Maiko escrita por AngieB


Capítulo 3
O Pássaro Intocável




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3. O Pássaro Intocável




- House?! Está tudo bem?


A voz de Wilson fez com que ambos voltassem a realidade. O elo se quebrou.


- Dra. Cameron, eu não lhe disse...- falou House- ...é uma amizade obsessiva,  não posso nem terminar uma entrevista. Contudo, estamos acertados, segunda você começa...


Wilson apenas revirou os olhos.


- Dra. Cameron? Eu sou Dr. Wilson, chefe do Departamento de Oncologia. Seja bem-vinda!


E estendeu a mão em cumprimento.


- Obrigada, Dr....Um prazer...

- Não ligue para o que esse velho bastardo fala, cão velho só ladra. Longo tempo de amizade saber melhor...- e deu um belo sorriso.


Cameron sentiu-se realmente bem vinda por aquele médico, e lhe respondeu o sorriso. E o velho bastardo, quem assistia tudo, teve uma erupção incompreensível de ciúme pela sua nova pupila.


- Ok..ok...Wilson. Eu já avisei para Dra. Cameron que você é um verdadeiro Barba Azul. Com ela seria...esposa n. 8?


A médica olhou divertida para o escarlate que cobriu o rosto do jovem médico. Este apenas mostrou a mão esquerda.


- House, eu sou casado... Você sabe que...

-Dra. Cameron, desculpe-me, eu me perco nos casamentos do Wilson... Então quando você quiser... Podemos.. Tomar um café juntos... Já não preciso mais me fazer de melhor amigo... - e fez um ar de sedutor.


Ela o olhou divertida, mordeu o lábio ao abaixar a cabeça e ensaiou um sorriso. Olhou para o Dr. Wilson e se despediu.


Por um momento estranho, ela e House ensaiaram uma nova despedida, contudo ficou apenas uma dança estranha e desencontrada e cortadas palavras. O momento foi estranho.


E ele jurava que ela tinha olhado para trás ao sair.


- Você me deve 100 dólares! – House olhou para o amigo que gritava, enfadado-... Não aceito mais cheques seus. Creio que esta foi a aposta mais fácil que eu ganhei de você... - Wilson estava com um ar de triunfo digno.

- Não enche, Jimmy. Se você não parar eu vou despedi-la...

- Não importa, você já perdeu a aposta. O termo era “contratar”...

- E o termo para você é “pé no saco”... E você terminou com a minha pipoca TODA?!


Eles já estavam andando pelo corredor contra a maré da loucura do hospital àquela hora.


- E que historia é essa que você não lembrava que sou casado? Você foi meu padrinho!

- Sim, como das outras centenas de vezes. Eu uso o mesmo discurso, só troco o nome da noiva, se for preciso...

- Você consegue ser hilário. Mas desta vez é real, sinto que vamos envelhecer juntos...

- Ah... Com certeza, aposto 500 dolares que... –e House percebeu o olhar do amigo- ...Ok, não aposto com você. Vou falar com a Cuddy. Mas o que deu em você para invadir o consultório daquele jeito, você não tem “timing”?

- Sim, e por isso eu intervi. Você lá com a cara de quem toma sorvete de chocolate pela 1ª vez, e a pobre da moça era o sorvete... É uma entrevista de trabalho, House! Você consegue estragar tudo mesmo ali...

- Eu sei, não precisa ficar me lembrando.


Houve uma pausa.


- Aproveitando, conte-me a razão de contratar a moça tão rápido? Ela não era mais bonita que a bombshell...

- Você me julga tão fútil? Impressionante.

- House, pare com a atuação. Você até ...REALMENTE...sabia o nome dela. E depois de algumas horas? O Chase você nem ...

- Os sapatos.

- Que tem? De quem?

- Os sapatos DELA! Ora de quem! Você, as vezes, me faz reavaliar esta amizade.

- O que? Você está lendo Marie Claire agora? O que estes tênis ridículos dizem de você? Complexo de Peter Pan?

- Ok, Wilson. Não falo mais nada, pode morrer de curiosidade com a tua arrogância...- e o amigo fechou a cara.

- Ok, guardei minha arrogância. Revolucione minha vida. Como eram os sapatos dela?


House se fez de difícil alguns minutos, até Wilson insistir de novo na informação.


- Com algo de bom gosto, clássicos, de couro, ponta arredondada...

- E?

- Agora você quer a minha Marie Claire emprestada, né?

- Corta o drama, meu paciente está chegando...

- Mostra que é verdadeira, sem disfarces...Um pouco tradicional diz o material...Não é agressiva pela ponta do sapato...E mesmo assim...

- E mesmo assim?

- Ela estava com um sapato verde... O que me diz que há muito mais para ser descoberto..Não é uma cor entediante.. E tinha um belo salto, ela sabe ser feminina. Sabe caminhar confiantemente com ele, o que prova que ela o usa freqüentemente, não apenas para luzir hoje na entrevista. Ele tinha um desenho original, havia um vazado que deixava a mostra algumas partes e era...

- Sexy?

- Não... Não... -House olhou preocupado-... ia dizer interessante... E estava muito bem cuidado, o que fala por si. Mesmo com aquele ar de Madre Teresa Teen, há muito há ser explorado. Ela me intriga...

- É, não tive como optativa “Psicologia para Pedolatras” na minha época. Definitivamente uma matéria interessante....- e Wilson agüentou o riso-... A minha psicologia diz que você está perdido com esta nova médica... Cedo ou tarde... E que isso é um grande erro, já que você é ... Você..

