Dance On Our Graves escrita por Thoryeon


Capítulo 1
Airplanes


Notas iniciais do capítulo

Romênia,valeu pelas ideias :D
Eu to muito animada pra escrever essa fic,então gostaria muito de saber a opinião de vocês. A Tiffany só vai aparecer no segundo capítulo,então esse serve mais como amostra grátis ou whatever :B



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Quando criança,sua inocência junto à imaginação,é a entrada para seu próprio mundo,onde sonhos parecem mais que alcançáveis e tudo se torna faz de conta. Você escolhe uma profissão e em um piscar de olhos,seu quintal pode virar a lua ou Marte,ou até mesmo um estádio lotado de fãs seus,desesperados por seu toque,sua música e clamando amor por você. Quando criança,te perguntam o que você quer ser quando crescer e você sem preocupação alguma diz o que lhe vem na mente no momento. Astronauta,super heroína,bailarina,atriz de Kdrama e cantora. Essas foram minhas respostas,quando perguntada. Porém querendo ou não os anos passam e você perde,mesmo que contra a vontade,a esperança de alguns desses desejos se realizarem.Na adolescência,na rebeldia da adolescência,juntamente com as ilusões causadas pela televisão,suas opiniões começam à mudarem de acordo com a formação de sua personalidade,ou apenas a fortificação desta.

Aos meus 14 anos,uma das minhas respostas ainda permanecia intacta : cantora. Descartei astronauta não por ser impossível - talvez por isso mesmo - mas por ter uma certa síndrome de lugares fechados. Bailarina ? Não consigo nem fazer abertura sem parecer um ganso todo drogado e contorcido. Isso porque exigem flexibilidade. Super heroína eu não preciso nem comentar e atriz de Kdrama,digamos que esqueci completamente que essa era uma opção. Talvez até poderia ter dado certo,se caso não exigessem sensualidade. Porque é a coisa que eu menos tenho. Sou tão sexy quanto o mendigo próximo à sua casa. Mas enfim,eu ainda almejava conquistar milhões de fãs algum dia. Tentei ser uma trainee,mas parece que tudo só deu errado. Meus pais não aceitavam muito bem a dura rotina e o extremo cansaço e eu meio que não suportei a pressão. Até hoje me sinto uma fraca por ter desistido tão fácil assim.

Aos meus 16 anos,minha resposta mudara completamente. Chamo esses anos de época escura da minha vida,pois me tornei uma completa idiota. Amada. Quero ser amada. Isso é claro,foi resultado de uma decepção amorosa e platônica,já que fui a única que gostei e consequentemente,fui a única que sofri. Aos 17,decidi apenas me concentrar no que eu gostava de fazer e tentar tornar esse o meu ganha pão. Computador. Meu eterno e amado computador. Tecnologia,em geral. Pelo menos,esta não me frustrava como as pessoas ao meu redor. Isso era bom,certo ? Certo. Dediquei os tempos seguintes todos ao meu trabalho e ao meu estudo. Felizmente,sucedi em tudo que tentei. As pessoas aos poucos começavam a me chamar de menina prodígia. Continuava bom,certo ? Certo,até eu perceber já nos meus 20 anos,que não tinha nada de experiência em relacionamentos,enquanto todos ao meu redor pareciam ter escrito até manuais sobre como lidar com término de namoro.

Não que minha falta de experiência fosse de importância ou me incomodasse,mas cheguei a pensar que eu exalava repelente de homens ou coisa assim. Talvez fosse meu emprego de nerd ou minha inteligência,dizia minha mãe tentando me 'confortar'. Como se para conseguir um namorado era só se passar por burra ou ser menos inteligente que o cara. Comprovei mais ainda que ela estava errada quando conheci minha pior e melhor amiga,Choi Sooyoung. Essa trabalha comigo e no meu oposto,exala aroma de acasalamento. Não que ela seduzisse de propósito,mas sua aparência e personalidade ajudavam. Com ela,construi um negócio empreendedor de softwares e afins,que no começo foi duro manter. Lutamos para chegar onde estamos hoje.

