Fiquei ali, parado, sem saber o que fazer. Minhas mãos indo de encontro à sua cintura, mas hesitando no meio do caminho. Minha boca sem saber se aprofundava o beijo ou se continuava parada, deixando Frank fazer todo o trabalho. Muitas imagens e sentimentos passaram por mim, como um furacão. Eu sentia como se...

... Como se eu estivesse completo.

-F-Frankie... – gaguejei, quando nos separamos. Ele olhava para baixo, como uma criança que fez algo errado. Ri baixinho, pensando no quanto ele era fofo, e ergui seu queixo – Frankie, qual é o problema?

-Eu sou um idiota. É esse o problema. – murmurou ele

-Você não é idiota. – balancei a cabeça – Só um pouco inconsequente. – ele riu sem humor algum.

-Não, eu sou idiota mesmo.

Balancei a cabeça novamente.

-Não. Você é muitas coisas, mas com certeza não é idiota. Agora... Por que tudo aquilo com a Lisa?

-Então... – ele começou a corar mais ainda, se é que isso era possível – Depois que eu saí de casa, permaneci do lado de casa. Acabei encontrando Bert e tive que dar uma desculpinha de que ia sair e tudo o mais, mas permaneci na parte de trás da casa. Fui escutando tudo o que vocês diziam e... Bom... Quando ouvi que vocês iam ao supermercado... Eu tinha que ir para lá também...

-Por quê? – interrompi-o.

-Para ter certeza de que você não iria até lá só pra pegar alguma mulher. – disse ele, corando muito. – Só que eu não podia aparecer lá sem ninguém... Mas todos os meus amigos estavam com as namoradas ou estavam... Dormindo. – ele bufou, murmurando algo sobre “amigos filhos da puta” – Então... Só me restou a Lisa. Pedi para ela para que fingisse estar namorando comigo só para te deixar com ciúmes e, em troca, eu daria a ela alguma coisa sua.

-E você deu? – arqueei uma sobrancelha. Frank riu.

-Não, pode deixar.

-Ah, bom. – suspirei, aliviado.

-Enfim, eu fiz isso, fui ao supermercado e encontrei você. Fingi estar surpreso e tudo o mais, mas eu realmente fiquei surpreso quando vi você sair correndo. Deixei Lisa no supermercado e vim correndo atrás de você. O caminho todo, fiquei imaginando se deveria ou não... Você sabe... Dizer o que sinto por você. – ele deu de ombros – Até que decidi que diria... Mesmo que isso custasse nossa amizade. Portanto, Gerard Way... – ele se aproximou – ... Eu te amo. Você não sabe o quanto. Desde que te vi no jardim de infância, eu tive a certeza de que seríamos grandes amigos, mas... Na sexta série, percebi que queria mais do que isso. Só que eu não consegui arranjar um jeito de mostrar-lhe o que eu queria, por isso comecei a ser esse baixinho irritante que eu sou. Era só pra chamar a sua atenção... Mas acabou gerando o efeito contrário, você começou a se afastar de mim e eu fiquei desesperado e possessivo, porque achava que você poderia estar começando a se apaixonar por outra pessoa. E eu não queria ver você com mais ninguém... – ele esticou o braço e acariciou minha face – Eu queria você para mim... Mas é claro que eu não podia ter. – ele suspirou tristemente – Por isso eu acabei armando aquele plano e... É. Desculpe. Sinto muito mesmo.

Continuei observando-o, paralisado pelo espanto. Era muita informação para a minha cabeça.

-Gee? – chamou ele, franzindo a testa – Alôô... Terra chamando Gerard. – ele estalou os dedos na minha frente. Não respondi, simplesmente olhei para ele e beijei seus lábios novamente, dessa vez, sabendo o que deveria fazer.

-Frankie, eu te amo. – admiti – Não sabia disso até agora, mas eu te amo.

Frank ofegou e sorriu, me abraçando. Quando nos separamos, sorri e disse:

-Só prometa nunca mais me deixar assim...

-Assim como? – indagou ele.

-Desesperado, triste e confuso. – ele riu e balançou a cabeça afirmativamente.

-Pode deixar. Mas só não vou fazer isso se você prometer não sair com a Lisa! – ele fechou a cara. Ri abertamente.

