Maiko escrita por AngieB


Capítulo 1
Guerra de Titãs




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1. Guerra de Titãs




 - HOUSE!



A Dra. Cuddy entrou na sala do médico em questão, porém apenas achou o Dr. Chase lendo “As Vinhas da Ira” com um saco de batatas fritas jogado na mesa. Quando este percebeu que a administradora estava ali, tentou se recompor. Pulou da cadeira. Tapou a bagunça com uma literatura Clínica e ajeitou a gravata.


- Dra. Cuddy, que bom vê-la... Eu...

- Deixe-me adivinhar? Horário da novela?

- Sim...- ele baixou a cabeça.

- E ele ainda não está fazendo as entrevistas que eu mandei?

- Não...- ele balançou a cabeça.

- E rejeitou o último caso que mandei?

- Ele achou “entediantemente chato”...

- Obrigada, Dr. Chase. E mesmo sendo um excelente livro o que está com você,  já que o seu chefe não se importa com nada, quero que você atualize todos os arquivos, responda os e-mails dele e prepare os relatórios do semestre. Já fui avisada da falta deste departamento nestes quesitos. E quando você terminar isso... Até o fim do dia... Mande-me avisar, porque amanhã você vai começar as entrevistas com os currículos que eu selecionei.

- Mas...o Dr. House...- o médico tinha uma cara de extremo pavor.

- Deixe-me fazer isso mais claro e fácil para você... Este Hospital é meu, Dr. House trabalha para mim...Você trabalha para mim...Você deveria ficar com medo de mim...- e o olhou com uma seriedade espantosa.

- Sim, Dra. Cuddy....Se o meu emprego não está em jogo...

- Não, ele não está. Deixe o Dr. House comigo. Avise-o das minhas ordens.


E saiu.


Chase deu um longo suspiro. Como odiava aquele trabalho burocrático, não fora para isso que ele veio para os EUA, para ser secretaria. Ainda mais do Dr. House.


Ele já antecipava que não seria nada agradável os próximos dias, ninguém ousava deixar o Dr. Impertinência mais impertinente. Ninguém ousava ir contra ele. E agora essa era a ordem dele. Entre a Cruz e a Espada. Bem, a Dra. Cuddy tinha a palavra final. Ele tinha aprendido isso. Tinha que confiar naquilo. Mas House sempre dava um jeito de ser do modo dele, ele também já tinha aprendido isso.




A vida está carregada de decisões e suas conseqüências. Como diz a poetisa para criança entender os pesadelos da vida adulta; “Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!...Ou isso ou aquilo”.


E uma entrevista de emprego não é algo fácil em se fazer escolhas. Qual é o melhor jeito de “vender a si mesmo” em poucos minutos? Como saber o que se realmente está se procurando para aquele emprego?


Da mesma maneira estressante, quem entrevista faz escolhas cruciais: o que perguntar, como avaliar, como perceber a sinceridade do candidato e como no fim dizer: o emprego é seu. E não se arrepender depois.


E o Dr. Chase tinha mais uma variável: agradar gregos e troianos. Cuddy e House. Ou pelo menos adivinhar o que eles queriam e sobreviver até terminarem as entrevistas. Os seus dedos e costas ainda estavam doendo, do dia anterior, de todo o trabalho atualizado.


As mesas na sala de diagnóstico estavam cheias de caixas e arquivos para guardar.


Se a Dra. Cuddy queria com isso mostrar que um 2º membro na equipe era necessário, ela conseguiu. Se ela queria que com isso ele fosse seu aliado para achar alguém novato o suficiente para assumir aquilo que ele odiava fazer, ela conseguiu.


Ali ele estava na 3ª entrevista do dia, na mesa de House, com as fichas ao seu lado e com toda a determinação de terminar o dia vivo.


- Não acredito que você também teve aula com o Dr. Kappt, bons tempos...- ele tinha esperanças em relação ao rapaz.

- Sim, também estagiei com ele no laboratório por alguns semestres.  Tenho grande admiração por ele.


House entrou na sala. Chase gelou. Ele já tinha conseguido a fuga dos dois outros candidatos: o 1º apenas com um olhar e o 2º com uma piada de humor negro.


O visitante se sentou próximo e analisou a situação. O candidato olhou com uma cara de curiosidade para o médico mais jovem.


- Vai me dizer que você não sabe quem eu sou? Senhor, você nem fez sua tarefa de casa, seu patife? – ele gritou e saiu resmungando-...Idiota.


Chase respirou. Sim, sem livros publicados, recluso no Hospital e sem nada de misericórdia, poucos o conheciam. Assim, de apenas olhá-lo. Mas o destino daquele a sua frente já estava selado.


- E você estava indo tão bem...




- Seu currículo é excelente, e a senhorita também tem ótimas cartas de referência – sorriu Chase com a possibilidade de acertar na contratação.

- Eu lhe sou agradecida pelos elogios - respondeu a figura que pelo momento passava pela provação.

- E respondeu todas as minhas questões muito bem...


House entrou. Chase suou frio. De novo não.


- Ahh... Desculpe... Quase que não chego para sua entrevista.. .-ele falou numa voz encantadora.


Ele olhou a maneira como a moça se trajava: dura, sem cores, impecável. Olhou os sapatos. Seria fácil.


- Sem maiores problemas, Dr., já me foi explicado que o senhor é muito ocupado. E talvez nem estaria presente.

- Imagine, se eu perderia uma conversa com uma coisa linda como você...


A moça ficou tensa. Chase ainda mais. Ela procurou o olhar dele em socorro.


- Eu estava olhando seu CV, e sei que para conseguir aquelas notas... Bem, você sabe como agradar seus superiores...- e ele piscou malicioso.

