Adentrou a imensa sala de visitas com passos lentos e silenciosos, Oliver observou maravilhada, a figura ocupada de Amy enquanto ela estava distraída observando os antigos livros na estante. Ela vestia um vestido florido com o fundo preto até os joelhos, com o adorável cabelo preso em um rabo de cavalo por uma fita vermelha. Era uma Deusa? Os olhos de Oliver se estreitaram, preocupados, embora estivesse secretamente feliz em vê-la.

- Os melhores ficam sempre na segunda partilheira à esquerda. – sugeriu.

Rapidamente a jovem se virou surpresa com a voz rouca de seu marido, levou a mão direita na altura do coração, o lábio inferior dela começou a tremer sutilmente, e Oliver captou. O corpo inteiro dela parecia estar muito alerta.

-Estava apenas organizando. – murmurou.

Amy desviou o olhar, ela pôs as mãos nas bochechas ardentes e suspirou. Como um sorriso inocente daquele homem podia deixá-la assim, trêmula e inútil?

-Não precisa mentir, sei que gostas de ler isso é bom. – disse.

Ele se aproximou e pôs as mãos nos braços dela. Tremendo, a jovem olhou de relance para a porta. Oliver pressentiu uma pequena rejeição por parte da jovem, ela respirou com dificuldades ao ver as íris azuis tomarem-se quase negras e sentiu as mãos dele na cintura.

-Por que me rejeitas dessa forma cruel? Algum dia sentiu algo por mim, talvez um sentimento de amizade? – questionou-a.

Amy relutava para responder aquelas perguntas, rapidamente à dor da rejeição o atingiu como um soco no estômago.

- Praticamente de todas as formas tentei demonstrar meus sentimentos por Milorde, mas era notável que nunca poderia ter um espaço para dizer lhe o quanto lhe tenho carinho, pois não passava de uma troca. – grunhiu cabisbaixa.

Aquelas palavras atingiram Oliver como um soco em seu estomago.

- Deve me achar um monstro não é? Depois de tudo que te fiz passar. Mas eu te amo, e não sei como consertar todos meus erros. Irei entender se quiser continuar me rejeitando, não posso te obrigar a nada que não esta em seu coração. – disse.

Amy como em um impulso abraçou-o, a jovem podia sentir a respiração quente tocando seus cabelos. Isso a fez ficar tensa. Ele deliberadamente colocou as mãos na cintura dela e tocou o pescoço com os lábios. Ela inclinou ao sentir o toque, convencida de que iria derreter se ele continuasse tocando-a. Ela soltou um suspiro trêmulo e deixou a cabeça descansar sobre o peito dele.

Oliver segurou o rosto de Amy entre as mãos e aproximou sua boca da dela. Ele fantasiara com ela o dia todo. Mas nada poderia prepará-lo para a sensualidade daquele beijo. A resposta dela o surpreendeu e estimulou, levando-o a aprofundar-se ainda mais e fazendo sua língua dançar com a da jovem, com os dentes mordiscando o delicioso lábio inferior dela até ficar tão excitado que precisou se interromper antes que as coisas saíssem do controle. Relutante, ele se afastou.

Amy o encarou desnorteada.

- Lhe gosto, Milorde. – sussurrou.

Não eram bem aquelas palavras que ele desejava ouvir dos lábios macios da jovem, mas conteve seus sentimentos e apenas sorriu de forma suave, e o coração dela encheu-se de uma mistura de confusão e adrenalina. O fato de ele ter interrompido o beijo, fora por temer que ela o rejeitasse, o que não fizera. Era um bom sinal que talvez houvesse esperanças de um relacionamento entre eles afinal? Poderia enfim declarar-se para ela, mas preferiu calar-se.

A culpa estava estampada no rosto dele, e Oliver se perguntou se os sentimentos dela eram sempre tão transparentes. Porem não demonstrava deixando aflito.

- Pensei em revelar-te meus sentimentos ante de sua viajem, mas acabei me deparando com sua discussão com Kanye e por um minuto relembrei suas acusações a respeito de traição.

O rosto de Oliver se modificou, dando espaço para a tristeza evidente. A frustração consumia os nervos dele. Ela desejou que ele não a observasse tão proximamente, como se ela fosse algum objeto estranho.

- Confesso que errei, mas não sei como reparar o passado.

Franzindo o cenho, Oliver observou-a ir e voltar para a estante, de certa forma desanimado por tê-la feito chegar a este ponto. Como se isso já não fosse ruim o suficiente, havia algo no peito dele que dizia para não desistir de tentar conquistá-la aos poucos, mesmo que fosse difícil não lhe custaria nada.

Vendo o conflito naqueles olhos azuis perturbados, Amy esfregou ambas as mãos demonstrando seu nervosismo.

- Já não lhe tenho magoas, apenas preciso de um tempo para pensar. – anunciou.

Uma covinha surgiu quando Oliver sorriu, e Amy desejou que ele não o tivesse feito. Quantas mulheres já foram seduzidas por aquele sorriso maravilhoso? Como ela se sentiu quando chegara naquela manhã nublada de verão, sentira medo, mas ansiava pelo afeto de Lord Mclachlan.

- Tempo? Apenas isso que precisa para pensar. – questionou.

Ela apenas consentiu com um gesto de cabeça.

- Será o melhor a se fazer, Milorde. – grunhiu.

Ele imitou lhe o gesto e se aproximou com passos lentos em sua direção, os lábios dela tremeram, e ela mordeu-o. Vendo tal gesto, Oliver inclinou o queixo dela para mais perto de si e beijou-a gentilmente. As pálpebras de Amy fecharam-se automaticamente para absorver por completo a intensidade do toque. Aquele singelo beijo reverberou por todo o corpo dela em uma explosão pequena, porém mortal, e desencadeou uma ânsia dentro dela, cuja força a fez tremer. Quando ela abriu os olhos novamente, Lord Mclachlan a estudava como se a visse pela primeira vez. Como se a alma dela estivesse nua.

Ela pôs as mãos no peito dele. Elas pareciam pálidas e pequenas, e o calor do corpo dele as queimava através da roupa.

Oliver assentiu.

Não deveria apressar ainda, mas as coisas, pois ela precisava apenas de um tempo para pensar e reorganizar seus sentimentos temia que ela fosse embora de vez, Oliver não encontrava palavras para responder, nem mesmo um “sim” ou “não”.  Pega de surpresa pela inesperada pressão que estava emitindo dele, ela se apressou e saiu para o corredor, disfarçando sua perturbação.

Talvez um simples Eu te Amo pudesse quebrar enfim o gelo que cercava ambos os corações. Mas a coragem faltava para o casal naquele momento.