Dark Secrets - Livro I: My Immortal escrita por Daphne Delacroix


Capítulo 9
Capítulo 8




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Surpresa

Ah, sexta-feira!

Acordar na manhã de seu aniversário é muito estranho. Para mim era um dia como outro qualquer. Apesar de todos esses anos, comemorando e tendo surpresas diferentes, essa é uma data a qual nunca ia me acostumar.

Levantei-me da cama de má vontade e sem trocar de roupa, fui para a cozinha.

A mesa de café da manha estava posta, e muito bem posta, tinha tudo que eu gostava e que há muito tempo não comia.

Minha mãe tinha deixado um bilhete desejando um "Feliz aniversário" e que eu aproveitasse o dia.

O despertador do meu telefone tocou pela segunda vez.

-Droga! Já estou atrasada - falei comigo mesma.

Peguei um último pedaço de bolo antes de ir para o meu quarto, não ia dar tempo de tirar a mesa, isso vai ter que ficar para depois.

Tomei um banho rápido, peguei minhas coisas e saí.

O dia amanhaceu hoje com o céu limpo, sem nuvens, o sol brilhava intesamente. Nós só podiamos nos dar ao luxo de dias assim uma ou outra no mês, no ano também não eram muitos.

Meu telefone tocou.

-Alo?

-Onde voce está? - Clair perguntou.

-Acabei de sair de casa, não estou muito longe - respondi.

-Hum, estou passando ai em dois minutos - falou e desligou.

Parei de andar antes de chegar a esquina do quarteirão e esperei por ela, o que não demorou muito.

-Feliz aniversário! - disse Clair assim que entrei no carro.

-Ah, nem me lembre disso - murmurei.

-O que? Hoje é seu aniverário, devia estar feliz por isso.

-E estou, só não gosto muito de ser parabenizada, para mim é um dia como outro qualquer - falei.

-Para voce pode até ser, mais para algumas pessoas, não, e voce sabe disso.

Sim, eu sabia disso e não adiantaria nada me queixar.

Assenti.

-Voce não vai acreditar quem eu vi conversando com uma aluna do terceiro ano da turma do Vitor ontem - ela mudou de assunto de repente.

Não fiquei muito curiosa para saber, mas mesmo assim perguntei.

-Quem? - disse, fingindo entusiasmo.

-Paula Anderson e Ariel - respondeu.

Fiquei muda por uns instantes processando a informação. Não sabia o que ela estava tentando com aquilo, ou muito menos se era verdade. O fato, é que mexeu comigo de uma forma que não sabia explicar.

-E o que tenho a ver com isso?

-Achei que ia querer saber - Clair disse.

Dessa vez ela estava errada, não queria ter ficado sabendo.

-Se enganou.

-Desculpe, não queria que voce ficasse chateada - murmurou.

-Eu não estou chateada com voce, só... - hesitei.

Não estava chateada com ela por isso, só não queria saber. Certas coisas são melhores quando permanecidas ocultas.

-Olha, esquece o que eu falei, finge que isso não aconteceu - falou.

Ia ser dificil.

Ela parou o carro no estacionamento da escola, desligou o motor e desceu logo em seguida, eu ainda fiquei uns minutos lá dentro, sentada no banco do carona, arrumando forças para descer.

Vi Ariel estacionando sua moto na minha vaga, quando ele tirou o capacete, seu cabelo claro bagunçado, caiu sobre os olhos, ele olhou por todo estacionamento até que seu olhar pousou no carro de Clair e ele sorriu, sorriu de um jeito lindo e encantador, o que fez meu coração disparar, sem eu saber porque.

Ele ainda continuou olhando por mais uns segundos e isso me impediu de sair do carro, não sabia se ele tinha me visto, e nem sabia o que estava pensando, mais daria tudo para saber.

Quando finalmente tive a chance, saí do carro, Clair não estava me esperando, ao contrario, me surpreendi com o que vi, ela e Vitor estavam... conversando?

É, para quem disse que o impossivel nao acontece...

Sem querer que eles me vissem, entrei na escola e fui direto para a sala de aula.


(...)

Clair não apareceu em nenhuma das aulas hoje e aposto que Vitor também não. Estava feliz por isso estar acontecendo, tinha certeza que eles ainda sentiam alguma coisa um pelo outro, e ela vai ter que me contar tudo depois.

Indo para o estacionamento, vi o carro de meu pai parado numa das vagas próxima a entrada, ele estava de pé encostado no carro de óculos escuros e com os braços cruzados no peito.

