DEMI POV...

Havia acordado alguns minutos antes, pela manhã. Já estava muito melhor do que quando havia acordado ontem na tarde anterior, mas minha voz ainda estava fraca obviamente, eu fazia muito esforço para formular uma pequena frase. Minha mãe entrou no quarto de novo, quando o médico se retirou e me abraçou novamente. Consegui dar um sorriso fraco.

- Estou tão feliz que você acordou! Já não estava aguentando mais todo dia te ver de olhos fechados. – Ela deu um sorriso largo para mim, se sentando em uma cadeira ao lado da minha cama –

- Quanto tempo que eu...fiquei em como? – Sussurrei.

- Quase três meses! Mas isso não importa agora, você está se recuperando agora e isso já é tudo de que precisamos. Você não imagina como todos nós sentimos sua falta...

Minha mãe falava sem parar enquanto eu apenas assentia quando ela parava um segundo para respirar. Eu estava com pensamentos em outros lugares, quer dizer, em outra pessoa, estava com medo de perguntá-la o que eu queria tanto, mas sabia que uma hora teria de fazer isso.

- Mãe... – Sussurrei novamente com a minha voz falha e rouca.

- Sim, querida?

- E... E o meu pai? – Rapidamente o sorriso que ela lançava-me se desfez e seu rosto ficou preenchido por apreensão.

- Filha, é melhor a gente não falar disso até...

- Não! Eu quero saber, o que aconteceu? – Insisti.

- Ele...ele... – Elena prendeu a respiração, dando um suspiro logo depois. Ela deixou a frase solta, mas não foi preciso terminar para que eu soubesse o significado.

Ficamos em silêncio durante algum tempo, enquanto eu refletia. Eu simplesmente não conseguia imaginar o fato de o meu pai ter morrido, eu nunca havia pensado que isso pudesse acontecer tão recentemente, mesmo depois de tudo, eu realmente não queria que ele morresse, pois acho que o amor de filha não morre nunca, mesmo diante de tudo.

Deixei que as lágrimas escorressem por minha face silenciosamente sem impedi-las, focando meus olhos na parede.

- Quando aconteceu? – Perguntei simplesmente.

- Alguns dias depois de vocês dois se internarem. Ele não aguentou.

- Eu sinto muito. – Minha mãe disse com um sentimento de pena na voz.

- Tá tudo bem. – falei, passando as mãos em minhas bochechas para tirar o excesso de lágrimas.

Depois disso quase não falamos nada, apenas o necessário. Passei o dia inteiro confinada naquele quarto fazendo um tipo de fisioterapia. Até que não era ruim, mas mil vezes estar bem, é claro.

A noite chegou e eu fiquei assistindo um seriado na pequena TV que havia ali até pegar em um sono sem sonhos.

                                                         (...)

No dia seguinte, Justin veio aqui depois do almoço, ele dissera que só o avisaram que eu havia acordado ontem à noite. O menino me encheu de perguntas, como “Você está bem?” “Está sentindo alguma coisa?” e coisas desse tipo. Eu sempre respondia com uma paciência que eu perdi depois da vigésima vez que ele perguntou isso. Anna também veio, mas ela era sempre mais controlada que qualquer pessoa que eu já conheci e só me confortava ou algo do tipo. Tudo estava correndo bem conforme o tempo, eu estava apenas me recuperando de tudo que acontecera nos últimos dias, não só fisicamente como também emocionalmente.