A Monitora escrita por Aislin Le Fay


Capítulo 3
Um Domingo Sem Álgebra




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16 de Setembro de 2006.

Comentário único: É DOMINGO!!!!

 

    - Hnn... Onde foi que botei mesmo?

    Em um dos quartos do Dojo Kinomiya, particularmente o mais bagunçado de todos, Kinomiya Takao acabava de vestir o colete vermelho quando se deu conta de que lhe faltava algo importante.

    Pensativo, correu vagamente o olhar pelo quarto, tentando se lembrar de onde o vira pela última vez. Para qualquer outra pessoa o cômodo seria comparável a um campo de guerra, mas o rapaz sabia perfeitamente como se virar ali dentro. Logo sentiu um estalo em sua mente.

- É isso!!

Atravessou rapidamente o quarto até o guarda-roupa, sem se importar em pular uma ou duas peças de roupa no caminho. Fuçou um pouco numa pilha de roupas limpas que ainda precisavam ser passadas e não demorou a encontrá-lo: seu bom e velho boné vermelho e azul, um pouco surrado, mas lhe parecendo tão perfeito quanto sempre. Sorriu satisfeito e imediatamente o colocou, ajeitando sua franja rapidamente em frente ao espelho do guarda-roupa.

- Perfeito – Concluiu, sorrindo para a própria imagem no espelho.

 

&&&

 

- E aí, vovô! – Takao cumprimentou, radiante, enquanto roubava uma torrada recém-saída do forno. Seu humor sempre era esplêndido nas manhãs de Domingo, pelo motivo óbvio de que sempre podia passar o dia inteiro comendo porcarias e assistindo TV, ou jogando vídeo-game na casa de Max, ou saindo até algum lugar com os amigos, ou...

Se raciocínio perfeito foi interrompido pelo som da campainha. Estranho, pensou. Quem poderia estar tocando no Dojo a pouco mais do que oito da manhã de um Domingo? Se avô não dava aulas aos Domingos e Max dissera que passaria o dia ocupado, por isso a sessão de filmes fora marcada para a noite.

- Acho que temos um visitante inesperado – O avô de Takao, Kinomiya Ryuusuke, parecia tão estranhado quanto o neto, até que algo lhe ocorreu – Abra depressa, Takao. Talvez seja seu irmão!

Takao concordou com a cabeça, disparando pela casa até a porta da frente, mas não sem antes se esticar rapidamente por cima da mesa para furtar mais duas torradas do prato. A possibilidade de que Hitoshi houvesse chegado sem qualquer aviso parecia bastante válida; o irmão mais velho de Takao, agora com pouco mais de 24 anos, vivia sumindo e aparecendo sem dar qualquer satisfação a ninguém, desde que deixara de acompanhar o pai Tatsuya em suas escavações arqueológicas. Hitoshi gostava da arqueologia, mas queria algo a mais, e há seis anos decidira viajar em busca de mistérios e lendas espalhados pelo mundo, ensinando o que aprendia para os jovens que encontrava em seu caminho. De vez em quando, mandava um postal endereçado de algum lugar exótico, ou simplesmente aparecia em casa com a expressão de alguém que saíra para comprar uma bugiganga qualquer na esquina e voltara. Takao não sabia bem se o considerava corajoso ou meio maluco.

Quando abriu o portão, porém, percebeu que a intuição do seu avô errara por muito. A visão quase o fez engasgar com a torrada.

- V-você!?

A figura na entrada sorriu afavelmente, ignorando a óbvia surpresa do garoto.

- Bom dia, Takao – Ela cumprimentou em tom alegre – Não vai me convidar para entrar?

Ele ainda demorou alguns segundos para sair do estado de choque.

- Tachibana, o que você tá fazendo aqui?? – Inquiriu, incrédulo. Aquilo só podia ser algum tipo de sonho bizarro, imaginou. Mas a expressão levemente aborrecida de Hiromi diante da sua gritante falta de delicadeza parecia genuína demais para um sonho.

- Você não está sendo educado comigo, Kinomiya – Reclamou, cruzando os braços em frente ao corpo numa posição repreendedora. Obviamente o seu lado monitora/representante de classe/nerd mandona estava entrando em ação, entretanto, Takao não teve tempo para responder, já que a voz próxima do avô lhe chamou a atenção.

- Ora, ora, se não é a garota Tachibana – Ryuusuke sorriu ao reconhecê-la. – Entre, mocinha, pode ficar à vontade. Estávamos tomando o café da manhã, se soubesse que viria, teria feito algo especial. Você não me disse que teríamos visitas, Takao – Censurou

Se eu soubesse que teríamos visitas já teria fugido pelos fundos”, ele pensou emburrado, sem outra alternativa além de dar espaço para Hiromi entrar. Ela voltou a sorrir enquanto acompanhava educadamente Ryuusuke até a porta, tirando os sapatos na entrada e permanecendo apenas com as meias lilases de coraçõezinhos.

