Once Upon A December escrita por Dorothy Eaton


Capítulo 1
Prelúdio


Notas iniciais do capítulo

Esse é o primeiro capítulo, mais de apresentação do que qualquer outra coisa. Eu gostei de escrevê-lo, particularmente, embora esteja um pouco confuso. Se não der para entender alguma coisa, basta perguntar e eu farei o possível para responder.



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As pessoas não sabem o que é ter Amnésia. Quando digo que não consigo me lembrar, simplesmente me encaram com um dar de ombros. Mas não é como se esquecesse de um número de telefone ou do nome de uma pessoa. Na verdade, minha memória é até muito boa para esse tipo de informação, meu esquecimento é bem mais específico. Não consigo me lembrar de nenhum momento de minha infância, nem dos meus pais, nem da minha família. Não sei ao menos meu nome ou minha idade. Tudo bem, as pessoas me chamam de alguma maneira, e há uma data na minha certidão de nascimento. Mas não tenho certeza se estão corretos. Sou conhecida como Anastasia, mas não posso dizer que é um prazer conhecer você.

Meus documentos aprovam que eu tenho 11 anos de idade, embora eu pareça fisicamente mais nova. Sou o que você consideraria baixinha, um tanto magricela. Meus cabelos são ruivos e longos, além de estarem constantemente embaraçados. Sou branca, e quando digo branca, eu quero dizer branca. Não tenho cor alguma na pele, o que me faz ficar vermelha com uma facilidade surpreendente. Seja por ficar tempo demais no sol, ou por ficar envergonhada por alguma coisa – o que parece acontecer com grande frequência. Tenho um rosto muito fino, coberto por sardas e um nariz que parece ser pequeno demais. Meus olhos são azuis como o mar e a única parte do meu corpo que considero bonita.

Moro em um convento na parte calma de Londres. Calma porque nada acontece por lá, o que é um tédio. Posso te dizer cada dia da minha vida na ordem em que aconteceu, durante os últimos dois anos, já que eles não foram diferentes em absoluto uns dos outros. Não posso contar nada antes disso, já que como eu disse, não consigo me lembrar. De acordo com os médicos, é por causa do acidente que ocorreu com os meus pais e do qual eu – milagrosamente – escapei ilesa. Eles também dizem que é passageiro, mas depois de tanto tempo, já até perdi as esperanças.

Não sou o que se considera uma pessoa simpática, mas também não sou antipática. Minha personalidade fica em algum lugar no meio das duas opções, pendendo mais para o pior lado possível. Não tenho identidade. Não o documento, obviamente, mas aquela sensação que você sente ao saber exatamente o que você quer da vida. Ou quem você é. As irmãs falam que todos passam por uma crise dessas um dia, mas não sei se acredito muito nelas. Elas seriam capazes de falar qualquer coisa para me fazer calar a boca e parar de reclamar da vida.

– Você devia agradecer a Deus por ter um lugar para dormir, comida diária e roupas decentes! – é o discurso preferido da Madre Superiora. Mas isso também é a única coisa que o Mosteiro de São Carlos oferece, tirando as missas diárias e os sermões frequentes das freiras. Apesar disso, o prédio em que fica localizado é a coisa mais linda que eu já vi na vida, ou que me lembro de ter visto. Se eu prestei atenção nas aulas de História, foi construído no fim do século XV por um homem chamado Cian III, e serviu como templo pagão por muito tempo. Mas no século XVII a inquisição o tomou, queimando todas as pessoas que moravam ali dentro, acusadas de bruxaria. Foi transformado em um Mosteiro, depois que um padre teve um sonho em que os anjos diziam que o lugar era abençoado.

É todo trabalhado em pedra por fora, como é característico dos prédios antigos, e tem um jardim enorme. Um Átrio com um chafariz dourado jorra dia e noite, e é o meu lugar favorito em todo o convento. Os quartos são todos do mesmo tamanho, com paredes cobertas com um papel de parede listrado azul celeste e branco e cinco beliches de madeira. As janelas são vitrais coloridos, geralmente com mosaicos abstratos. As portas são grossas e as maçanetas são de um metal estranho, enegrecido. Há um cômodo secreto também, proibido para todo mundo. Só a madre superiora tem permissão para entrar lá, o que faz com que todas as garotas fiquem imaginando o que tem lá dentro.

Não é a vida perfeita, mas é tudo que eu tenho até... Bem, até aquela carta chegar, endereçada a mim especificamente. 


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Notas finais do capítulo

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