Zombie Walk escrita por Callye Hiver


Capítulo 2
Capítulo 2 - A história do antigo grupo


Notas iniciais do capítulo

Vai ser um capítulo bem grandão hein o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/233938/chapter/2

Estou encostada na parede do galpão, abraçada com as pernas. Luke e Mikaella dormwm no chão, cobertos com as jaquetas que usavam. Depois que a loira voltou, Matt saiu novamente, e não havia voltado.

Ele realmente não gosta de Mikaella.

Mikaella...

Fecho meus olhos. Ela é irmã de Luce, minha melhor amiga.

A melhor amiga que eu tinha deixado morrer.

Abro lentamente os olhos, e encaro fixamente o chão.

Olho para uma janela ao alto. O céu está em um tom violeta com laranja. Deve ser umas seis horas da manhã.

Volto a observar Luke a Mikaella. Será que ela me mataria se descobrir que a irmã dela estava morta... e parte da culpa era minha?

Suspiro.

- Só tenta dormir... - murmuro para mim mesma.

Eu havia ficado a noite inteira sem dormir, pensando que eu estou ao lado da irmã de Luce.

Não havia conseguido pregar o olho. Fiquei a noite toda ali, abraçada com minhas pernas, pensando.

Uma das coisas em que pensei nesse tempo foi Matt.

Ele tinha me salvado daquele zumbi assustador - Tiranus, se não me falha a memória.

Mas, afinal, por qual motivo?

Eu só era uma garota andando sozinha na rua. Não era problema dele. Nem sequer nos conhecíamos. Por que ele arriscaria a vida daquela forma pra me salvar? Afinal, Tiranus estava bem atrás de mim, de acordo com ele. E se ele o tivesse visto?

Se fosse eu no lugar de Matt, provavelmente o deixaria morrer.

Seria melhor do que arriscar minha vida por um desconhecido.

– Izzi, já acordou? - Me assusto ao ouvir a voz de Mikaella.

Ela levanta-se e vesta sua jaqueta, me olhando. Esperava uma resposta.

– É... na verdade, acordei agora a pouco - minto.

– Ah, entendi - responde a outra, ficando de pé. Luke se levanta logo em seguida. - Cadê aquele ruivo mal-humorado?

– Ele ainda não voltou. - digo, saindo do meu canto e indo na direção de Mikaella.

– Ah, ele não pode ficar lá fora pra sempre. É mal-humorado, só sabe chamar os outros pela cor do cabelo, só sabe mandar, é um chato e idiota mimado - até me surpreendo com tantas qualidades do Matt que ela cita -, mas não é burro pra ficar zanzando por ai sozinho - diz por fim. - Logo ele chega aqui.

Como num passe de mágica, eu, Mikaella e Luke viramos a cabeça para olhar a porta do galpão e ver Matt chegando com algumas poucas comidas.

– Voltei - fala, mal-humarado.

– Que bom garoto, porque eu vou sair agora. Essas poucas coisas que você pegou ai não vão dar nem pro cheiro. Se depender de você, vamos passar fome.

– Cala a boca. Não é fácil sair pegando comida por ai de noite. Os zumbis e o Tiranus ficam mais ativos. Achar um bom lugar pra me esconder deles, e depois ver se a área tá limpa pra poder procurar a comida também não é fácil.

– Tá bom, tá bom - responde ela, fazendo um gesto com as mãos para ele ficar quieto.

Ela pega uma sniper (que eu não tinha percebido que estaf em cima de uma das caixas do galpão) e fecha a jaqueta. Quando ela segura a maçaneta da porta, Luke apareca ao seu lado.

– Mika, posso ir com você? Por favor? - Pergunta ele. Sério, ele tinha quinze anos, mas ele parecia mais ter uns dez.

– Mas você não tem armas, e nem sabe usar elas.

"Com certeza está vivo por causa do Matt", penso.

– Eu posso pegar uma das armas do meu irmão e... eu me viro na hora!

– Ei loiro, eu disse que você podia pegar uma das minhas armas? - Fico surpresa. Não chamava nem o próprio irmão pelo nome?

– Aaah, por favor Matt!

– Cale a boca. Sua voz me irrita. Parece uma menina falando.

– É assim que você trata seu irmão mais novo? - Pergunta Mikaella, totalmente irritada. - Você é o mais velho. Irmãos mais velhos protegem os mais novos. Esse é o nosso trabalho. Se você trata seu irmão assim, você não merece nem tê-lo como parente! - Retruca. - Toma Luke, pode ficar com minha pistola - diz ela, pegando uma no bolso e entregando ao garoto. - Agora, você só precisa mirar e atirar, tudo bem?