Assim,com a longa convivência junto à ela,percebi que eu era mesmo a estranha da história. Isso até eu encontrar meu na- se me permite corrigir, ex - namorado. Gentil de primeira,bonito no ponto certo,grande flertador e com um emprego razoável. Parecia inofensivo até nosso terceiro mês de namoro,onde começou a aparecer suas garrinhas e claro, o meu chifre de dois metros. Agora sei porque senti tanta dor de cabeça naquela época. Com certeza não estava nos meus planos quando desejei ser amada,aos 16. 'Talvez seu negócio seja robôs. Talvez você só não saiba lidar com as pessoas. Eu que tive que me aproximar de você,afinal de tudo.' Disse a amiga que deveria ter me apoiado e xingado o dito cujo junto comigo. Praticamente me chamou de louca anti-social. Pelo lado bom,ela poderia estar apenas sendo realista. Amigos são para essas coisas...Eu acho.

"Hobbit,você por acaso está carregando um corpo aqui dentro ? Se tiver fala,que eu vou é cobrar !" Falando no diabo,eis que ela emerge da escuridão. Ou melhor,da sala de estar,carregando minhas duas malas em mãos.

"Claro que não. Estou é carregando dois corpos do seu tamanho. Por isso o peso. " Retruquei ao guardar meu notebook na capa e abraçá-lo ao meu peito.

"Ha,engraçado. Mas eu acho difícil um corpo de modelo como esse caber. Já no seu caso,não precisa nem espremer né ? Fica até confortável. " Sooyoung riu e parou na minha frente com um olhar sarcástico.

"É nos menores frascos que se tem os melhores perfumes e os piores venenos,Sooyoung. Cuidado. "Espremi os lábios e olhei ao meu redor à procura de alguma coisa que poderia estar me esquecendo.

"Uhhhh,a baixinha está afiada hein ?! Aprendendo a se defender e tudo mais. Só não me testa,Taeyeon,ou eu te coloco nessa mala e mando te extraviarem para o Perú. " Sooyoung ajeitou as malas nas mãos e disse de uma maneira convincente. Soltei uma risada pelo nariz e revirei os olhos,decidindo ignorar suas ameaças por ora.

"Para de falar bobeira e vamos logo ou eu vou perder meu voô para ,ahm, onde meesmo ? Me ajuda,esqueci ! " Provoquei já me afastando da garota mais alta,prevendo um tapão na cara ou um ataque típico e violento.

"Sua pouca sombra,se eu não estivesse de mãos ocupadas,iria te fazer beber água do vaso. " Sooyoung ameaçou andando atrás de mim. Eu ri e suspirei,me direcionando para a porta da garagem depois de uma ultima rápida checada pelos cômodos. Tudo pronto.

Inglaterra. Esse era o meu destino,para minha alegria e para a inveja de Sooyoung. Com a súbita emergência de nossa empresa,veio muitos e muitos lucros. Tudo isso devido aos programas criados por nós duas. Softwares super requisitados que nos fizeram subir drasticamente no ranking de empresas desse assunto na capital. De começo como já disse,foi duro,mas com a aparição e confiança dos primeiros investidores,tudo parece que entrou na linha,tudo estava onde deveria estar e assim permaneceu constante e só à subir mais. De calouras da tecnologia - como nos apelidaram no início - à donas da SNSD. Sistema Nacional de Softwares e Downloads. Esse empreendimento até agora era o maior sucesso e com o êxito,novas propostas foram feitas,como a expansão dos negócios para outros países. Investidores ingleses requisitaram os nossos produtos em Londres para uma experiência. E esse era o motivo o qual eu iria passar um tempo naquele país.

"Bla bla bla,você fala demais Sooyoung. Respeite a sua unnie. " Eu falei em tom mandão,não convencendo muito. Abri a porta que dava até a garagem e não fiz questão de segurar ela para Sooyoung.

