Dance On Our Graves escrita por Thoryeon


Capítulo 10
Honesty


Notas iniciais do capítulo

Enable Reader Mode A A A A
SHISUS SEJA LOUVADO ! I'm back pipous ! Sim sim,estou de volta e espero não ser apedrejada u.u Pois a culpa não foi minha dessa vez,quase morri de frustração sem poder escrever,but,não importa porque eu volteei porque aqui é meu lugar -q. Sem mais delongas,aqui está o capítulo yay o/o



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/233943/chapter/10

Dizem que quando se chora muito,o cérebro faz com que você tenha vontade de dormir para aliviar o que está sentindo,na esperança de quando você acordar,o que te fez mal já ter passado ou nem acontecido. É um fato interessante,apesar de causar só uma ilusão momentânea de que ao abrir os olhos,tudo estará bem.

Nada melhor que o seu cérebro para zelar por você,né ?

No meu caso,ele queria – e muito – que eu dormisse para sanar a ardência dos meus olhos. Estes estavam avermelhados e inchados,tomados pelo sono.Porém,na guerra entre o poderoso chefão – armado e na vantagem com muita sonolência – contra Tiffany – indefesa,sem truques de ilusão na manga – ela ainda ganharia de lavada. I can’t be tamed. Eu não conseguiria dormir por mais que minhas pálpebras implorassem. Tinha uma coisa a fazer.

Pensativa,joguei água fria em meu rosto e suspirei fundo.

As palavras de Key não saíam de minha cabeça. Antes de partir,ele ainda voltou a me encorajar com todas as suas forças. Naquela hora,confesso,que fiquei maravilhada por ele não ter mudado o modo com que me tratava,mesmo depois de tudo. Assim que o agradeci por tal,ele começou a me dar sermão por ter pensado isso dele,sendo totalmente inaceitável pelo tempo que nos conhecíamos. Só não ouvi mais pois ele não queria se atrasar para seu voo. E no fim,quando o vi ir embora,realizei – pela primeira vez na vida – a minha sorte de tê-lo como amigo.

Suspirei fundo,ajeitei meu cabelo e saí do banheiro,sentindo meu nariz estar entupido. Era por isso que não gostava de chorar. Ou pelo menos era uma das razões.

Segui para a sala e procurei o celular em meio as almofadas,o pegando rapidamente. Reparei na televisão ainda ligada e antes de sentar,a desliguei,certa de que nada poderia me distrair naquele momento. Logo que me acomodei ao sofá,desbloqueei a tela e abri meus contatos,deslizando a lista toda até a letra Y. Yeppeuni. Eu não ia mais enrolar como fiz todos aqueles dias. Não iria continuar a mesma covarde de antes. Ser assim é cansativo.

Respirei fundo.

Lá estava eu a um passo – ou botão – de ligar. O nervosismo estava doido para se apossar de mim por completo,mesmo minha consciência lutando contra.

Eu não vou conseguir. Vou gaguejar pior que cd furado.

Era como se tivesse aqueles dois seres,um em cada ombro,ambos usando seus argumentos para me convencer. No caso,a mini Taeyeon diaba ganhava ao infernizar minha cabeça.

Como eu posso tocar no assunto logo depois de ter descoberto o que sinto quanto à ela ?

Eu realmente tinha que parar com as perguntas na minha cabeça. Eu sabia que dali não saí nada além de neurônios queimados mas,era inevitável.

Para de ser mole. Liga para ela logo.

A anja dizia. Acho que se pudessem ler mentes,descobririam o quão lunática eu era por dentro.

Com uma chacoalhada de cabeça,decidi não deixar mais criaturas inexistentes me ditarem o que fazer.

Voltei a analisar o assunto em questão.

“Eu,apaixonada por uma mulher.” Pensei alto. Ao realizar que o fiz,engoli em seco. A dimensão daquilo quando falado era ainda mais forte do que eu admitindo que quis beijá-la.

Se paredes pudessem ouvir...

Suspirei e encarei o botão verde mais um pouco até reparar no outro disponível ao seu lado. Claro !

Pressionei o botão de sms e sorri vitoriosa,grata pelo criador ter feito algo tão útil a seres como eu. Assim,me apressei em pensar e digitar algo cautelosamente.

Quando enviei,parei para reler o que havia escrito. É,acho que não sabia bem a definição de cautela.

“Tieipani,psso te ver ? “

Fui obrigada a fazer um facepalm pelo fail. Maldito touch screen ! Meus dedos eram tão gordos assim ? E além de errar,eu tinha que mandar logo isso ? Não podia ser um “podemos conversar ? “ ou até “ podemos nos ver ? “ não ?  Não ! Eu tinha que ser rápida,tinha que se-

Senti o celular vibrar,me impedindo de me xingar mais ainda. Senti um frio estranho na barriga,hesitando pouco antes de abrir a mensagem.

“Agora ? “

Sua resposta me fez franzir o cenho. Aigoo,o que mais eu esperava ?

Espremi os lábios e como a boa desesperada que sou,a respondi rápida e...

“É.” ... Breve.

Resmunguei ao ver minha tolice. Eu queria adicionar mais coisas mas tinha de agir como se o mundo fosse acabar,não é ?

“Se der.” Apertei enviar de novo,esperando muito pouco até enviar outra sms. “Onde você está ?”

No término do envio,reparei no que estava fazendo. Tive de segurar meu próprio pulso para me impedir de mandar mais.

Por Deus ! Se controle mulher !

Naqueles instantes de silêncio,quase consegui ouvir as vozes das minis Taeyeon a me esculachar mas,o bipe logo chegou para me alertar de uma nova mensagem,expulsando a festa da minha cabeça de novo.

“P. de Westminster.”

Li aquilo duas vezes,atenciosamente.

