Living Soul escrita por Dama do Crime


Capítulo 1
Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Existem coisas meio controversas nessa história. Referências à bíblia, etc. Elas NÃO representam minha opinião e eu pessoalmente acho que distorci elas bastante para que fizesse sentido com a fic.



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"Formavit igitur Dominus Deus hominem de limo terræ, et inspiravit in faciem eius spiraculum vitæ, et factus est homo in animam viventem. Entende o que isso quer dizer, Bocchan?"

"E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.", o garoto recita, irritado, "Quer dizer que o que diferencia o homem dos outros animais é a sua alma. Mas por que eu tenho que aprender isso? Não acho que a bíblia me seja de muita utilidade agora."

"Um cavalheiro deve ser capaz de discutir qualquer tipo de literatura e a Bíblia Sagrada é possívelmente o livro mais lido na Inglaterra no momento atual."

"E eu já sei interpretá-la.", protesta, "E está quase na hora do chá. E eu estou entediado. E você é meu mordomo. E você não pode me obrigar a discutir religião com você, de todas as pessoas. A aula acaba aqui."

"Temo que uma lição não acabe enquanto o aluno não compreender a resposta correta."

Ele suspira, irritado.

"A alma pertence à Deus e voltará à Deus. Isso quer dizer que o homem pertence à Deus e por isso deve fazer todas as suas vontades.", ele explica, levantando-se da cadeira.

"Resposta correta.", o mordomo concorda sorrindo.

E então, o garoto percebe. É diferente para ele. Sua alma não pertence a Deus. Pertence a Sebastian e ao completar sua vingança, o demônio estará em pleno direito de tomá-la dele. Isso quer dizer que ele pertence à Sebastian? Que, embora ele seja seu mordomo, na verdade é ele que pertence à Sebastian, ele que deve fazer todas as suas vontades?

Irritado, o garoto se dirige à porta.

"Vamos sair.", ele comanda, esperando ser capaz de pensar em alguma boa desculpa para isso além de querer esfriar a cabeça.

O mordomo o segue pela mansão e, mesmo que o garoto não consiga ver, ele pode sentir o sorriso atrás dele. Sebastian está se divertindo com sua reação. E não existe nenhuma desculpa que ele possa dar para ficar em casa agora.

E só então ele percebe como cada sorriso de Sebastian durante esses anos mostra sua diversão. E oh, ele tem se divertido muito.

O garoto tem feito cada vontade de seu próprio mordomo a partir daquele maldito dia.

Se ele houvesse percebido isso no momento do contrato, talvez houvesse preferido a morte e a desonra.

***

"Sebastian, venha!"

O garoto acorda com o próprio grito. Antes que se sente na cama, o mordomo surge ao seu lado.

"Bocchan?"

"Não... Não é nada.", ele admite relutantemente. Gostaria que sua voz houvesse soado menos rouca, mas sua garganta dói. Provavelmente ele gritou por horas, mas não tem como saber.

"Com licensa", o homem diz, a voz irritantemente clara e controlada. As costas de sua mão direita tocam suavemente seu rosto claro.

Não finja sentir minha temperatura através das luvas, o garoto quer protestar, mas não encontra forças e é obrigado a admitir a si mesmo que está assustado. E, quando o mordomo se afasta, ele percebe que a luva está molhada. Estava chorando, além de tudo. Ele detesta como deve se parecer com uma criança agora.

"Pode ser que você esteja com febre, Bocchan.", ele afirma, e a mentira seria plausível (afinal isso seria uma ocorrência comum) se ambos não soubessem que ele obviamente não está. "Se não puder dormir, tente descansar. Com licensa."

***

Ele acorda novamente com um pano molhado sendo colocado em sua testa. Abrindo os olhos, ele percebe que seu mordomo está sentado numa cadeira ao lado da cama, uma bacia de prata com água ao seu lado.

"O que está fazendo?", ele pergunta, ainda rouco e notando que mais um cobertor havia sido adicionado à sua cama. Obviamente, ou ele teria um caso de hipotermia.

"Curando sua febre. Não se preocupe, retornarei aos meus aposentos tão logo quanto sua temperatura voltar ao normal."

E sua temperatura não voltará ao normal enquanto continuar sendo metodicamente abaixada. O garoto duvida que isso seja saudável, mas ele não se importa. Sebastian ficará ali durante toda a noite, não observando invasores, mas observando ele - e esse pensamento faz com que ele pare de tremer.

Ele está ligeiramente decepcionado com sua própria fraqueza, mas isso não importa.

Deus cuida de tudo que é dEle, seu pai havia lhe dito uma vez, Por isso devemos confiar tudo a Ele.

Tudo?, ele havia perguntado.

Tudo. Comece entregando seu corpo ("Não pergunteis, pois, que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis inquietos"). Depois, Ciel, entregue todo o resto. Entregue seus objetivos e as coisas que você mais gosta. Entregue seus medos e suas dores. Ele sempre vai estar do seu lado e Ele cuidará para que você sempre tenha tudo o que precisar, conquiste tudo que sonhar, e tenha conforto nas horas mais escuras da noite.

Seu pai estava errado, é claro. Deus não cuidou de seu corpo, e muito menos esteve ao seu lado nas inúmeras noites terríveis que passou durante os últimos anos.

Talvez eu tenha feito um bom contrato, ele pensa, rindo internamente.

E, sentindo-se subitamente calmo, adormece.

Talvez não seja tão ruim pertencer à Sebastian, afinal.


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Notas finais do capítulo

Estou bastante insegura quanto à essa aqui...
O de sempre... Se puderem elogiar, agradeço, mas se puderem criticar, vou dar saltinhos de alegria.
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