ainda não é suficiente.

A mão já branca de Gildarts brilhou ainda mais. Gabriel paralisou. Aquele teria sido seu fim se um raio ainda mais luminoso e com traços vermelhos não tivesse atingido seu inimigo.

– Para sua informação, nós preferimos o título “filhos da luz”.

Quando Gabriel conseguiu reabrir os olhos, viu que Diego estava ao seu lado, com uma aura do tamanho da sua e branca com traços avermelhados. Havia algo de muito familiar nesse seu poder recém-adquirido e ele não demorou a entender o que era.

– Diego, você orou para...

– Hayato – concluiu ele. – Parece que ele estava nos vigiando lá de cima e decidiu dar uma força. Mas isso não é o que importa agora. O que está acontecendo com você?

Gabriel não entendeu.

– Comigo?

– Você está hesitando, e por isso não está conseguindo usar toda a sua força.

– Que besteira – retrucou o mais novo. – Estou dando tudo de mim. O problema é que Gildarts é muito resistente.

Diego avaliou o irmão em silêncio.

– Está pensando no papai, não está?

– No papai? É claro que não!

– Está sim! Não está conseguindo lutar direito porque não para de pensar nas críticas dele. Admita!

Gabriel quis muito negar de novo, mas não conseguiu. Também percebeu que havia algo de errado acontecendo e que isso estava o atrapalhando. Porém não queria admitir isso. Queria superar esse problema sozinho e continuar lutando, e então provaria ao seu irmão que estava no mesmo nível que ele.

Não... Provaria a si mesmo e ao fantasma de seu pai que o circulava desde sua morte.

Apenas alguns dias depois do fim da missão das Light Guilds, Gabriel não conseguia mais dormir. Sempre que fechava os olhos se lembrava de quando matou o próprio pai, e essa cena o torturava. Noite após noite. Boa parte do motivo de ter reforçado seu treinamento foi por causa disso. A presença constante de seu pai – criada por sua própria mente – o cercava e o observava, só esperando por um deslize para poder criticar o jovem.

E ele estava ali de novo. Só esperando.

Gildarts voltou. Sua expressão antes inalterável finalmente tinha mudado: agora ele estava visivelmente com raiva. Diego o bloqueou imediatamente com uma mão e usou a outra para disparar outro raio. Gabriel percebeu que ainda estava paralisado retomou sua posição de luta.

Diego estava certo. Gabriel nervoso e hesitante demais porque sentia que, se errasse, seu pai o criticaria e riria de sua cara. Não queria ser humilhado de novo, mas isso o estava impedindo de lutar direito.

– Papai está morto – Diego falou. – Você tem que se esquecer dele e do mal que ele te fez, ou não vai conseguir fazer o que precisa fazer.

–... Eu matei ele. Não é uma coisa que eu posso simplesmente apagar da memória.

– Então tenha coragem para conviver com isso, mas sem se torturar por algo que já passou.

– Eu sei! Mas se eu errar aqui...

– Todo mundo erra. Nossos pais podem não passar por isso porque são deuses, seres perfeitos. Mas nós não somos como eles. Nós somos seres imperfeitos e erramos, e é isso que nos caracteriza como humanos!

Como esperado de seu irmão: sempre forte e racional. Gabriel sabia que nunca seria como ele. Entretanto, ele ainda podia se esforçar para ficar mais forte, e dessa vez teria que usar seu real poder.

Então, quando Gildarts apareceu, com ainda mais raiva e prestes a executar sua magia destrutiva, Gabriel o interceptou com uma barreira negra e vermelha. Gildarts a ultrapassou, mas o garoto já esperava por isso. Carregou novamente a aura em seu braço e concentrou toda a sua força nele.

– Já disse que trevas não funcionam contra mim! – Exclamou seu inimigo.

– E eu já disse que não sou um filho das trevas!