“P de Westuh-minsther~ ? “ Arqueei uma sobrancelha,dizendo à mim mesma como prova de que soava familiar.

Quando caiu a ficha,arregalei os olhos.

P de ponte,gênia.

Segurei o fôlego e vi meus dedos começarem a sambar pela tela de tão rápido que digitavam a minha resposta.

Mal sabia que seria tudo em vão.

 Faltando apenas enviar,senti a vibração do celular e logo,tive de apagar tudo que escrevi.

“P S :  Não pretendo me matar. “

Grunhi algo incompreensível e respirei fundo,analizando a tela brilhante. Talvez virasse rotina ela me assustando à distância dessa maneira.

Bem,pelo menos dessa vez não acabei com o  pé quase amputado de dor.

Acenei para o vento,satisfeita com esse pequeno detalhe e voltei digitar.

“Estou indo para aí.” Reuni toda a minha vontade e a respondi,guardando meu celular antes mesmo de esperar por resposta dela. Enfim chegara a hora.

XxX

Devo dizer que a tensão estava sendo pior do que um carrapato em mim. No caminho,esta não me largara de  jeito nenhum. Tudo estava tenso,aquela confiança toda começou a se esvair como aqueles relógios de tempo assim que saí do hotel. Sempre fui horrível quanto à lidar com sentimentos e ali não seria diferente. De fato,seria até pior.

Internamente,cheguei até a rogar praga no pouco tráfego da noite. Por mais estranho,queria que demorasse a chegar lá mas,obviamente,nada acontecia conforme o meu querer.

Não demorou até começar a reconhecer os lugares e para melhorar,a azeitona que chamava de cérebro me lembrou de um outro pequeno detalhe : nós não estávamos bem. Não nos falávamos a dias,sem tirar o fato dela ter se ofendido pelas coisas que eu havia dito.

Realmente,o que me fez pensar que seria tudo como nos filmes ? Talvez nessa hora aquele “Quem planta,colhe” servisse em parte para mim. Eu e a minha inseparável idiotice.

Agora eu tinha mais uma coisa para lidar e aquilo exigia um plano melhor. No caso,exigia um plano,já que antes de lembrar desse pequeno fato,eu ia só pela graça de Odin.

Quando vi que chegamos no início da ponte,fui obrigada à dispensar outros tipos de pensamentos,procurando me manter calma ao pedir para o motorista ir mais devagar. Fiquei a olhar atentamente janela à fora,supondo que ela fosse estar na onde nos conhecemos. Talvez fosse tolice mas não doía arriscar. Eu só queria mesmo que ela estivesse por ali.

A medida que os poucos carros começaram a ultrapassar o táxi,vi que já estávamos passando da metade da ponte e nada. Dessa maneira,perdi a paciência de procurar sentada,pedindo ao motorista para parar ali mesmo.

Logo,me vi caminhando pelo mesmo lado no qual semanas atrás,estava eu a ouvir Sooyoung me surdar amigavelmente. Dei uma rápida olhada na hora e enfim vi o motivo do pouco movimento. Voltei a mão para meu bolso e continuei com a caminhada,agora com toda a minha atenção em uma linha reta.

Percorria ansiosamente em passos medianos,ouvindo apenas o barulho dos carros até reparar em alguém,à metros de distância de mim. Estava escorada no parapeito da ponte e eu já sabia muito bem quem era. Talvez a reconhecesse em qualquer lugar.

A cena era totalmente nostalgiante,um deja vu exceto pelo fato de que desta vez,eu sorri de canto ao encontrá-la. Estava sã e salva com os pés no chão. Nem se comparava à antes.

Retomei o meu caminho só que dessa vez,mais lentamente,não evitando em analisá-la. O vento que sempre marcava presença todas as noites jogava os seus cabelos para trás,deixando o rosto desprotegido para minha visão. Ela parecia perdida em um ponto fixo à sua frente,fazendo-me notar o seu lindo perfil.

Acho que se eu soubesse pintar,esse cenário seria minha mais aclamada obra prima. Sem nem mesmo sorrir ela já acabaria com a tal de Monalisa. Entitulada : Mushroom Ao Vento.

Ai como eu sou idiota !

Me encontrei sorrindo que nem besta,sozinha. Com certeza eu viajava demais. Revirei os olhos em repreendimento à mim mesma,achando graça pelo meu nível de pensamento até,já mais de perto,voltar minha atenção à ela. A sua expressão fez meu sorriso desaparecer em um segundo. Tiffany aparentava ter algo que a incomodava. Ela parecia triste,ou apenas bem pensativa.

Com uma proximidade razoável,decidi parar meus pés de súbito.

“Você não vai pular mesmo não,né ? “

Estávamos a poucos metros de distância e dali,eu podia vê-la melhor. Fiquei apenas à fita-la com atenção. Ela não virou o rosto mas pelo pequeno sorriso já brotado no canto de seus lábios,percebi que ela reconhecera a minha presença antes mesmo de ter dito algo.

“Não se preocupe.”

Após sua resposta,demorou um pouco até ela olhar em minha direção.

Voltei a seguir até ela em pequenos passos.

“Então posso me juntar a você ? “

“Vai em frente.”

Eu sorri sem jeito,vendo-a desviar a atenção para o ponto fixo de antes. Assim que cheguei ao seu lado,procurei também o tão interessante local que ela estava a observar,não sendo curiosamente,a London Eye logo à nossa frente. Não foi a primeira vez que a vi fazer isso.

Enquanto ambas olhávamos o nada,um breve silêncio se instalou até eu,finalmente,quebrá-lo.

“O que faz aqui ? “

Continuei a encarar o vácuo até sentir o seu olhar em meu rosto.

“Só pensando.”  Ela deu ombros,não demorando muito em me fitar.

