Undertaker [Hiato] escrita por biazacha


Capítulo 2
Melodia


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Quero agradecer pelos reviews, juro que vou respondê-los ok?
Como é a semana final de entrega dos trabalhos na faculdade, estou meio apertada nos horários e por isso o cap não ficou muito bom... pelo menos eu acho.
Enfim, boa leitura!



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-Então você deu uma carona pro maluco gótico e na mesma noite teve um sonho bizarro? Nossa, vamos chamar os exorcistas, a possessão começou!

-Cale a boca! – cochichou Raven rispidamente.

-A vai, admita que é engraçado...

-Não mesmo e me deixa terminar aqui!

Todos os sábados de manhã ela praticava desenho de observação; ficava uma hora e meia no Centro Cultural perto de sua antiga casa e não abria mão disso por ser uma atividade altamente terapêutica. Seu amigo de longa data, Vlad Warmoth, sempre a acompanhava.

Ele era um punk, não no sentido figurado e sim no literal, com suas roupas detonadas, cabelo moicano e ideologia anarquista; embora hoje em dia não arrepie mais os fios descoloridos e os deixe caírem sobre os ombros. Isso somado aos seus olhos muito claros lhe rendeu o apelido, Vlad. Eles tinham a mesma idade, mas sempre estudaram em colégios diferentes; ele preferia, em suas palavras, ‘a atmosfera de ensino proletária’.

Era um ótimo ouvinte, mas também um cético clássico; Raven já tinha perdido a paciência com ele em outras ocasiões ao falar sobre Keane -  que ele sempre tratava pela alcunha de ‘maluco gótico’ -  e naquela manhã não estava diferente.

Ela ainda se lembrava com temor e arrepios na espinha da noite anterior.

Flashback ON

Cautelosamente, ela se aproximou da janela e parou. Se fosse um ladrão, ele poderia ataca-la, atirar nela ou algo assim... então resolveu afugentar seja lá o que fosse, acendendo a luz do quarto para indicar que estava acordada e alerta.

Da árvore defronte a sua vista, um par de olhos brilhou de modo sinistro, como se refletisse o luar; passado o pânico inicial, ela notou que era apenas uma coruja que a encarava de modo perscrutador. Suspirando de cansaço e irritação, ela fechou a janela e foi preparar uma caneca de leite quente.

Depois, se jogou na cama para dormir novamente e se deu conta do que a perturbava imensamente: não havia corujas ou seus ninhos em lugar algum da cidade a não ser.... no cemitério.

Flashback OFF

Não se lembrava de nenhum sonho em especial, mas sim de uma melodia no violino que tocou insistentemente na sua cabeça a manhã inteira; tinha certeza de que não a conhecia de algum lugar específico e tampouco conhecia alguém que soubesse tocar o instrumento, o que só a deixava mais encanada e frustrada com a situação. E para completar, sua cabeça doía.

E agora, com ele tirando sarro descaradamente de sua cara, as coisas não estavam nem um pouco melhores.

Com uma ou outra provocação, eles guardaram suas coisas e partiram pra segunda parte do ritual de sábado: almoçar em um restaurante vegetaria que havia ali perto. Se todos se tornassem animais, Raven seria algo bem mortífero e carnívoro, mas o mesmo não se aplicava a Vlad. Não que ela se importasse com salada uma vez por semana.

-Mas sério – insistia ele, colocando brotos de bambo em seu prato – ele só veste preto, anda por aí de moto e passa as tardes num cemitério. Se não é um gótico, é o quê?

-Sei lá! – berrou ela em frustação, tacando rabanetes em meio a sua seleção colorida que orgulharia qualquer nutricionista – Ficaria bem mais simples te responder se eu soubesse o que ele faz lá... mas nunca o vi, é inacreditável.

-Verdade. – disse ele, mas seu tom de voz era claramente de deboche – Tanto cara por aí e você vai se apaixonar por um que não faz ideia de como achar.... quando começar a suspeitar de traições vai ser fogo.

A garota ficou tão nervosa que quase deixou o prato cair; seu rosto queimava e ele claramente percebeu isso. Deu um sorrisinho.

-Quando vai ao menos admitir que gosta dele?

-Calado Charlie.

O outro se arrepiou com a resposta; seu nome não era exatamente um motivo de orgulho próprio e ela sabia que prenuncia-lo assim, de maneira fofa e infantil, iria acabar com a moral dele em um instante. Funcionou.

Porém em pouco tempo ela tornou a se irritar. Decidido a não falar com ela durante o almoço, Vlad passou o tempo divido entre comer e jogar coisas de seu prato no dela, ignorando todas as suas reclamações.

Quando saíram do lugar, já estavam rindo normalmente e caçoando um ao outro.

-Olha Raven, um cara todo de preto! – por puro impulso ela olhou e se deparou com um senhor de idade bem avançada e bengala, que caminhava pela calçada com um sorrisinho no rosto. A semelhança com Keane? De fato, apenas a cor das roupas.

-Não teve graça! – reclamou ela, fazendo biquinho.

 –Claro que teve e você sabe disso. – disse ele rindo.

-Vou nem responder.

- Eu sabia que a sua tara era pela cor.... acho que vou começar a usar essa jaqueta todo o sábado. – disse ele, se referindo à jaqueta de couro vermelho que usava. Ela lhe deu um soco no braço.

-Doeu!

-Desde quando um soquinho de uma menina do meu tamanho dói? – disse ela, cruzando os braços e o encarando, uma vez que ele era quase trinta centímetros mais alto.

-Não se menospreze bebê. -  retrucou ele, ganhando outro soco como recompensa.

Pararam esperando o sinal abrir, enquanto ele fazia dancinhas idiotas e ela ria sem parar, incomodando as pessoas a sua volta, algo chamou sua atenção.

Do outro lado da rua, uma figura estranha caminhava muito devagar, destoando dos outros que estavam num ritmo frenético, apesar de não ser um dia de semana. Era uma menina muito magra, que usava roupas cênicas brancas e azuis: seus sapatos azuis tinham um pompom branco, suas meias brancas tinham losangos azuis, seu vestido bufante era cheio de losangos brancos e pompons azuis. Provavelmente o corte Chanel azul era uma peruca e a maquiagem era tão densa e bem feita que camuflava suas feições, como uma máscara.

A cada dois passos que ela dava, parava e olhava na direção de Raven, como se certificasse de que ela ainda estava ali, assistindo. Então a menina parou de vez e ergueu os braços em direção a ela, um convite.

Sem sua noção de tempo e espaço, ou a consciência do que acontecia a sua volta – como Vlad por exemplo, que a esta altura já havia notado algo de errado na amiga – ela começou a escutar... a mesma melodia de seus sonhos, mas dessa vez num arranjo delicado, como se viesse de uma caixinha de músicas.

Ao contrário do que julgava mais cedo ela conhecia a música sim, mas o nome ou a letra não lhe vinham, por mais que se concentrasse. Então ela aceitou o chamado da garotinha e foi.

-RAVEN!

A voz desesperado do amigo a fez sair de seus devaneios; só teve tempo de ver o carro vermelho vindo em sua direção antes de tudo ficar escuro.


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Notas finais do capítulo

Er... não me odeiem. Mesmo porque ainda vai ter muita desgraça pela frente...
Gostaram? Reviews?
Beijos!! (*--*)/



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