All I Need escrita por Luce


Capítulo 4
Chapter 4 - Dream.


Notas iniciais do capítulo

Mudei algumas coisas da fic, o que acharam?
Postei esse capítulo mais cedo. Nele, Damon se "conecta" com Elena através dos sonhos dela e isso vai ter muita importância na fic. Eu escrevi ele ouvindo Holding On And Letting Go, se quiserem ouvir enquanto leem, aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=9DovSYz3da0
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Assim que eu ouvi aquela voz gritando meu nome, chutei o corpo humano para longe de mim. Fiquei parada, de costas, enquanto me preparava para enfrentar o que estava por vir. Limpei o sangue que havia em toda a extensão de meu rosto e abaixei a cabeça.

- Elena! – A voz novamente gritou. – O quê...

Ouvi passos. Vários passos. Não de uma só pessoa, mas de outras. Instantaneamente, entrei em estado de desespero. Ninguém podia ver o que tinha acontecido ali.

Eu estava perdida. Totalmente perdida.

Sem pensar em fazer mais nada, usei toda a minha força para correr longe dali. Em duas respirações ofegantes, eu estava parada em frente a minha casa. Havia sido fácil reconhecer a voz de Bonnie, sim. Há dias eu não a via mais, porém, eu não fazia ideia do que ela podia estar fazendo lá, de repente.

Será que ela estava seguindo-me?

Jogando todos os pensamentos para longe, adentrei a casa. Estava vazia, para a minha sorte. Corri para as escadas e depois desse ato me arrependi, esquecendo-me que eu estava tonta demais para fazer qualquer coisa. Correr até ali já me esgotou demais. Até mesmo subir as escadas iria custar-me meu bem estar.

Devagar, consegui subir degrau por degrau. Fui em direção a meu quarto e bati a porta, atirando-me na cama. Os pensamentos voltaram a mim como jatos e eu apertei os olhos, querendo, por tudo nesse mundo, que o sono me invadisse.

Demorou, realmente. Demorou muito para que isso acontecesse e, quando aconteceu, eu aprofundei-me em um sonho. Ou, mais parecia um sonho.

Eu estava em uma rua. Uma rua desconhecida pelos meus olhos, na verdade. O lugar estava deserto e eu pude perceber o calor do lugar me invadindo. Havia uma floresta afastada dali e era a coisa mais verde que eu já vira. Conseguia ouvir o canto dos pássaros e, naquele momento, eu senti que estava no paraíso. E eu queria que aquele sonho nunca mais acabasse.

Usando um vestido vermelho e curto, comecei a correr levemente pelo lugar. Á cada passo, a sua beleza parecia multiplicar-se por um milhão e eu ficava, cada vez mais, maravilhada.

Aquilo realmente era o paraíso. Que me fazia esquecer de todos os problemas e apenas aproveitar aquele momento.

Porém, não durou por muito tempo. Como se fosse apenas para acabar com minha alegria e empolgação, o lugar se desfez aos meus pés. Minha visão ficou turva e os galhos das árvores ao longo quebraram-se e as mesmas espatifaram no chão, fazendo um barulho alto. Franzi a testa e, quando olhei para o céu, estava negro. Apertei os olhos e desejei, de uma vez por todas, acordar. Presenciar aquela cena era terrível para mim.

Mas, outra coisa aconteceu. O cenário mudou, e eu me vi em um mundo de cabeça para baixo em alguns instantes. O lugar estava escuro, ao não ser por duas tochas iluminando quase tudo. Ao redor, pude ver pessoas mortas e um cemitério há dois passos de minha distância. Sangue escorria pelos caixões, pela entrada e pela grama queimada abaixo dos meus pés. O cheiro de fumaça era forte e fazia-me quase desmaiar. Porém, percebi, ao notar as minhas roupas, que elas estavam com mais fumaça do que a grama. Eu não as sentia em contato com a minha pele, embora, meu estado foi de confusão a perplexidade. Comecei a movimentar meu corpo e, quanto mais me mexia, mais meu vestido vermelho (agora cor de sangue) alongava-se. Fiquei paralisada, então, e comecei a murmurar o quanto eu queria que aquela tortura acabasse e eu acordasse em minha cama com uma ressaca imensa.

Senti meu corpo arder e um barulho á minha esquerda. Virei apenas o rosto e, quando consegui uma visão mais nítida do que acabara de acontecer, vi asas negras e alguns pios em um galho.

Um corvo.

Eu não estava cega. Eu sabia muito bem o que estava vendo.

Ele estava me observando. Eu sabia disso. Eu tinha certeza.

Virei o corpo em sua direção e não me importei com a fumaça saindo de meu vestido. Comecei a caminhar até ele e fiquei parada, apenas o observando. Meus olhos estavam ardendo e senti neles as lágrimas, mesmo que aquilo fosse apenas um sonho, parecia real. Eu sentia tudo. Cada movimento que eu fazia. Cada respiração. Meu coração pulsava e tudo que eu conseguia pensar no momento era “Damon está me observando! Ele está nesse sonho!”.

Eu imaginava seu rosto. Imaginava seus traços. Imaginava tudo nele. Eu queria imaginar ele ali, comigo. Apenas isso. Mas eu sentia como se não conseguisse controlar esse sonho, pois parecia muito real para ser controlado.

Fechei os olhos, pensando que, talvez, aquilo não fosse um sonho, e sim, o que estava acontecendo agora comigo. Por que não?

