Hera estava a arranjar-se para ir dormir, sentada em frente da comoda de carvalho no quarto, retirando cuidadosamente a pouca maquilhagem que tinha no rosto. Zeus ainda praguejava sobre a estadia da mãe ali, no Olimpo, e sobre o facto de terem de lá ficar todos os semideuses.
-Estou preocupada com a Thalia, Zeus. – Disse Hera virando-se para o marido. Zeus pode apreciar a beleza dela, totalmente natural, os cabelos castanhos apanhados num rabo-de-cavalo e os olhos brilhavam intensamente apesar do cansaço em que ela se encontrava.
- Ela é forte Hera – Disse Zeus quando a mulher se deitou na cama ao seu lado  - Ela fica bem.
- Lá por ser forte, não significa que eu não preocupe com ela. Sinceramente Zeus, ela é tua filha. – Disse Hera – Tu deves preocupar-te com o bem-estar dela.
Ela deitou-se ao lado do marido, a barriga, já bastante saliente, começava a incomoda-la, já esta grávida de seis meses. Zeus estava cada vez mais curioso em saber se iria ter finalmente a equipa de futebol, que sempre quis.
- Falei com a mãe esta manhã. – Disse ela – Ela contou-me algo sobre os bebés – O sorriso dela tornou-se resplandecente. – Já sei o que são.
- O que é! SÃO TODOS MENINOS! – Disse ele entusiasmado.
- Não. – Disse ela – São três meninos e três meninas.
- A sério!? – Perguntou ele com um enorme sorriso no rosto, ela assentiu.
- Três meninos iguais e três meninas iguais. – Disse ela sorrindo – Já podes discutir os nomes.
- Claro querida. Eu já pensei em tudo. – Disse ela num tom categórico – Para as meninas será Zezeliana, Zezezina e Zelana. Para os meninos será, Zeulo, Zeulonino e Zeuzino.
- Nem que Cronos pinte o cabelo de cor-de-rosa e vá ver os póneis voadores! – Disse ela – Nada começado por Zeus… ou qualquer outro derivado!
- E que tal Boltina, ou Boltano…
- NEM PENSAR! – Disse ela – Eu fiz uma lista, acho que vais gostar.
- Nem Zeus Júnior? – Perguntou ele esperançoso, mas o olhar dela disse-lhe logo que isso não ia acontecer.
- Para meninas achei que Alana era bonito. – Ela olhou para ele que sorriu ao nome.
- A primeira a nascer… Alana. – Ele riu e beijou-lhe os lábios. – Eu gosto. E para a segunda menina – Zeus percorreu o pergaminho que ela tinha na mão – Eu gosto de Angela.
- Sim, Angela… - Disse ela – E para a última menina, Altheia.
- Então para as meninas vai ser… Alana, Angela e Altheia.
- Sim…  - Ele sorriu – Isto é giro. Escolher os nomes.
Ela sorriu para ele e encostou as costas ao peito dele. - E para os meninos? SÓ COISAS QUE ESTEJAM NA LISTA!
- Sim querida – Ele sorriu e com um estalar de dedos, apareceu no fundo da lista o nome Zezulianico. Ela como era óbvio não pode deixar de reparar.
- Zeus, não tentes alterar a minha lista! – Disse ela riscando o nome – Eu gosto de Egeu.- Ele suspirou fundo e disse.
-Eu gosto de Egeu, mas continuo a preferir Zezulianico!
- Mas quantas vezes vou ter de repetir. – Disse ela irritada – Nada começado com Zeus… Light… ou Bolt, ou outro qualquer derivado!!
- Nem Skyozinho??
- NÃO!
- Pronto está bem – Disse ele resignado.
- E que tal Agenor – Disse ele – Eu gosto, é um nome forte.
- Sim. – Disse ela – Agenor para o primeiro menino. E que tal Egeu para o segundo.
- Egeu… Egeu… Sim, eu posso habituar-me.
- E por último. – Disse Hera – Draco.
- Sim, Draco. – Zeus concluiu e beijou novamente os lábios da esposa. – Alana, Angela, Altheia, Agenor, Egeu e Draco. – Disse ele – São nomes perfeitos.
- Para os nossos bebés. – Ela sorriu deitaram-se na cama, adormeceram abraçados.
Hera acordara com o som de choro. Possivelmente Ares já estava acordado com fome, outra vez. Levantou-se, Zeus ainda dormia.
- Pronto Ares – Ela sussurrou ao filho enquanto o pegava ao colo – A mãe está aqui Ares, fecha os olhos, e dorme, querido.