– Mirar e atirar - repete.

Mirar e atirar.

- Dai chegam as perguntas de quando ele tem que fazer isso, por que tem que matar os zumbis, lembrar a ele que é na cabeça... - falava Matt.

– Eu sei o porquê de termos de matar os zumbis!

– Cala a boca, garoto ruivo! - Grita Mikaella, totalmente estressada. - Vem Luke - diz, por fim, e segura a mão do garoto, saindo.

Com esse grito, Matt cala-se. Até mesmo eu me assusto. Vejo ele indo na direção de um canto com várias caixas. Ele se senta-se em uma, olhando para o chão.

– Hm... Matt? - Arrisco-me a perguntar, e sento ao lado dele.

– Que foi?

– Ah... tá tudo bem?

– Acha que uma vadiazinha loira vai me deixar magoado? Eu sou homem. Não fico chorando por que gritaram comigo. Se gritam comigo, eu grito mais alto.

– E por que ficou quieto, então?

– Porque eu sei o motivo dela ter ficado tão estressada. Antes, no antigo grupo, eu vivia xingando todos os idiotas de lá quando faziam merda. Sabe quantas vezes ela levantou a voz por causa disso? Mas agora, se eu for falar um "A" pro loirinho, só falta ela pegar aquela arma e atirar no meio da minha testa.

– Só com o Luke?

– Ela tem uma irmã - diz ele. Óbviamente, Matt não sabia que eu sabia sobre Luce, mas finjo ser algo novo pra mim. - Não sei o nome dela e pouco me importa. A loira teve que se mudar, e a irmã dela ficou por aqui. Quer saber? Só estamos nessa cidade porque essa vadia acha que vai encontrar a irmãzinha. - Ele suspira. - Ela fica irada comigo quando faço algo que pode deixar o loiro triste porque... eu ainda tenho meu irmão. Então, eu não me vejo no direito de discutir com ela sobre isso.

– Então por que continua fazendo isso com ele?

– Caralho, virou aquele viadinho do meu irmão pra me encher de perguntas sem fim? É porque ele é um viadinho, só isso. E eu não to brincando. Não tô falando porque ele é chato, é porque ele gosta de homens mesmo.

Fico encarando-o, sem saber o que falar. O Luke de fato tinha uma voz meio afeminada, mas ele era gay?

Logo, Matt começa a rir.

– O que foi? - Indago.

– É sério que você acreditou? - Ele ria ainda mais. - É claro que ele não é gay, menina. Ele pode ter uma voz de mulher, mas ele é homem sim. Eu só tava tirando. Você tinha que ver a sua cara, morena - ele sorri e afaga meu cabelo. Sinto-me corar um pouco.

– Ah, Matt... - falo, logo depois de ele parar de rir e olhar fixamente para a janela, que mostrava um céu azul. - Posso te perguntar uma coisa?

– Diz aê.

– É que... por que você me salvou naquela hora, do Tiranus? Quer dizer... a gente nem mesmo se conhecia. Eu não me arriscaria por alguém que vi andando pela rua...

– Eu também não - responde. - Não me arrisquei por você. Tenho uma dívida com... como que é o nome mesmo? Almas? Que eu prometi que cumpriria pro meu irmão. Eu te salvei por ele, na verdade. Sou ateu. Não acredito em Deus. Mas o loiro é católico. Ele me pediu isso.

– Ah... pode falar mais claramente?

– Na outra cidade, tínhamos um antigo grupo de sobreviventes. Eram, contando nós três, umas vinte e sete pessoas. Um bom número, não?

– É sim.

– Estávamos refugiados numa escola. Eu consegui escalar os portões e abri por dentro. Ficamos lá algum tempo. Era difícil alimentar tanta gente. Na verdade, os únicos de lá que sabiam usar uma arma eram eu, a loira, uns dois caras da polícia e... a Sheila - contava, fazendo uma boa pausa antes de dizer o nome dela. E melhor, dizendo o nome dela. - Mas, matar zumbis de verdade, apenas eu e a loira. Ela teve que pegar a comida pra todos nós enquanto eu ensinava sobre matar zumbis.

– Mas é tão fácil entender!

– Pra quem não estava acreditando naquilo tudo, não. Acredite se quiser, fiquei duas horas explicando tudo que eu sabia sobre os zumbis que eu vi em filmes e seriados.

– E essa Sheila?

– Ah, ela... tive que dar aula pra ela aprender a usar uma arma. Demorou umas duas semanas.