- Na verdade, Kinomiya-san, eu vim mesmo sem avisar – Esclareceu, simpática – Achei que podia ser bom fazer uma visita.

Contendo-se para não verbalizar o pensamento, Takao se perguntava o que diabos ela poderia estar vendo de bom numa visita surpresa bem no seu Domingo perfeito. Ryuusuke, contudo, parecia extremamente satisfeito, e o neto não se surpreendia; o homem adorava cozinhar, principalmente para os seus amigos que apareciam por lá. Mariam uma vez reclamara com Takao de que, se fosse passar no Dojo Kinomiya metade das vezes que precisavam ajustar uma matéria, iria dobrar de peso em tempo recorde. Já Max idolatrava o avô do colega e dissera a namorada que não se importaria se ela ficasse mais 'cheinha', o que lhe rendeu um tabefe e vinte minutos de sermão.

Takao continuava frustrado quando Ryuusuke voltou empolgado para a cozinha, dizendo que esperassem porque ele logo voltaria com o café da manhã dos dois, e deixando-o sozinho com uma Hiromi sorridente acomodada sobre uma das almofadas da sala. Takao puxou outra para si, sentando-se de frente para a mais recente frequentadora da sua casa.

- Como chegou aqui? – Perguntou, incapaz de disfarçar sua frustração. Hiromi não pareceu notar, distraída em tirar o casaco que usava, ficando com a camisa vermelha que estava por baixo.

- Todos conhecem o Dojo Kinomiya. É o único da região – Explicou – E eu moro só a três quadras daqui.

Takao constatou rapidamente a obviabilidade do primeiro fato, mas ficou surpreso ao ouvi-la mencionar o segundo. Não fazia ideia de que ela morasse tão perto.

- Três quadras? – Repetiu, incerto. Ela confirmou com a cabeça.

- Aham. Meus pais são os donos daquele restaurante no fim da rua da frente.

Takao conhecia o lugar, porque já tinha almoçado por lá com Max uma ou duas vezes, mas jamais imaginara que Tachibana ou qualquer um dos seus colegas vivesse ali, mesmo que a grande maioria dos alunos do seu colégio realmente morasse nas redondezas. Talvez Mao tivesse razão ao dizer que ele precisava treinar mais os seus 'sentidos de repórter'.

- Então, Takao – Hiromi o tirou de seus pensamentos com uma voz que lhe pareceu estranhamente alegre – Já tinha planejado algo específico para hoje?

Planejar cuidadosamente seus dias não era algo que Kinomiya Takao tivesse o costume de fazer, mas isso não o impediu de estranhar a pergunta. E então lembrou que ainda não sabia o que, afinal, Tachibana esperava fazer ali. Seu impulso natural seria o de perguntar por que demônios ela o procurara, mas a garota estava sendo tão anormalmente simpática que ele se sentiria mal em ser tão mal-educado. Ocorreu-lhe ainda que poderia dizer que já tinha pensado no que gastar seu precioso dia, mas ele sempre fora demasiado sincero para conseguir manter qualquer mentira por mais do que quinze segundos, de modo que logo descartou essa hipótese.

- Por que a pergunta? – Enfim rebateu com outra pergunta, meio desconfiado. Aquela situação toda lhe parecia cada vez mais estranha.

- Porque estava pensando que poderíamos fazer algo juntos – Hiromi respondeu sorridente, e por um segundo Takao imaginou, horrorizado, se ela o estaria convidando para um encontro – Sabe, já que eu vou te dar aulas por umas semanas, ia ser bom se começássemos a nos dar melhor, assim nossos estudos renderiam mais.

Ele engoliu um suspiro aliviado ao concluir que Hiromi não estava pensando em encontros, mas seu alívio não durou muito ao perceber que ela estava falando das aulas de álgebra. Estava tão concentrado em seu Domingo perfeito que já quase esquecera que ainda havia três semanas de puro pesadelo pela frente.

- Estudos? Mas ninguém estuda no Domingo – Gemeu. “Se bem que eu não me surpreenderia se a Tachibana estudasse...

- Não vim hoje para estudarmos – Disse ela, ao que ele se sentiu novamente aliviado – Só se você quiser, claro. Eu não me importo de lhe dar uma aula extra.

- Sem estudos – Takao foi categórico – Mas se não foi pra estudar, o que veio fazer aqui hoje?

- Eu já disse, achei que podíamos fazer algo – Repetiu, no tom que Takao recentemente aprendera que ela usava para explicar coisas óbvias – Eu estava falando com a Mao-chan ontem, e ela me convenceu de que nós deveríamos tentar nos relacionar melhor, você sabe, acabar com essas rixas infantis, afinal já somos quase adultos – Takao se perguntou qual parte de seus dezesseis anos incompletos significava um “quase adulto”, mas ficou quieto. – E como vamos ter que conviver por uns tempos, seria ridículo ficar brigando por coisas fúteis.

