Nunca É Tarde Para Mudar escrita por lovemyway


Capítulo 1
Nunca é tarde para mudar


Notas iniciais do capítulo

Inspiração da madrugada e uma tentativa frustrada de comédia. Enfim, espero que gostem! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/234897/chapter/1

Nunca é tarde para mudar.




Rachel Berry a amava. Em segredo, é verdade, mas ela realmente a amava. Durante muito tempo, a baixinha tentou negar seus sentimentos. Ela fingia que os xingamentos no MySpace pela parte de Quinn Fabray não a destruíam. Ela ignorava todas as vezes que seu coração parecia querer saltar de seu peito sempre que a loira a olhava sem aquela expressão de desprezo estampada no rosto, e ela tentava se convencer de que suas pernas não tremiam realmente quando, mesmo que por acidente, alguma parte do corpo de Quinn tocasse ligeiramente no seu.

Aliás, Rachel Berry tentava argumentar que não sentia nada além de ódio por Quinn Fabray até mesmo em sua família no The Sims, onde ela queria estar em um relacionamento com um esportista chamado Finn Hudson –– e qualquer semelhança com a realidade era mera coincidência ––, mas com o qual sempre tinha grandes discussões. E Rachel Berry era tão viciada no jogo que até mesmo aprendera a falar Simês, o idioma dos Sims. Portanto, era realmente razoável que ela ficasse com raiva porque seu quase namorado dissesse que não queria ficar com ela porque ela estava tendo um caso com Quinn Fabray, e fora pega aos beijos com a loira em uma boate na expansão Caindo Na Noite.

Mas quando a expansão Gerações saiu, e ela construiu uma nova família onde ela era casada com Quinn Fabray, e com a qual tinha um lindo filho chamado Ethan, Rachel finalmente entendeu que seus sentimentos pela líder de torcida eram muito maiores do que ela poderia imaginar. Portanto, ela mandou Ethan para um Internato –– que era, por um acaso, uma escola de Artes –– e teve a casa só para si e para sua mulher, com a qual ela fazia questão de aproveitar cada segundo. E mesmo sabendo que tudo aquilo não passava de mera ficção, Rachel não podia deixar de querer que fosse verdade. Porque ela amava Quinn Fabray, e finalmente conseguira perceber isso.

Mas perceber seus sentimentos pela loirinha só fez com que Rachel se sentisse mais frustrada. Juntando-se isso ao fato de que ela:

a) Perdeu seu livro de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”;

b) Descobriu que seus pais levaram seu DVD de Funny Girl e acabaram esquecendo em um Hotel em Chicago;

c) Percebeu que Quinn Fabray recusou seu pedido de amizade pela sexta vez no Facebook;

Fez com que aquele fosse definitivamente fosse o pior final de semana que a morena já tivera em toda a sua vida. Portanto, era realmente compreensível que ela tenha surtado completamente quando Santana Lopez a insultou pela milésima vez naquela semana com um daqueles apelidos ofensivos que ela tinha anotado em seu livro de xingamentos em uma página especialmente dedicada à Rachel Berry, fazendo a baixinha voar em seu pescoço e gritar coisas em Simês, rendendo-lhe assim uma detenção, e seu nome no topo do livro “Pessoas que vou matar antes de completar dezessete anos e poder pegar pena de morte” de Santana Lopez.

–– Não ficou tão ruim –– resmungou Rachel, encarando seu próprio reflexo no espelho.

É claro que Santana Lopez tinha planejado uma morte lenta, dolorosa e cheia de humilhação. Por isso, ela jogara um copo enorme de raspadinhas de uva no moletom de gatinhos que Rachel estava usando e que, infelizmente, era o seu favorito. A morena também tinha recebido raspadinhas de limão no cabelo por parte de Brittany, e uma de morango no rosto por parte do Karofsky. Na opinião de Rachel Berry, atacar estudantes inocentes e indefesos com três copos de raspadinhas deveria ser crime federal, e ela estava quase pescando seu celular no bolso e se preparando para ligar para o FBI ou a CIA quando se lembrou que esquecera o aparelho em casa. Sortuda. Essa era definitivamente sua palavra do dia.

–– Berry?

Rachel ergueu a cabeça e seu coração começou a bater rápido demais em seu peito. Ela fechou os olhos por alguns segundos, e quando os abriu, Quinn Fabray ainda estava lá, parada perto da porta, com os braços cruzados sobre o peito e uma de suas sobrancelhas arqueadas.