- Engraçadinho. São os detalhes, essas coisas que a maioria deixa passar, e em realidade dizem o que as pessoas querem esconder. Isso é a verdade. É isso que me interessa. Por que elas querem esconder isso. Que seja, sou Sherlock.

- E isso me faz...Watson?

- E isso te faz ...só um idiota.


Mas Wilson já estava fechando a porta do seu consultório acenando com o troféu da aposta, com um sorriso largo.




- Eu não vou contratar ninguém! -House entrou gritando na sala da administradora, assustando a secretária ali presente.

- Depois terminamos, obrigada. Escute House, você não tem escolha. Não há o que negociar aqui.

- Mas não vou e quero despedir o Dr. ....

- Chase?

- Sim, o Dr. Chase! Quero ele fora.


Cuddy levantou pronta para iniciar a III Guerra Mundial.


- Como você se atreve?! Além de não contratar, ainda quer despedir a única pessoa que trabalha com você?! O que o Dr. Chase fez?

- Contando que ele continuou com as entrevistas que eu claramente tinha desaprovado? E que ele continua leal a sua Majestade? Espere... Ele bateu o pé que quer contratar esta médica....- House abre a pasta e le com dificuldade-...Dra. Allison Cameron...

- E?..- Cuddy começa a olhar a pasta.

- E ... Que não irei trabalhar com ela. E o Chase pos em desafio que ou ela está dentro ou ele sai...

- E qual é a sua contra esta médica? Ela tem um excelente histórico...


House joga alguns vicodins na boca e olha com cara de desafeto.


- Bem, para começar que ela acredita nos no senses daquela seita chamada Bioética. Depois teve o desplante de dizer – ele faz algumas aspas com as mãos e uma voz melosa- ...“A vontade do paciente vale para mim mais que este emprego”... E....O que você está fazendo?

- RH? É a Dra. Cuddy, por favor providencie a contratação da Dra. Allison Cameron... Com duplo L... Sim, para o departamento do Dr. House... A Luiza levará as papeladas....Prontamente...Sim...Obrigada...


E desligou o telefone com um sorriso de vitória nos lábios.


- Então, tudo resolvido, House...Você pode voltar a trabalhar com o Chase agora... E sua nova funcionária...Na segunda...

- Eu me pergunto qual seria o meu ensejo de continuar a trabalhar aqui...O que seria?

- Provavelmente, seria: Nenhum outro hospital agüentaria você por mais de 3h...

- Não tenha tanta certeza.

- Tchau, House.


Ele se levantou e ouviu por suas costas.


- Não faça a novata se despedir na segunda mesmo.. Ok? Não faça como da ultima vez...

- Eu não posso prometer nada...- ele falou sem se virar.


No momento que a porta estava fechada, Cuddy bateu na testa... E suspirou.


- Luiza, peça pro Dr. House voltar....


A porta se abriu depois de algum tempo.


- Chamou, chefinha?

- Você a queria, não? – Cuddy estreitou os olhos, entendendo o quadro.

- Nunca...

- Sim... Você veio me manipular como de costume...Você a quer na sua equipe, não a quer? E sabia que eu não ia querer alguém que você quer assim, sem antes saber porque...

- Sim, eu a quero... Mas nunca repetirei estas palavras sem a presença do meu advogado novamente.

- Por que?

- Você mesma disse... Excelente histórico...

- Eu te conheço. Não é isso.

- Bem, agora você já a contratou...

- Sim, então me diga...

- Ela me desafia.

- Está ótimo para mim; você está feliz, e eu feliz também. Espero que ela saiba onde se meteu... –ela falou mais baixo.


E ele saiu batendo continência.


Saiu, tirando do bolso o dinheiro arrancado de Chase para contratar Dra. Cameron. Ainda mais depois de mencionar que ela adorava organizar arquivos, que era quase uma obcecada por organização e ler mails e etc. Mas era uma pena que para contratar alguém, teria que perder a aposta de 200 dolares com o Wilson. E não tinha nada que ele odiasse mais que perder uma aposta. Ele não ia ficar no vermelho aquele dia, ia sair no lucro. Ainda mais depois das risadas de Wilson na sua cara.


Chase abriu a carteira na hora.


Ele parou no grande hall do hospital e esfregou os dedos da mão direita. Ainda podia senti-la. Não seriam os sapatos, nem a comodidade organizacional, nem o desafio. Ele se lembrou da 1ª vez que a viu no corredor, como ela flutuou diante dele. Como ela o olhou. Uma belíssima Maiko. Como um feitiço.


 “....Belas para serem vistas, não tocadas....”


Ele se entristeceu um pouco. Fechou a mão em punho, e a abriu lentamente. O que aquelas linhas de vida lhe guardavam? Alguma delas lhe permitiria um caminho cruzado com aquela mulher?



Tolice. Ele continuou o seu caminho, planejando como enfernizar a vida de Cuddy por mais algumas horas na Clínica.



Por um momento, lembrou-se da determinação da sua Maiko ao falar de sua relação com o paciente, o sorriso na entrevista ao falar da 1ª vez que ela o tinha visto, a feição transtornada quando ele perguntou se ela gostava de homens mais velhos, quando ela quase o abraçou... E o toque... O cabelo dela...E sua resposta singela quando ele sugeriu o café...




Ele esfregou seus dedos novamente, tentando senti-la. Ele a queria. Queria tirar-lhe cada camada de tecido colorido e descobrir quem era ela e porque o afetava tanto assim. Deliciar-se.


Ele a queria.


Balançou a cabeça e seguiu pelo corredor sozinho.










FIM

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