Diary Of A Journalist escrita por Shorty Kate
Notas iniciais do capítulo
O interesse do John na jornalista tem segundas intenções...
(…) À hora do jantar, ele ia estar todo orgulhoso a mostrar a todos que tinha feito progressos, e só mesmo o John para contar a sua piada e reparar num erro ou outro que nem eu tinha visto. Agora, arranquei a folha do caderno e dei-lha, vendo-o sair. A primeiro não percebi porquê, mas depois vi o sorridente do Paul a entrar, tomando o sítio onde o Ringo tinha estado.
-Já colocaste as cravelhas no baixo? – Eu disse iniciando a conversa. Devo confessar que estava nervosa, já não o via há quinze anos.
-Já, e como sempre o teu avô só me arranja do melhor. – Ele sorriu. – Agradece-lhe depois por mim.
-Considera feito. – E assim ficámos sem assunto de conversa. Eu baixei o olhar para as mãos e devo mesmo ter dado nas vistas com a minha timidez porque ele deitou a cabeça sobre os braços para me olhar nos olhos. – Isto é esquisito para mim. Não te vejo há quinze anos e ainda assim consegues estar tão à vontade.
-As boas amizades perduram, Katie. – Ele então levantou-se quando eu levantei também o olhar. Ele agora apoiava a mão na bochecha e sorria, estando apenas ali de corpo presente e a cabeça noutro sítio qualquer. – Nos primeiros dias não queria comer e ninguém me explicava porque é que tinhas ido embora. Depois esqueci-me de ti. Uma vez ou outra imaginava onde estarias e como serias, mas já não conseguia ter mais memórias, sabes?
-Sei, Paulie, aconteceu-me o mesmo. E quando voltei para Liverpool os meu avós tinham mudado de casa, por isso não pude ir visitar-te.
-Pena, se não tinhas conhecido o George e o John. – Ele referiu-os e olhou a porta de vidro da sala de refeições. O John estava colocado ao vidro, enquanto o George e Ringo o tentavam puxar de lá a toda a força. Eventualmente os dois ganharam contra a força insistente dele. – Mas porque voltaste?
Engoli em seco. Não estava pronta para dar detalhes e acho que nunca as querei dar a alguém. Por isso, simplesmente respondi. – O meu avô achou melhor. – E ao dizer isto puxei o braço esquerdo mais para dentro da manga do casaco. Mesmo que o Paul nunca desconfiasse, o meu medo, não, a minha vergonha fez-me tomar esta atitude de esconder a minha cicatriz no antebraço. – Mas fala-me de ti, estrela de rock! – O meu humor mudou completamente quando falei alegremente. E ele reparou; ele notou que havia mais história, e que ela devia ser má o suficiente para eu a querer ignorar. Ele respeitou a minha escolha, até porque ainda não estávamos completamente à vontade para conversas desse nível.
-Oh, sabes o habitual, miúdos giros que tocam, têm uns cortes de cabelo à maneira e dão uns concertos de partir a loiça toda! – Ele próprio gargalhou, tentando ter poses gabarolas. – Quem sabe se estivesses pela zona, talvez agora pudesses ser o quinto Beatle.
-Ah, eu acho que as raparigas não iriam gostar de mim! – E os dois demos um salto, sobressaltados com o barulho de algo, neste caso, alguém a bater no vidro da porta. – Porque é que eu tenho a ideia que ele está demasiado entusiasmado para me conhecer? – A minha cara era de estranheza. Não digo que não estava a gostar daquela atenção, mas, era o John Lennon…!
-É. – Paul disse num risinho. – Ele gosta de raparigas! Mas é uma coisa generalizada.
-Anda logo, John! – Eu falei alto e ele veio tomar um lugar à minha beira.
-Ah, posso-me juntar também? – George perguntou espiando na porta.
-Olha aí, - Ringo resmungou, batendo-lhe no braço. – já não basta o John ter ido interromper e agora vais tu também?
-Não há mal, não estávamos a falar de nada importante. Vem logo, George. – Eu convidei e chamei o Ringo. – Anda também.