-Oi pai – falei.

Ele me deu um abraço.

-Feliz aniversário – disse.

-Obrigada – sorri – Para onde vamos?

-Dar uma volta no shopping, depois almoçar.

-E a Olivia? - perguntei.

-Ela vai encontrar com a gente lá – respondeu.

Nós entramos no carro e ele acelerou, saindo dali logo em seguida.

-Como estão as coisas? Sua mãe? - ele quis saber.

Hesitei antes de responder.

-Normais, e minha mãe está bem – falei.

Nossa conversa não passou muito disso, os assuntos entre nós eram sempre limitados.

Minutos depois, nós chegamos ao shopping, ele estacionou e nós descemos indo para a entrada. Olivia nos encontrou logo depois, na porta do restaurante onde meu pai tinha marcado.

-Voces querem almoçar primeiro, ou preferem dar uma volta? - perguntou ele.

-O que acha? - falou Olivia, deixando a decisão em minhas mãos.

-Almoçar – respondi.

Não estava com fome, mas sabia que logo meu estômago ia começar a me incomodar, por isso escolhi fazer isso antes.

Eles escolheram uma mesa e o garçom veio nos servir, ou melhor, trazer o menu do restaurante.

As opções eram muitas, mas não tinha nenhuma que me agradasse ao ponto de pedir como almoço, se tivesse um hamburger como opção, pediria ele. Lembrei-me então, da noite em que Ariel me deu uma carona para casa depois do show, quando ele parou na lanchonete e ficou esperando que eu fizesse o pedido primeiro. A lembrança me fez sorrir.

-Algum problema? - perguntou Olivia tirando-me dos devaneios.

Olhei para ela.

-Nenhum, só estava me lembrando de uma coisa que aconteceu comigo certa noite – falei mexendo na toalha da mesa sem prestar atenção.

-Hum, deve ter sido uma coisa muito boa então. - disse.

Sorri levemente.

-Na verdade, não tinha nada demais.

-Posso te fazer uma pergunta? Aproveitando que seu pai foi ao banheiro – murmurou ela.

Assenti.

-Voce está namorando?

Nossa! Esperava qualquer pergunta, menos essa. Abri a boca para responder, mas fechei-a novamente pensando no que ia falar.

-Não – respondi.

-Nenhum garoto á vista?

-Não – repeti a resposta da pergunta anterior.

-Desculpe fazer essa pergunta, mas é que seus olhos estão com um brilho diferente e voce está tão quieta.

Estava?

-Acordei um pouco desanimada hoje – menti, precisava responder alguma coisa.

-Não fique, é seu aniversário, e o dia está só começando.

Não entendi o que ela quis dizer com isso, mas também não perguntei.

Meu pai voltou.

-Já escolheram? - perguntou.

-Sim – respondeu Olivia.

-Eu também.

Meu pai chamou o garçom, ele veio e anotou nossos pedidos.

Depois de almoçarmos, resolvemos andar um pouco, Olivia queria comprar umas coisas, inclusive um presente para mim, mesmo eu dizendo que não queria.

Entramos em algumas lojas mas ela não achou nada interessante, eu tampouco. Fomos para a próxima, lá ela viu um vestido que achou ser a minha cara, o que não era, mais por fim, eu aceitei o presente.

Quando saímos da loja, meu pai ficou me enchendo de perguntas sobre a escola, faculdade e trabalho, como se eu não soubesse das minhas obrigações.

O dia começou a anoitecer, achei que já estava na hora de ir para a casa, a tarde estava sendo legal, mas queria ficar um pouco sozinha antes de minha mãe chegar.

-Tudo bem, só preciso dar um telefonema antes – falou, ele lançou um olhar para Olivia e se afastou.

-Para quem ele vai ligar? - perguntei.

-Ninguem importante, coisas de trabalho – respondeu ela.

-Ah.

Voltei a ficar no meu silêncio, apenas observando e pensando.

Quando meu pai voltou, estava com uma expressão estranha no rosto, ou melhor dizendo, diferente, como se estivesse acontecendo alguma coisa.

-Podemos ir – falou.

-Está tudo bem? - Olivia perguntou, ela devia saber do que se tratava.

Ele assentiu.

Cheguei a conclusão de que eles estavam escondendo algo de mim, talvez não fosse nada demais, mas ainda sim era algo que não queriam me contar.

Saímos do shopping, o dia já anoitecido, estava um pouco frio até.