Takao engoliu em seco. Sabia bem a que tipo de 'motivos fúteis' ela provavelmente estaria se referindo, afinal, os dois passaram anos discutindo por coisas sem muita importância, como a pequena tendência que Takao possuía de fugir nas tardes em que deveria limpar a sala, ou sua sina de estar sempre atrasado, ou pelas vezes em que não entregara o dever de casa e inventara desculpas esfarrapadas como dizer que suas anotações tinham caído na máquina de lavar. Como dedicada (e chata) representante de classe, era Hiromi quem, até mais do que os professores, costumava cuidar desse tipo de coisa, pelo que sempre que os dois iam 'conversar', nunca era por um motivo agradável.

Para sua sorte, esse tipo de incidência havia diminuído de modo bastante considerável no último ano, já que Takao ultimamente se obrigava a ser minimamente responsável por seus deveres ou corria o risco de perder sua posição no jornal da escola (Como, aliás, estava acontecendo agora). Por sua vez, Hiromi parecia coincidentemente ter chegado à conclusão de que ralhar com ele diariamente por conta de cinco minutos de atraso na aula não contribuía em nada para o seu equilíbrio psicológico, de modo que os outrora frequentes embates épicos entre os dois tinham sido sensivelmente reduzidos. Takao nunca tinha parado para pensar nisso até o momento, mas agora, agradecia intimamente pelo que Mao chamava de 'possível amadurecimento gradual masculino' – traduzindo, por estar se tornando mais centrado.

- E... o que exatamente poderíamos fazer? – Perguntou, concluindo que deveria fazer um esforço para manter uma relação amigável. Se Tachibana estava disposta a fazer uma trégua, bem, ele não se importaria de ter um inimigo/problema a menos.

- Não sei... quer dizer, podemos ir passear um pouco, assistir um filme, jogar damas, sei lá. Só precisamos nos distrair um pouco – Hiromi disse, pensativa – O que você faz nos Domingos?

Ela provavelmente não ficaria muito satisfeita em saber que na maioria das vezes ele simplesmente passava o dia gastando os dedos em joysticks e tentando, normalmente sem sucesso, fugir das aulas de kendo, então Takao não ficou chateado por ter a conversa interrompida pela entrada do seu avô e do seu sempre bem-vindo café da manhã, mesmo que ele misteriosamente não estivesse com fome (algo raríssimo logo pela manhã). Nem por isso deixou de comer as torradas com três sabores diferentes de geleia e os bolinhos de batata.

- O senhor cozinha realmente bem, vovô Ryu – Hiromi comentou, maravilhada – Esses bolinhos são uma delícia!

'Vovô Ryu' era o modo como Ryuusuke costumava pedir que todos os amigos de Takao o chamassem. E nenhum deles jamais saíra sem provar – e aprovar – algum dos quitutes preparados pelo ancião. Takao sabia que seu avô gostava de ter a casa cheia, principalmente na falta de de seu pai e de seu irmão Hitoshi. E Ryuusuke simplesmente adorava crianças – que era como ele se referia a Takao e a todos os seus colegas desde sempre, e como o neto suspeitava que seria eternamente.

Se gabando orgulhoso de seus dotes, como também era comum, Ryuusuke ria e brincava se auto-elogiando, nem um pouco modesto.

- Quem sabe lhe ensino o segredo um dia – Disse, dirigindo uma piscadela divertida para a garota, outro dos rituais pelo qual os visitantes da casa passavam.

Vinte minutos mais tarde, depois de terem acabado de comer e de Hiromi ter se oferecido para ajudar com a louça, sobre o que Ryuusuke lhe respondera que havia pouca e que os jovens deveriam aproveitar o tempo se divertindo, Takao estava em seu quarto, acompanhado de sua visitante inesperada, em busca do seu jogo de tabuleiro preferido.

Hiromi observou a bagunça ao redor com um olhar escandalizado.

- Que horror! – Gemeu, esganiçada, ao perceber restos de um pedaço de pizza da noite passada escondido parcialmente debaixo da cama – Como você consegue dormir aqui? Parece um ponto de encontro de formigas!

Distraído em procurar a caixa que queria em cima do guarda-roupa, Takao apenas emitiu um vago 'Hn' em resposta, desinteressado. Embora admitisse que, realmente, estava um pouquinho atrasado para sua arrumação mensal do quarto – talvez duas ou três semanas, mas bem, não era um caso tão sério assim, era?

Procurou um pouco mais e não demorou a achar o que queria, junto de alguns mangás empoeirados e de sua velhíssima bola de vôlei, esquecida no alto do armário há um par de anos. Apanhou a caixa grande e e sorriu, soprando a parte de cima para tirar a poeira.

- Aqui está – Disse, orgulhoso – “Scotland Yard”!

