Demorei um pouco para processar o que ele tinha dito.

- Tá... tudo bem, eu sei que ela vai tentar algo mas... – ele me interrompeu.

- Mas eu não vou deixar. Eu te amo e mais ninguém. – sorri com o seu comentário.

Demos um beijo pequeno, mas este virou um beijo um pouco maior, e ficamos ali, nos beijando por alguns minutos.

- Acho que amanhã eu já tenho que me encontrar com a Savannah para fazer o trabalho. – disse ele, com uma expressão desapontada.

- É, eu também tenho que combinar com o Alex. – eu disse.

O ruim é que os professores passam trabalhos enormes e não podemos deixar para a última hora. Lembrei que Annie viria aqui e avisei ao Kyle. Depois de 30 minutos, ela chegou. Cumprimentei-a e ela avistou Kyle na sala.

- Kyle, você também veio? – disse Annie. Acho que esqueci que de contar que ele era meu “irmão”.

- Ah, eu esqueci de contar, os nossos pais namoram, então a gente é meio que... irmã e irmão. – eu disse. Annie nos entreolhou.

- Sério? Nossa, vocês parecem namorados, não irmãos... – gelei com essas palavras, e o reflexo de Kyle for passar a mão em sua testa. Ela olhou para ele durante um tempo e sorriu:

- É, e esse anel na mão de vocês é para lembrar que vocês são irmãos né? – ela brincou.

- É. – Kyle riu. Eu ri também, mas era um pouco preocupante. Já que era a segunda pessoa que descobria que a gente estava namorando. Fiquei séria.

- Mas você não pode contar pra ninguém Ann.

- Relaxa Klo, eu não vou contar. – ela sorriu. Acho que posso confiar nela.

- A gente vai pro quarto mô, depois vai lá.

- Tá, eu vou assistir TV e depois eu subo lá. – ele me disse dando um selinho e subimos.

Chegando no quarto, eu fechei a porta e Annie sentou na cama e disse apressadamente:

- Tá, agora me conta tudo! Como ele te pediu em namoro? Como vocês se conheceram? Ele beija bem? – ela disse tão animada que eu ria do seu estado.

Respondi todas essas perguntas e mais outras que ela foi fazendo, e ela também falou dela. Ela veio de uma cidade que fica longe porque seu pai foi transferido. Ela queria mudar, porque ela achava que a maioria das amigas dela não eram tão... amigas assim. Ela estava infeliz naquela cidade e quando seu pai recebeu a proposta de mudar ela ficou animada. Descobri que passamos pela mesma coisa em relação as amizades, mas agora temos uma á outra.

Depois de uma 2 horas, Kyle bateu na porta e entrou no quarto.

- Oi meninas. – disse ele sentando na cama.

- Oi mô. – disse.

- Oi Kyle. – Annie respondeu.

Ficamos conversando um pouco até que Kyle disse:

- Annie, você ficou interessada em algum menino da escola?

- Ah, os meninos que sentam com a gente são legais, e bonitos, mas... – Annie parou de falar.

- Mas o que Ann? – eu perguntei.

- Mas teve um que me chamou a atenção. Ele ficava me olhando e quando eu olhava para ele, ele desviava o olhar. Não só por isso, mas eu gostei muito dele. – Ela disse.

- E qual o nome dele? Você lembra? – Kyle perguntou com um sorriso de canto.

- Claro. – respondeu ela com um sorriso bobo. – é Tyler. – eu fiquei surpresa. Kyle abriu um sorriso enorme.

- Ah, é, ele é gente boa, meu melhor amigo desde os 7 anos... mas então, ele acabou de me ligar para perguntar sobre o trabalho, e ele acabou contando sobre isso tudo, mas ele não sabe que eu to comentando isso com vocês, ele pediu pra mim não falar nada, mas eu quero ajudar ele, se você quiser ficar com ele...

- Eu quero – respondeu ela, meio indecisa. – mas eu tenho um pouco de medo.

- Por que? – Eu e Kyle perguntamos juntos.

- Porque eu... eu... eu nunca beijei ninguém. – ela respondeu.

- Fica calma, tudo tem a sua primeira vez, todo mundo fica nervoso antes do primeiro beijo. – disse o Kyle colocando a mão no ombro de Annie, em um gesto tranquilizante.

Ficamos ali conversando um pouco, depois Annie foi embora. Depois de um tempo, o celular de Kyle toca.