Meu pai e Olivia não falaram mais nada, pelo menos comigo, vez ou outra eles murmuravam algo, e eu deixei para lá.

No caminho de volta para casa, vi Paula Anderson andando com mais duas garotas. Saber que ela e Ariel tinham sido vistos juntos conversando, fez com que de certa forma, o meu dia ficasse desanimado, era estranho isso eu sei, mas era assim que estava me sentindo.

Meu pai parou o carro em frente a minha casa, minha mãe não tinha chegado ainda.

-Querem entrar? - perguntei.

-Sim, mas não vamos demorar – meu pai respondeu.

Peguei a chave na mochila e abri a porta. Tudo estava muito escuro, eu sabia que não tinha ninguem em casa, mais ainda assim estava escuro demais, e também silencioso. Acendi a luz.

-Surpresa! - Umas trinta pessoas gritaram ao mesmo tempo.

Acho que fiquei ali, parada com a porta aberta, por uns cinco minutos de olhos arregalados, ainda procurando palavras certas para falar.

-Hei gata! - Vitor foi o primeiro a vir falar comigo – Parabéns.

Eu o abracei.

-Obrigada – eu disse.

Não sei quem foi a pessoa que colocou a música para tocar, mas agradeci por isso. Aos poucos, um por um dos convidados, vieram falar comigo, Clair foi a última.

-Gostou? - perguntou.

-E voce ainda pergunta, foi o máximo – falei.

Ela me abraçou.

-Voce merece – disse.

A companhia tocou.

-Deixa que eu abro! - disse e fui até a porta.

A música que antes era mais agitada trocou para uma mais lenta. Casais começavam a se formar no meio da sala, até Clair estava dançando, ela e Vitor estavam juntos, abraçados, fiquei feliz em ver os dois juntos.

Abri a porta.

Meu coração deu um salto assim que aqueles olhos encontraram os meus.

-Oi - Ariel falou.

Olhei-o por mais uns instantes antes de responder.

-O... O que esta fazendo aqui?

-Ah, Clair me chamou - explicou.

Sem saber a razão, fiquei feliz em vê-lo ali.

- Feliz aniversário - disse.

-Obrigada. - falei - Entre.

Abri espaço para que passasse pela porta. Ele parou observando os casais dançando, e então a musica parou de tocar, voltando para uma mais agitada outra vez.

Clair veio até nós.

-Oi - ela comprimentou Ariel. - Que bom que veio.

-Não perderia isso por nada - ele respondeu.

Uma menina de nossa turma chamou Clair do outro lado da sala, ela foi até onde ela estava.

-Quer beber alguma coisa? - perguntei para Ariel.

Ele assentiu.

Fomos para a cozinha, lá, o som da música estava abafado.

-O que quer beber?

-Água - respondeu.

Peguei um copo d'água e entreguei-o.

-Quer que eu segure para você? - pergunte apontando para uma bolsa que estava em sua mão.

-Ah, isso é para você - disse me entregando a bolsa.

-Obrigada.

Ele nada falou depois disso.

Saí da cozinha, eu fui para o meu quarto deixar o presente que ele me dera. Voltando para a sala, não sabia mais onde Ariel estava. Fui até Clair e Vitor.

-Da para alguém me explicar o que esta acontecendo? - perguntei olhando para eles.

-Não esta acontecendo nada - respondeu Clair.

Olhei para Vitor, ele deu de ombros.

-Depois nós conversamos - ela disse.

A verdade era que eu estava me sentindo estranha no meio daquelas pessoas, um peixe fora d'agua, todas aquelas pessoas que eu conhecia, mais pouco conversava.

-Eu já vou indo - uma voz falou atrás de mim. Olhei para ver quem era, com aquela música alta não dava para identificar.

-Não quero que vá embora, e voce acabou de chegar - falei.

-Por quê? - Ariel perguntou.

Olhei para ele sem entender a pergunta.

-Eu... só não quero que vá - respondi hesitante.

Ele olhou para mim seriamente.

- Vamos sair daqui - disse.

Assenti.

O único lugar que estava mais calmo era a varanda nos fundos da casa, a porta que dava para lá estava aberta e não tinha ninguém, todo o tumulto estava concentrado na sala, onde a música soava mais alto.

-Porque veio? - perguntei quando estávamos sozinhos.

-Clair me convidou - respondeu ele.

Balancei a cabeça, não era isso que eu quis dizer.

Ele olhou para mim.