Hiromi, que casualmente estava recolhendo folhas de papéis rabiscados bem debaixo de onde Takao soprou toda a poeira, lançou-lhe um olhar tremendamente maligno.

- Que ótimo – Ela resmungou, rabugenta, enquanto batia com uma mão a poeira de seu cabelo castanho-escuro – E sobre o que é esse jogo?

Takao sorria como se tivesse acabado de superar Hiwatari Kai na frente de todo o primeiro ano.

- É um jogo de mistérios – Ele saltou sorridente da cadeira para o chão, fazendo sua voz soar em um tom “misterioso” – Com crimes e tudo mais! Encara?

- Ah, claro, parece divertido. Vamos jogar – Hiromi disse.

É claro que Takao se sentiria mais satisfeito se ela tivesse demonstrado um pouco mais de empolgação em relação ao seu jogo perfeito, em vez de parecer muito mais interessada em arrumar os objetos espalhados pelo quarto. Mas nem mesmo isso o abalaria diante de seu plano perfeito.

- É bom se preparar – Ele avisou, sem se preocupar em disfarçar o sorriso malévolo – Não é pra te assustar, Tachibana, mas eu sou imbatível nesse jogo!

Nesse caso, Takao tinha motivos para ser convencido. Volta e meia, quando estavam reunidos na casa de alguém para uma noite do pijama ou coisa parecida, todos levavam seus jogos para passar o tempo, desde dominó e damas até os variados jogos de tabuleiro como Banco Imobiliário e Perfil III; e, dentre todos eles, Scotland Yard sempre fora o seu favorito, chegando a ponto de Max (seu dono original) resolver dá-lo de presente ao mesmo.

- Hnn... e como se joga? – Hiromi perguntou, fazendo uma careta involuntária ao vê-lo empurrando os livros da escrivaninha para o lado de qualquer jeito, a fim de acomodar a caixa.

- Fácil. Primeiro, cada um de nós pega um peão, uma chave-mestra, um distintivo e uma folha do bloco de anotações. Os peões começam na casa do Sherlock Holmes – Ele explicou, tirando os itens da caixa e abrindo o tabuleiro, colocando os peões na casa mencionada. - Você fica com o azul e eu com o branco, certo?

- Tudo bem por mim – Hiromi concordou, sentando-se em um banquinho que a deixava baixa demais para a escrivaninha, mas ignorou esse fato. Ainda estava concentrando suas forças para não sair arrumando o quarto, o que era particularmente difícil sempre que espiava a bagunça espalhada por cada cantinho do cômodo.

- Agora nós escolhemos um dos casos. Cada um deles tem algumas perguntas que devem ser respondidas para você ganhar o jogo – Ele continuou, enquanto empurrava os itens restantes para seus devidos lugares: as chaves no chaveiro e os distintivos na casa Scotland Yard. Depois escolheu ao acaso uma das cartas correspondentes aos 120 casos disponíveis para resolução do jogo; o escolhido foi “O caso da mecha prateada”. Takao o leu em voz alta duas vezes, explicando que qualquer um dos dois poderia reler o caso quando quisesse e algumas outras regras.

- Então, cada um dos lugares no tabuleiro tem uma dica diferente, certo? – Hiromi analisou os 14 locais do tabuleiro, como o Museu e a Charutaria, pelos quais eles deveriam mover seus peões e recolher pistas (as quais anotavam cada um em seu papel). Cada um dos lugares correspondia a uma pista diferente, e eles deveriam juntá-las para tentar responder às perguntas que vinham ao final de cada caso. Quando alguém achasse que tinha todas as respostas, deveria voltar à Casa de Sherlock Holmes e então declarar suas teorias, depois conferir no livrinho correspondente do caso; se acertar tudo, você ganha o jogo e os outros podem ler as respostas. Se errar, você sai do jogo e os outros continuam normalmente.

- Como somos só nós dois, se alguém errar, o outro pode apresentar suas respostas, e se errar também ninguém ganha – Takao concluiu, brincando com o dado, que logo atirou para Hiromi – Só porque você é iniciante, Tachibana, vou te deixar começar – E piscou com ar presunçoso.

- Que cavalheirismo da sua parte! – Hiromi sorriu, sarcástica e ao mesmo tempo divertida – Vamos ver do que você é capaz, detetive Kinomiya. – Zombou, atirando o dado.

Takao não pôde evitar sorrir. Tachibana nem fazia ideia do que a aguardava: simplesmente um campeão invicto. Ou quase. Bem, era verdade que Mao e principalmente Mariam eram também boas jogadoras e já o tinham derrotado algumas vezes, mas isso não era frequente. Max sempre fora averso a coisas complicadas demais e definitivamente morreria de fome se fosse detetive, de modo que não era realmente um problema no jogo. Já Kyoujyu, apesar de todo o cérebro que possuía, aparentemente era medroso o suficiente para se intimidar até mesmo com os casos fictícios do jogo, que, na opinião do mesmo, incluíam demais as palavras “assassinar”, “morte”, “arma” e “crime” – o pequeno nerd simplesmente não conseguia se concentrar em jogar enquanto inevitavelmente começava a imaginar os ataques furtivos às vítimas.

