“Posso confessar uma coisa ?”

“Vai em frente.”

“Uhm...Sabe aquele dia,o segundo dia que nos vimos ? Que eu gritei Mushroom na frente de todo mundo ?”

“Acho que não tem bem como esquecer uma doida gritando cogumelo no meio das pessoas né ?”

“Yahh!”

“Lembro sim,o que tem ?”

“Eu deixei de vir por sua causa.”

Tiffany franziu o cenho e me olhou de um modo confuso. Eu já esperava isso. Apenas consegui sorrir para ela.

“Como assim ?”

“Eu tinha comprado ingresso para vir mas aí resolvi te chamar para sair comigo.”

“Omo !” Sua boca fez o formato da letra O certinho. Eu dei ombros,lembrando de como nem me importei de já ter pago e nem ter ido.

Eu sabia que uma hora iria poder ter a chance de novo mas,o que não estava sabendo,é que seria ao seu lado,daquele jeito.

“Você mentiu para mim !” Seu tom de voz vinha em acusação. Encolhi novamente os ombros como em defesa.

“Não menti,eu ocultei Tipani !”

“Disse que não ia entrar e ainda jogou seu ingresso fora ? Realmente Taeyeon,não achei que meu charme fosse tão forte assim.”

“Ahhh não fique se gabando,eu sabia que teria outras oportunidades e além do mais,você deveria me agradecer por ter feito isso.”

Minha expressão de esnobe fez ela rir,meneando a cabeça em negativo.

“Você é sempre tão modesta que eu me emociono.”

“Acontece com todo mundo ao meu redor.”

O fim do assunto resultou em um empurrão no meu ombro. Ela definitivamente gostava de agressão contra minha pessoa mas eu já podia dizer que havia me acostumado. Os tapas dela se diferenciavam dos da Sooyoung. Não sei porque,talvez porque os dela não corressem o risco de distender algum músculo e etc.

Talvez.

Nós duas estávamos prestes a entrar na cabine da London Eye. Lá onde eu encontrei ela pela segunda vez,olhando toda aquela imensidão. Mesmo podendo dizer que uma viagem em uma daquelas cabines já fosse memorável,eu sabia que não ia me lembrar por isso.

Era incrível como nosso relacionamento,mesmo não sabendo ao certo o que éramos,o que tínhamos entre nós,fluía de uma maneira rápida e quase inacreditável. No passar das semanas só fomos ficando mais próximas e ficando quase todos os dias juntas,como se tivesse tanto assunto,tantas coisas para retirar uma da outra que não fosse mais acabar.

Isso era bom é claro,mas nos dias passados comecei a desperdiçar um pouco de minutos de sono para pensar. Eu queria realmente saber o que chamar aquela relação entre nós. Estávamos 'ficando' ? Amigas com benefícios ? Porque certamente já haviamos cruzado a linha de amigos e...Eu acho que depois dessa fronteira,não tem retorno. Dando certo ou não,teria que seguir em frente,o que no caso,seria bem doloroso.

Gostar de alguém pode ser uma maravilha mas,pode resultar em uma bela de uma tragédia.

Não que isso fosse acontecer com nós duas...A primeira coisa que eu devia realmente fazer era tentar entender,ver se podíamos ao menos nos tornar “oficial”.

O ruim de tudo isso era que,bem,o relógio estava passando,o tempo correndo. Não poderia ficar naquilo para sempre.

“Aqui era o único lugar que faltava para mim visitar.” Deixei minha voz soar mais como um pensamento dito do que um comentário. Era o único em meus planos que faltava,isto é. Ela estava do meu lado,olhando para a cabine que sobia vagarosamente.

Algumas pessoas que estavam conosco na cabine conversavam e riam mas em um certo momento,minha cabeça pareceu projetar uma música de fundo,calando todo mundo. Só eu e ela. Como uma trilha sonora para combinar com aquela sensação tão boa de estar acima de tudo aquilo,de estar vendo o Big Ben se erguer à metros de distância.

Era sensacional.

“Bem,cá você está né ? De novo.” Sua voz deu ênfase no “de novo”. Eu tirei meus olhos da cabine inteiramente envidraçada para poder olhar ela,encontrando o seu olhar em mim. Acho que esteve em mim desde que a coisa começou a funcionar.

“De novo.” Eu sorri de canto e ela fez o mesmo. Voltei meu olhar para a vista,esquecendo totalmente da câmera em minhas mãos até ela a tomar de mim.

