Fim de noite no estádio de Osaka. Com aplausos e gritarias, mais um show do Versailles termina. Todos os integrantes se despedem e saem do palco com um largo sorriso, exceto, talvez, pelo baterista.

Yuki larga suas baquetas no chão ao lado do seu instrumento de trabalho e se encaminha, silencioso e cabisbaixo, até o camarim. Encontra um vaso de flores sobre a mesa, mas nem isso o anima. Aproxima os dedos na tentativa de tocá-las, mas por azar se espeta em um espinho.

- Droga! - grita, chupando o sangue que lhe escorre do dedo indicador direito.

- Está tudo bem, Yuki? - diz um rosto conhecido que acabara de entrar.

- Sim, está tudo bem, Jasmine. Foi só uma pequena espetada. - sentando-se no sofá a sua frente e removendo a capa que lhe cobria o pescoço.

- Pois algo me diz que não está. - o baixista sentou-se ao lado do baterista, encarando-o seriamente, mas com certa ternura.

Com um suspiro e olhando para os próprios pés, ele respondeu:

- É, você está certo.

- Pode me dizer, seja o que for, tentaremos resolver. - Jasmine sorria, mostrando confiança no que dizia.

- Me sinto só, Jasmine. Muito só. Vejo você e Kamijo, e Hizaki e Teru, se amando, sendo tão felizes... E eu sinto inveja disso, me sinto mal por ser o único na banda sozinho.

- Oh, então é isso? Você não está sozinho, querido. Tem a gente. Todos nós te amamos!

- Não está entendendo? - virando o rosto para o amigo - Não é de amor fraterno que sinto falta. Eu sei que vocês me amam, e eu os amo também. Eu... - fez uma pausa e continuou - Sinto falta de alguém, Jasmine. Alguém que me ame, somente a mim!

- Hum, agora estou entendendo. - o baixista envolveu-lhe os ombros com um dos braços - Olha querido, sei o que deve estar sentindo, mas um amor não aparece de repente só porque a gente quer. Uma hora eu sei que alguém vai cruzar a sua vida e te fazer muito feliz. - disse sorrindo – Mas enquanto isso pode contar conosco, seus amigos, e com um café bem quentinho que vou te pagar assim que sairmos daqui.

- Obrigado amigo, você tem razão. Não é querendo as coisas que elas vão acontecer como mágica. E acho que estou precisando mesmo de um café.

- Então se arrume logo, porque nós dois vamos sair, só a gente. Ok? - disse levantando-se e já indo para a porta.

- Mas e o Kamijo?

- Não se preocupe, falarei com ele e ele vai entender. Afinal, é para ajudar um amigo! - sorriu, piscou com um dos olhos e saiu.

Em cerca de quinze minutos ambos chegaram ao mesmo tempo na saída do estádio com suas roupas cotidianas. Andaram até um ponto de táxi, onde pegaram o primeiro até uma cafeteria bem sossegada.

Chegando ao local, acomodaram-se em uma das mesas e logo foram atendidos.

- Um expresso light e um café com chocolate. - pediu Jasmine ao atendente.

Enquanto conversavam, esperando pelos pedidos, Yuki não tirava os olhos de uma bela moça loira sentada em uma das mesas do canto oposto e que lia algo com tanta atenção que mal tocara no próprio café.

- Você precisava ver a cara do Teru quando viu que tinha uma aranha na guitarra dele e... Está me escutando, Yuki? - estalando os dedos próximo aos olhos do colega para que ele recuperasse a atenção.

- Hein, o que? - ouvindo o estalo ele se assusta e quase derruba o café com chocolate que já havia chegado sem ele perceber.

- Está distraído. Para onde está olhando? - torcendo o pescoço a fim de ver, pela mesma posição, o ponto no qual Yuki perdia seus olhares. - Ah, linda ela, não? Por que não vai lá falar com ela? Quem sabe é hoje o seu dia de sorte? - cutucando o amigo com o cotovelo.

- Ficou louco? Como vou lá falar com ela? Eu nem a conheço.

- Exatamente por isso você deve ir lá. Perca essa sua timidez e puxe algum assunto com ela. Pergunte sobre o livro, pergunte as horas, mas fale alguma coisa. - empurrando o baterista da cadeira, fazendo ele se levantar abruptamente e quase tropeçar.

- Ok, eu vou! - pôs-se corretamente de pé e andou alguns passos, virou, viu Jasmine abanando as mãos para que ele seguisse em frente e então ele seguiu.