E quanto a Takao? Bem, ele simplesmente tinha o dom inato da coisa. Algo que ele gostava de nomear “talento”.

 

&&&

 

Meia hora depois, Takao se recusava a acreditar que aquilo estava realmente acontecendo com ele.

Hiromi cantarolava, feliz, enquanto recolocava cuidadosamente os itens do jogo na caixa, e ele reparou o quanto aquela mania de deixar tudo no lugar lhe parecia extremamente irritante no momento. Bufou.

- Foi pura sorte. – Resmungou consigo mesmo. Felizmente ou não, não suficientemente alto para que ela ouvisse, principalmente porque Hiromi parecia extremamente contente.

- Você tinha razão, Kinomiya, esse jogo é realmente legal – Disse, sorridente – Podíamos até jogar mais vezes! O que acha?

- É, qualquer dia desses... – Ele respondeu, sem vontade. Normalmente Takao exigiria imediatamente uma revanche, mas seu raciocínio ainda não havia absorvido completamente a ideia de ser derrotado por uma novata. Talvez precisasse de mais alguns minutos para a recuperação total de seu ego.

Além do quê, ele já não aguentava mais a garota comentando sobre todas as coisas obviamente deslocadas dentro do seu quarto. Estava começando a desconfiar seriamente de que Hiromi possuía algum trauma de infância que a impedia de encarar uma mancha em um armário sem sofrer de taquicardia... vai ver que, além de cadernos de classe, ela também sentia uma necessidade mórbida de organizar quartos. Ou talvez tivesse batido a cabeça quando menor e daí se tornado paranoica por limpeza.

De qualquer modo, vê-la recolhendo e ordenando os papéis da sua escrivaninha (que ele podia jurar que não tinham qualquer sentido entre si) era perturbador.

- Tenho uma ideia, Tachibana – Ele disse, quando começou a achar que logo ficaria louco com a garota revirando seu quarto – O que acha de irmos... visitar a Mao? – Foi a primeira coisa que lhe ocorreu dizer.

- É uma ótima ideia! – Hiromi concordou, maravilhada – Faz tanto tempo que eu não a visito!

Takao respirou mais aliviado ao ver que sua ideia a distraíra dos papéis.

- Então vamos – Disse, levantando-se – Preciso mesmo ter uma conversinha com ela – E não teria piedade. Podem crer.

 

&&&

 

Mao não era japonesa – nascera na China, e morava em Akebono em uma república feminina, onde Mariam também se hospedava. Claro que Takao só lembrou do último fato na metade do caminho até o lugar e já era tarde demais para desistir, então, teve de resignar-se com a ideia de encarar sua “chefinha” antes do tempo. Reconfortava-se lembrando a si mesmo de que isso seria inevitável à noite, de qualquer maneira.

Hiromi estava inegavelmente feliz ao seu lado quando ambos chegaram à república, e Takao estranhava tanta alegria por uma simples visita domingueira, mas deixou quieto. Era melhor tê-la alegre do que furiosa – em especial por normalmente ela estava furiosa com ele.

Foi a própria rosada que abriu a porta, sonolenta e levemente descabelada.

- Hnn, Takao – Ela gemeu, rabugenta – Isso não são horas de aparecer na casa de uma dama – Resmungou.

Takao não teve tempo para responder – Hiromi lhe passou a dianteira, empurrando-o um pouco para o lado no processo; isso era frustante se você considerasse que, como garoto, ele deveria ter mais força do que ela – seria sorte se tivesse dez centímetros de altura a mais.

- Hi, Mao-chan! – A morena cumprimentou, feliz, ignorando o estado da outra. Takao gemeu baixinho; tinha certeza de que ela não seria tão generosa se fosse ele quem obviamente estava acordando de dez e quinze da manhã.

- Oh, Hiromi – Mao parecia um pouco mais acordada agora, mas precisou de um segundo para raciocinar – Você veio me visitar? – Perguntou um pouco surpresa.

Hiromi acenou positivamente com a cabeça, sorrindo.

- Kinomiya sugeriu e eu achei uma ótima ideia. Fazia tempo que não vinha aqui!

Mao olhou o garoto, agora meio atrás da porta (já que Hiromi tomara seu lugar), depois voltou a olhar a garota sorridente. Por fim sorriu também, abrindo espaço para que passassem.

- Vocês deram sorte! A “Srta. K” saiu hoje – Anunciou, com um sorriso malvado.