Não me importei de ver o que ela queria com a câmera,ficando mais atenta na vista à minha frente. Uma das coisas legais também era o chão transparente,parecia que podia quebrar a qualquer segundo. Uma beleza,seria.

Me permiti ser distraída pela lenta subida da cabine até minha mente decidir parar com o transe meditativo. Aos poucos comecei a prestar atenção nas vozes das pessoas e...na minha risada.

Aquela era minha risada,não tinha igual. Escandalosa,ahjumma-like.

Olhei rapidamente para o lado para ver da onde vinha. Tiffany olhava para a tela da câmera,rindo junto com o que fosse que ela estava vendo. Me aproximei e isso a fez levantar o rosto,mostrando o sorriso aberto que tinha no rosto.

Espiei o que ela tinha em mãos só para me deparar comigo mesma,me filmando logo na primeira semana de estadia aqui. Tive que segurar a vontade de quebrar aquela cabine e pular,para não ter que encarar ela.

Não não,ela não podia ver ! Era um daqueles vídeos que você grava para você mesma ver o quão esquisita é,só para isso. Ninguém podia ver !

Naquela hora me senti como uma daquelas atrizes famosas do exterior que tiravam fotos nuas e não apagavam,esperando pela chance de hackearem os seus documentos.

“Tipani !” Tentei arrancar a câmera de suas mãos,resultando em sua esquiva.

“Ai meu Deus,você é tão-“

“Não,não fala,porque está vendo isso ? Aai que vergonha !”Tentei mais uma vez,vendo-a não parar de rir.

“Para de vergonha ! Eu só queria ver o vídeo daquele dia mas parece que encontrei melhores...”

Assim que ouvi sua provocação,avancei nela mais uma vez,saindo vitoriosa para o meu bem. Creio que foi ela que cedeu mas o que importava era que a câmera agora estava em minha posse.

A primeira coisa que fui fazer foi apagar tudo que tinha a minha cara amassada do travesseiro no meio dos lugares,falando com uma câmera enquanto agia feito uma completa pateta.

Logo que fiz meu serviço,voltei minha atenção à Tiffany.

“Aii...” Resmunguei devolvendo para ela.”Você deve me achar uma idiota.” Fiz uma expressão de reprovação à mim mesma.

“Idiota não é a palavra certa mas se for assim,uma idiota totalmente apertável usando óculos de grau ! Uma graça,você deveria usar mais !”

Resolvi apenas rir para tentar esconder o meu constrangimento. Eu não podia contar quantas vezes já queimei meu filme na frente dela. Ela sempre achava,falava ou despertava alguma coisa que resultava nisso.

“Vamos rebobinar : Aqui era o único lugar que faltava para mim visitar.” Falei tentando imitar a mesma coisa de antes,como se esquecesse tudo que passou depois disso.

Ela riu pelo nariz e se aproximou mais de mim,passando os braços em torno da minha cintura enquanto dava um beijo na minha bochecha. “Não seja boba.”

XxX

De vez em quando as memórias da nossa segunda noite voltavam bem limpas para mim. Toda vez que isso acontecia,era hora de me distrair,tentar voltar a reviver o momento, a sentir. Voltar no dia em que acordei com os braços em volta da sua cintura,sentindo um calor adicional perto de mim,como foi bom ver que aquele desespero não retornou. Estava consciente e feliz até demais.

Ainda melhor foi ver as suas costas nuas voltadas para mim. Em meio ao silêncio,só nossas respirações. Na hora nem segurei a vontade de levantar um pouco o rosto para poder vê-la dormindo,mas,não fora daquela vez. Ela já estava acordada,com os olhos meio cerrados mas acordada. Não sei porque mas tive a sensação de que ela não havia dormido muito,ao contrário de mim que até sonhos tive. E eu estava certa. Tiffany disse que o sono não chegou até ela.

Fora inevitável o pensamento de que minha falação enquanto dormia a tivesse perturbado mas quando a perguntei disso,ela disse que não havia presenciado isso ainda,com um sorriso no rosto. Na hora,agradeci à quem devesse por não ter feito eu falar coisas constrangedoras,referentes à ela é claro. Ainda me surpreendi por não o ter feito.