"Agora você é minha unnie né ? Mas quando é para mim te chamar assim,não pod-. " Sua voz foi cortada pelo baque que a porta fez ao bater de novo na moldura. Olhei para trás e a vi bem próxima ao vidro da porta. "DÁ PARA VOCÊ ABRIR AQUI ? NÃO SOU SUA EMPREGADA,TAEYEON. " Ela balbuciou mais algumas coisas mas eu preferi não prestar atenção.

"Tá tá. Boca suja,eu hein. " Voltei alguns passos e abri a porta para ela,segurando até ela ter passado. A shikshin passou me jogando laser cortante pelos olhos. Acho que ela ficou meio bravinha.

"Você abusa demais. Deixa só eu te pegar destraída,hobbit. Vai apanhar até ficar do meu tamanho. " Novas ameaças vieram após eu ter aberto o porta malas do meu carro. Eu a ignorei novamente ao ajeitar o óculos de grau no meu rosto,fingindo não escutar todas suas reclamações.

"Onde já se viu..." Sooyoung murmurava baixo,colocando as malas de qualquer maneira no recinto. Assim que terminou,ela seguiu direto para a porta do passageiro enquanto eu colocava meu notebook junto às malas. Logo,apertei o botão para fechar.

Segui para o banco do motorista e dei partida após estar tudo pronto. Sooyoung me encarava com uma cara incrédula mas eu fingia não ver,fitando apenas o que estava na minha frente. Abri o portão da garagem com um alarme e iniciei o trajeto até o aeroporto. O silêncio de Sooyoung já me alertava o que eu iria escutar minutos depois.

"Porque você não muda de casa ? Que pobreza,parece que nem tem dinheiro. Acho que você nasceu para ser pobre. Pobre de espírito,eu hein. Olha só,falo pro seu bem,é questão de segurança,entende ? E se vem um ladrão aqui ? Se bem que,o que um ladrão iria querer nessa casa sua ? Só se for seu carro mesmo,ou sua geladeira. " Sooyoung começou a tagarelar enquanto eu dirigia calma pelas ruas da cidade. "Eu pelo menos iria querer só sua geladeira. Ah e Taeyeon,uma limpadinha na sua casa não faria mal sabia ? "

"Olha quem fala. A menina que deixa comida japonesa de janta para os mosquistos por meses. "Retruquei de modo irônico.

"Foi só uma vez e eu tinha esquecido onde tinha colocado. Algum problema Taeyeon ? Quer lembrar de águas passadas agora ? Porque se sim,começo a jogar na cara aquela vez que você deixou sua calc- "

"Ya ya,eu não estou falando nada demais. Para de escândalo,invejosa. Já entendi o seu joguinho. Só tá discutindo comigo por que estou a horas de me encontrar com a Rainha. Não se preocupe,vou trazer chá para você. " Provoquei ao olhar Sooyoung de relance.

"Eu não vou falar mais nada. Você vai se arrepender de tudo isso. Só não vou para Londres também por que alguém tem que manter o dinheiro entrando. Esse alguém sou eu,uma pessoa útil,ao contrário de você. Aposto que vai ficar mais a toa do que eu sem comida e internet. " Sooyoung me olhava de queixo levantado,como se fosse superior. Revirei os olhos e sorri de canto.

"Ainda sim está com inveja. " Eu murmurei em tom baixo,com a intenção dela não ouvir. O tapa que recebi no braço,me provou o contrário.


No caminho até o aeroporto,Sooyoung fez mais comentários sórdidos ao meu respeito como se eu não estivesse lá,para variar. Eu fui retrucando tudo,mas devo admitir que ela sempre foi boa em discussões. Algumas vezes,nem tive respostas prontas. Quando chegamos ao estacionamento,a fiz carregar de novo minhas malas com a desculpa de estar com dor na coluna. Ela é claro,não acreditou,mas mesmo assim carregou como eu queria. Em mãos estava apenas meu celular,meus documentos e minhas ervilhas,enquanto meu notebook estava pendurado ao meu ombro. Ao adentrarmos no lugar,uma barulheira encheu nossos ouvidos. O aeroporto estava mais movimentado do que de costume,e toda aquela falação me deu um pouco nos nervos. Mas,como sempre,Sooyoung foi a que se manifestou,com o dobro da minha irritação e o alvo novamente,foi a minha simplicidade.