“Oh...”

Dessa vez,eu não a imitei. Pelo contrário,comecei a analisar seus traços mais profundamente. Ela continuava com aquela expressão de antes. Aquilo me deu uma sensação estranha. Era a culpa.

Decidi então,não tardar em dizer.

“Olha Tipani...” Minha voz saiu quase em um murmúrio. Tiffany olhou de canto. “Eu vim aqui para me desculpar.” Engoli em seco. “Me desculpe por aquele dia,eu juro que não quis dizer nada daquele jeito. “ Ela enfim,me olhou nos olhos. “Por favor,me desculpe se eu te ofendi com o que eu disse,sinceramente. “

Só de desembuchar a culpa toda que sentia,a minha ansiedade subiu uns 10 % e o meu MP – ou seja,minha coragem – + 10% também. Já era um bom começo comparado à estaca de ,se possível, -0 de todos os dias passados.

Para a minha surpresa,Tiffany pensou pouco antes de responder.

“Você não me ofendeu. Está tudo bem. “ Aquilo me surpreendera.

“Huh ?” Por reflexo,quis ver se eu não tinha ouvido errado.

“Eu disse que você não me ofendeu,que está tudo bem.” Seu sorriso cresceu um pouco. Eu franzi as sobrancelhas. Havia ouvido perfeitamente.

“Mas-Mas você aquele dia,você saiu tão brava comigo !”

Ela suspirou.

“Não sei o que deu em mim para fazer aquilo. Acho que foi só o jeito que você se expressou que...” Tiffany encolheu os ombros.

A minha expressão de interrogação deve ter se intensificado ainda mais,já que logo ela resolveu acrescentar.

“Não sei...De qualquer jeito,me desculpe também.”

Perdi a sua atenção para o rio abaixo de nós. Definitivamente,não tinha como entender mas,eu realmente não sabia o porque das desculpas.

“Você não me deve desculpas. “ Por incrível que pareça,minhas palavras saíram em um tom firme,até para mim mesma.

“Ah por favor,aquela saída foi muito dramática !” Ela riu pelo nariz de si mesma.

Voltei a me lembrar da cena. Da tal que quase me fez morrer de tanta frustração transbordando por todas as partes.

“Eu me expressei errado,você teve o direito de sair assim,não discute.” Afirmei autoritariamente,arriscando uma pitada de brincadeira em meu tom de voz.

“Uhh,não discute,ok ok.” Tiffany anuiu ,como se dissesse que não iria mais argumentar e, seu sorriso cresceu.

Fiz o mesmo.

“Então estamos de bem ?” Arqueei uma sobrancelha em questionamento.

“Diria que sim.” Ela inclinou a cabeça e pressionou os lábios.

Eu assenti e repousei meus cotovelos no parapeito,na posição em que ela se encontrara anteriormente,passando a olhar o rio. Estava me sentindo bem melhor. O alívio que me trouxe essa pequena conversa era enorme,mesmo ainda estando instigada pelo fato dela ter agido tão calma,rápida e direta assim.

Dali,novos instantes de silêncio nos cercaram,facilitando a volta dos meus pensamentos. Minha cabeça começou a trabalhar de novo em como progredir com o meu outro objetivo,o de contar à ela. Aos poucos,senti que ia viajar nas possibilidades até sua voz me tirar desse transe.

“Que horas vai ?”

“Huh ? “ Dessa vez não fora proposital. Eu não sabia do que ela estava falando.

“Que horas é o seu voo ? “

“Oh...” Levantei o olhar. “Eu decidi ficar mais um pouco.” Dei ombros.

Tiffany trocou olhar comigo nesse instante,com uma das sobrancelhas levantada.

“Ah é ?”

Fiz que sim com a cabeça. Ela parecia não esperar por isso.

“Porque ? O que te fez mudar de ideia ?”

Pensei rápido.

“Você quis dizer,quem. Quem me fez mudar de ideia. “

Ela riu pelo nariz e afirmou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

“Key ! ”

Neguei com um aceno e no mesmo instante, a vi franzir o cenho.

“Nah,a essas horas ele já deve estar no caminho de Seoul...Quem me fez ficar foi você. “ Dei ombros de novo. Não houve hesitação notável em minha voz. Eu me sentia mais leve e isso me dava confiança,o tanto que eu precisava.

Tiffany fez uma expressão mista de confusão e surpresa. Por mim,isso já estava estampado na minha cara mas pelo visto,até que não. Ela me olhara de uma maneira diferente.

“Eu ? Por que ?” Ela continuava com o cenho franzido,como se não houvesse nenhuma razão para eu ter feito isso. Eu apenas continuei com a expressão anterior,inalando um longo fôlego antes de começar a falar.

“Posso ser honesta com você ? “

Ela assentiu rapidamente,como se a resposta fosse óbvia e eu,decidi enfim falar de vez.

“Eu decidi ficar porque eu quero conhecer mais sobre você. “ Umedeci meus lábios,pronta para desembuchar tudo. “Mesmo nesse tempo todo em que passamos juntas eu ainda sinto que não tive o bastante...digo,de você,não sei o bastante de você. “Dei um suspiro frustrado. Eu não podia misturar as palavras logo agora.

Vi a sua expressão continuar intacta.

“Você é intrigante,Tipani. Eu quero te conhecer melhor. Aprendi os seus gostos,hobbies e tudo mais mas mesmo assim,parece que sei pouco de você...Quero saber quem você verdadeiramente é,entende? “

O barulho ao nosso redor foi a minha única resposta até eu ouvir um fôlego saindo dela em forma de risada.

“Uhm,quer saber quem eu realmente sou ? Isso vai ser difícil Taeyeon...”

