Dark Secrets - Livro I: My Immortal escrita por Daphne Delacroix


Capítulo 7
Capítulo 6




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Assim que entrei em casa notei que algumas coisas estavam diferentes, não mais que o habitual, mas ainda sim, estranhas. Minha mãe estava em casa e meu carro não estava na garagem.

- Mãe? - chamei.

- Oi! Chegando mais cedo? - falou.

- Eu é que pergunto. Porque esta em casa essa hora?

- Precisei resolver uns problemas e pedi o resto do dia de folga. - disse.

- Entendi.

- E você?

- Ah, dor de cabeça, não estava bem para assistir as ultimas aulas. - respondi.

- Descanse um pouco, mas tarde vou ter que sair outra vez - disse ela.

Assenti.

- Antes que esqueça... Cadê meu carro? - perguntei.

- Seu pai passou aqui e levou ele, disse que tinha falado com você - respondeu.

- Tudo bem, depois ligo para ele - disse e subi as escadas indo para o meu quarto.





(...)



Chegando na escola na manhã seguinte, Clair veio logo falar comigo, ela trazia uma pasta escura nas mãos.

- Oi - falei.

- Oi.

- Esta melhor? - perguntei, uma mancha avermelhada coloria a parte de baixo dos seus olhos, parecia que ela tinha passado a noite inteira chorando.

- Sim, com o tempo vou ficando melhor – falou, não sei porque, mais não acreditei nisso.

Assenti, espero mesmo que ela fique melhor, e logo.

- O que é isso? - perguntei.

- Ah, é para você. Ariel passou aqui e pediu para que eu te entregasse, ele disse que nao ia poder assistir a aula hoje. Acho que tem alguma coisa a ver com a palestra de ontem. - ela respondeu me entregando a pasta – Não sabia que tinha feito dupla com ele.

- Você viu o que era? - perguntei ignorando a última coisa que tinha falado, arregalando os olhos com medo do que ela poderia ter visto e sem entender o porque disso.

- Nao, disse apenas o que acho.

Sorri levemente, aliviada. O sinal da aula tocou. Agradeci por ela não ter feito mais perguntas sobre a palestra, era uma coisa que não ia gostar de comentar, não com ela pelo menos, sei que Clair é minha amiga, mais tem certas coisas que devem permanecer ocultas.

- Vai indo na frente, vou entregar isso e te encontro na sala - falei. 

Esperei Clair sair e abri a pasta.

Dentro dela tinha umas anotações feitas á mão da palestra do dia anterior, e um bilhete com meu nome.



"Desculpe por ontem,

espero que daqui para frente, isso não aconteça mais.


Ariel"



Fiquei olhando para aquele bilhete perplexa, aquelas palavras escritas por ele, sua caligrafia delicadamente bagunçada no papel e imaginei como as coisas seriam se não brigássemos tanto, então, a lembrança da conversa com ele no dia anterior tomou conta de meus pensamentos. Será que aquela sensação estranha que só me incomodava quando estava perto dele, sumiria?

Guardei o bilhete dele em minha mochila e coloquei novamente o relatorio dentro da pasta e fui para a sala de aula.

- O que tinha dentro da pasta? - Clair perguntou assim que me sentei na carteira ao seu lado.

- Era mesmo o relatorio da palestra e um bilhete - respondi sem prestar atenção.

- Um bilhete? - ela quis saber - O que estava escrito nesse bilhete?

Olhei para ela confusa.

- Bilhete? - perguntei - Que bilhete? - foi então que me dei conta de que falei demais, Clair estava esperando uma resposta.

- É, foi você quem disse e agora me deixou curiosa. Anda, conte-me tudo, não esconda-me nada - falou ela.

Pensei numa maneira de contornar a situação.

- Ah, eu confundi, não quis dizer bilhete, estava pensando em outra coisa, desculpe - murmurei.

Ela não pareceu cair nessa, mas também não falou mais nada sobre isso, pelo menos até o sinal da última aula tocar.

- Quer carona? - perguntou Clair abrindo a porta do carro.

A ideia de ir de carro para casa, mesmo de carona, era muito tentadora.

- Não posso, tenho que fazer uma coisa antes de ir para casa - falei.

- O que, e onde? - ela quis saber.

- Tenho que ir a loja de instrumentos, preciso comprar um jogo de cordas para o meu violão.

- Te deixo lá - disse ela.

Não questionei, não queria andar e nem pegar um ônibus ate lá, já era ruim o bastante pensar que eu ia ter que esperar na volta para casa.

Clair e eu entramos no carro e ela dirigiu saindo do estacionamento.

- Sabe o que eu acho? - perguntou ela de repente.

- Se você não me contar nunca vou saber - dei de ombros.

- Que ele esta afim de você - falou.

Olhei para ela de olhos arregalados, incrédula.

- Ele quem?

- Ariel - ela respondeu.

Soltei uma gargalhada.