Outra coisa que também descobri naquele lindo e ensolarado – para o meu espírito – dia,foi mais um fato que me fez morrer,dessa vez quase de verdade. Estávamos ambas ainda na cama,preguiçosas, comentando sobre o dia em que acordei assustada com ela ao meu lado,como aconteceu e tudo mais até ela soltar uma risada que mereceu até palmas no lugar de gargalhadas no final. Minha cara foi de interrogação,mas quando ela esclareceu eu queria não ter ouvido.

Ela havia escutado tudo. Tudo que eu tinha falado à Sooyoung antes de ir para o banheiro. O meu desespero todo quanto à aquela manhã. Tinha coisa mais envergonhante que essa ? Uma mulher de 23 anos perguntando à amiga pelo celular o que fazer ? Acho que não. Nem os meus vídeos caseiros não passavam o nível disso.

Mais uma vez, fiquei com aquela cara vermelha de vergonha das minhas próprias burrices. Estava chegando à um level crítico,realmente.

No dia depois da London Eye,acordei com um único propósito em mente : sair em buscar de algo para dar para ela. Eu estive com essa mesma vontade desde que recebi o colar mas não era justamente por essa razão que eu queria fazer isso. Queria apenas agradá-la,unindo duas coisas agradáveis para mim. Eu gostava de dar presentes,mesmo sabendo que não era boa nisso,e também gostaria e muito de ver ela sorrindo mais uma vez por minha causa. Era sempre bom.

Comecei a por meu plano em prática logo depois do almoço. Na verdade tinha planejado de manhã mas acabei hibernando por mais tempo que esperava. Levei na boa porque não precisava madrugar,não é ? Eu podia muito bem sair pelas ruas que logo encontraria algo com a sua cara. Algo que eu imaginasse ela recebendo. Seria fácil,não é ?

Não,não seria. Não foi. Andei por todos os cantos que pesquisei e nada me parecia ser bom o bastante. Ou eu não achava bonito,ou eu não achava o suficiente,ou era simplesmente feio aos meus olhos. Na verdade,eu nem sempre podia confiar nos meus gostos. Eu admito que sou uma mulher bem estranha quanto à isso. Não que não fosse vaidosa ou algo do tipo mas eram apenas coisas que não dava muita importância,não me interessavam tanto,resultando nisso.

Só sei que passei a tarde toda – a qual eu jurava noite anterior que seria bem produtiva – e não fiz nada. Não consegui achar nada,até mesmo depois de tentar pensar com a mente dela. No caso,isso foi pior ainda. Mesmo sabendo do que ela gostava,as vezes eu não podia nem imaginar o que se passava na mente dela.

Acho que era isso que me fazia ainda mais ligada ao seu jeito de ser. Ela era um tanto misteriosa,instigante. Me cativava de verdade,em todos os sentidos.

No mais,durante minha incansável busca por um presente liguei para ela para ver como estava. Caíra na caixa de mensagem. Resolvi não deixar recado nem nada,já que assumi que logo ela veria a chamada perdida e voltei para o quarto de hotel de mãos abanando. Tentei procurar algumas coisas pela internet,vendo algumas dicas até a hora de jantar. Comi apenas umas besteiras – nada como comer bobagens que acabam com nossa saúde – e logo,me encontrei definhando na cama,com o celular subindo e descendo na minha barriga com a minha respiração.

Dormi desse jeito.

Quando acordei de novo,ele estava no chão. A primeira coisa que fiz foi pegá-lo,maravilhada de ainda não ter estragado o touch screen desde a queda que resultou um pé inchado em mim. Quando o desbloqueei,a tela continuava a mesma.

Talvez ela não tenha visto.

Pensei,não me importando muito com isso. O decorrer do dia foi bastante monótono,me deixando até mesmo inquieta. Tentei mais uma vez ligar para ela mas novamente,ela não atendera. 

O que me deixou mais inquieta ainda não foi por ela não ter atendido mas sim pelo quanto eu estava meio que dependente dela. Nesse tempo todo,desses dias adicionais à minha viagem,só pensei nela,só quis sair com ela,tudo acabava nela ela.

Assim,vendo o dia correr bem mais rápido do que eu esperava,até mesmo pensei em ligar para o Ji Suk para sairmos para qualquer outro canto. Amigavelmente,é claro. Só não queria ficar ali sozinha. Na Coréia eu costumava ficar mais em casa,nunca fui muito de sair mas ali parecia que,depois de ter passado toda aquela euforia de lugar novo,ficava bastante solitário. Podia dizer que estava sentindo  falta de casa.