Ele lá deu de ombros e veio sentar-se à nossa beira. – Cuidado, o John está ligado no modo de flertar! – O George advertiu-me, puxando de um cigarro.
-Eu sei, - Eu disse olhando-o pelo canto do olho. John estava com o cotovelo pousado sobre a mesa e a cabeça apoiada na mão, olhando-me. – já deu para reparar!
-Ele é um rabo de saia, mesmo. Não tem emenda! – O Paul comentou.
-Ah, Paulie, pena é ela estar a usar calças!- John gozou, fazendo os outros dois gargalhar. – Mas ainda assim não lhe tira o interesse!
-Eu se fosse a ti era menos discreto.
-Ser discreto até que não é minha grande virtude. – Devo dizer que fiquei um pouco aliviada por não ter os olhos do John sobre mim, já que a atenção dele agora se virou para o Paul.
Eu olhei o caderno e comentei, tentando soar inocente. - Já alguém vos disse que parecem um casal de velhos a discutir? – Depois levantei o olhar e continuei gozando. O Ringo e o George estavam apreciar a brincadeira. – Mas daqueles velhos já casados há cinquenta anos! – A cara do Paul era choque e o John parecia um pouco indignado.
O John chegou a boca bem perto da minha cara e bufou um pouco amuado. – Perdi o interesse em si, senhorita.
-Oh, o piadista não gosta de ser alvo da piada?
-Na verdade, - Não sei porquê (por acaso até sei!) mas o meu coração começou aos pulos dentro do meu peito e comecei a sentir um calor pelo corpo todo. Os lábios dele estavam a meros centímetros dos meus e eu tenho a certeza quase absoluta que devia ter os olhos tão arregalados em pânico que até os devia ter maiores do que os do Ringo naquele momento. – eu não me importo! – E dizendo isso grudou a boca dele na minha. Depois levantou-se do assento num ápice e deu uma gargalhada bem ao estilo próprio de John Lennon.
-Não acredito! – O Paul disse entre risos. – Ele realmente fez aquilo!
-Hei, porra John, - George reclamou, tirando alguma coisa do bolso. – tens de ser assim tão atrevido? – E quando ele lhe deu na mão o que tinha tirado do bolso, percebi o que se passava ali: apostas!
Ringo tirou também uma nota e deu-a ao John. – Confesso que achei que não fosses fazê-lo!
Depois de ter ficado embasbacada por um bocado, voltei a mim. Até que tinha tido piada, e aí ri junto com eles, mas tentei parecer extremamente séria e zangada. – Muito bem rapazes! Foi perfeito!
-Oh, - A expressão do Paul mudou completamente e ele tentava dizer arrependido entre risinhos. – não fiques zangada. Eu achei que não te importarias.
Então levantei-me e fiz a mesma jogada que me tinham feito a mim. Aproximei-me o máximo que podia do John e disse. – E na verdade, eu não me importo! – E beijei-lhe a bochecha.
Os rapazes bateram palmas enquanto riam da cara dele. – Ah, a jornalistazinha é atrevida também? – O lado namoradeiro dele estava de volta.
Eu encostei-me na ombreira da porta antes de sair. – Eu gosto de jogar difícil, Senhor Lennon. – Depois pisquei-lhe o olho.
-Ainda bem. – Reparei nos olhos dele a observar-me de baixo para cima. – Deixa mais a desejar ao jogo. – Comecei a caminhar pelo corredor, a tentar acalmar o coração e a respiração quando ouvi passos atrás de mim e depois a voz dele. – Não ficaste chateada, não? Foi só uma brincadeirinha. – Eu virei-me para o encarar. – O Paul disse que não te importarias.
-Se estivesse chateada, já estarias no chão agarrado aquelas partes aonde aos homens dói mesmo levar um pontapé. O mais que podia estar era amuada, mas eu não sou desde tipo de raparigas.
-Tudo bem então?
-Tudo…- Virei-me para que ele não visse o sorrisinho que ia esboçar. – Johnny love. – Ele gaguejou qualquer coisa (só o Paul o chamava assim, daí o espanto dele!) e eu repliquei. – Eu disse que tu e o Paul pareciam um casal…
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