"Tá vendo no que dá querer vir nesse aeroporto ? Poderia muito bem ter aceito o jatinho que ofereceram,ou se fosse o caso,comprasse um ! " Ela comentou de modo rígido,resmungando ao olhar as pessoas ao redor com uma carranca no rosto. As vezes me pergunto se Sooyoung ainda se lembrava da antiga vida que costumava ter. Nem tudo foi luxo.

" Sooyoung,não é tão ruim assim. Larga de ser esnobe,aish. " Revirei os olhos ao seguir para fazer meu check-in. Havia uma fila de um lado e uma muvuca de outro. Ajeitei meu óculos no rosto e suspirei,me posicionando na fila que dava para o balcão da companhia aérea. A shikshin veio logo atrás,falando e falando na minha orelha.

Pelo menos,para o bem dos meus ouvidos,a fila não foi tão demorada como parecia ser. Logo eu já estava pesando minhas malas e ajeitando os ultimos detalhes da minha passagem. Poltrona e essas coisas. Iria de classe média,já que não havia motivos para ir de primeira. Achei que poucas pessoas fossem viajar para Inglaterra,ainda mais nesse período em que estamos,então não vi problema. Enfim, não demorou até eu estar prestes à embarcar.

"Acho que é isso." Eu falei com um sorriso de canto,olhando a Sooyoung de esguelha ao virar a cabeça de um lado para o outro. Suspirei e subi as ervilhas para meu peito,abraçando o pequeno brinquedo.

"É.É isso." Sooyoung retrucou e suspirou na mesma maneira que eu. "Então tá. Tchau. Toma cuidado e se o avião for cair,põe as ervilhas dentro da blusa,quem sabe se você não for torrada eu reconheço seu corpo. Beijos,minion. " A shikshin falou rápido,virando de costas assim que terminara. Eu a encarei de modo hesitante. Ela tava falando sério ? Franzi as sobrancelhas,confusa. Uma voz de mulher um tanto robótica soava pelos alto falantes do aeroporto,anunciando o embarque.

Eu pensei em falar alguma coisa,mas não foi preciso. Sooyoung nem sequer começou a andar. Apenas virou de novo para me encarar,com uma expressão que não consegui entender. Ela parecia querer sorrir mas ao mesmo tempo,me dar um tapa na cara.

"Você é tão esquisita ao ponto de nem saber se despedir ? "Ela disse com os olhos meio cerrados. Eu espremi os lábios para conter o sorriso.

"Sou. E você é mais ainda por andar comigo."

"Não fica me lembrando disso ou eu começo a me perguntar o porque. "Sooyoung retrucou friamente,mas também tentava conter o sorriso. Ela,para minha surpresa,passou seus longos braços ao redor de mim,me abraçando forte.

Sooyoung e eu não éramos do tipo de amigas que ficavam se tocando toda hora. Era uma vez na vida outra na morte e nos feriados comemorativos. Ano novo,natal e tal. Isso assim,ou era um aperto de mão esquisito ou um abraço mais estranho ainda. Mas,esse abraço até que foi...normal. Legal. Acolhedor.

"Por que voce trabalha comigo,idiota. "Eu respondi,não demorando para retribuir o abraço. Não se pode esnobar uma atitude dessa vindo logo de Choi Sooyoung.

"Ah é. Infelizmente. " Ela suspirou e se soltou do abraço. "Se cuida,minion. Quero notícias suas,tá me ouvindo ? Se você não me ligar quando chegar lá,você pode esperar uma surra quando chegar aqui. Você tem memória de peixe,mas eu não. Ah e é bom trazer chá pra mim mesmo,se não é outra surra. " Ela sorriu de vez. Eu sorri na mesma intensidade.