– Por que os policiais não a ensinaram?

– Ela queria que eu mesni desse a aula pra ela. Enfim, ao menos ela entendeu bem rápido sobre os zumbis. Mas ai... um dia, o Tiranus apareceu. Foi a primeira vez que vi ele pessoalmente. Quer dizer, um dia apareceu uma menininha gritando, dizendo quem viu um zumbi gigante e assustador. Decidimos chamar ele de Tiranus depois de ouvir a descrição dele. Então, ele nos achou. Explodiu os portões e as paredes daquela escola. Eu e a loira éramos os líderes do grupo. Ela ficaria com os que sabiam atirar, tentando deter ele, enquanto eu ficava com os outros, tentando escapar. Mas, entre os que ficariam com ela, estava a Sheila.

– Ah, já saquei. É a típica história... você amava a Sheila, ela te amava e vocês não podiam ficar separados.

Matt suspira.

– O maior erro da minha vida foi me apaixonar por ela. Eu andei até os jardins da escola e decidi voltar pra buscar a Sheila. Disse que voltaria logo, mas zumbis apareceram. Ou eu cuidava do meu grupo, ou ia atrás da Sheila. Eu era um idiota apaixonado. Deixei um atirador lá, entreguei uma das minhas armas pra um cara e disse "é só atirar na cabeça". Meu irmão veio atrás de mim. Bem, meu grupo morreu. Eram zumbis de mais pra eles. Eu deveria estar lá, porque eu atiro com as duas mãos - conta ele. - Certo, a culpa é da loira de não ter previsto o ataque. Quando cheguei lá, menti e disse sobre eles, falando que não aguentaram e só sobraram eu e meu irmão. Certo, estávamos, contando nós, treze pessoas. Conseguimos fugir do Tiranus.

– Onde foram?

– Um hospital ali perto. Mas bem, a loira descobriu que ele ouve bem de mais. - Conta. - Me mandou não usar a arma, ele deveria estar perto. Mas, a Sheila estava vagando pelo pátio do hospital de noite. Todos dormindo. Eu estava de vigia. Fui falar com ela. E fiquei me gabando, dizendo sobre minha pontaria e atirar com duas mãos. Ela me deu a arma dela e fiquei atirando igual um idiota em pássaros com a mão direita e esquerda. Acertei todos, e levei um zumbi para nosso refúgio. Quando o ouvimos chegando, tentamos acordar todos. Mas era tarde de mais. Era correr ou morrer. Bem, eu e a loira éramos campeões na escola de corrida. Levei meu irmão no colo. Ele não sabe correr tão rápido.

– E a Sheila?

– Ela até que me acompanhou bem. Mas ai o Tiranus, com aquela arma injetada no braço, explodiu a cabeça dela. Não estou brincando. Eu vi a cabeça dela explodindo bem do meu lado, porra! - Ele dá um soco na caixa e fecha os olhos. - Todos mortos por causa de mim! Todos!

– Então... você prometeu ao Luke que tentaria recriar esse grupo?

– Exatamente.

– A culpa não é sua, não escolhemos nossas decisões quando gostamos de alguém.

– Tem razão. Por isso, vou tentar não me apaixonar por mais ninguém. De toda a forma, ninguém é melhor que a Sheila... nem mesmo ela. - Diz, mas parecia ser mais para si mesmo do que para mim.

Fico pensativa. Quem é ela? Será que ele pensa que estava gostando de outra pessoa?

– Ei gente, rango - fala Mikaella e Luke, abrindo a porta sorridentes.

Sorrip de volta. Matt cruza os braços, irritado.

Então, paro um pouco para raciocinar.

Ele não deve conhecer muitas meninas pra... "competirem" com a Sheila. E com certeza ele não sente nada por mim, pois essa foi a primeira vez que conversamos.

Mikaella...

Se fosse, não gostaria nem da Sheila, afinal.

Penso.

Ele sempre saía e voltava muito tempo depois, de acordo com Luke. Mas, mesmo ficando o dia todo fora, ele voltava sempre sem nada. E parecia muito cansado na volta, como se tivesse andado muito. Mas eu sabia que tinha um bom local pra buscar comida bem perto do galpão onde estávamos.

Minha pequena mente só conseguiu pensar em uma coisa.

Matt conhecia outro grupo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Ah, só pra saberem, no romance u.u Era só pra Izzy chegar na conclusão do outro grupo. /podemcontinuarcomMattxMikaouMattxIzzy.

Mandem reviews! Quanto mais reviews, mais rápido eu vou postar :3