-Meu anjinho ciumento! – beijei a ponta de seu nariz e ele revirou os olhos.

-Cala a boca! Só estou cuidando do que é meu.

-Como eu disse: ciumento.

Ele fez cara de indignação e eu ri.

-Calma, meu amor! Eu gosto de você do jeito que você é. – acariciei seu rosto e ele fechou os olhos.

-Você não sabe o quanto eu esperei por isso... – sussurrou ele, com uma felicidade incontida na voz. Sorri e me aproximei dele, passando a ponta de meu nariz por seu rosto. Ele mordeu o lábio inferior. Beijei seu rosto e o puxei para perto, aconchegando-o em meus braços. Comecei a fazer carinho em seu cabelo e ele suspirou.

É. Ele estava feliz.

-X-

-Gee? O Frank entrou aqui e não saiu mais, você viu... Gee?! Frank?! Mas o quê...

Eu e Frank nos entreolhamos e rimos da expressão atônita de Mikey. Seus olhos estavam tão arregalados que deram um pouco de medo.

-Que foi? Só você e o Ray podem? – mostrei a língua. Frank arqueou uma sobrancelha – Depois eu explico.

-Oi? Do que você está... Ah meu deus, você viu aquilo?! – ele franziu a testa – Para de ficar tomando conta da minha vida!

-Não estou tomando conta, só estava curioso.

-Fofoqueiro. – resmungou ele – Mas então... Explicações?

-“Para de ficar tomando conta da minha vida!” – falei, imitando a voz de Mikey. Ele estreitou os olhos e deu uma risadinha irônica.

-É sério, porra.

-Ué, não tem o que explicar. Eu amo o Frank, o Frank me ama... E estamos namorando! – sorri em direção a Frank, que sorriu de volta para mim. Mikey balançou a cabeça, ainda levemente atônito.

-Sério, vocês dois são estranhos. Muito estranhos. – disse ele, mesmo que com um pequeno sorriso no rosto. De repente, Ray apareceu atrás dele.

-Mi? O que ac... Ah, oi, G... Ei, espera... Mas o quê... – Ray estava tão atônito quanto Mikey estava. Era uma cena meio engraçada de se ver, os dois com caras assustadas. Porém, a cara de Mikey se normalizou pouco tempo depois e ele olhou para Ray com um olhar doce.

-Longa história. Vamos lá pra baixo que eu te explico. – ele deu um sorrisinho e puxou Ray pela mão. Ele deu de ombros e seguiu Mikey, ainda visivelmente confuso. Olhei para Frank e nós dois rimos.

-Que casa cheia de amor. – disse ele, ironicamente.

-Pois é. – ri divertidamente.

-Desde quando eles... ?

-Desde hoje, pelo visto. – dei de ombros – Quer dizer, desde quando eles se gostam, eu não sei. Mas só hoje começaram a namorar, eu acho.

-Oh. Entendo. – ele franziu a testa, mas deu de ombros – Os dois são bonitinhos juntos.

-Não são? – sorri – Mas sabe o que é ainda mais bonitinho?

-O quê?

-Você. – sorri de novo. Ele corou e olhou para o lado, visivelmente acanhado – Hah, meu anjinho ciumento também é tímido?

-Sim. E seu anjinho ciumento te ama. – ele beijou meus lábios.

-Eu sei disso. E eu amo ele. – passei os dedos levemente por seu rosto. Ele balançou a cabeça, rindo baixinho – O que foi?

-Você é inacreditável. Apesar de todos os meus defeitos, você ainda consegue ser tão doce comigo.

Dei de ombros.

-É que, apesar das seis coisas que eu odeio em você, ainda existe a sétima, que é a que mais me encanta.

-E quais são as sete coisas? – perguntou ele, fechando os olhos e recostando a cabeça em meu peito.

-Você é infantil, irritante, ciumento, teimoso, inventa desculpas para tudo, me faz chorar... Mas, acima de tudo, você é o mais perfeito ser humano. E é o meu baixinho preferido. – beijei sua testa. Ele abriu os olhos, sorriu bobamente e me abraçou ainda mais.

Sim, era bom ter aquele baixinho em meus braços.