"Tudo bem tudo bem,gigante. Te dou notícias,para você invejar um pouquinho."

"Cala a boca." Sooyoung me deu um empurrão pelo ombro que quase me desequilibrou. Eu acenei negativamente em reprovação e dei mais um sorriso,abanando minha mão como despedida ao caminhar até onde sinalizava a sala de embarque.

O avião era como o esperado. Simples do lado de fora,mas visto de dentro,parecia imenso. Cheguei até a minha poltrona de modo rápido,pois não tinha muitas pessoas perto. Porém,com o passar dos instantes,mais e mais pessoas se juntaram e quando vi,parecia que metade daquela muvuca de antes estava ali na classe média. Com a decolagem,vi realmente que o local estava repleto de gente. Respirei fundo,optando pela melhor opção : ouvir música. Assim não iria ter que ouvir uma criança que chorava desesperadamente junto à tosses de um senhor ao seu lado e conversas de outras pessoas.E isso,era a classe média.

Conectei os fones de ouvido e coloquei na minha playlist. Como estava no lado da janela,escorei minha cabeça nessa e deixei meus braços descansarem no meu colo enquanto segurava o saco de ervilhas de pelúcia. Mal percebi começar a ficar sonolenta e logo me encontrei em um sono bom.

O tempo de viagem era longo,a distância mais ainda. Quando acordei do meu primeiro sono,já havia escurecido do lado de fora e as pessoas haviam ficado quietas. Minha playlist imensa estava na metade. Eu me sentia meio tonta e desnorteada,sem contar com a surdez rotineira do avião. Logo que me situei,a fome bateu em mim.


Eu me sentia estranha,como se nem tivesse visto Sooyoung a horas atrás. Tudo já parecia estar diferente e o fato de eu estar sozinha,contribuía para a minha estranheza com a situação. Nunca tinha saído assim da Koréia para tão longe,então era tudo novo. As horas que eu sabia que ainda faltavam me fizeram mais descrente do que já estava. Matei minha fome e a minha única outra opção foi dormir mais. Não estava com muita vontade de mexer no computador então optei pela coisa mais fácil. Era só deitar a cabeça e fechar os olhos.


Entre dormidas,escalas e coisas do tipo,seguiu a minha viagem. Não fiz mais nada do que morgar o tempo todo,tentando evitar um menininho irritante do meu lado,junto à sua mãe.


Como estava perdida no tempo,não sabia se haviam-se passado 2 dias ou mais,porém enfim anunciaram que o avião se encontrava próximo à Londres. Dei um suspiro de alívio,me sentindo extremamente exausta. Estiquei meus braços e endireitei minha coluna,pausando a música - a qual me salvara - por uns instantes.

"Ei moça. "
Se eu ignorar ele esquece. Se eu ignorar ele esquece.

"Eeei,moça ! " O menininho de cabelo de cuia insistiu.

"Oi..." Eu olhei para ele depois de perceber que ele me encarava sem parar. Nunca fui boa com crianças e acho que nunca vou ser. Acho estranho a maneira com que algumas pessoas tratam elas e eu com certeza não tenho jeito. Nem mesmo com a minha irmã mais nova.

"Deixa eu ver... ? " Seu dedo indicador apontou para as minhas ervilhas,que estavam no meu colo. Eu olhei para sua mãe mas ela parecia nem ligar. Estava mais ocupada lendo uma revista de moda ou seja lá o que uma moça de cabelo em pé na capa significasse.

"Ahm...tá. " Eu umideci meus lábios e entreguei a pelúcia pro garotinho. Ele sorriu e examinou de todas as formas. Seus dedos percorreram o ziper,o qual ele abriu de vez. Senti a dor em mim.

"Me dá ? " Ele arregalou os olhos ao retirar as bolinhas verdes de dentro da vagem,apertando-as com força. Ele me olhou em seguida.