Acabei não chamando Ji Suk para nada. Resolvi organizar algumas coisas do meu trabalho no computador e depois,fiquei à jogar alguns jogos antigos que tinha para passar o tempo,praticamente,isolada ao munto exterior. Não coloquei nem o nariz para fora,digamos.

Logo eu já me encontrava na cama. O porém era que,eu não conseguia dormir. Vendo a hora,comecei a admitir estar bastante encucada com a falta de notícias dela. Não sabia se fazia sentido ou se eu só estava apegada demais. Talvez os dois. Antes de tentar me forçar à cair no sono,mandei uma mensagem.

Você está bem ? Me liga se puder...

Fiquei bem infeliz com o que minha mente foi capaz de produzir para essa mensagem mas no fim,acho que foi o suficiente. Não evitei ficar um pouco preocupada com isso.

Semelhante à outra noite,dormi sem nenhuma resposta.

Quando na manhã seguinte,me deparei com o vazio na caixa de mensagens,não teve como não me sentir um pouco desapontada. Aí era o ponto certo das minhas inseguranças começarem a encher minha cabeça. Como se aquela Taeyeon diabinha reaparecesse mas ao invés da anja,uma outra diabinha se juntasse.

Ela está me ignorando ? Fiz algo de errado ? Falei algo que ela não gostou ?

Foi a hora de rebobinar de verdade tudo o que me lembrava ter dito à ela no último dia em que nos vimos. Nada demais,ela parecia bem.

Talvez ela tenha perdido o celular.

Tentava me convencer não acabando em muita coisa.

Na metade da tarde,eu já estava no ponto de me segurar para não ir até a sua casa quando o toque do Mario preencheu meus ouvidos,sendo o que mais eu queria ouvir naquela hora.

A tela mostrava ser ela. Logo que cheguei ao celular,atendi.

“Tipani ?!” Sentei-me na cama,alegre por estar falando com ela.

“Hey~”

Do outro lado da linha,estava silencioso e sua voz parecia um tanto arrastada e sonolenta.

“Você está bem ? Estava começando a me preocupar...”

“Desculpe por não ter retornado,é que não estava me sentindo muito bem...”

Aquilo não fazia muito sentido...

“Uhm está doente ? O que houve ?”

Ela demorou um pouco para responder. Achei meio estranho.

“Nada não,só tomei remédio para conseguir recuperar algumas noites de sono.” Ouvi uma risada meio sem graça e um suspiro longo dela.” Já estou bem.”

Não havia um exato ''porque'' mas comecei a achar que sua voz não transmitia exatamente sonolência. Parecia mais desanimada,me levando a não confiar muito nas palavras dela.

“Tem certeza de que está bem ? Você parece meio triste...” Deixei escapar o meu pensamento,pensando em como ela estaria no outro lado da linha. Se fosse só paranoia minha ou não.

“Triste ? Não,juro,estou bem...Mas e você ? Como está ?”

“Mesma coisa de sempre,sabe como é.” Dei ombros para mim mesma,sentindo minha alegria aos poucos se esvair. O silêncio do outro lado da linha me deixou incomodada pelos segundos que ficou.

“Hmm fez alguma coisa de bom enquanto eu hibernava ?” Quando sua voz retornou à preencher o silêncio,seguiu-se uma risada.

“Entrei em estado meditativo,só fiquei dentro do quarto.”

“Então somos duas.” Ela deu uma pequena risada mais uma vez,fazendo-me voltar com o sorriso.

Dali,conversamos mais um pouco até eu sentir que aquela nem mesmo parecia ela em certos instantes. Cheguei à conclusão própria de que ela estava triste sim,ou ao menos bastante desanimada. Só não tive certeza do motivo. Remédios para dormir fazia isso ? Era hora de dar uma pesquisada depois.

Perto da hora de desligar,perguntei mais uma vez se ela estava bem. Ela tentou reforçar sua resposta novamente,achando graça da minha frequente pergunta.

Eu esperava estar errada com meus pensamentos.

Quando nos despedimos,tomei um banho relaxante e enfiei mais besteiras guela à baixo. Não estava muito afim de comer saudavelmente naquela hora. Queria apenas algo rápido e que fosse capaz de me encher.