- Que foi? - ela perguntou olhando para mim.

- Por favor, diga que é brincadeira - falei quando consegui parar rir.

- Não, e também acho que você sente alguma coisa por ele.

Olhei para ela séria.

- Você esta ficando louca.

- Eu? Afim do Ariel?

Ela arqueou as sobrancelhas.

- Qual é!? O cara é lindo - disse.

- Beleza nao faz ninguém se apaixonar por ninguém.

- Nao, e eu sei disso, mas todo mundo percebeu o jeito que ele te olha. Até o Vitor viu isso.

Continuei olhando para ela sem acreditar no que estava ouvindo.

- Só voce nao percebeu como aqueles olhos azuis te encaram.

- São verdes-azulados - falei.

- Viu? Você olha para ele de forma diferente, só não se deu conta ainda.

Balancei a cabeça.

- Ele é um mistério para mim, só isso. Me irrita tanto que... - hesitei - Eu mal conheço ele. Quando foi que ele entrou na escola? Semana passada? - tentei argumentar, foi uma tentativa inútil, admito, ela nao vai mudar de ideia.

- Sim, semana passada, e é por isso mesmo que estou falando.

- Definitivamente você esta louca - falei.

- Elizabeth, olha para mim. Tenho cara de louca?

Olhei para ela.

- Tem - respondi.

Ela arregalou os olhos.

- Você gosta de rosa, só uma garota louca pode gostar dessa cor. - falei, brincando e sorrindo.

- Ok! Vamos deixar meu gosto por rosa para uma outra conversa. - ela fez uma pausa - Elizabeth confessa.

- O que?

- Você é afim dele. Isso explica como fica tao irritada com ele por perto.

- Claire Garden! Eu nao sou afim do Ariel - falei com maximo de convicção, coisa que eu ja nao sabia mas se tinha, queria apenas que ela parasse com aquela conversa.

- Por enquanto - murmurou ela baixo.

Minutos depois, Clair parou o carro em frente a loja de instrumentos.

- Obrigada pela carona - falei abrindo a porta.

- A gente se vê - disse ela e saiu do estacionamento pegando o caminho de casa.

Entrei na loja, o ar-condicionado fez com que os pelos de meus braços se eriçassem.

- Posso ajudar? - perguntou o garoto com a camisa da loja. Eu já tinha visto ele antes, mas não me lembrava de onde o conhecia.

- Ah, desculpe falar, mas é que eu conheço voce de algum lugar, só não me lembro de onde – disse isso sem saber o porque.

Sua boca se esticou num sorriso encantador.

- Acho que estudamos na mesma escola – respondeu.

Um flash passou pela minha cabeça, claro, o aluno novo, ele entrou na escola ontem e está na mesma turma que eu e Clair.

- Ah claro, me desculpe, não estava lembrando.

Ele sorriu novamente.

- Tudo bem – disse – É... o que vai querer?

- Um jogo de cordas de violão - respondi.

- Aço ou nylon? - ele quis saber.

- Aço – respondi.

Ele assentiu e se retirou para pegar o jogo de cordas. Enquanto esperava o vendedor voltar, fui olhar os violões e guitarras. Assim que olhei, fiquei apaixonada pelo violão modelo apx700 da Yamaha, era lindo demais.

- Lindo, não é? - virei-me para ver quem estava perguntando, pois nao reconheci a voz.

O vendedor tinha voltado com o jogo de cordas que pedi.

- Sim, lindo demais - falei.

- Chegou essa semana e tive que me segurar para nao comprar, sabe como é, desconta do salario – murmurou.

- Você toca? - perguntei.

Ele deu de ombros.

- Uma velha guitarra - disse ele.

- Modelo? - eu quis saber.

- Uma Fender stratocaster vintage.

- Guitarra clássica - falei.

- E você? - perguntou tirando-me dos devaneios.

- Ah, um violão Gibson 360 que ganhei de aniversario certa vez.

- Outro clássico - falou.

Eu ri.

- Tem uma banda? - ele quis saber.

- Hum, nao, mas quase fiz parte de uma.

Ele franziu a testa confuso.

- Longa estória.

Ele riu.

- Entendo. - disse. Ele me entregou o jogo de cordas que pedi.

- Uma pergunta – hesitei – Seu nome é?

- Kaliel – disse.

- Kaliel, vou me lembrar de voce na proxima vez – sorri e fui embora.

Andei até o ponto de ônibus mais próximo e esperei que passasse um que servisse para mim. Assim que isso aconteceu, fiz um sinal para que parasse e subi, a maioria dos lugares estavam vagos, mas optei por um lugar no fundo, sentei-me e fiquei observando pela janela.

Um pensamento logo tomou conta de minha cabeça e era uma coisa que eu nao queria voltar a lembrar.

Será que Clair estava mesmo falando sério quando disse que Ariel me olhava de forma diferente?