“Srta. K” era como as hóspedes apelidavam sua exótica gerente – Takao não sabia bem porquê, já que só a vira poucas vezes, mas Mao definitivamente não simpatizava muito com a mulher.

- Querem comer alguma coisa? Temos muitas porcarias calóricas na geladeira – Mao ofereceu, divertida, enquanto Hiromi acomodava seus sapatos na entrada comportadamente. Takao não se importou em jogar os seus de qualquer jeito.

- Não, obrigada – Hiromi recusou educadamente, sentando-se no sofá de dois lugares cor de vinho – Já tomamos café da manhã, na casa do Kinomiya.

Takao se atirou em um puff do outro lado, ignorando o olhar obviamente divertido que Mao lhe lançava.

- O vovô sabe como agradar os paladares – Ela comentou, rindo, enquanto sentava ao lado da outra no sofá – Você que o diga, hein, Takao?

Mao não parecia nem um pouco constrangida pela presença do mesmo, embora ainda estivesse vestindo seu “pijama” – uma regata branca meio justa e short curto da mesma cor. Talvez o próprio Takao ficasse constrangido por isso, se no momento seus pensamentos não estivessem tão concentrados na ideia de esganá-la.

As duas garotas passaram alguns poucos minutos fofocando sobre algo que Takao não fazia a mínima questão de entender, até que de repente Mariam apareceu na escada, descendo despreocupadamente. Por um instante Takao se encolheu, mas aparentemente ela estava de bom humor, já não lhe lançou nenhum olhar maligno ou qualquer coisa do gênero; apenas exibiu um meio sorriso ao vê-los, olhando particularmente Hiromi com estranha satisfação.

- Fazendo uma visita, Tachibana? – Perguntou, sorrindo de lado. Ela realmente sabia como parecer uma atriz de cinema. – Alguma ocasião especial?

Takao conhecia aquela fisionomia; Mao também. Mariam parecia achar que Hiromi tinha alguma informação sobre uma possível matéria que estivesse escrevendo, e quando Mariam achava isso, ela investia até tirar a prova.

- Eu vou pegar um copo de leite – Mao disse, piscando para Hiromi antes de se levantar e ir até a cozinha; Mariam sentou-se no encosto do sofá, mas não antes que Takao rapidamente aproveitasse a oportunidade e se esgueirasse de fininho até a cozinha também.

- Aí está você, sua traidora – Ele murmurou, ameaçador, para a garota que agora tirava a caixa de leite da geladeira. Bem, pelo menos tentara soar ameaçador; tinha parecido mais com um pirralho birrento – Que ideia foi essa, dá pra me explicar!?

Ela o encarou com seu ar mais inocente.

- Você não gosta de leite?

- Não! Quer dizer, eu gosto, mas não é disso que estou falando – Ele levou um segundo para lembrar-se novamente do que ia falar – O que é que você foi dizer pra Tachibana? Ela apareceu hoje no dojo dizendo que nós “poderíamos fazer algo juntos”! – Takao parecia cada vez mais frustrado.

Mao conteve o impulso de rir.

- Ora, Takao, isso é uma coisa boa! Vocês vão acabar ficando amigos, está vendo? Vai ser melhor do que brigar. Além disso, vocês ficam tão bonitinhos juntos – Ela acrescentou com ar sonhador.

Ele fez uma careta.

- Bonitinhos? Eu não vou ficar bonitinho quando ela resolver me deixar em detenção o resto da vida por chegar atrasado – Dramatizou.

- Não seja exagerado. Você pinta ela muito pior do que é, além disso, você seria menos alvo dos professores se os dois ficassem amigos – Ela argumentou, com empolgação crescente – Imagine só! Seria tão perfeito! E tão fofinhos – E suspirou.

Por um instante, Takao franziu as sobrancelhas, se perguntando por que diabos ela parecia falar de algum tipo de personagem de filme romântico em vez da sua explosiva monitora. Depois a ficha caiu – e seu queixo também.

Ele a encarou, mortificado.

- Não pode estar considerando isso a sério – Murmurou, segundos depois, quando finalmente lembrou de que tinha uma voz.

Mao deu de ombros com desinteresse fingido.

- Não posso ter esperanças? É uma possibilidade – Disse, na maior cara-de-pau que Takao já

vira. E olhem que ele era um grande exemplo de cara-de-pau.

Ele gostaria de ter dito que não, que aquela definitivamente NÃO era uma possibilidade e que ela estava definitivamente ficando louca, mas Hiromi entrou na cozinha primeiro, quase matando-o de susto.

Sem entender, Hiromi o olhou um pouco desconfiada. Ele a encarava de volta com horror.

- Kinomiya – Hiromi começou, a voz cautelosa – Está se sentindo bem? Você ficou pálido – Observou, estranhada.

Takao parecia ter esquecido o caminho de sua voz – na verdade, parecia ter esquecido de respirar. Diante da falta de resposta, Hiromi ficou ainda mais estranhada e encarou Mao, que fazia um esforço enorme para não rir.