A mudança de expressão foi extremamente rápida. De um pequeno sorriso de canto,sua boca voltou à linha plana após ter me respondido. Ela parecia ter entrado em um modo estranhamente defensivo.

“Nem eu mesma sei quem sou. “ Ela não esperou por uma resposta.

A maneira como sua voz saíra me deixara sem jeito. Lá estava uma figura que vi poucas vezes durante todas aquelas semanas : uma Tiffany hesitante. Aquele semblante me deu uma certa agonia.

“Eu só quero entender as coisas...” Senti que minha fala fora muito vaga. Ali,quis me referir à completamente tudo. Desde o motivo dela querer se jogar até o porque dessas suas últimas respostas terem soado tão relutantes assim.

Ela virou o rosto para poder ver por cima de seu ombro algo que não dei notícia. Fiquei só estudando seu semblante em busca de qualquer sinal que seja,não conseguindo nada até ter a sua atenção de volta.

Como o silêncio parecia querer continuar,eu resolvi acrescentar.

“Desde que eu te conheci eu venho me perguntando algumas coisas sobre você,tentando não tocar no assunto mas ainda sim,querendo saber dos seus motivos.Estava só esperando o dia em que você quisesse me contar... Contar o porque de ter pensado em se matar,o que te fez tão mal assim. “

Ela pareceu ter ficado tensa. Por momentos vi um severo aperto se formar em seu maxilar,como se ela estivesse forçando a própria mandíbula. Quando notei  enfim o relaxamento de seus músculos,pressenti que ela iria falar algo.

“Podemos dar uma volta ?”

Eu não esperava aquilo,mas sem pensar duas vezes,assenti. Era bom continuar naquele mesmo caminho de antes. Seguir ela,esperar por ela...Quem sabe dessa vez me desse algum resultado.

Desencostei meus cotovelos do áspero parapeito e pus-me à andar lado a lado de Tiffany.

Outra onda de silêncio resolveu aparecer,este não sendo tão estranho mas também,não sendo confortável. Era algo simplesmente vago,como se ela estivesse usando toda aquela falta de palavras ao seu favor. Eu,pacientemente,a deixei ter o tempo que precisasse,mesmo que minha ansiedade só aumentasse a cada instante.

Olhando para os meus próprios pés enquanto ambas continuávamos caladas,me veio à mente outra sensação de dejá vu. Naquela noite,estávamos à procura de um táxi nesse mesmo caminho,nesse mesmo silêncio. Os paralelos estavam ficando um tanto assustadores. Aquela lembrança também me recordou instantaneamente do medo que tive em olhá-la nos olhos. Medo de encontrar olhos tristes ou chorosos,sentimentos tais quais eu nunca iria querer ver em qualquer outra pessoa.

Não tínhamos pressa em nosso andar mas,mergulhada em meus devaneios,mal percebi a nossa saída de cima da ponte,fazendo uma pequena curva à esquerda, e descendo a escada para percorrer  mais um caminho reto em direção ao local da London Eye. Tiffany me guiava silenciosamente,me fazendo até mesmo ficar um pouco impaciente com todos aqueles momentos de silêncio. Ela com certeza parecia ter muito em sua mente.

Comecei a analisar tudo ao nosso redor. A bela arquitetura do local ao lado,as poucas pessoas caminhando junto à nós,a magnífica London Eye se erguendo à metros de distância...Tudo pareceu começar a me distrair durante a calmaria. Servira de tanta distração que em um dado momento,sequer,reparei que eu estava andando sozinha.

“Preciso ser honesta com você. “

Ouvi a voz vindo atrás de mim. Virei o torso e vi Tiffany estando a alguns passos de distância. Franzi as sobrancelhas e retornei até ela,por alguma razão,já pensando no pior. Eu não gostava de mentiras,claro que não,mas as vezes até a honestidade podia machucar...

“Com o que ?”Perguntei sem tentar parecer urgente. Acho que não deve ter dado muito certo.

Forcei um sorriso para ela e para mim mesma.

“Naquela noite,na ponte...”  Ela suspirou fundo e desviou o olhar para o chão. “Naquela noite eu-“ Ainda não parecia pronta para falar,pareceu que cargas de hesitação pousaram sobre ela.

“Eu não ia me matar. “ Seus olhos encontraram os meus.

Meu sorriso se desfez.

“O-O que ?” Eu não conseguia acreditar no que ela tinha dito. Não fazia sentido !

“Eu não tinha a intenção de pular. “ Ela não falhou em me encarar. Fui obrigada a olhá-la em confusão,não entendendo mais nada. Um sentimento estranho começou a subir pelo meu corpo,como se eu tivesse de certo modo,sido enganada por todo aquele tempo.

“Você está brincando,não é ?” Cheguei mais perto dela. “ Não é ? Afinal,por que você faria aquilo então ? Huh ?”

“Eu estou sendo honesta com você. “

“Não pode ! Como assim você não tinha a intenção ? O que fazia ali então ? Sabia que não é comum ver pessoas à beira deu um rio na madrugada ? “ Tentei não aumentar minha voz,já que estávamos em público mas,estava sendo difícil.

“É difícil de explicar ! “

“Não é não,é só você me dizer o que você estava fazendo se não queria se jogar !”

“É como eu disse hoje,só fui lá para pensar e era isso que eu estava fazendo aquele dia ! “

“Pensar ?  Em cima de uma droga de parapeito ? Quem costuma fazer isso, eu não entendo ! “ Joguei minhas mãos para o ar em frustração,sabendo que minha voz aumentara um pouco. Não era exatamente raiva que eu estava sentindo,nem ao certo irritação,era apenas uma coisa estranha que achei ter ao menos o direito de sentir.

Tiffany olhava o chão novamente. Eu não consegui mais desviar a atenção dela.

