Os dias estavam se tornando um passado de forma engraçada, em alguns momentos sentia que estavam se passando rápido, já em outros achava que estava demasiadamente entediada por causa da lentidão que tudo se prosseguia. Pelo menos tudo estavam caminhando para seus devidos lugares, finalmente sentia que tudo estava fazendo sentido em minha vida, não ficava confusa em relação aos meus sentimentos. Quer dizer, algum tempo atrás eu falava que conseguiria superar Justin e no outro minuto já estava me auto desmoronando, porem felizmente não tenho mais este conflito com minha mente. Isso não quer dizer que eu não o amo mais, o sentimento continuou intacto em meu coração, eu só aprendi a escondê-lo para tentar controlar todas as minhas emoções, de uma forma que não ficasse reprimida em relação a ele.

Eu realmente estava me sentindo bem, mais forte, como se nada me impediria de buscar a felicidade outra vez, poderia haver vários obstáculos que eu sentia que teria coragem de passar por cada um deles novamente, como eu passei por este. Olhando para trás, havia percebido que realmente não foi fácil tudo o que passei, mas sabia que em meu íntimo sempre houve uma faísca de coragem lutando para eu finalmente conseguir liberá-la, assim o fazendo mais tarde. Mas de alguma forma sabia que todos os problemas foram só uma base para me fazer forte, que não poderia me culpar ou me reprimir por todas as automutilações, os transtornos alimentares, era mais forte que eu, só o que eu posso agora é sentir orgulho de mim mesma por tê-los enfrentado. Obviamente não foi tão fácil, mas pelo menos eu o fiz, e é isso que importa, sinto que não vale a pena questionar o porquê de tudo não ser fácil, porque a vida continua, e você não pode ficar chorando pelo passado, pois se ele fosse bom, não teríamos o presente e futuro.

Finalizei minha reflexão quando fechei o zíper da segunda mala. Sim, por causa da minha recuperação bem realizada eu estou indo embora da Timberline Knolls, definitivamente. Estava um pouco surpresa, como se não conseguisse acreditar, afinal, foram longos três meses internada aqui; alguns dias bons, e outros completamente horríveis, mas necessários para minha recuperação.

– Está pronta, Demi? – Morgan disse assim que entrou no quarto me assustando um pouco.

- Sim, pode me ajudar a carregar essas malas até a recepção, por favor? – Murmurei com uma voz inocente.

Morgan assentiu e pegou a maior mala, carregando-a para fora do quarto. Segui a mesma até a recepção, onde minha mãe me esperava com um sorriso simpático.

- Vou sentir sua falta, Demi. – Morgan interrompeu meu pequeno devaneio.

Olhei em sua direção, dando um sorriso melancólico.

- Também vou sentir a sua, quem sabe nos reencontremos futuramente. – Falei, em um tom de brincadeira, logo depois mudando para um semblante sério. – Obrigado pro tudo que você fez por mim, Morgan, eu nunca vou esquecer o quanto você me ajudou. – Abracei-a, não conseguindo deter as lágrimas.

- Foi um prazer te ajudar, você é uma menina especial, sempre se lembre disso. – Ela também derrubou uma lágrima. – Se cuida. – Morgan me soltou.

- Você também. – Dei um último sorriso e me virei para Elena, minha mãe.

– Vamos?

- Claro, já assinei todos os papeis necessários, só falta irmos, estamos um pouco atrasadas para nosso voo. – Ela pegou a mala que Morgan carregava e se encaminhou até a porta.

– Até futuramente Morgan. – Disse sorrindo, a mulher acenou para mim.

Segui minha mãe até a entrada da clínica, onde havia alguns paparazzis, pelo fato de eu ter anunciado no twitter o dia da minha saída.

Eles me encheram de perguntas, que eu não pude escutar com todas as vozes ecoando. Simplesmente fiz um sinal de paz e amor com os dedos e entrei no carro.

- Agora, ao aeroporto! – Minha mãe disse animada.

- Porque está tão alegre? – Perguntei. A mesma me olhou.

- Minha filha está saindo de uma clínica de reabilitação, acha que eu não tenho motivos para ficar alegre? – Sua voz estava num tom ofendido, como se fosse de brincadeira.

Tentei não mostrar que estava surpreendida com a resposta. Ela estava realmente demonstrando que se importava comigo, e isso me deixava demasiadamente feliz.

- Pra onde vamos quando chegarmos em Los Angeles? – Perguntei-a.

- Para a nossa casa, aonde mais iríamos? – Meu sorriso se desmanchou automaticamente.

Não sabia se Mellany estava lá, e também não queria perguntar a minha mãe por medo de ela me questionar o porquê de eu não gostar da minha irmã, sem contar que correria o risco de Justin também estar presente, afinal, o pai dele também mora lá.

- O Justin vai estar lá mãe? – Não resisti ao impulso, contrariando meu orgulho. Ela me olhou de relance.

- Não sei, as vezes ele vai lá. – Ela respondeu despreocupadamente. – Mas uma hora ou outra você vai ter que vê-lo, não é mesmo? – Ela mudou seu tom para cauteloso.

Era verdade, uma hora ou outra eu teria que vê-lo, só não sabia se estava preparada para isso agora.

- Não fique se agoniando com isso filha, você ainda vai encontrar uma pessoa que te faça feliz. – Ela afagou meus cabelos de leve; outra coisa que nunca a imaginaria fazendo comigo, o mundo dá mil voltas.

Ficamos o restante do caminho em silêncio, mas não estava tenso, e sim um clima descontraído pairando sobre nós duas.

Chegamos ao aeroporto e fizemos todas as burocracias necessárias, entrando no avião logo após ouvir a chamada para o nosso voo, que passou rápido, pelo fato de eu ter ouvido todas as músicas do meu iphone.

Quando desembarcamos, haviam mais paparazzis do que na porta da clínica. Não estava incomodada com eles, me acostumei um pouquinho antes de me internar na clínica.

Respirei fundo, sentindo o ar de Los Angeles invadindo meus pulmões, havia muito tempo que não vinha aqui, e neste meio tempo, aconteceram tantas coisas...

Saímos do aeroporto e pegamos um taxi. Estava observando cada ponto da cidade, como se estivesse relembrando de todos meus momentos aqui. Porem, de agora em diante, tudo iria mudar, não seria igual ao meu passado, e seria para melhor.