Gabriel o golpeou. Dessa vez seu ataque foi efetivo; Gildarts não se defendeu e por isso foi arremessado no ar. Depois de voar por vários metros, Diego apareceu bem atrás dele e o chutou com força para frente. O mago de Classe S se arrastou pelo chão e abriu um buraco raso com o peso de seu corpo.

Diego olhou para o irmão caçula e assentiu. Gabriel inclinou a cabeça para o lado e arqueou uma sobrancelha. O mais velho percebeu sua confusão e explicou:

– Vamos fazer aquilo.

– O que... Ah! Ficou doido? Você vai ficar exausto!

– Dois dias são o suficiente para me recuperar. – Diego esboçou um sorriso encorajador. – Vai dar tudo certo, desde que você me dê uma força.

Gabriel suspirou.

– Você vai fazer isso com a minha ajuda ou não, não é?

Diego deu de ombros. O mais novo bufou; não tinha escolha. Ajoelhou-se e pôs as mãos no chão, criando um círculo mágico sob cada uma.

Sinners Prison.

Correntes saíram do chão atrás de Gildarts e puxaram suas costas, o forçando a ficar ajoelhado. Mais dois apareceram a sua frente e fincaram-se em seus ombros. Depois, surgiu um de cada lado para prendê-lo ainda mais. Uma aura negra ligou as seis correntes e se expandiu, para logo depois o apertá-lo.

Diego assentiu de novo e avançou. Desapareceu no meio do caminho e reapareceu diante de Gildarts com a mão estendida.

– Gildarts Clive. Você cometeu pecados imperdoáveis hoje. O primeiro... – Partículas de magia saíram do corpo de Gildarts e foram absorvidas por Diego. – Tentou matar eu e meu irmão.

O rapaz desapareceu e reapareceu à direita do homem. Absorveu mais partículas dele.

– Segundo: ameaçou destruir meu país.

Quando apareceu à sua esquerda, disse:

– Terceiro: ameaçou matar meus amigos, minha família. – Desapareceu e reapareceu às suas costas. Absorveu mais de sua magia. – E quarto... Subestimou o poder dos Darklights.

Quando Diego voltou a apareceu diante dele, Gildarts já parecia exausto. Gabriel não ousou piscar. Queria ver aquilo até o fim.

– Esse é seu julgamento! – Vociferou seu irmão. – E que você volte para o lugar de onde veio, alma pecadora! The Sins of the Fathers!

A magia roubada de Gildarts se acumulou em suas mãos e Diego a pousou sobre a testa do veterano. Este gritou enquanto partículas negras começavam a sair de seu corpo. Uma luz intensa se fez e Gabriel precisou usar o braço para proteger os olhos.

Quando voltou a olhar, tudo estava parado. Gildarts não estava mais lá e Diego estava imóvel. Gabriel se aproximou lentamente. Já estava chegando até o irmão quando ele caiu de costas.

– Diego!

Seu irmão estava pálido. Sua aura de luz e fogo havia desaparecido, e Gabriel notou que a sua também estava se desfazendo. Sacudiu o irmão, mas ele não acordava de jeito nenhum. Agora, só depois de dois dias...

– Francamente... Dessa vez você exagerou.

Gabriel sentou-se se pernas cruzadas ao lado do mais velho.

– Mesmo assim... Obrigado. Você é o melhor irmão de todos, Diego.


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Notas finais do capítulo

No próximo... (narrado por Yume)
Erza-san é mesmo um monstro de tão forte. Sua força vai além das histórias que ouvi. Isso sem falar na sua resistência...
Mas sei que não é ela. A Erza de que ouvi falar protegia a Fairy Tail a todo o custo; a Erza que está a minha frente agora só quer destruí-la e despreza seus companheiros. Vê-la falando assim me irrita. Nunca senti tanta vontade de vencer uma luta.
Não perca o próximo!
"A Rocha e a Titânia"
Soreha, sayounará!