O resto da noite,decidi passar na varada do meu quarto. Era bem aconchegante,ficar sentada confortavelmente embaixo dos lençóis enquanto encarava o céu. Sabia que seria daqui para ali para ficar resfriada quanto ao frio que crescia cada vez mais,porém,nem me importei. Era melhor ficar ali do que encarando o teto negro acima da cama.

Estava certa de que não conseguiria dormir cedo.

Com o meu corpo todo encolhido,abracei meus joelhos e fiquei a olhar o céu sem estrelas. Se fosse para ficar acordada pela madrugada,que fosse em um lugar daquele.

Mesmo ainda sentindo a sensação desconfortável que aquela hora me passava,consegui aos poucos deixar meu corpo relaxado. Ainda não conseguia entender o porque de odiar madrugadas,não exatamente.

A cidade parecia bem silenciosa,tudo estava absorvido no silêncio da noite. Até pelo menos eu ouvir pela segunda vez,o toque do meu celular. Dessa vez,era Sooyoung. Atendi o celular e o pressionei no meu rosto contra a poltrona,escorando a cabeça e fechando os olhos para exigir menos esforço.

“Eaí Sooyoung.” Minha voz saiu meio abafada.

“Hey Taeyeon.”

Aquela era mesmo ela ? Sua voz também parecia diferente. Talvez aquele fosse o dia para todo mundo estar diferente comigo,legal.

“Huhh alguma coisa de errado ?” Franzi as sobrancelhas em confusão.

“Não,dessa vez não. Estava dormindo ? Já está tarde aí né ?”

A pergunta me fez abrir os olhos. Ela parecia...séria ? Nenhum xingamento ? Nenhuma patada ?

“Tá sim mas não,não estava dormindo...” Ajeitei o celular para que eu o pegasse com a mão.

“Que bom então. Eu só estou te ligando para ver se você lembra daqui.” Aquela não fora mais uma de suas brincadeiras. Seu tom deixou claro que não fora.

“Huh ? Não entendi o que quis dizer.” Eu havia entendido sim.

“Deixa para lá. Uhm,quando vai voltar ? Acho que já passou bastante tempo né,você já está aí a um mês e tanto...”

“Eu ainda não sei eu-“ Sinceramente,não tive resposta para aquilo. Ela estava certa.

“Sabe que temos uma empresa para cuidar né ? Espero que se lembre disso,não passamos por tudo aquilo à toa para deixar escapar assim.”

“Escapar ? Não é como se eu não tivesse feito nada aqui,Sooyoung. “

“Mas o que tinha de fazer já passou...O que tanto te segura aí  huh ?”

Tive até de desfazer minha pose ao ouvir seu tom de voz. Ela parecia insinuar alguma coisa,como se soubesse a resposta por conta própria.

Ela me pegou de surpresa,me fazendo ficar sem resposta.

“Taeyeon ?”

“Eu vou voltar logo.”

“Logo quando ? Eu não posso ficar trabalhando sozinha,Taeyeon ! Você sabe muito bem como são as coisas aqui !”

Ela aumentara um pouco a voz.

“Eu disse que eu vou voltar logo. Também te disse que sei das minhas responsabilidades,não precisa me lembrar não.” Suspirei impacientemente. Eu não podia culpá-la por pensar daquele jeito,só estava zelando por nosso trabalho,mas eu também não podia me culpar por me sentir meio ofendida.

“Não está parecendo já que-“ Ela mesmo se cortou. Eu fiquei a ouvir,pensando que ela fosse continuar. “Tudo bem. Não vou te falar mais nada só...Volte quando puder. Okay para você ? “

Já que o que ?

“Para de agir desse jeito Sooyoung,está tentando insinuar o que ? “

“Nada Taeyeon. Volte quando puder,vou segurando as pontas por aqui.”

Me sentia extremamente surpresa por suas palavras. Era raro ver ela tratando as coisas dessa maneira,ainda mais quando se tratava de mim. Pela terceira vez,fiquei sem palavras.

“Eu preciso ir. Se cuida.”

E assim,ouvi o barulho final da chamada.

Deixei o celular cair no meu colo ao repensar o que ela disse.

Eu tinha mesmo de fazer algo,eu tinha de voltar para a Coréia mas apesar de saber que ela não falara mais que a verdade,novamente,me encontrei desapontada.

Realmente,em menos de 24 horas,duas das pessoas que eu mais me importava,me deixou naquele estado. Confusa.