Na manhã seguinte, Hermione acordou e parecia que um trator tinha passado em cima de sua cabeça. Olhou para os lados e viu que estava na casa de Ronald, mas não tinha muita certeza de como fora parar ali. Sentou-se na cama com dificuldade e viu que Ronald estava perto da pia, tomando café e olhando para ela.

- Como você está se sentindo? – perguntou ele.

- Bem... eu acho. – respondeu Hermione, tentando manter os olhos abertos. A claridade fazia sua cabeça doer muito.

- Bom, pelo menos faz 2 horas que você não vomita, acho que isso é um bom sinal. – disse Ronald.

- Como foi que eu vim parar aqui? – perguntou Hermione.

- Eu estava voltando pra casa quando vi você jogada na calçada. – explicou Ronald. – O que aquele cara fez com você?

- Nada... – respondeu Hermione, começando a se lembrar de algumas coisas. – Ele me jogou pra fora do carro, porque eu não quis... – ela se calou, sem graça. Ronald balançou a cabeça em desaprovação.

- Como você teve coragem de se meter com um cara daqueles? Era óbvio que ele ia querer mais. – disse ele.

Hermione não soube responder. Ronald levou uma xícara de café até ela e sentou-se na cama. Mas Hermione colocou a xícara de lado e, sem aviso, abraçou Ronald. Ele pareceu espantado e hesitou antes de colocar seus braços em volta dela. Depois ela o soltou e olhou nos olhos dele e disse sorrindo.

- Obrigada. Eu senti muito a sua falta, achei que não ia mais ver você. Ronald, me desculpa, eu fui enganada. Foi a minha mãe e o Cormac, eles... – mas Ronald não deixou que ela terminasse e se levantou.

- Eu não quero saber, Hermione. – disse ele. – Isso já é passado, e o que aconteceu ontem não muda nada.

- Como assim? Mas você me trouxe pra cá, você... – mas ela foi interrompida novamente.

- E eu teria feito isso por qualquer pessoa que estivesse no estado em que você estava. Mas eu não esqueci o que você fez. – e desviando os olhos dela, completou: - E agora eu tenho uma namorada.

- Quê? Quem? Aquela horrorosa que estava com você? – disse Hermione, brava, com os olhos cheios de lágrimas.

- Ela gosta de mim de verdade e me respeita.

- Mas eu gosto de você de verdade! – continuou Hermione, desesperada. – Ronald, eu fui enganada! Minha mãe...

- É, eu também fui. – disse Ronald.

Hermione abaixou a cabeça e ficou olhando para as mãos no colo, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto.

- Ronald. Eu não tenho mais ninguém. Eu não tenho um único amigo verdadeiro e até minha mãe me odeia. Eu não posso ficar sem você também. – disse Hermione com a voz tão fraquinha que quase pareceu um sussurro, ainda olhando para as mãos.

Ronald olhou para ela e parecia estar lutando com alguma coisa em sua cabeça.

- Você me fez sofrer demais, Hermione. Agora eu estou com uma garota que me aceita do jeito que eu sou e a família dela não tem problema comigo. E eu sei que ela jamais me trocaria por outro como você fez. – disse ele, por fim.

Hermione tampou o rosto com as mãos e começou a chorar mais ainda. Ronald apenas olhava pra ela. Por um momento, esticou a mão na direção da garota como se quisesse consola-la, mas desistiu.

Hermione enxugou as lágrimas e disse:

- Você pode me emprestar seu telefone pra eu chamar um táxi? Eu perdi minha bolsa.

- Não, eu te levo, ainda estou com o carro.– disse Ronald.

- Não precisa, eu prefiro ir de táxi. – disse Hermione.

- Eu vou te levar e pronto. – insistiu Ronald. Ele pegou os sapatos dela e eles foram até o carro. No caminho até a casa de Hermione eles não trocaram uma palavra. Ela ficou olhando pela janela e de vez enquanto escorria uma lágrima que ela não conseguia segurar. Quando pararam na porta da casa de Hermione, ela se virou para Ronald:

- Muito obrigada por tudo. – disse ela, abrindo a porta do carro e saindo com os sapatos na mão. Quando ela ia fechar a porta, Ronald chamou:

- Hermione!

- O que?

Ele olhou bem nos olhos dela e disse:

- Por favor, se cuida.

Hermione fez que sim com a cabeça, fechou a porta e entrou em casa, enquanto Ronald ia embora.

Assim que entrou na sala de visitas, viu Cormac sentado no sofá com a namorada, como se fosse o dono da casa.

- Quem trouxe você? Por que você não ligou para o motorista ir te buscar na casa da Parvati? – perguntou Cormac.

Hermione apenas olhou para ele e subiu as escadas sem falar nada.

Depois de tomar banho, ela se deitou na cama com Bichento e ficou ali pensando em tudo que tinha acontecido e em tudo que Ronald disse a ela. Por um breve momento, quando acordou na casa dele, pensou que estava salva, que tudo ia voltar a ser como era antes, que ele a tivesse perdoado. Mas não, ele não esqueceu o que ela fez e não quis ouvir explicação nenhuma. Ele estava namorando agora. As lágrimas voltaram a cair quando ela pensou que outra pessoa agora estava recebendo todo aquele carinho e cuidado que Ronald sempre deu a ela.

Como Hermione já esperava, logo sua mãe entrou no quarto querendo saber com quem Hermione tinha vindo. Cormac com certeza já tinha ido correndo contar.

- A mãe da Parvati me trouxe. – respondeu Hermione.

- E por que você não me atendeu quando te liguei mais cedo? – perguntou a mãe.

- Eu perdi minha bolsa ontem na festa.

- Quanta irresponsabilidade! Você não valoriza nada que nós compramos pra você, não é, Hermione? Pra você aprender, vai comprar o celular mais simples que tiver na loja dessa vez. – disse a mãe.

- Tá bom. – respondeu Hermione. Ela não estava nem aí pra celular nenhum agora.

- Que é que você tem? – perguntou a mãe, estranhando Hermione não discordar do que ela tinha falado.

- Não é nada. – disse Hermione.

- Já sei. Tá assim porque viu o Cormac na sala com a namorada. – disse a Sra. Granger com seu jeito de quem sabe de tudo. – Pois pode parar com isso. Acho bom você se conformar e não aprontar nada porque eu ainda estou de olho em você, ouviu? – disse ela, indo em direção a porta. Mas Hermione a chamou.

- Mamãe!

- Que foi? – perguntou a mãe.

- Eu não estou me sentindo bem, eu... – Hermione começou a chorar de novo.

A Sra. Granger se irritou.

- Pode parar com isso. Não adianta se fazer de coitada dessa vez, porque isso não vai te dar o que você quer. O Cormac tem namorada! – e ela saiu do quarto.

Sua mãe não entendia como sempre! Ela não estava nem aí com Cormac e a namorada dele. Ela estava assim por causa de Ronald. Ter visto ele novamente foi a pior coisa que aconteceu com ela, pois ele pôs um fim a qualquer esperança que ela tinha de que eles pudessem voltar a ficar juntos. Preferia não tê-lo visto e ter ficado sem saber que ele tem uma namorada e o quanto ele a odeia agora.