No último capítulo: “- Não. Ainda não, mas, relaxe, que essa parte logo chega. Vou pular uma parte e ir direto a seleção a parte que chegamos a Hogwarts.

Todos pularam com a menção da escola, ansiosos.”

- Harry – sussurrou Rony. – O Snape, ele é uma parte importante.

- Descobri sobre ele depois, Rony. – Disse em alto e bom som. – Perguntei a Percy.

- De quem vocês estão falando?

- Vocês logo saberão. Cheguei à escola e fui recepcionado por McGonagall, naturalmente.  Passei pela seleção e fui direcionado a Grifinória, logicamente. – Harry preferiu não mencionar que quase fora parar na Sonserina, talvez um dia, quando estivesse a sós com seus pais, quem sabe? – Mione já havia sido selecionada para a Grifinória, logo foi à vez de Rony.

“Na mesa, eu reparei em um professor, por que ele não parava de me olhar e isso é meio desconfortante. Eu perguntei a Percy, um dos irmãos de Rony, quem era e ele respondeu que era o professor de poções...”

- Só uma coisinha – Hermione interrompeu. – por favor, não se exaltem. Relaxem ok? É uma revelação e tanto, mas... Bem, só não se exaltem. – Hermione sabia que era meio impossível, mas ela devia tentar, não?

- Fala logo. – Emendou Maria sem paciência.

- É que, hum... Meu professor de poções é... Era o Snape. – Harry ergueu as sobrancelhas quase imperceptivelmente, esperando a reação de todos. As bocas dos marotos se escancararam principalmente a de Tiago.

- Está brincando! – Maria alterou a voz. – Como tal idiota pôde... Chegar a ser professor de Hogwarts?

Gina levantou as mãos como se se rendesse e fez uma careta com os lábios.

- E você pergunta para nós? Sério, não consigo decidir em qual época ele é pior!

Sirius muxoxou, aborrecido. “Não é possível”, murmurou. Remo voltou ao normal, mas não disse nada. Já Tiago, parecia transtornado.

- Eu sou perseguido por Voldemort, morro, minha esposa morre e Snape fica no bem bom em Hogwarts? E eu achando que a vida não era assim tão injusta! - ele cruzou os braços, realmente aborrecido.

- Amiga? – Perguntou Maria, baixinho a Lílian. A ruiva parara na mesma posição desde que Harry falara de Snape. Ela piscou os olhos, molhou os lábios com a língua e disse:

- Como... Como ele tratava você? – A pergunta fora dirigida a Harry, claramente. Mas Rony se atravessou na frente, nunca perderia uma oportunidade de falar mal do Snape.

- Primeiro, vamos começar por ele tratar os grifinórios em geral, só para tirarem uma idéia de como era com Harry.  – Rony se endireitou no sofá e enrugou a testa – “Aquilo é um grifinório caminhando rápido? Menos dez pontos para a Grifinória!”, “aquilo é um Grifinório que não fez o dever? Menos cem pontos para a Grifinória e detenção por um mês!”

Gina imitou junto:

- “Aquele dali não é um Lufa-lufa matando aula? Menos vinte pontos para a... Grifinória!” – Se a atmosfera do local não estivesse tão tensa todos teriam rido como Sirius e Maria fizeram, mas logo pararam – Ai o Harry era tipo assim: “O Potter está... respirando? Menos cinquenta pontos e detenção até o fim do ano!”

Até Harry se permitiu uma risadinha, pensando dessa forma chegava a ser engraçado tudo o que passara nas mãos de Snape.

- Vocês só não conseguem imitar como ele pronunciava meu nome – Disse – é mais o menos assim: “Potter” – Ao falar seu próprio nome Harry pôs todo o desprezo e nojo possível e engrossou um pouco a voz para dar efeito.

- Mas você não deixa para menos também, né, Harry? Snape não é o único culpado.

- Hermione, mantenha-se calada, por favor.  Se for pra defender do morcegão, shhhhh. – Ralhou Gina.

- Não o estou defendendo, estou sendo justa. Aliás, ele é nosso professor, você não devem falar assim dele.