“Me desculpe,Taeyeon.” Por sua vez,ela não dizia na mesma altura que eu.

“Se você não queria se jogar,se você não tinha a intenção de se matar,se estava só pensando então porque você me disse todas aquelas coisas,huh ?” Consegui diminuir mais o meu tom. Ela tinha que ter algo plausível,não era possível ! “Porque Tipani ? “ Sem querer,minha voz saiu quase como um murmúrio no final.

Ela finalmente conseguiu retribuir o contato visual naquele instante. Sua boca abriu mas de lá não saíra nenhum som sequer.

“Porque-Eu não sei,Taeyeon,eu não sei.”

Ela sabia sim.

“Porque,Tipani ?” Tentei arrancar dela.

“Eu não sei o que deu em mim,tá ?” Ela revirou os olhos,subitamente falando em maior altura.

Fiquei calada,esperando por algo mais explicativo. De algum jeito eu sabia que ali tinha mais e comprovei isso,ao ouvi-la falar de novo.

“Quando eu ouvi a sua voz me pedindo para não pular,eu- “Sua voz falhou um pouco. Pareceu até mesmo trêmula por instantes. Desta vez,procurei em seus olhos alguma pista do que acontecera. “Aquela situação me lembrou de algo que aconteceu comigo e acho que te ver parando para me notar ali...Me fez me perguntar o quanto uma pessoa estranha se importaria. “

Minha expressão um tanto carrancuda de antes com certeza evaporou com o vento. Ela já havia se acalmado e agora suas palavras pareciam até meio distantes. O que havia acontecido com ela ?

“Falei todas aquelas coisas meio que sem pensar mas quando eu te vi subindo na beirada para ficar do meu lado,se enrolando toda no seu inglês  para poupar a minha vida...” Tiffany sorriu fraco,falando baixo.” Eu achava que pessoas de bom coração estavam extintas. “

Naquele exato momento,eu consegui ver algo raro em seus olhos negros : fragilidade. A  forma com que ela se expressou,falando como se ninguém mais fosse fazer o que eu fiz,me deu um aperto no peito,deixando-me sem palavras. Ali eu pude perceber que ela estava meio desiludida das pessoas. Pude ver que apesar dela ter mostrado ser uma pessoa alegre e gentil,ainda sim tinha algo que causava ressentimento em si,algo que a machucara para valer. E eu queria mais que tudo,descobrir o que era.

Mesmo que ela não estivesse com a intenção de se matar,eu não podia negar estar no fundo no fundo,grata por toda essa confusão. No fim,eu a conheci,né ?

Acalmei meus ânimos,percebendo que discussão não resultaria em nada.

“Eu faria tudo de novo,Tipani.” Deixei escapar o que era para ter sido apenas um pensamento. Aquilo a fez sorrir mais um pouco,me deixando envergonhada por ter dito.

“Não duvido de que faria. “

Por alguma razão ainda desconhecida,eu pareci começar a esquecer facilmente a pequena “argumentação” que tivemos a minutos antes. Talvez a minha vontade de querer mais dela fosse realmente maior do que qualquer outra coisa que atrapalhasse.

Esperei um tempinho até resolver falar alguma coisa. Antes eu havia pensado que ao descobrir tudo,as coisas se esclareceriam mas,estava acontecendo exatamente o contrário. A verdade só fez com que mais pontos sem fim surgissem.

“Me desculpe por ter feito isso,sei que foi bem idiota. “ Suas palavras cortaram as minhas quando eu estava prestes a falar.

“Uhm...Tudo bem.” Não estava sendo forçada a isso. Senti que eu deveria desculpá-la na mesma hora em que pedira,mesmo que isso não impedisse as minhas dúvidas. “Tudo bem Tipani mas me responde uma coisa. “

Ela fez uma expressão para mim prosseguir.

Quebrei mais ainda distância entre nós. Eu não queria que a conversa soasse alta,mesmo que os pedestres não fossem entender nada. Era algo que eu deveria talvez,tratar com mais delicadeza caso fosse o que eu estava pensando.

“Por que achava que não existiam mais pessoas boas ? “ Perguntei tranquilamente.

“Por que fui provada assim. “ Franzi o cenho com isso. Atiçara ainda mais a minha curiosidade e preocupação.

“Aconteceu algo com você ?”

“Aconteceu muita coisa comigo.” Tiffany deu uma risada forçada,como se em desgosto. Analisei todos os seus traços do rosto.

“Foi por isso que estava na ponte aquele dia ? “

“Nah...As vezes vou pra lá para refletir ou só para não pensar em nada. “ Ela encolhera os ombros. “Além do mais,já faz anos...”Murmurou,mais falando para si mesma do que para mim.

“O que já faz anos ? “ Ela não conseguiu mais me olhar. O aspecto de seu rosto se tornou sombrio e relutante,assim como defensivo. Similar à o de antes. “ Quer me falar o que houve ?”

Parecia que só de relembrar o que quer que fosse,já doía nela. Eu mal podia acreditar que ela tivesse tanto dentro de si como aparentava ter naquele momento. Seria então todos aqueles eye smiles e sorrisos ao meu redor,uma fachada ? Comecei a sinceramente,duvidar.

Ela contemplou a minha pergunta e olhou o ambiente. Dera alguns passos até um banco próximo à nós duas e ali,se sentou calmamente. Eu repeti todos os seus atos. Agora,estávamos lado a lado,de costas para o rio. Um longo suspiro foi o sinal de que ela estava prestes a me falar. Engoli em seco,esperando.

“Quer mesmo saber ? “ A pergunta soou um tanto retórica. Ela parecia querer que eu dissesse não.

“Quero.”

“Sabe é meio...Trágico.” Forçou uma outra risada. Eu comecei a não gostar desse tipo de risada dela. Era como se ela quisesse mascarar alguma coisa com um sorriso e isso me dava um outro aperto no peito.