-Como foi seu dia? - quis saber.

-Normal, passei o dia com meu pai.

-E porque não gostou?

-Não disse que não tinha gostado - falei.

-Mas não esta com cara de que gostou. - rebateu.

Olhei para ele e fechei a cara.

-Pensei que você ia estar com a Paula hoje, afinal, é sexta-feira - murmurei baixo sem esperar que ele ouvisse.

Ele franziu a testa.

-Porque acha isso?

-Clair viu você conversando com ela ontem.

Ele riu.

-Não tem graça! - disse me levantando, se ele queria um lugar calmo, então ficaria sozinho.

-Espera - pediu ele, segurando meu pulso.

Olhei para ele sem dizer nada. Ele se levantou, ainda estava segurando meu pulso.

Um misto de emoções passou por mim naquele segundo, era algo que nunca senti antes. Calor e frio, alegria e tristeza, era tudo ao mesmo tempo, coisas que nem sabia explicar.

-Eu vim porque queria te ver - falou, sua voz não passava de um sussurro, mas foi o suficiente para que eu entendesse.

Continuei sem falar nada. Ele deslizou sua mão, que estava em pulso, por todo meu braço. Mais uma onda daquelas emoções passou por mim.

-O que é isso? - perguntei.

-Não sei.

Não esperava que ele respondesse, muito menos que sentisse a mesma coisa que eu naquele momento.

Fiquei olhando para ele durante uns minutos, tentando decifrar as emoções de seu rosto, era cada vez mas complicado. Ele passou a mão do meu braço, para o meu rosto. Fechei os olhos por dois segundos.

-Não sei o que é isso que estou sentindo por você, só que não quero parar de sentir. É tão bom, puro, diferente...

-...especial - completei.

Ele assentiu.

-Nunca senti isso antes - sussurrou.

Era impossível descrever o que estava sentindo, impossível desviar os olhos dos seus. Ele era para mim um enigma, um enigma que queria desvendar.

-Elizabeth! - alguém gritou meu nome do outro cômodo.

-Vamos voltar - sugeriu.

Não queria voltar, queria ficar ali com ele o máximo de tempo possível, e ainda assim, não seria suficiente.

Nós voltamos para a sala. Uma música lenta começava a tocar, era a minha preferida.

-Quer dançar? - perguntou ele sorrindo, pegando minha mão.

-Não sei dançar.

Mas ele não soltou minha mão. Colocou a outra em minha cintura e me puxou para mas perto de si, me senti um pouco desconfortável com aquilo.

-Não reclama se eu pisar no seu pé - avisei.

Ele riu.

Não era engraçado, mas gostei de ouvir o som de sua voz numa gargalhada.

-Queria poder entender a razão disso tudo, porque eu, porque aqui. - murmurou quando parou de rir.

Dei de ombros, também queria ter a resposta.

- Eu tenho que ir embora - falou.

Olhei para ele.

-Ainda é cedo, você não tem que ir embora ainda - eu disse.

-Acredite, também não queria ir, mas é preciso.

Suspirei.

-Tudo bem - falei.

Ele passou as costas da mão em meu rosto suavemente, se virou e foi embora.

Fiquei parada ali processando aquilo tudo.

-Finalmente achei você! - Clair disse me cutucando por trás.

Sorri levemente pouco desanimada.

-Sua mãe esta te procurando, ela quer cortar o bolo - falou.

-Ah, já estou indo. - eu disse.

Não foi preciso eu sair dali, minha mãe veio seguida por Sam, empurrando uma mesa pequena com o bolo.

Depois de cortar o bolo e me despedir de todos os convidados, fui ajudar minha mãe a arrumar a casa, a bagunça não era muito grande.

-Gostou? - perguntou ela quando acabamos, sentando no sofá.

-Muito, obrigada - eu disse.

Bocejei.

-Você está cansada, vai descansar. - disse.

Não percebi que estava cansada até terminar de arrumar tudo, agora, já passava da meia-noite.

Subi para o meu quarto e fechei a porta, a pilha de presentes não era tão grande assim, mas só abriria na manha seguinte. Vi o presente de Ariel em cima da minha cama, não resisti. Peguei a bolsa e virei-a na cama, uma caixa, não muito grande caiu de dentro da bolsa, abri a caixa e não acreditei no que vi.

Fones. Os fones de ouvido que ele tinha arrebentado, claro.

Sorri.

Guardei novamente os fones na caixa, deitei na cama e fechei os olhos.


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