"É que...N-não é meu e ... É um p-presente. " Gaguejei ao responder,me xingando internamente. Como posso ser tão idiota perto de uma criancinha indefesa ? E além do mais,não custava nada dar o brinquedo. Eu poderia ter mais,certo ?

"Não é não. Você que não quer me dar,não é,noona ? " Ele respondeu sério. Eu olhei de novo para a mãe dele e ela parecia se importar muito menos.

"Não é isso,eu já disse que é um presente. " Respondi. Na verdade,eu não queria mesmo dar,é isso. Me processe. Qual o problema em gostar de colecionar ? Nenhum. É comum,mesmo para meninas de 23 anos,claro que é.

"Não queria mesmo,tem coisas melhores e mais bonitas que isso aqui. " O garotinho fez uma expressão esnobe e jogou as bolinhas de qualquer maneira em cima de mim,junto com a vagem para guardá-las. Lancei um olhar sério para ele. Ô garotinho mal educado viu ?

Ele se virou para a mãe e decidiu atormentá-la,ao invés de mim. Ainda sem paciência,juntei as minhas ervilhas e me ajeitei na poltrona,ouvindo o comandante anunciar o pouso. Apertei meu cinto e esperei. Janela à fora,o dia aos poucos estava se esvaindo. Parecia ser no meio da tarde. Nota mental : ajustar horário do meu relógio.

Assim que ocorreu o pouso,vi enfim a paisagem de Londres. O comandante avisara nas duas línguas a chegada e o tempo da cidade. As pessoas começaram a se espreguiçar e arrumar suas bagagens. Eu demorei um pouco para me levantar. Estava me sentindo mais preguiçosa que Sooyoung,realmente. Mal dei falta do meninho e da mãe dele. Já não estavam mais nas poltronas ao meu lado. Amém. Peguei as coisas que estavam comigo em mãos e desfiz o cinto,me levantando de vez.

Fiquei esperando a fila de pessoas andar,feliz por ter chegado. Feliz até eu ver uma coisa verde,nas mãos pequenas e maldosas de um garotinho com cabelo em formato de tigela,à 3 pessoas na minha frente. Vagem. Ervilhas. Minhas. Olhei para minhas mãos à procura só para confirmar o roubo.

"Ei ! " Não hesitei em falar. Acho que minha voz saiu um pouco alta,já que alguns olhares se atraíram até mim.

A medida que as pessoas foram andando,logo o garotinho se encontrava nas escadas do avião. Me apressei para alcançá-lo,pouco me importando se estava esbarrando nas pessoas ou algo assim.

"Ei ! " Dessa vez gritei,conseguindo mais atenções até mim. Eles já se encontravam no solo. Antes de sua mãe puxá-lo para dentro do aeroporto,ela se virou para mim.

"Ei,esse brinquedo é meu ! Seu filho pegou de mim !" Eu disse apontando para o objeto verde e bem visível em suas mãos.

"O que ? Do que ela está falando Junghyu ?" A ahjumma se virou para o filho,esboçando nenhuma expressão em particular.

"Não peguei nada,umma. Eu achei. " O garotinho do demônio respondeu inocentemente. Aqueles olhos não me enganam.

"Não,ele roubou de mim ! "Eu falei exaltada,terminando de descer as escadas para chegar até o solo. Assim,encarei os dois na minha frente. As pessoas pareciam interessadas na situação. Curiosos é pouco.

"Eu não...eu não... roubei nada !" Para piorar,o menino abrira o berreiro. Eu olhei para os lados em desespero. Isso estava mesmo acontecendo ? Seu choro era alto e estridente,ele soluçava e falava algo entre mas ninguém entendia. Pude até sentir olhares de reprovação em cima de mim. Por qual motivo ?

"Ahm,esquece. Pode ficar com ele ,e-eu v-vou indo t-á ? Uhm,b-oa tarde." Decidi deixar de lado,já que estava virando um espetáculo que realmente não estava afim de estreiar. Ou melhor,continuar. A mãe do moleque falou algumas coisas mas eu sequer me importei. Nem virei para os lados. Apenas segui para o aeroporto,sem nem saber direito para onde ir.