–– Veio rir de mim? –– perguntou Rachel, soltando um suspiro cansado. –– Então faça o favor de tirar uma foto, imprimir, colar no seu armário e dar boas risadas sempre que a vir. Mas, por favor, deixe-me em paz, ao menos por hoje.

Quinn Fabray cerrou os lábios com força, esforçando-se ao máximo para não rir da situação. Ela achava que Rachel ficava extremamente sexy toda suja de raspadinhas e com aquele olhar de irritação estampado no rosto. E para falar a verdade, custava-lhe toda a sua força de vontade não aceitar os pedidos de amizade da baixinha no Facebook ou abraçá-la  com força naquele momento para reconfortá-la. Sim, Quinn Fabray estava perdidamente apaixonada por Rachel, mas ficar perto dela significava estragar seu status social. Além disso, ela nem sabia se a morena sentia o mesmo por ela. E levando em consideração todas as besteiras que ela já tinha feito, Quinn acreditava piamente que Rachel não queria vê-la nem pintada de ouro, ou prata, ou bronze, ou qualquer outro metal que existe na tabela periódica.

–– Eu não vim rir de você, Rachel –– disse Quinn, pegando um papel toalha e entregando-o para a garota.

–– O que você quer, Quinn? –– perguntou Rachel, aproximando-se da loira e pegando o papel toalha de suas mãos.

Mas Quinn não sabia responder, porque ela não sabia exatamente o que ela estava fazendo naquele banheiro, conversando civilizadamente com Rachel Berry. Tudo o que ela sabia é que ela queria ficar perto da garota, e ter uma desculpa idiota para fazer isso. Rachel, por outro lado, acreditava que se Quinn estava sendo remotamente legal com ela, era porque planejava destruir todos os seus CDs de The Sims, roubar todos os seus DVDs de musicais da Broadway, e queimar todos os seus livros de Harry Potter, Percy Jackson e Crepúsculo. Portanto, aquela loira era quase tão perigosa quanto o titã Cronos e Lord Voldemort juntos. Porque Voldemort ao menos esperava o fim do ano escolar para atacar o Harry, mostrando assim que se preocupava com sua educação (e Quinn não faria isso se destruisse seus livros, que são sua fonte de cultura), e o titã Cronos nunca fingiu ser legal com Percy para depois esfaqueá-lo pelas costas. De fato, foi ele quem acabou sendo esfaqueado. Rachel respirou fundo e limpou o resto de raspadinhas que sobraram em seu rosto.

–– Você me odeia, não é? –– perguntou Quinn, descruzando os braços e franzindo o cenho.

–– Eu não a odeio, Quinn –– disse Rachel, encarando a garota e tentando ignorar a tremedeira em suas pernas.

–– Não é o que parece –– resmungou Quinn.

–– E porque você se importa? –– indagou Rachel. –– Porque a última vez que eu chequei, é você quem me odeia.

–– Eu não te odeio, Rachel –– sussurrou Quinn.

–– Não –– concordou Rachel. –– Você só se importa mais com sua popularidade do que com qualquer outra coisa.

–– Você não entende...

–– Você acha mesmo que eu não entendo? –– perguntou Rachel. –– Eu que sofro as consequências, Quinn! Nós já fomos amigas um dia, e nós éramos felizes juntas! Mas aí nos viemos para o McKinley, e status social se tornou tudo para você. E então, eu fiquei de lado. Sem minha melhor amiga. Sem ninguém. E ainda por cima, precisei ver você desfilando de mãos dadas com o Finn Hudson, por quem eu erroneamente imaginei estar apaixonada, e tendo que aturar todos os insultos, as raspadinhas, os desenhos pornográficos, e...

Um beijo. Quinn Fabray nem sequer percebeu o que diabos tinha feito quando se inclinou na direção de Rachel e roçou levemente seus lábios no dela, fazendo seu coração martelar rápido demais no peito, e suas pernas virarem gelatina. Tudo o que ela queria era que a morena calasse a boca. Tudo o que ela queria era beijar aqueles lábios mais uma vez.