Eu deixei com que minha expressão falasse por mim. Ela bufou e me olhou nos olhos. Eu não tinha a mínima ideia do que estava por vir.

“Quando eu era criança eu sempre fui muito ligada aos meus pais,à minha mãe principalmente. Ela era a pessoa que eu mais admirava,sabe ? A que eu queria me espelhar durante toda a minha vida. “ O canto de seus lábios se levantaram um pouco. Algo como um sorriso. “Eu jurava que ela ia me acompanhar em tudo mas não foi bem assim. Quando tinha 10 anos,minha mãe descobriu um câncer.”

Segurei minha respiração por segundos.

“Foi a coisa mais rápida do mundo. Como se em um dia ela estivesse chorando pela descoberta e no outro,eu já acordasse sem ela do meu lado. “

Mordi meu lábio inferior ao tentar imaginar o que ela sentira. Não consegui.Talvez fosse  impossível de imaginar tamanha dor sem tê-la sentido na pele. Eu não conseguia nem pensar em viver sem minha mãe.

“Foi o pior momento da minha vida,acho que foi quando eu chorei mais que meu corpo aguentava. Tudo ficou tão vazio,tão estranho sem ela lá...Meus irmãos não foram diferentes de mim,mas meu pai...”Ela tomou um fôlego.” Para ele,dali em diante,mais nada importava. Nem eu,nem meus dois irmãos,absolutamente nada.”

Por incrível que pareça,Tiffany conseguira manter seu rosto intacto. Nem mesmo seus olhos,os quais nunca parei de fitar,apresentaram um indício de lágrimas chegando. Era estranho,já que em mim,um nó na garganta queria se formar só de ouvir aquelas palavras.

“Com o tempo ele começou a agir diferente,à se isolar,à nos culpar por não sei que motivo...Ele agia como se fosse o único sofrendo,sabe ? Como se só parte dele tivesse morrido junto com ela. “

Senti um frio na barriga.

“Isso durou mais um menos um ano. Um ano cheio de brigas e de merda para mim aturar. “ Outra risada de desgosto.

Não faz isso,Tipani.

“Só sei que,depois de toda aquela depressão,ele fez a coisa mais idiota que uma droga de pai poderia fazer,largando nós três totalmente sozinhos.” 

Aquela parecia ser a primeira vez que ela contava isso para alguém. Eu tive até receio de falar naquela hora.

“Ele abandonou vocês ? “

Ela negou com a cabeça.

“Ele se matou.”

Soltei um engasgo de surpresa,quase como se tivesse recebido uma fincada no coração. A sua voz saíra tão calma que aquilo me deixou agoniada. Dessa vez em seus olhos vi um brilho incomum aparecer.

“Eu avisei que era trágico.”

Mordi o meu lábio inferior com mais força. Os meus olhos que já estavam ardidos desde horas antes,começaram tudo de novo. Eu sabia que eles estavam marejados. Não evitei desde em que ela tocara no assunto de sua mãe.

“Tipani,eu sinto muito.”

Me senti uma idiota dizendo aquilo. Odiava essa frase nos filmes mas eu não pensei em outra coisa. Estava até um pouco atordoada.

“Eu também.” Ela suspirou fundo. “Mas enfim,na época eu já nem conseguia chorar direito. Estava magoada com ele desde antes mas o que mais machucou,foi ele ter desistido dos próprios filhos. “

Uma pausa.

“Um pai não deve fazer isso.”

Eu fui deixada sem o que dizer. Não tinha mesmo o que falar,já que a proporção dos acontecimentos eram imensas. Sendo assim,optei por apenas ouvi-la. Eu poderia ouvir tudo que ela estivesse disposta à me contar.

“Se lembra daquela amiga que te falei,a Yoona ? “

Não queria que ela mudasse de assunto mas apenas assenti,não sabendo na onde ela iria chegar.

“Então,ela era minha vizinha na época. O pai dela era o melhor amigo do meu,trabalhavam juntos desde que mudamos para cá.” O brilho em seus olhos aumentara,forçando-a a desviar o olhar. “Eram quase como irmãos e é isso que é o mais revoltante. “

“O que ele fez ? “

“Você quer dizer o que ele não fez. “Ela olhou pra mim,me fazendo notar as lágrimas que ela segurava. “Ele foi o último a falar com o meu pai. Ele sabia da situação,sabia das ideias que passavam na cabeça dele mas não levantou o dedo mindinho para ajudar. Deixou com que meu pai fizesse o que bem entendesse,mesmo sabendo que ele não estava em seu estado normal .” Uma lágrima escorreu por sua bochecha mas ela logo a limpara com as costas da mão.

Eu quis chorar junto mas não o fiz. Segurei o grande nó em minha garganta.

“Meu pai confiava nele. Consegue ver porque eu aproveitei da situação e quis ver até onde você ia ? Uma estranha esteve mais disposta a ajudar do que praticamente um irmão. “

Meus olhos já não aguentaram mais. Pela segunda vez em menos de 2 horas,eu chorei,nem mesmo me importando do local,nem nada. As lágrimas correram por minha bochecha lentamente até eu vê-la limpa-las com o seu polegar.

“Não chora.” Ela demonstrou um sorriso breve.

Como se isso fosse possível.

O seu toque me deixou um pouco paralisada. Vendo-a ali perto de mim depois de saber mais um pouco sobre sua vida,fazia tudo tão diferente. Aquilo a tornou mais completa pra mim,mais forte e admirável aos meus olhos.

“Tipani,” Ela retirou a mão,para o desgosto. “Como conseguiu se tornar forte assim ?”

Ela balançou a cabeça.