- O que aconteceu com vocês? – Perguntou, dividida entre a curiosidade e a desconfiança. Mao abriu um sorriso tranquilizador.

- Nada não. Acho que o Takao engasgou um pouquinho, mas ele já vai melhorar – Ela parecia tão convincente que o próprio Takao quase acreditou – Hei, Hiromi-chan, eu tenho uma ideia. Já que está aqui hoje, que tal aproveitarmos para assistir aquele filme que combinamos mês passado e que tivemos que cancelar por causa das provas? Ainda estou louca pra ver – Concluiu, empolgada de maneira tão genuína que seria impossível dizer se fingia ou não.

Surtiu efeito; Hiromi voltou a ficar sorridente.

- Sim!! Boa ideia! Eu tenho registro na locadora da esquina; posso ligar pra lá e pedir! – Disse, feliz, apanhando o celular no bolso do casaco lilás.

Segundos depois, quando ela saiu até a entrada para conseguir um sinal melhor, Mao não pôde mais segurar; estourou em uma gargalhada tão forte que precisou se apoiar na mesa para não cair.

O barulho acordou Takao do transe hipnótico; ele a olhou, chacoalhando de tanto rir, e fechou a cara em um bico emburrado.

- Isso não é engraçado!! – Ele protestou – E nunca vai acontecer!

Mao o ignorou, se concentrando em conseguir respirar.

- Oh, Deus – Conseguiu balbuciar no meio do riso, sem fôlego – Eu não acredito... eu não acredito que você realmente caiu nessa!!

Dessa vez ele não demorou a entender; seus olhos se arregalaram, incrédulos.

- Quer dizer que você só estava tirando com a minha cara?

A gargalhada histérica dela parecia deixar bem óbvio que sim.

Takao bufou, dividido entre o alívio, a irritação e a frustração de ter caído naquela. Não teve tempo de decidir; nesse instante Hiromi voltou, levemente insatisfeita, e prendeu seu braço no dele, puxando-o.

- A locadora não entrega hoje – Explicou – Você vai até lá comigo buscar o filme! – Disse, autoritária.

Takao fez uma careta, tentando inutilmente esquivar-se, enquanto tinha a nítida impressão de que as risadas de Mao, que já tinham quase sossegado, voltavam com força total. Mas era difícil contestar Hiromi quando ela realmente decidia alguma coisa, e não era de hoje que ele havia descoberto isso.

- Por que eu tenho que ir com você? – Ele resmungou, rabugento. Não se dera ao trabalho de fingir qualquer nota de gentileza, mas Hiromi estava concentrada demais para se importar.

- Não fica bem uma dama ir sozinha – Ela respondeu com ar levemente presunçoso – E a Mao-chan está de pijamas!

No momento, Takao não se importaria nem um pouco em colocar Mao de pijama no meio da rua. Ficou satisfeito que pelo menos Mariam não estivesse mais à vista, assim tinha uma testemunha a menos daquela cena.

Hiromi sabia ser suficientemente ameaçadora quando queria; o soltou quando os dois pararam para calçar os sapatos, mas sua expressão dizia claramente que ele se arrependeria se tentasse qualquer fuga mal-pensada. E a pior parte é que ele sabia que era verdade.

- Está bem, está bem – Resmungou de má vontade, enquanto os dois passavam pela porta – Vamos pegar a porcaria do filme.

Hiromi deu um sorriso levemente maligno, voltando a enlaçar seu braço com o dele.

- Bom menino – Disse, um tanto quanto perversa; Takao se limitou a fazer uma careta.

 

&&&

 

- Eu não alcanço – Hiromi murmurou, frustrada, ao perceber que míseros dois centímetros separavam seus dedos o mais esticados possíveis da caixa que desejava – Droga. Pega pra mim, Kinomiya – Mandou, abrindo espaço para ele.

Takao não contestou dessa vez; era bom que a pouca diferença de altura que tinham pudesse fazer alguma diferença, para variar. Podia ser idiota, mas também era um pouco reconfortante.

Ele se esticou apenas um pouco para alcançar o filme, mas quando foi entregá-lo à Hiromi, viu que ela agora o encarava com um pouco de surpresa, como se tivesse acabado de perceber nele algo totalmente novo.

- Nossa – Murmurou, piscando – Você ainda tem esse boné?

Takao precisou de um segundo confuso para lembrar, então entendeu. Há mais de três anos atrás, ganhara aquele boné do irmão Hitoshi, numa das curtas paradas que o mesmo costumava fazer no Dojo Kinomiya. Era um Domingo. Na Segunda, levara o boné escondido até a escola; o uso lá era proibido, mas ele quisera teimar. Naquela época ainda não completara doze anos e era extremamente teimoso, para não dizer irritante. E idolatrava o irmão. Por mais que os professores tentassem, não queria tirar o presente de Hitoshi, nem sob tortura.