- Monstros mamã. Lá fora. – Disse ele com as lágrimas nos olhos – Monstros mamã!
- Não há monstros. – Disse ela – Os monstros não vêm aqui.
- Juras?
- Juro Ares. – Disse ela beijando a testa do filho – Não há monstros aqui.
-Tens a certeza mamã?
-Sim meu amor, não te preocupes.
O menino sorriu para a mãe e disse.
-Mamã, posso dormir contigo e com o papá?
Hera olhou o filho e sorriu para ele.
-Sim meu amor, anda.- Disse ela indo em direção ao quarto deles. Ela depositou Ares em cima da cama e saiu do quarto para ir preparar o leite para Ares. O pequeno menino olhou o pai que ainda dormia e chamou-o várias vezes porem Zeus continuou a dormir, Ares abriu um sorriso muito traquina e saiu da cama dos pais para ir buscar um pequeno boneco de Hermes que fazia um enorme ruido de uma buzina de um carro, ele regressou ao quarto dos pais e sentou-se em cima da cama depois premiu o botão vermelho do boneco que imediatamente fez barulho, Zeus acordou sobressaltado e pegou no seu raio mestre, depois encarou o filho que lhe sorria, Ares escondeu o pequeno boneco atrás das costas e disse ao pai.
-Bom dia papá!
-O que foi aquele barulho, Ares?- Preguntou ele deitando-se na cama de novo, Ares deitou-se ao pé do pai e agarrou-lhe o pescoço como fazia antigamente quando tinha medo de algo, ele abraçou o menino e perguntou-lhe.- O que se passa Ares, de que tens medo?
-Monstros papá, o tio Hades disse que eles vinham há noite!
Zeus olhou o filho e disse.
-Não existem monstros aqui Ares, eles não vem para aqui, o papá não deixa. Agora, o que foi aquele barulho?
Ares sorriu e disse.
-Eu chamei o papá, mas o papá continuou a dormir, por isso.- Ares mostrou ao pai o boneco.- Desculpa…
Zeus sorriu para o menino e disse.
-Não faz mal, mas não o voltes a fazer sim? Assustaste o papá!
Ares sorriu traquina e aninhou-se ao pé do pai. Hera chegou pouco tempo depois com o biberon de leite para Ares, o menino brincava com o pai na altura, que o atirava ao ar, Hera não gostava muito da brincadeira, pois Ares ainda se podia magoar, mas o menino gargalhava alto e o pai sorria, Hera sorriu para o marido que a encarou também sorrindo, ela deu o enorme biberon a Ares que se deitou e pouco tempo depois adormeceu já que ainda era muito cedo, algum tempo depois Zeus e Hera adormeceram também ao lado do filho.
O dia amanheceu solarengo. Hades dormia de um dos lados da cama enquanto Deméter dormia no lado oposto, tinha no meio mais de trinta almofadas e vários cobertores criando um muro, os dois acordaram ao mesmo tempo, olharam um para o outro e fizeram cara de nojo. Aquilo seria uma longa semana.
- Vai sai daqui. – Disse ela – Quero-me arranjar!
- Quem está mal muda-se!
- Este quarto é meu!
- Paciência!
- Idiota! – Ela disse batendo a porta da casa de banho com força. Hades limitou-se a rir da cara da irmã. Deméter regressou pouco tempo depois e olhou o irmão que ainda estava deitado.
-Mas tu ainda não te foste embora?- Disse ela e ele limitou-se a rir.- HADES NÃO ME IGNORES!- Disse ela mais alto e Hades olhou-a por alguns segundos, depois apontou para as malas negras perto da porta.
-A mãe…- Disse ele ao ver o olhar dela.- Trouxe-me as malas esta manhã do submundo.- Disse ele mais calmo, olhando o olhar irritado dela.- Eu também não queria, mas não há nada que eu possa fazer, por isso nem sequer reclames ou me mandes embora, porque agora o quarto é nosso! INFELIZMENTE!
Ela não disse nada e sentou-se na cama, encarou as mãos e ele olhou para ela, ela estava diferente desde que tinha ido embora da casa de praia onde eles estavam, já não estava interessada em Zeus e dava-se bem com Hera. Hades olhou a irmã, algo se tinha passado com ela, se calhar teve tempo para pensar naquilo que havia feito todos aqueles anos, mas agora, que Hades pensava no assunto, eles haviam exagerado naquilo que lhe haviam feito, ela não merecia algo tão mau, apesar de todos os erros. Deméter olhou Hades mas nada disse, depois saiu do quarto para ele se poder vestir. Ela estava muito diferente e ele iria descobrir porque.