- Ah, Hermione, pelo amor de Merlin! – Dessa vez foi Harry quem disse. – Ele me trata pior do que a um cachorro, não te deixa responder nada na aula de poções, é injusto e, principalmente, por causa dele eu quase sumi da face da terra. Por favor, né?

Todos os olhares da sala caíram sobre Hermione.

- Oh, bem, desculpem. É que, vocês sabem como é... Eu... Na verdade, eu sinto pena do Snape.

- Pena do Snape!? – Todos falaram em uníssono.

- É que... Ora, vejam bem. Vamos analisar do início: ele tinha uma amiga, uma única amiga, então ambos vão para Hogwarts, cada um vai para uma casa, casas essas que são inimigas, então, pela lógica e sem poder fazer nada contra isso, eles se afastam. O tempo passa e ele faz outros amigos, dessa vez da sua casa, com a cabeça um pouco fraca, ele se deixa influenciar e acaba aderindo conceitos preconceituosos. Nesse momento ele se afasta de vez de sua amiga por conta de um erro que cometeu por ter aderido aos conceitos preconceituosos... Estão acompanhando? – todos confirmaram com a cabeça, embora alguns pensassem diferente, decidiram esperar Hermione terminar de falar. – Então, a amiga de infância de Snape, faz amizade com o arqui-inimigo dele, aquele que o zuava, enfeitiçava e mais outras brincaderinhas de muito mal gosto. Eles começam a namorar (o arqui-inimigo e a amiga de infância) e Snape não sabe mais o que fazer por que ele sente cada vez mais falta de sua amiga, então para acabar com tudo ele toma uma atitude infantil e impensada.  Acho que todos sabem do que eu falo. Então...

- Hermione, posso... – Gina foi incapaz de se conter.

- Um segundo. Agora, vamos supor que o que essa pessoa sente por sua antiga amiga é muito mais que amizade, vamos supor que ele a ame. – Ela falou baixo, segredando. – Como vocês reagiriam a tudo isso e a, consequentemente, a morte dessa amiga?

Todos pareceram analisar a situação antes de fazer qualquer comentário. Minutos depois, Gina disse:

- Posso fazer uma pergunta?

- Claro.

- Está sugestionando que, quando um cara gosta de uma mulher o sentimento deve ser recíproco? Por que todos os meus devaneios me levam a pensar que você acha isso. Já que o suposto “amor não correspondido de Snape” parece ser o motivo de ele ser tão revoltado.

- Não exatamente isso, Gina. Seu feminismo às vezes a impede de enxergar as coisas claramente. Só estou dizendo que Snape, Snape e não eu, - Hermione deu ênfase – pode se sentir meio injustiçado por nunca ter tido uma chance com Lily. Não acho que Lily seja obrigada a gostar dele, nem de ninguém. Acho que Snape sente-se ainda mais rancoroso por ele nunca ter tido uma chance e Tiago, que seria um suposto carrasco que deveria ser preso nas masmorras, tê-la tido. E, ainda, ter tido um filho com ela. Entenderam?

Eles assentiram.

- Logo, se Tiago está morto e, assim, Snape não pode fazer nada contra ele, ele faz contra sua cópia cuspida e escarrada – ela apontou Harry -, nosso amigo aqui. – Ela ficou uns segundos em silêncio. – Ahn... Eu sinto pena dele por isso, ele foi vítima. Vítima do destino, do amor, da morte, do ódio, do mal e, até da inveja. E eu não o culpo por isso.

Todos a observaram, absorvendo o que ela havia dito. Lily foi a primeira a se pronunciar.

- Talvez você esteja certa, Mione. Veja que eu digo talvez, não estou dizendo que está certa ou não. Só acho que, tudo o que você disse e o que ainda pode dizer, não explica o modo como ele tratava Harry e todos vocês. E, bem, também não explica o que ele fez comigo, sabe, pode parecer uma coisa pequena, mas não é por que... Eu não queria e me senti extremamente submissa fazendo algo que eu não queria.

Todos assentiram concordando com ela, menos Hermione, que não disse nada.

 Dessa vez, foi Rony quem se pronunciou:

- Ok, ok. Essa história já extrapolou os limites, ainda temos cinco anos para falar.

- Pois é. – Concordou Harry e voltou à história.

