Capítulo 4: Noah Puckerman e Kurt Hummel.

O pessoal do Glee foram bem simpáticos comigo. O meu único problema foi aqueles garotos... Os nomes deles eram Noah Puckerman (mais conhecido como Puck) e Kurt Hummel. Toda vez que eu andava pelo corredor, um deles me esbarrava, derrubando todo meu material no chão. Sempre havia alguém comigo para me segurar e dizer que eu não devo me meter com eles, para não acabar como aquele garoto na lixeira. Mas se não houvesse ninguém... Eu iria mesmo atrás deles. E não era só comigo. Esses dias, Artie estava andando sozinho pelo corredor com sua cadeira de rodas, e eles jogaram raspadinha bem na sua cara e depois saíram dizendo: “Perdedor...” Bem naquele momento eu estava indo me encontrar com ele para empurrá-lo e ajudar, mas quando cheguei até ele era tarde, os caras haviam fugido. E Artie ainda disse que “não era nada demais...” Não vou deixar esses caras se aproveitarem dos meus amigos! Eu queria poder fazer algumas coisa... Mas eles não me deixavam fazer nada, sempre me impediam...

Um certo dia de manhã, eu estava sozinho no corredor guardando meu material no meu armário, esperando meus vizinhos de armário, Artie e Santana, chegarem para irmos juntos á classe de Espanhol como sempre fazíamos. Quando um daqueles caras, o Kurt, bateu em meus livros e fez eles caírem como sempre e ainda chutou meu pé, fazendo eu cair e me esbarrar nos armários, mas naquele momento não tinha ninguém comigo, e nada conseguiu me segurar. Me levantei e dirigi até ele gritando:

-QUAL É O SEU PROBLEMA?!

-Desculpa, parece que eu ouvi você falando comigo...

-TÔ FALANDO COM VOCÊ SIM! ALGUM PROBLEMA?!

-Tem um problema sim, ninguém nunca falou nesse tom comigo... Se eu chamar meu comparsa você ta detonado, gravatinha!! –Disse ele se aproximando com um olhar intimidador.

-Que foi? Agora o valentão não consegue bater em mim sozinho, é?!- Olhei em volta e haviam várias pessoas em volta da gente, acho que estávamos gritando e isso chamou a atenção de alguns estudantes. –Você não tem moral nenhuma pra ficar enchendo o saco dos outros! Você não me dá medo algum!!- Me virei e fui andando e sei que todos estavam esperando que ele me seguisse e me batesse! EU estava esperando isso também, mas fomos surpreendidos... Ele não me seguiu, ficou lá parado com cara de brisa, sem expressão alguma, e não fez nada! Quando saí do meio da multidão, Santana veio empurrando Artie em minha direção.

-O que foi aquilo, cara?- Disse Artie com os olhos arregalados.

-Confesso que nunca vi nada assim, gravatinha... Foi impressionante.

-Isso foi um elogio vindo de você, Santana?- Disse eu levando á brincadeira, mas Artie permanecia sério.

-Esse Kurt Hummel pode não conseguir ter moral nenhuma com você, mas quando Puck ficar sabendo disso... Esse cara sim, tem tamanho pra te derrubar!

-Pelo menos eu mostrei pro cara que não é legal ficar se aproveitando da bondade dos outros. E eu não sou como eles, que sou aproveitado e fico quieto. Eu vou atrás dele para ele parar de tratar os outros como lixo!

-Gravatinha ganhou meu respeito!- Disse Santana, irônica como sempre.

-Haha... Engraçado, agora vamos!- Disse eu sarcástico -E para de me chamar de gravatinha!- Quando fui empurrar a cadeira do Artie ele segurou as rodas e olhou pra mim.

-Isso não é brincadeira, Blaine. Muitos caras já se meteram em confusão com esse Puck e acabaram na caçamba de lixo.

-Dá pra parar de falar desse maldito garoto do lixo? O problema é esse Kurt que nem tamanho tem e fica abusando dos inocentes! Só consegue intimidar os outros por causa do careca!- Disse eu olhando para ele indo embora.

-Desculpa, gravatinha. Mas você vai se ferrar por causa dessa sua treta com o traficante de glitter, Kurt Hummel. Ele vai contar pro bonitão careca, e ele vai socar sua cara até você sangrar e depois vai te jogar no meio do lixo para voltar de onde surgiu. -Santana foi bem específica.

-Obrigado pelo apoio, Sant... Seu comentário me deixou comovido.- Disse eu empurrando Artie, que estava quase explodindo por eu não ouvir nada do que disse á respeito do Kurt e do Puck. Fomos para a sala de Espanhol, O Sr Schuester era o professor e ficamos assistindo a aula dele por um bom tempo de tédio, não parava de olhar para o relógio e pensar que depois daquela aula chata, iria para o club me encontrar com a galera e com a Quinn... Iríamos treinar para as Regionais. Estava bem empolgado com essa apresentação! Seria a terceira apresentação do Glee Club e dessa vez eu irei fazer parte disso. O que me torna Especial. Sentiria o calor dos apalusos novamente, sentiria aquela sensação dos holofotes apontando para você... Aquilo era um vício. E por isso, precisava me preparar para conseguir tudo isso com esforço, para valer á pena. Saímos da classe, e nos encontramos com Sam e Brittany. Santana, claro pegou a mão de Brittany e foram na direção contrária, conversando. Ficamos só eu, Artie e Sam. Fomos nos armários para guardar o material, Mercedes se aproximava sorrindo para se encontrar com Sam, quando ouvimos:

-Ô, DA GRAVATA!!- Olhamos para o corredor e no fim dele, Puck estava lá ao lado de Kurt, me encarando.