- Eu não estou entendo o tom desta conversa, Dr,...- ela falou ofendida.

- Não?

- Isso é imoral e ilegal e eu...                                                                                                  

- Bobagem... Meu advogado sempre dá um jeito...

- Mas o senhor só pode estar brincando...


Ele pareceu nem escutá-la.


- Chase, você viu meu estoque de Hustler? ...-ele revirava as gavetas da sua mesa-...Tinha certeza que tinha aquela com encarte triplo da...

- House...

- Que foi?

- Pode parar, ela já foi embora...

- Cada vez mais fácil, não se faz mais entrevistados como antigamente. Agora, cai fora da minha mesa.




- Então, quando poderei saber a resposta?

- Como eu lhe falei, minha indicação para que o senhor receba a posição é garantida. Contudo, a Dra. Cuddy vai dar o veredicto. Assim como Dr. House.

- Claro.

- Mas a contratação é imediata e necessária. Acredito que até o final da semana, tenhamos uma resposta.


Os dois sorriram.


- Dr. Chase, creio que fui claro quando lhe informei que não estou contratando ninguém.


Mal estar na sala.


- Dr. House, o senhor sabe que estou seguindo ordens...

- Certo, siga-as então na sua mesa. Esta, bem, pelo que diz ali; é minha. E não compreendo como você conseguiu seu diploma sem saber ler direito!


O candidato já estava de pé, com a mão estendida. Foi totalmente ignorado.


- Eu sei, Dr. House. Apenas que eu ainda não consegui guardar toda a papelada na qual trabalhei ontem. E não achei outro lugar para fazer as entrevistas, e o senhor não está usando a mesa agora...e ...

- Mesmo que não esteja, é minha. Quero ela desimpedida. E quanto a você, não espere resposta daqui, procure outro emprego...


Ele olhou para Chase.


- Eu sei da sua fama de complicado, Dr. House. Mas não me importo. Eu cresci em uma família grande, lutei pelo meu diploma, superei muito na vida, e quero este emprego. Gosto do seu trabalho.


House fingiu chorar.


-Chase, minha caixinha de Kleenex, por favor.... Ahhhhhhh... Corte essa. Você não entendeu, não vou contratá-lo. Escreva um livro de auto-ajuda com sua historia, porque aqui não vai fazer diferença.

- Mas Dr. House... Não entendo a razão...

- Não contrato pessoas brancas.


Um olhar posou em Chase. House terminou.


- Ele preencheu a cota para estar aqui. Sorry, não posso fazer nada pelo seu caso.

- O senhor...

- Escute, se você não consegue entender uma simples situação, já deixa bem claro que não se qualifica para esta vaga.

- Mas a Dra. Cuddy...

- Você quer trabalhar comigo contra a minha vontade?


Silêncio.


- Dr. House foi um prazer lhe conhecer.


E o candidato ofereceu a mão para House, que desta vez a apertou com prazer.


Quando o entrevistado sumiu, House deu um sorriso.


- Bom sujeito. Gostaria de trabalhar com ele um dia.





Novamente, ele estava ali. Percebia, através do vidro, a entrevistada conversando com Chase em sua mesa. Como o dia tinha sido divertido. Impagável.


- Chase, preciso que você...- ele começou mas não conseguiu terminar a frase.

- House, o Dr. Chase estava me atualizando como foram as entrevistas...


Dra. Cuddy falou calma, mas pelo seu olhar House estava condenado à guilhotina.


- Você sabe a minha posição nessa idéia...

- E você sabe a minha.

- Não preciso de ninguém.

- Eu cansei de te explicar e não o farei mais, é necessário...

- Não quero contratar ninguém, não gosto de trabalhar com ninguém.

- Mas você contratou e trabalha com o Dr. Chase...

- Você me obrigou, porque o pai dele te obrigou...


Podia-se ver a vergonha no rosto da administradora.


- House!

- Nada pessoal, Chase...

- Não me ofendi…

- Viu? Vocês se entendem... De um jeito ridículo, mas ok, vocês trabalham juntos. E este é um Hospital que tem a meta de ensinar... Eu preciso que você ensine!

- Cuddy, não gosto de ninguém me seguindo e fazendo perguntas. Eu odeio idiotas.

- Você tem que se adaptar as regras aqui. E parar de estragar com as entrevistas.

- Não estou estragando, estou ajudando...


Cuddy ficou chocada com aquela afirmação.


- Se os retardados não conseguem agüentar 4 minutos comigo, sem se ofenderem, ao ponto de irem embora e desistirem do trabalho... Como podem ser bons candidatos para trabalharem comigo?


Cuddy mordeu o lábio e estreitou o olhar.


- Dra, ele tem um ponto... Isso é verdade...

- Viu, até o canguruzinho concorda comigo...


Cuddy olhou tudo aquilo.


- Vocês tem até o final da semana para chegar a um nome. E estou falando sério. Não me provoquem para saber o quanto. E, House, você está proibido de entrar na sala com o entrevistado, se não for para ajudar. Nada de fazê-los chorar!

- Ahh.. mas..

-Sem mas, porém, contudo e todavia...Você está proibido. E cada vez que você prejudicar, aumentarei as suas substituições a professores. E o dr. Chase não arrisca seu emprego ao me informar. Nada de chantagens.

- Dedo-duro...

- House...

- Ok, vou cooperar tanto quanto um mafioso obrigado pelo FBI a dedurar seus comparsas, por uma pena menor...

- Você me deixa feliz ao dizer isso. Vindo de você, é quase uma promessa.



Ela saiu. House saiu. Chase apenas agradeceu do dia acabar.




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