“Não sou forte,não mesmo. “

“Claro que é” Segurei as lágrimas”Não vê ? Você passou por tudo isso e ainda continuou firme,isso é sinal de força,tem de ser.”

“Eu não sou forte,eu te garanto Taeyeon. É praticamente o contrário...”

“Porque ? Não se inferiorize,Tipani. Não depois disso. “

“Não é isso. Eu só sou covarde.”

“Huh ? Covarde ? Por que você seria covarde nessa situação ? “

Ainda tinha mais ?  Ela estava se tornando mais complexa,quase como um quebra cabeça para mim. Quando pensava tê-la entendido,sua resposta não batia com o que eu esperava. Previsível. Ela não era previsível.

“Quando fiquei maior eu procurei fugir de tudo. Fugir não é covardia ?”

Pensei em mim mesma. Eu ia fazer isso ao ir embora sem vê-la novamente. Eu seria uma covarde.

“Você tinha esse direito !”

“Taeyeon eu não fugi só de casa ! Fugi das responsabilidades,mal completei meus estudos,joguei minhas oportunidades no lixo. Isso é sinônimo de fraqueza. Eu não consegui suportar e recomeçar como meus irmãos bem fizeram. Eu só passei por cima e é por isso que ainda me sinto atormentada. “

Suas palavras começaram a soar mais rápidas,estranhamente ríspidas.

“Eu não consegui me desligar das coisas ruins.”

“Você nunca procurou ajuda em alguém ? Um amigo ?  “

“Desde sempre venho procurando “conforto” nas pessoas.” Ela fez aspas com os dedos. “Não posso dizer que todos esses anos só fiquei remoendo o passado mas o vazio que ficou não melhorou  com ninguém. É como se elas não bastassem pra mim e mesmo eu reconhecendo meu egocentrismo,sempre preferi me afastar. “

Uma certa insegurança me atingiu. Ela talvez se sentia da mesma maneira comigo ? Será que em algum ponto ela iria querer se afastar de mim também ?

“Eu nunca deixei nem meus irmãos se aproximarem de mim,por me trazerem más lembranças ! Ainda pareço forte para você ? “ Uma risada amarga seguiu.Era uma pergunta retórica. “Acho que não.”

“Não diz isso.”  Eu já não sabia mais o que achar dela. Ao mesmo tempo em que ela me parecia forte,só de ouvir a sua voz naquele desgosto consigo mesma me fazia pensar o quão frágil ela era.

“Digo porque é verdade.” Ela se levantou do banco e andou alguns passos,virando seu corpo para enfim poder me olhar de frente. “Nunca se perguntou o porque de não ter te levado na onde moro ? Ou ao menos ter te dito o que eu faço da vida ?”

Sim,eu já havia me perguntado isso mas ela parecia não esperar pela minha resposta.

“Eu não faço nada,nada !” Ela dera as costas para mim,dando mais alguns passos para frente. Parecia inquieta.

Eu me levantei do banco também mas permaneci no mesmo lugar,à espera dela. Tiffany continuou a fitar o edifício em nossa frente.

“Isso não quer dizer nada !” Exclamei.

“Claro que quer. “Ela virara em minha direção mas não retornara. Olhei diretamente em seus olhos e os encontrei mais uma vez,brilhantes. “Muitas pessoas dão a volta por cima e constroem um futuro ou qualquer coisa mas eu ? Continuo no mesmo lugar,sendo a mesma idiota de sempre ! Não tenho emprego,droga,nem ao menos tenho casa direito ! É por isso que eu me afasto,não vê ?” Seus braços se abriram,como se ela se mostrasse pra mim. “ É bagunçado,é confuso...Você não deve querer isso,ninguém é obrigado a querer isso. “

Eu não conseguia compreender. Tiffany parecia se castigar e se castigar,como  se ela pudesse decidir também o que os outros fossem querer dela. As suas palavras soavam totalmente ríspidas,muito diferente de como dizia anteriormente. A mudança me assustara.

“Sabe o que eu acho ? Que você deve esquecer o que aconteceu entre nós duas. É melhor para você .” 

Me encontrava totalmente perdida. Eu já havia realizado que não me arrependia daquela noite e o mesmo servia para ela. Porque a ideia assim de súbito ? Só eu sabia o que era melhor pra mim e no momento,o melhor era ela.

Assim como ela se afastara dos outros,eu percebi que ela tentava fazer o mesmo comigo. Não consegui engolir aquilo de jeito algum.

“Não Tipani. “

Comecei a me aproximar dela esperando que ela não fosse recuar.

“Eu não quero esquecer. “

Ela permaneceu imóvel,analisando meu rosto fixamente.

“Não tenta me despachar também.”

“Não ouviu o que eu disse ? Depois de tudo que te disse você ainda quer ficar perto de mim ? Por Deus ! Não percebeu que eu só magoo as pessoas ? Não tem medo de se magoar também ?  Não tem dó de si mesma ? Não percebeu essa droga de fato de que eu sou uma ninguém,um nada ? Mas que merda,Taeyeon !”

A sua voz crescera notavelmente. Meus olhos se arregalaram um pouco. A dimensão de suas palavras me assustaram mais que tudo. Pisquei algumas vezes sem saber o que dizer,nem o que fazer. Mais uma vez ela conseguira me deixar sem palavras.

Assim que ela realizou o que tinha feito,uma tensão percorreu entre nós. Ela desviou o olhar de mim para o chão,parecendo deixar uma lágrima cair. Eu continuei fitando-a,atônita.

“Me-“Tiffany soltou um fôlego. “Desculpe,eu não quis gritar assim...”

Algumas pessoas nos olharam mas eu apenas as ignorei,começando a me aproximar mais. Ao meu ver ela estava mais que diferente. Nem parecia a mesma pessoa que convivi durante aquelas semanas,não que isso fosse ruim.