- Amor, atende pra mim? – ele disse deitando na cama. – eu não to com vontade de falar com ninguém agora, só quero você. – ele fez uma cara manhosa e sua expressão também estava cansada.

- Tá bom bê. – eu disse, rindo um pouco.

Atendi.

- Alô, o Kyle está? – disse a voz do outro lado da linha.

- Quem é? – indaguei.

- A Savannah.

- Ah, oi Savannah – Kyle fez uma careta e um sinal para que eu não passasse o telefone para ele. – ele tá ocupado agora, amanhã ele fala com você.

- Tá. – ela disse e desligou.

No dia seguinte fomos para escola, eu vi o grupo das minhas amigas que eu andava antes, elas estavam observando um cara do 2º colegial, como sempre. Não lembro o nome dele, mas todo mundo fala que ele e os amigos não são boa coisa. Lembrei da época em que eu estava ali no meio, olhando para ele e os amigos também. As meninas chegam a falar comigo, mas eu não ando mais com elas. Eu me sinto mais confortável onde eu estou agora e com que eu estou agora.

O dia passou normal, até que quando chegamos em casa o Kyle disse:

- Mô, a Savannah quer que eu vá na casa dela pra fazer o trabalho. – ele me disse meio com receio.

- Tá, então eu acho que vou chamar o Alex pra gente também começar. – eu disse

- Tá. Mas antes, vem aqui. – ele colocou as duas mãos na minha cintura e me puxou pra perto dele, fazendo nossos lábios se tocarem. Sua língua pediu passagem e eu cedi.

Ficamos ali mais um tempo, depois eu liguei para Alexander e fomos assistir TV. Uma hora depois, Kyle se levantou e disse que tinha que ir pra casa da Savannah. Ele me deu um beijo.

- Juízo hein senhor Kyle! – eu disse, brincando, mas ao mesmo tempo, falando sério.

- Sempre, o mesmo pra você senhorita Chloe! – ele riu e foi para a casa daquela lá.

Logo, Alex chegou. Começamos o nosso trabalho, e no final da tarde paramos e fomos comer alguma coisa. Fui colocar as coisas em cima da mesa, quando derrubei refrigerante no chão. A garrafa praticamente explodiu no chão, de tanto líquido que havia ali. Peguei um pano umedecido e limpei a sujeira. Quando voltei para a cozinha, pisei no lugar onde eu tinha limpado e escorreguei. Alex veio e me pegou por trás, impedindo que eu caísse. Então, vi duas pessoas entrando pela porta, as quais eu não queria que vissem aquela cena, mesmo sendo um acidente.

Kyle não tinha expressão. Já a Savannah estava rindo. Kyle pegou a Savannah pelo braço e eles subiram para o quarto.

- É melhor eu ir. – disse Alex. – tenta explicar pra ele o que realmente aconteceu?

- Claro, eu vou. Tchau. – eu disse enquanto ele virava de costas para ir embora.

Subi no quarto correndo.

- Kyle, você entendeu errado, eu juro... – parei e não acreditei no que estava vendo.

Então, percebendo a minha presença, Kyle e Savannah pararam de se beijar e olharam para mim, que já estava chorando muito.

- Bom, eu disse que eu iria te acompanhar até em casa, eu fiz isso. Tchau Kyle. – disse Savannah saindo do quarto.

Eu olhei para Kyle e perguntei entre lágrimas:

- Porque você fez isso?

- Eu deveria estar perguntando isso para você, não o contrário. – ele disse seco, mas com os olhos molhados.

- Você não entendeu Kyle, eu juro, não aconteceu nada. – eu disse e expliquei como tudo realmente aconteceu.

- Tá. – Kyle disse. Eu fervi com essa sua ironia.

Então, começamos uma briga, nós dois chorando e gritando um para o outro, até que um ponto paramos de falar. Ele subiu e eu fiquei na sala. Depois de um tempo eu fui para o quarto. Entrei lá e as duas camas de solteiro que antes formavam uma de casal, agora estavam separadas. Kyle desceu as escadas. Fui tomar banho, fiz a lição do dia seguinte e deitei na minha cama. Sozinha. Depois de um tempo, Kyle abriu a porta do quarto e deitou em sua cama.

Eu ouvi um som. Parecia que ele estava chorando, e eu também. Demorou um pouco para o sono chegar. Meia hora depois, fui ficando cansada. E foi assim que passei a noite, chorando até dormir e esperando ter Kyle pra mim de volta.