-Você ta ferrado, Blaine. Ferrado! Ferrado! Ferrado! Ferrado...- Disse Sam com os olhos arregalados e soando de medo.

-Eu te avisei! Eu te avisei! Seu teimoso! Agora quem vai se ferrar é você! Se eu tivesse controle sobre as pernas... 

-Você me ajudaria né? Iria lá e me ajudaria! Não é, Artie?- Disse eu, tremulo, paralisado ao ver aquele monstro se aproximando em minha direção.

-Claro que não! Eu correria! Mas já que tenho rodas... Vambora, Sam!!- Sam empurrou Artie para longe de mim. Mercedes arregalou os olhos e saiu correndo ao meu encontro.

-PÔ! SACANAGEM ME DEIXAR NESSA SITUAÇÃO E NÃO FAZEREM NADA! EU QUASE ME METI EM CONFUSÃO POR SUA CAUSA, ARTIE!

-Foi mal, cara. Mas eu te avisei! Agora, tenha o que merece e vê se aprende á me ouvir!- Virou-se e Sam continuou empurrando-o.

-Desculpa, cara. Mas hoje você ta sozinho!- Disse Sam ofegante correndo para o fim do corredor. Já perdi a vista de Sam e Artie.

-Covardões, onde já se viu abandonar o amigo desse jeito? Eu faria algo se pudesse, Blaine. De verdade! -Mercedes foi atrás dos dois, mas sei que não foi culpa dela, ela não pode arrumar problema com esses dois! Perco ela de vista e quando olho para meu lado, vejo Kurt e Puck de braços cruzados me encarando friamente.

-Eu disse que você estaria ferrado, gravatinha!- Disse Kurt, sorrindo por ver que eu estava trêmulo, imóvel de medo.

-Agora você vai se ver comigo.

-Pode me bater!- Disse eu. Puck parou um momento e ficou me encarando. –Vai, me bate logo! Fica aí agindo como um escravo pro traficante de glitter!- Puck olhou para Kurt.

-Tá falando do Hummel?

-Lógico! Esse cara aí não sabe nem se defender sozinho... Não sei como ele entrou pra sua galera! Ele precisa do “comparsa” dele pra defender sua própria imagem.- Puck olhava para Kurt com uma feição perturbadora.

-Para de falar merda, gravatinha!- Disse Kurt querendo fugir do asunto.

-Gravatinha? Sério isso? Tá bom então, traficante de glitter, unicórnio bípede... –Eu estava nervoso. Por fora eu parecia um cara super corajoso, mas por dentro eu queria fugir para algum lugar muito, mas muito longe de lá e não voltar mais. As palavras saíam da minha boca aleatoriamente, nem sabia o que estava fazendo.

-Olha, Puck. Esse viado me xingando! Bate nele, mostra quem manda!

-Por que não bate você?- Eu disse, sem medo. –Qual a diferença se você me bater? Ah é... Você é um fracote! Vive na sombra do grandão.

-Não devo satisfação pra um cara que usa uma gravata ridícula e uma tonelada de gel na cabeça.

-Puckerman, não percebe que esse cara só te usa? Ele não sabe nem se defender!

-É mesmo... -Disse Puck. –Kurt, essa é por sua conta, parceiro. –Ele se virou, e saiu andando pro fim do corredor, as pessoas que estavam assistindo a briga, ficaram muito impressionadas... Nunca ninguém enfrentou eles assim. Kurt ficou com o olhar parado, sem mover um músculo do rosto. Passaram-se uns 8 segundos.

-E aí, traficante de glitter? O que vai fazer?- E o que ele fez? Ele saiu correndo, chorando! Vi lágrimas descendo dos seu olhos! Eu fiz Kurt Hummel chorar, o cara que já fez metade da escola chorar também...Naquele momento todos que estavam vendo começaram á aplaudir, mas... Por que eu não estava satisfeito? Por que eu me senti tão mal...?

Não queria que Kurt se sentisse triste... Queria mostrar pra ele que ele não tem moral alguma pra fazer isso com qualquer estudante porque ele é igual á eles. Perceber o quão ruim é o que ele faz com as pessoas... Agora eu me sentia mal por ele. Cheguei em casa, sem fome de tanta culpa, não falei com ninguém naquela noite, nem consegui dormir direito. E eu tinha decidido, no dia seguinte, eu iria me desculpar com Kurt. Me senti parte do grupo deles naquela hora e vou dizer... Era o que eu menos queria.