A diferença de clima da Koréia,do avião e de Londres era horrível. Me sentia em completo choque térmico. Londres estava bem gélida,para o dia. Cruzei os braços para me aquecer e com o básico do meu inglês,segui para o salão principal do aeroporto. Um homem,para minha sorte,me esperava de terno e gravata,com uma placa escrito meu nome. Este se apresentou como Harry - ainda não sei como se pronuncia -,motorista designado pela empresa dos investidores e pegou minhas malas em seguida. Para minha compreensão,ele falou tudo devagar. Eu apenas acenei e respondi coisas básicas. Ele disse que iria me levar para o hotel,onde havia uma suíte para mim.

No caminho até lá eu fui meio lerda. Estava tão cansada que não queria fazer mais nada além de ficar vegetando no assento. Isso porque o que mais fiz foi dormir. No rádio uma música em inglês tocava e eu não fazia a mínima ideia de quem era. Se inglês norte-americano já era dificíl de saber,imagina o britânico,com aquele sutaque todo ? Um charme,mas só para os que entendem. Harry conversou pouco,para minha sorte. Não estava animada nem para olhar as ruas da cidade ou algo do tipo. Minhas pálpebras pesavam e meu corpo doía.

"Chegamos." Ele me tirou do transe vegetativo em que eu estava ao abrir a porta de trás para mim. Eu sai em seguida e acenei com o corpo,como agradecimento. Olhei para o edifício à minha frente e fiquei admirada. Era imenso. A entrada era luxuosa,mas não exagerada. Havia toldos que combinavam com a pintura do local e uma pessoa de uniforme em frente,segurando a abertura da porta.


Harry pegou minhas malas e acenou para mim acompanhá-lo. A pessoa de uniforme abriu a porta e sorriu para mim. Eu retribui. O rapaz de terno falou uma coisa no balcão de recepcionista,a qual não entendi e nem quis. O lugar era maravilhoso. O lobby parecia ser mais um salão enorme de dança ou algo do tipo. Poderia ser montado uma outra casa ali se quisessem. Quem estava pagando por tudo isso ? Eu ?

"Por aqui." O rapaz inglês chamou o elevador e esperamos. Vi que ele não estava mais com minhas malas em mãos. Estavam em um carrinho de mesmo porte do que todos os móveis dali. Harry era alto e magro. Tinha a barba bem aparada e aparentava ter 30 anos ou sei lá. Não ligo. Estou com sono demais para isso.

Com a chegada até o 13º andar,eu já sentia a cama me chamando. Estava digamos,com o efeito do avião ainda. Harry falou algumas coisas,eu não entendi,ele repetiu devagar,eu não entendi. Ele deve ter pensado que sou uma completa estúpida. Ele quase soletrou,então eu fingi que entendi e acenei com a cabeça,sorrindo. Deu certo.

"Se precisar de alguma coisa,pode pedir para os funcionários." Ele tentou o seu melhor,coitado,mas eu não entendi uma palavra do que ele disse. Sorri e acena Taeyeon,sorri e acena.

"Ji Suk vai te ligar amanhã." Enfim uma coisa conhecida. Ji Suk era o tradutor dos investidores,quando estes ofereceram a proposta. Pelo menos não vou ficar boiando como peixe morto.

"Obrigada." Respondi em inglês desleixado e o vi sair do quarto em instantes. As últimas coisas que me lembro,é de seguir para a cama à minha frente.

Não me preocupei em observar muito o quarto,mas de cara,era grande e parecia ter uma bela vista. A cama era imensa e confortável,só de olhar. Me joguei nesta e sem nem mesmo me obrigar a nada,dormi sem minhas amadas ervilhas.



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Notas finais do capítulo

Pra quem não sabe,o carro da Taeyeon é uma Mercedes Benz AMG prata. Críticas construtivas são sempre bem vindas !



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