Ainda era assustador para as garotas se lembrarem de como tudo aquilo começou. Elas eram melhores amigas na época do Ensino Fundamental, e deram seu primeiro beijo uma com a outra. E então, o coração de Rachel começou a bater mais rápido por Quinn Fabray, e o de Quinn Fabray mais rápido por Rachel Berry. Mas quando Quinn trocou a melhor amiga pela popularidade, Rachel tratou de esquecer que um dia foram amigas e fez o possível para seguir em frente. Mas como a morena podia fazer isso se tudo o que ela conseguia pensar era no quanto Quinn Fabray era perfeita, principalmente naquele uniforme das líderes? E como Quinn Fabray podia esquecer seus sentimentos por Rachel Berry quando a garota fazia questão de desfilar por aí com aquele maldito moletom de gatinhos que Quinn dera para ela em seu aniversário de doze anos?

Mas Quinn não estava pronta para se afastar. Uma de suas mãos segurou cuidadosamente o rosto de Rachel e o trouxe mais próximo do seu. A loira passou a língua pelos lábios da morena, e as duas estremeceram involuntariamente. Porque foi exatamente isso o que Quinn fez quando elas se beijaram pela primeira vez. E quando a língua de Rachel finalmente invadiu sua boca, Quinn mal pode conter o gemido. Caramba! Quanto tempo ela esperara por aquilo? Quantas noites ela perdera de sono porque sempre que dormia ela sonhava em ter Rachel em seus braços? Por que todas as vezes que pensava na morena ficava cada vez mais difícil lembrar do porquê de elas não estarem juntas?

–– Eu te amo, Rach –– murmurou Quinn, assim que elas se separaram em busca de ar.

–– O que? –– perguntou Rachel surpresa.

–– Eu te amo –– repetiu Quinn, soltando um pequeno suspiro e segurando as mãos de Rachel nas suas. –– Eu fui uma idiota esse tempo todo, e provavelmente continuarei sendo por um pouco mais, mas eu simplesmente não consigo mais guardar esses sentimentos dentro de mim. Você não vê? Foi por isso que eu me afastei quando entrei para o McKinley. Eu tinha medo do que nós tínhamos, e eu tinha medo do que aquilo podia significar. Você sabe como meus pais são. Eu só estava... Por Deus, Rachel, eu estava muito assustada!

–– Quinn... –– sussurrou Rachel.

–– E então, eu entrei para as líderes. Você sabia que metade delas é gay? Levou um tempo para entender que tudo aquilo que eu guardava no meu peito era mais que amizade. Levou um tempo para perceber o quanto... O quanto eu te amo. Eu perdi muito, Rachel. Meus pais me expulsaram de casa após minha gravidez, e eu jurei para mim mesma que eu não vou mais ligar para o que as pessoas pensam de mim.

–– Entretanto, você ainda é uma líder –– comentou Rachel.

–– Eu gosto –– disse Quinn. –– É a única coisa que me impede de sentir tanta raiva de mim. E eu não vou sair das líderes, a não ser que me expulsem.

–– E por que te expulsariam? Você é a grande Quinn Fabray.

–– Porque a “grande Quinn Fabray” quer aceitar a “solicitação de amizade de Rachel Berry” e mudar o seu status de “solteira” para “em um relacionamento sério com a garota mais linda, fofa, talentosa e incrível de todo o mundo”

–– Eu tenho certeza de que esse status não existe –– comentou Rachel. –– E também não deixam que você namore com você mesma. Acredite, eu tentei.

–– Rachel –– disse Quinn, quase suplicando por uma resposta.

–– Quinn, eu também te amo –– confessou Rachel. –– Eu até fiz uma família pra gente no The Sims. Então, se você estiver falando sério, eu estou louca que você aceite minha solicitação de amizade no Facebook e me conceda a incrível honra de mudar o meu status de “solteira” para “em um relacionamento sério com uma viciada em moletons de bichinhos”.

Quinn não sabia se ria, se chorava, ou se gritava. Portanto, ela fez tudo ao mesmo tempo. Ela abraçou Rachel com tanta força que teve medo de quebrar sua namorada, e ela teve certeza de que nunca se sentiu tão feliz em toda sua vida. Rachel retribuiu o entusiasmo, e Quinn tinha certeza que a primeira coisa que ela faria quando chegasse em casa era tentar adicioná-la no Facebook novamente, mas Quinn seria mais rápida. Ela correria para o laboratório de informática na hora do almoço, adicionaria Rachel Berry e passaria a segui-la no Twitter. Porque aquele poderia até não ser o começo ideal, e Quinn Fabray ainda podia ser a maior vadia que o McKinley High já viu. Mas como dizem, “Nunca é tarde para mudar”, e Quinn Fabray não poderia concordar mais.




Fim


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, algum review? :)