Once Upon A December escrita por Dorothy Eaton


Capítulo 4
O Encontro com a Madre


Notas iniciais do capítulo

Capítulo fresquinho para vocês :3



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Os corredores nunca me pareceram tão curtos. Acho que quando queremos retardar nossa chegada a algum lugar, o caminho perde metade de sua extensão. Fecho os olhos antes de bater na porta, e antes que minha mão encoste na madeira, ouço a voz da madre me mandando entrar. Minhas mãos tremem de nervoso, e sinto a carta ficar mais pesada debaixo da minha blusa. A madre me lança um daqueles olhares gelados e indica a cadeira com uma das mãos. Mordo meu lábio inferior. – Eu quero ver. – afirma. – Ahn... O-o que? – minha voz trava. Ela me encara, e sua voz sobe alguns agudos. – Acha que eu sou tola, menina? Eu quero ver a carta! – ela me pede estendendo a mão. Minha mente começa a fervilhar de perguntas, no momento que ela menciona a palavra carta. Como ela ficou sabendo? Será que tinha visto? Tremulamente, estendo o objeto pedido. Quando ela abre a carta e a lê, para a minha eterna surpresa, ela sorri. – Quanto tempo eu não vejo uma dessas! – sou voz adquire um tom saudoso. – Desde a minha... Há uns cinquenta anos atrás.

Então eu fico estática. A carta não é uma brincadeira afinal, e a madre não tem intenções imediatas de destruí-la. Ao que parece ela sabe o conteúdo da carta, e está feliz em vê-la? – Acho que você não sabe muito bem o que está acontecendo, não é mesmo? – sua voz interrompe meus pensamentos. Assinto lentamente. – Acho que temos tempo para uma história. – afirma – Acho que antes de tudo, devo dizer que você é uma bruxa. – minha cara deve estar cômica, já que ela solta uma risada antes de continuar. – do jeito bom, minha cara, não se preocupe. Digamos que, quando completam 11 anos, os bruxos são levados para uma escola de magia, onde aprendem a se controlar.

“Essa escola se chama Hogwarts, mas isto está escrito na sua carta. Ela foi fundada há muito, quando bruxaria era considerada heresia e os bruxos eram queimados na fogueira. Quatro jovens, Rowena, Salazar, Godric e Helga, resolveram que era necessário um lugar onde os bruxos pudessem ser ensinados. O resto você vai aprender por lá. O necessário a saber é que, com esta carta, você foi admitida em Hogwarts e sabe que é uma bruxa. No entanto, antes de ir para lá, você precisa comprar seus materiais...”

– E dá para comprá-los em Londres? – a pergunta sai antes que eu possa tapar minha boca. A madre me olha com a cara feia, infeliz com a interrupção, mas resolve me responder mesmo assim. – Claro! Se souber onde procurar, obviamente. Agora não me interrompa mais, sabe que não gosto disso! – viro a cabeça para o lado por um instante, então apenas concordo com ela. – Enfim, onde eu estava? Ah! Nos materiais... Você pode comprá-los no Beco Diagonal, que é o único lugar onde todos os materiais podem ser comprados juntos. Ele é um lugar impressionante, você vai ver! Os materiais não são muito caros, mas você não precisa se preocupar com o preço, porque alguém se dispôs a pagá-los para você. Um “amigo” que preferiu se manter anônimo, digamos assim. De acordo com minha irmã, não acho que já tenho comentado sobre ela, a grande diretora atual de Hogwarts, etc, etc, alguém virá para acompanhá-la às suas compras.

Então ela pega um pergaminho e uma pena, e se dispõe a escrever uma mensagem. “Ela já sabe, te esperamos as sete.” Enrola-a habilmente, e prende na pata de uma grande coruja buraqueira que, eu reparo, estava na sala o tempo inteiro e murmura alguma coisa no ouvido dela, acariciando a parte superior da cabeça. Quando se vira, percebe que ainda estou sentada. – O que está esperando, menina? Vá, ande, saia daqui! – me levanto num pulo, mas ainda não deixo a sala. – Ah, minha... – ela revira os olhos, adivinhando ao que me refiro e logo atira a carta na minha direção, fazendo com que todos os papéis ali dentro se espalhem pelo corredor. Recolho-os rapidamente, temendo que alguém veja o conteúdo e escondo-os novamente debaixo da blusa. Desta vez, cruzo os braços para tentar disfarçá-los melhor e disparo pelo corredor, tentando encontrar um lugar sossegado para pensar.

São muitas informações ao mesmo tempo para assimilar. Hogwarts, magia, a madre sendo uma bruxa principalmente. Quero dizer, quem imaginaria algo como isso? Resolvo continuar andando, esperando para ver aonde meus pés vão me levar, e depois de algum tempo chego em uma parte da localidade que ainda não conheço. As paredes são mais escurecidas e o chão parece fazer barulho a cada passo. Começo a olhar em volta, mas ninguém parece estar por perto. Sento-me encostada na parede, olhando para o nada por alguns minutos. Tiro a carta do meu não tão infalível esconderijo e espalho-as a meus pés, olhando cada uma delas com atenção. Cada letra, cada palavra; Mal percebo o tempo passar. Quando vou guardá-las, percebo uma outra carta, cuidadosamente dobrada, que ainda não tinha visto. Desdobro-a com a ponta dos dedos.

Querida,

Se você está lendo esta carta, provavelmente estamos mortos e você está com 11 anos. Está prestes a ingressar seu primeiro ano em Hogwarts, e temos certeza que irá amar o colégio assim como nós amamos. Não podemos adiantar muita coisa, ou vai perder a graça, mas temos certeza que você vai entrar na Grifinória.

Você precisa saber de uma coisa: sua vida não vai ser fácil. Vão ter pessoas que vão querer se aproveitar de você, e vão ter pessoas que vão querer matar você. Culpa nossa, é verdade. Então mantenha seus olhos bem abertos, e não confie apenas nos seus olhos. Escolha seus amigos pelo coração.

Com amor,

P. M.

Percebo lágrimas nos meus olhos, então logo seco-as com a manga da minha blusa. Guardo todas as folhas de volta no envelope e seguro-o perto de mim, abraçando-o como se fosse algo muito importante. E é. Uma informação, ainda que pequena, do meu passado. Levanto-me com um único pulo e procuro o caminho de volta para meu quarto. Demoro um pouco, já que não estava prestando atenção no caminho que fiz para chegar até lá, mas consigo encontrá-lo sem ficar perdida.

Assim que chego ao quarto, Miranda me pergunta como foi meu “encontro” com a madre, e por não saber o que dizer, apenas dou de ombros. Não estou a fim de inventar e sustentar mais uma mentira, portanto digo que estou com dor de cabeça e vou me deitar. Imperceptivelmente, coloco o envelope abaixo de meu travesseiro e deito, com os olhos fechados. A loira resolve me deixar sozinha e sai do quarto batendo a porta levemente. Não consigo impedir minha mente de divagar, então fico imaginando de quem seria as inicias, P. M., na carta. Patrícia, Paula, Paloma, Paulo, Pedro, Peter, e muitos outros nomes passam pela minha cabeça, mas nenhum deles me soa familiar.


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