No dia seguinte, assim que chegou da escola, Hermione foi direto para o quarto de Cormac. Não queria perder nem um segundo. Chegou na porta e espiou para dentro, e lá estava ele, lindo como sempre, deitado na cama falando ao celular. Hermione esperou até que ele desligasse o telefone e entrou decidida:

- Oi Cormac. Você nem foi falar comigo depois que chegou...

- Você que saiu correndo ontem e nem me deu atenção. O que foi aquilo, afinal? – perguntou Cormac.

- Ah, eu não estava me sentindo muito bem. – Hermione sentou-se na cama. – Sentiu minha falta?

- Claro que senti, sua bobinha. – Cormac riu.

Hermione se aproximou:

- Eu também senti sua falta. Principalmente desse seu perfume. Não teve um dia em que eu não pensasse em você. – disse ela, chegando cada vez mais perto.

Percebendo o que ela pretendia, Cormac se levantou, dizendo:

- Preciso me arrumar agora, Mione. Volto a trabalhar na empresa dos seus pais hoje e não posso chegar atrasado. A gente se fala mais tarde, pode ser?

Hermione ficou sentada ali. Cormac estava tão estranho, parecia estar fugindo dela. Tudo bem que ele nunca cedeu às suas investidas, mas sempre lhe dava atenção. 

- Ah, tudo bem então. Não quero te atrapalhar. – ela levantou enfim, deu um beijo demorado na bochecha de Cormac e saiu do quarto.

“Que droga”, Hermione não parava de repetir. Ele estava tão distante e mais frio com ela. Ela não podia aguentar isso, tinha que fazer alguma coisa. Ela odiava o modo como ele estava agindo, parecia até que ele estava evitando ela. Qualquer menino que ela conhecia daria tudo no mundo para ter uma chance com ela. Hermione era conhecida como a menina mais difícil de Hogwarts, nunca havia dado bola para nenhum menino, ninguém sabia de alguém que tivesse tido a sorte de tê-la beijado. Muitos até achavam que Hermione nunca beijara.

Mas isso era mentira, ela já tinha beijado uma vez. Há dois anos, ela finamente criara coragem e beijara Cormac. Ela havia planejado isso por muito tempo, queria que fosse perfeito, acreditara que seria o conto de fadas perfeito que ela sempre imaginara. Mas foi o pior dia de sua vida. Cormac não correspondera seu beijo, ao contrário, disse que aquilo era errado e que não devia se repetir. Hermione ficara devastada, mas estava decidida a conquistá-lo.

Depois de ter levado mais esse fora, Hermione voltou para o seu quarto, estava se sentindo péssima e ela odiava se sentir assim. Geralmente, ela era tão segura e cheia de si. Mas Cormac era a única pessoa que conseguia fazer com que ela se sentisse mal, inferior e até mesmo feia. Depois de ter sido rejeitada tantas vezes, ela nunca se sentia boa o bastante perto dele, era quase um sofrimento. Às vezes ela se perguntava como era possível que ela continuasse a se humilhar desse jeito, mas logo espantava esse pensamento, porque sabia que Cormac era o cara perfeito, que ninguém nunca chegaria aos pés dele, e ela tinha a certeza de que sua felicidade era ele. E assim que ele perceber isso, todo o sofrimento terá valido a pena.

Depois de ficar uma hora deitada na cama, lutando contra a vontade de chorar, Hermione decidiu sair para fazer compras no shopping, a única coisa que poderia acalmá-la.

Mas, mesmo depois de uma tarde inteira comprando tudo o que queria, ela não se sentia melhor.

Estava andando distraída pelo estacionamento, procurando seu motorista, quando uma buzina muito alta a fez virar para o lado. Uma moto vinha a toda velocidade em sua direção. Hermione derrubou todas as suas compras no chão e ficou paralisada de susto. A moto havia parado a apenas alguns centímetros dela.

- SEU IMBECIL! OLHA SÓ O QUE VOCÊ FEZ! Quero que você pegue todas as minhas coisas do chão agora! E com muito cuidado, ouviu bem? – Hermione estava tremendo de raiva.

O motoqueiro saiu de cima da moto, e tirou o capacete. Era um rapaz alto, ruivo e forte. Hermione não pôde deixar de notar como ele era bonito.

- Hahaha! Essa é boa! Quem você pensa que é? Entra que nem uma louca no meio do meu caminho e ainda vem querer me dar ordem? – riu-se o ruivo. Ele tinha uma voz rouca e grave.

- Que grosseria! Eu devia chamar a polícia, você quase me atropelou. Eu poderia ter morrido! Mas tudo bem, pode deixar, eu não devia esperar que um tipo como você tivesse um mínimo de educação. – Hermione disse indignada e se abaixou para apanhar as coisas.

O ruivo deu mais uma risada de deboche, mas se aproximou e começou a ajudá-la a recolher o que tinha caído no chão. Hermione procurou evitar olhar para ele enquanto os dois pegavam os objetos.

Com todas as sacolas novamente seguras nos braços, Hermione lançou um olhar de desprezo ao rapaz e saiu andando com petulância em direção ao seu motorista que a estava aguardando.

- Esse shopping anda muito mal frequentado! – disse Hermione entrando no carro, enquanto olhava uma última vez para trás, onde o ruivo continuava parado, com cara de espanto, olhando para ela.