Hiromi já era representante de classe nessa época. Se conhecendo o gênio dos dois, não devia ser muito difícil imaginar o que acontecera.

Takao sorriu; já fazia muito tempo. Quase tinha esquecido de como era nos seus tempos de moleque irreprimível, quando ele atirava às favas seu boletim e fugia rindo da limpeza de salas. Fora uma época divertida.

- Bom, você não pode me proibir de usá-lo dessa vez – Ele observou, divertido. Hiromi riu.

- Acho que não – Concordou – Não que eu quisesse; fiquei uma semana com dor de cabeça depois daquele dia. – Comentou, se divertindo também.

Ambos riram, mas alguns instantes depois, quando parou para pensar no assunto, Takao percebeu com certa surpresa que nunca tinha pensado antes no lado de Hiromi; ela também se aborrecia com as brigas dos dois, afinal. Era estranho pensar assim; por algum motivo, sempre tivera a imagem inconsciente de que ela jamais se abalava com esse tipo de coisa.

- Então – Ela deu um leve tapinha no ombro dele, ainda sorrindo – Vamos procurar o filme

que você queria?

Isso o fez voltar ao mundo atual; os pensamentos de anos atrás voltaram ao pequeno lugar de sua mente em que sempre estiveram guardados, esperando.

- Vamos lá – Ele concordou.

Takao tinha ao menos conseguido impôr uma condição para sua companhia; prevendo – com exatidão, diga-se de passagem – que o filme que as duas escolheriam seria com certeza uma comédia romântica, convenceu Hiromi de que era justo deixá-lo escolher um filme também. Escolheu um de terror, seu gênero favorito – sabia que Mao não tinha qualquer medo deles, então não viu problemas, mas teve de admitir a si mesmo que ficou vingativamente satisfeito ao descobrir, horas mais tarde, que Hiromi tinha pavor mortal dos mesmos.

Apesar de tudo, nenhum deles poderia negar que tinham se divertido bastante. Hiromi deixou a república perto das três da tarde – disse que ainda queria estudar um pouco naquele dia, o que obviamente fez Takao torcer o nariz.

Ele mesmo também deixou o lugar, duas horas depois, para tomar banho e trocar de roupa no dojo, além de apanhar pipocas e mais uma ou duas bugigangas. Como tinha tempo, aproveitou para jantar também. Chegou na casa de Max às sete e dez; os outros já estavam lá, como sempre.

- O último de novo, Takao – Mao observou, presunçosa.

Takao fez uma leve careta ao ver que, pra variar, ela usava um conjunto cor-de-rosa. Não que fosse surpresa. Há tempos atrás, quando a conhecera, perguntou se ela era daltônica ou qualquer coisa do tipo para sempre estar usando aquelas roupas horríveis; desnecessário dizer que ele quase foi esganado. Naquele mesmo dia descobrira que, apesar de na maior parte do tempo parecer absolutamente meiga, Mao, quando irritada, também não tinha um gênio dos melhores.

- Senta aí, Takao – Max chamou, comendo uma porção de pipoca – Primeiro vamos assistir os de terror – Disse, sorridente.

Os filmes de terror nunca foram um problema para o grupo, já que Mariam também não se incomodava em nada com eles. Takao estava feliz que a garota estivesse de tão bom humor naquele dia, ou talvez ele devesse ficar com medo – e não era do filme.

- E o que estamos esperando? Vamos começar a diversão! – Disse, empolgado, jogando-se sobre as almofadas improvisadas no meio da sala. Mao apagou a luz antes de se juntar aos outros, e agora a única fonte de luz era a tevê de vinte e nove polegadas.

- Vamos começar a diversão – Max repetiu, divertido. Então apertou o “play”.

Durante as próximas horas, Takao sem dúvidas teve entretenimento suficiente para esquecer completamente das suas aulas de álgebra no dia seguinte.

 

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Wow wow wow, eu realmente demorei dessa vez... Peço desculpas, gente! A culpa é da faculdade... (Olhar atravessado)
Acho que eu realmente perverti a Mao nesse fic (Meeedo)
O Takao é tão infantil que chega a ser adorável (Risos) Gostei de fazer a Hiromi nesse capítulo, mas acho que não ficou tão bom quanto os outros dois... bah, dane-se, eu recupero depois. Pelo menos ele ficou um pouco maior; os curiosos vão reparar que tem uma página a mais (Risos)
Esse foi parado, mas eu prometo que no próximo capítulo vai ter ação! E O KAI APARECE!! Oh Yeah!! (Risos esquizofrênicos)
Tá, parei (Pigarro)
Agradeço a todos pelos maravilhosos reviews! Valeu pelo carinho, gente, adoro vocês! E agradeço de antemão a todos que comentarem nesse capítulo também (Pisca)
Até o capítulo quatro!



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