Ela não conseguiu levantar o olhar para mim,mesmo sabendo da minha aproximação. Eu engoli em seco,reorganizando meus pensamentos.

“Não quis levantar a voz desse jeito.” Ela dissera baixo.

Apenas continuei a andar até ela.

“Sim. “ Fora a minha única resposta.

Ela levantou o rosto em questionamento. Eu parei a uma curta distância entre nós,podendo enfim observá-la mais de perto.

“Eu ainda quero ficar perto de você...Estou aqui,não estou ? “

Percebi uma tentativa de desviar a atenção de mim mas coloquei minha mão em seu queixo,forçando-a a me olhar nos olhos. Eu precisaria olhá-la diretamente nestes ao falar o que se passava por minha mente.

“Você não é uma ninguém,um nada. Você é ... a Tipani. “Dei ombros.” Apenas a Tipani,a Mushroom que conheci a algumas semanas que de tão importante pra mim,me fez perder uma carona pra voltar para casa. Me fez ficar mais tempo aqui. “Eu sorri pra ela,sincera. “A Mushroom que me fez desesperar logo no meu segundo dia aqui,a que me fez rir por coisas bobas,a que cuidou de mim quando bêbada,a que zombou da minha pessoa no parque de diversões inteiro...”

Vi um rastro de sorriso se formar em seu rosto. Eu aumentei o meu só de relembrar tudo que passamos em tão pouco tempo,tudo que me levou à gostar dela.

“A pessoa que me fez sentir algo inexplicável...”  Me senti incrivelmente brávia ao dizer aquilo,mesmo estando morrendo de vergonha por dentro. Senti minhas bochechas corarem mas não me importei. “Você é a Tipani,a Yeppeuni,a Mushroom,o que bem quiser. Você éalguém para mim. “

Ousei deslizar a minha outra mão por seu rosto,limpando algumas fracas lágrimas que caíam de seus olhos.

“Eu me importo com você,não ligo para seja lá o que fez ou deixou de fazer no passado. Só quero ser alguém pra você também então,por favor,não tenta me afastar. Eu não vou. “ Sorri de canto.

Ela se manteve calada,atenciosa.

“Posso ser chata quando quero,lembra ? “ Nesse instante,vi um sorriso pequeno surgir em seu rosto. Aquele fraco sorriso servira de um grande alívio para mim,mesmo que por segundos.

Vendo resultado aos poucos,decidi continuar a expressar tudo que estava preso em mim.

“Apenas por não ter desistido como seu pai fez,você já é forte o bastante pra mim. De fato,você é o cogumelo mais forte que eu já vi !”

Vi seu sorriso aumentar gradativamente,fazendo-me acompanhá-la. Assim,senti que aquele era o momento certo.

Tomei fôlego e coragem.

“E sabe porque eu realmente decidi ficar ?“Afastei uma mecha de cabelo que caía em seu rosto.”Porque eu gosto de você .Digo,gosto de gostar,como você gosta de mim,dá pra entender ? “ Quis deixar claro. Ela deu um breve aceno,com a expressão de que o que eu dissera fora inesperado.

“Tudo que você precisa agora é acreditar em mim,em tudo o que eu te disse. “

 O peso de minhas costas se esvaiu completamente,para o bem dos meus neurônios e da minha sanidade. Tiffany pareceu me estudar assim como eu fiz esse tempo todo com ela. Minhas bochechas teimaram em queimar sob seu olhar. Não acreditava que havia dito mesmo.

Eu não sabia ao certo se ela estava sem palavras ou se estava pensando no que dizer,mas,um aceno de cabeça dela como em concordância foi bastante para mim aproximar meu rosto do seu e com toda a minha coragem restante,depositar um beijo demorado em sua bochecha. Me pareceu ser o certo naquela hora. A minha vontade era outra mas eu não queria me aproveitar de sua vulnerabilidade.Fechei meus olhos. Só de poder tocá-la,eu já estaria satisfeita.

Ainda de olhos fechados,lentamente tentei voltar o rosto para poder ver a sua reação,mas,ela me impedira de afastar completamente. O seu rosto pendera para o lado e quando dei por mim,senti algo suave e macio colidir contra os meus lábios.

Tiffany me beijara.

Se me perguntassem o que eu senti na hora eu não teria nada para poder descrever. Não querendo ser clichê mas foi algo tão doce e inesperado de minha parte – mesmo já querendo aquilo – que me deixou boba. Eu e ela estávamos sóbrias. Não parecera ser puro desejo como da última vez,não parecera querer tendenciar ao sexo. Um simples e calmo beijo que me fez até esquecer de que estávamos em público,de que éramos ambas meninas.

Que as pessoas tirem até fotos caso queiram. Não ligo o mínimo pra ninguém que não é ela.

Eu sorria como besta mas,o tempo que se passara,fora para o meu desgosto,curto demais. Logo eu senti falta do calor de sua boca na minha,fazendo-me assim,abrir os olhos forçadamente. Quando o fiz,ela me olhava ternamente,não com um sorriso,mas com algo que certamente se assimilaria à gratidão.

Aquilo encheu o meu coração de esperança. Mesmo sabendo das suas inseguranças,pontos fracos,seja o que quer que fosse,eu estava certa de que ficaria ao seu lado diante de tudo.

Até que ela enjoasse de mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Minhas sinceras desculpas pela demora e saibam que de novo,voltarei a postar todo sábado ^.^Muito obrigada pelas reviews,e pela paciência porque né -.-
Ah e desculpe se o cap ficou meio mal estruturado,sei lá,eu ando muito incontente com a minha escrita,acho que enferrujei mas prometo melhorar. *O*
Obs : Nyah vai acabar msm né .-.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dance On Our Graves" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.