Harry passou as próximas duas horas contando como foram seus anos em Hogwarts em detalhes minuciosos¹.  Desde o trasgo no banheiro até seu beijo com Cho (um momento tão vergonhoso que ele só expôs por que Rony o forçou).

O clima, que já estava tenso ficou pior ainda quando Eles explicaram sobre as horcrux e sobre como eles costumavam sair pra destruí-las. Todos ficaram preocupados, claro, mas um mais veloz que o outro se propôs a ajudar. Por fim, Harry bocejou e anunciou que já era tarde o suficiente para irem dormir.

- Eu só... Podia fazer uma coisa antes? – Pediu Lílian.

- Claro! – Harry respondeu confuso.

A ruiva mordeu o lábio inferior e pulou nele, o abraçando.  Harry que já estava de pé, assim como todos os outros, caiu no sofá com a força do impacto. Mas ele não se importou, na verdade, gostou de sentir os braços de Lily em sua volta, os cabelos acaju tapando sua visão e o cheiro de mãe² invadindo suas narinas. Os outros olharam a cena e fizeram questão de subir as escadas rapidamente deixando apenas Lílian, Harry e Tiago.

Harry deixou algumas lágrimas rolarem por de baixo dos óculos, Lily se separou dele e secou tais lágrimas com a ponta dos dedos. Os dela também já se enchiam de água.

- Eu não queria falar da frente dos outros por que achei que ficaria com vergonha, mas eu estou muito, muito orgulhosa de você, Harry. E, embora, seja apenas dois anos mais velha que você no momento, me permito considerar-me sua mãe.

Harry assentiu e sorriu incapaz de falar alguma coisa, mas seu sorriso já dizia muito por ele.

- E, Harry - Foi Tiago quem se pronunciou. – Se Voldemort viesse aqui, agora, eu não hesitaria em me jogar na frente de um Avada Kedavra para salvá-lo, não hesitaria nem um segundo.

Harry olhou de uma para o outro, sorridentes mesmo depois de terem descoberto as tantas desgraças que o destino havia guardado e que Harry e os amigos queriam driblar. Sorridentes só por saber que o filho deles saíra fisicamente ileso e bem e que se tornara um ‘herói’. Ciente de tudo isso Harry sentiu um amor tão grande por aqueles dois que estavam ali, apenas poucos anos mais velhos, e ele se sentiu tão feliz por aquele amor recíproco que abraçou os dois. Bem forte e se sentiu em casa e leve. Nunca havia se sentido tão bem. Nunca.

Soltaram-se quando Lily anunciou chorosa:

- Já chega, já chega. Temos que dormir. Em menos de duas horas todos teremos que estar de pé pra as aulas.

- Você está certa, é. – Concordou Harry ainda sorridente. – Boa noite.

- Boa noite, Harry. – Anunciaram os dois. Lílian se encaminhava para as escadas. – Boa noite, Tiago.

Ele segurou o braço dela.

- Espere um pouco. Acho que a gente precisa conversar.

- Não, a gente já conversou tudo o que tínhamos pra conversar, Tiago. – Respondeu.

- É, e também nos beijamos.

- O que não quer dizer nada. Eu não vou dizer que foi um erro, por que não foi, foi um descuido, falta de atenção.

Enquanto Harry contava a história Lily teve tempo pra reconstruir suas barreiras e o beijo deles parecia-lhe um grande descuido, não poderia ter ficado tão amostra, tão livre para ser magoada novamente.

- Você também prometeu tentar, Lily, tentar confiar em mim. – Tiago não a culpava, só não poderia desistir tão facilmente. – Foi um descuido também. E, lembre-se, temos Harry uma hora ou outra isso vai acontecer, não é mesmo?

- Não, isso não foi um descaso, foi verdade. Eu quero Tiago, mais que tudo eu quero ficar com você, mas não consigo, tem algo que me impede. E, foi o que você disse: “uma hora ou outra isso vai acontecer”, ainda temos mais quatro anos até Harry nascer. Não se preocupe quanto a isso.

Era impressão dele ou havia uma pontada de sarcasmo na voz dela? Esperava que fosse só a impressão.

Ela finalmente voltou-se para as escadas.

- Boa noite, Tiago.

Ele só respondeu quando ela havia terminado de subir:

- Boa noite, Lil.