Ele é lindo, isso não posso negar, e confesso que de certa forma ele mexe comigo, me irrita de um jeito que ninguém nunca conseguiu. Ele é misterioso, completamente enigmático, e as vezes fala coisas que me deixa muito confusa. Como se...

Uma freada do ônibus fez com que eu voltasse a realidade e foi então que vi que já estava perto de casa, apertei o botão sinalizando que era para parar no próximo ponto. Mas o motorista parou um pouco depois, fazendo com que eu andasse até em casa.

Dois carros estavam estacionados na garagem, um era da minha mãe e o outro eu não sabia de quem era. Achei estranho ver o carro dela pela segunda vez na semana, cedo em casa. Peguei minha chave na mochila e abri a porta.

-Mãe? - chamei e fechei a porta atras de mim.

Uma música antiga - que estava mais para um rock clássico os Beatles eu acho - e animada estava tocando no rádio.

-Elizabeth! - ela apareceu na sala com dois copos na mão. -O que aconteceu? Saiu mais tarde do colégio?

-Ah, não, passei na loja de instrumentos antes de vir para casa - falei me sentindo um pouco confusa - O que você esta fazendo em casa?

Continuei confusa até um homem chegar a sala. Alto, muito bem vestido, alguns cabelos grisalhos em sua cabeça se misturavam com os pretos, olhos castanhos claros, aparentava mais ou menos uns quarenta e cinco anos, muito bonito até.

-Elizabeth - ele falou sorrindo pra mim - Sua mãe me falou muito de você, fico feliz em finalmente conhece-la.

Olhei para minha mãe, ela também sorria.

-Esse é o Sam - ela explicou, foi então que caiu a ficha e de repente toda a confusão se desfez.

-Oi - ergui a mão para cumprimenta-lo - Desculpe a confusão, não sabia que era você.

Seu sorriso se alargou.

-Tudo bem, essas coisas acontecem – disse.

O telefone tocou.

-Eu atendo! - minha mãe falou e saiu a da sala.

-Há quanto tempo você e minha mãe se conhecem? - perguntei, só para ter alguma coisa para falar.

-Pouco mais de um ano - respondeu - Mas me conte Elizabeth, o que pretende fazer depois que terminar o ensino médio? - ele quis saber.

Minha mãe voltou para sala.

-Para ser sincera, não pensei muito sobre isso, são tantas as alternativas – falei.

-O que você sabe, e gosta de fazer?

-Hum, não sei muito...

-Ela desenha muito bem - minha mãe me interrompeu.

- Desenha?- ele olhou para mim.

- É apenas um passatempo - dei de ombros.

- Um passatempo que pode virar muito mais que isso - falou.

Minha mãe foi para a cozinha preparar o almoço, Sam e eu ficamos na sala conversando. Ele tinha ideias ótimas, era muito inteligente e simpático também.

- Você ficou em duvida quando terminou o ensino médio?

Ele assentiu.

- A duvida acompanha a maioria das pessoas, mas eu não tive muita escolha - falou.

- Como assim?

- Meu pai ficava falando, perguntando, tive que optar pela primeira profissão que achei interessante - disse.

- Então você fez uma coisa que não queria - conclui por fim.

- Com o tempo, me acostumei com a minha escolha, afinal, ser corretor não é tao ruim assim - ele olhou em direção a cozinha - Me mostre alguns de seus desenhos.

Assenti.

Fui até meu quarto e peguei minha pasta de desenhos, sem abri-la, voltei para a sala.

- Não repare, por favor - falei entregando a pasta a ele.

Ele riu e abriu a pasta.

Folheou cada desenho observando seus mínimos detalhes, cada traço, cada linha, até chegar ao ultimo desenho.

- Esse é lindo demais - falou.

Sorri.

- Obrigada, é o meu preferido - eu disse.

E era o mas triste também, só me dei conta do que estava desenhando quando ele já estava pronto. E acho que o pior de tudo era que eu queria que aquelas linhas desenhadas no papel, fossem reais.

- É inspirado em algum filme, musica, ou qualquer outra coisa? - perguntou tirando-me dos devaneios.

- Não - menti.

Ele terminou de ver os desenhos e me entregou a pasta.

- São realmente muito bons, deve realmente seguir uma carreira.

- Obrigada.

Minha mãe voltou para a sala trazendo as coisas para por a mesa, coloquei minha pasta em cima da estante, Sam e eu fomos ajuda-la.

Nós três almoçamos e depois ficamos conversando sobre algumas outras coisas que não tínhamos comentado antes e quando vimos já tinha anoitecido e estava ficando tarde, ele precisava ir embora.

- Foi ótimo te conhecer Elizabeth, e pense naquilo que falei.

- Pode deixar, foi bom conhecer você também Sam - falei.

E então, resolvi deixar minha mãe e ele um pouco á sós indo para o meu quarto. O cansaço estava começando a dar sinal de vida, tomei um banho rápido, apaguei a luz do quarto e deitei na cama.























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