- Você está enganada. – Uma voz atrás de mim me disse, concluindo meus pensamentos. Aquela voz. – Você ainda está dormindo, Elena.

Sem pensar em mais nada, virei e o encarei ali, parado. Sim, ele estava ali. Pude senti-lo ali e todas as partes de meu corpo gritar seu nome. Damon! Damon! Damon! Outras partes, porém, gritavam que aquilo era apenas um sonho.

Bem, eu estava confusa demais para pensar.

Ouvir a voz dele era tudo que eu precisava. Eu precisava sentir-me segura e bem como eu sempre me sentira com Damon. Eu queria sentir aquilo novamente.

- Damon. – Falei tudo o que conseguiu sair da minha boca. Ele me encarou e sorriu de canto, ainda um pouco distante. Uma das tochas iluminava seu rosto e seus olhos azuis brilhantes que chamavam tanto a minha atenção.

Era impossível. Ele não poderia ser tão real. Mas ele era.

- Como... – Tentei dizer, embora Damon me interrompeu, como se soubesse de todas as coisas que tinha em minha mente.

- Não pergunte. Não há necessidade. Só me escute, Elena.

Sua expressão começou a ficar séria, e eu apenas balancei a cabeça, ainda confusa. Ele abriu os braços para o lugar e revirou os olhos, logo depois, voltou a me encarar, dizendo:

- Veja esse lugar. Veja essas pessoas mortas. – Ele apontou para os corpos e eu estremeci, revirando os olhos. – Sim. Pessoas que eu mesmo matei. Pessoas inocentes. Bem, pelo menos, algumas. Mas, apenas as olhe, e me diga se você quer matar outras como eu fazia. – Franzi as sobrancelhas. Tentei decifrar seu olhar e ele continuou intacto, esperando que eu falasse alguma coisa. Mas era como se palavra alguma conseguisse sair de minha boca. – Não, Elena. Você não quer isso e nunca quis. Mas esse é meu mundo. E não podemos viver nele juntos. Mas você e Stefan podem, no seu mundo.

Essas suas palavras vieram como estacas em meu peito. Ele já havia me falado coisas parecidas assim antes e me fez esquecer, mas ele sabia que comecei a lembrar disso. “Eu não a mereço. Mas meu irmão merece.”

- Por que você está dizendo isso? – Senti uma dor imensa me dominar e eu rapidamente recusar todas aquelas palavras.

- Porque sua escolha foi a mais certa a fazer. – Ele respondeu, dando alguns passos para trás.

- E você acha que eu me arrependo disso?

- Eu não acho. Mas eu conheço seus sentimentos muito bem. E, no momento que eles começaram a mudar, eu não quis isso. Só isso que eu tenho a dizer. Adeus, Elena.

Senti meus olhos lacrimejarem e, quando dei alguns passos até ele, minha visão ficou, aos poucos, turva. Fui em sua direção e, sem parar, coloquei minhas mãos em suas bochechas.

Mas, apenas para meu azar, eu não as sentia.

- Não faça isso, Damon! – Gritei, com o desespero exposto em minha voz. O olhei e, agora, ele parecia cada vez mais distante. – Você sabe o que está acontecendo comigo! Eu não posso... Eu não quero mais sentir... – Senti as lágrimas deslizarem e não pude mais as impedir.

- Só sei o que está acontecendo nesse sonho. Nada mais. – Damon disse. Minha visão ficou mais turva a cada instante e eu não conseguia impedir disso acontecer.

- Mas você prometeu! Prometeu que nunca mais iria me abandonar!

- Eu prometo muitas coisas. – E, com isso, meu mundo desabou. Eu senti-me fazia e sua alma não existia mais dentro de mim, como se ela fosse arrancada de lá sem medos de fazer outras feridas. Eu não conseguia mais olhar para seu rosto, que parecia que não existia mais. Era como se ele não existisse mais dentro de mim.

E, agora, tudo que eu podia ver eram um borrão negro e o chão caindo aos meus pés.

[...]

- Ei, Elena. – Ouvi uma voz sussurrar ao meu ouvido e eu dar um sobressalto. Minha cabeça começou a girar e eu senti minhas bochechas queimarem. Olhei para o lado e vi Bonnie ali parada, me encarando. Abaixei a cabeça e, um pouco envergonhada, sentei na cama. Olhei para minhas mãos cobertas de sangue seco e fiquei calada, esperando Bonnie começar a falar.

- Venha cá. – Depois de alguns minutos em silêncio, ela falou. Puxou-me delicadamente pelo braço até o banheiro e abriu a porta, ligando a torneira logo em seguida. Não troquei um olhar com ela, porém pude sentir o seu próprio sobre mim. Comecei a lavar as mãos e, quando olhei para o espelho, vi uma pessoa totalmente diferente de mim mesma. Estava coberta de sangue no rosto e meus olhos demonstravam uma expressão cansada e necessitada, misturada com o desespero e tudo que eu andava sofrendo. Não, aquela não podia ser Elena Gilbert.

- Eu... – Apertei os olhos e comecei a esfregar meu rosto. – Eu sinto muito.

Bonnie ficou parada, ainda me observando. – Sente? – Perguntou de repente.

Desviei meu olhar do seu e agarrei a toalha a meu lado. – S-sim. Eu sinto. Eu...

- Não. – Ela interveio. – Não se defenda, Elena. Eu sei. Deve ser difícil, sim. Eu não estou a culpando. – Sua voz demonstrara o contrário. Podia sentir de perto sua decepção e, agarrando seus pulsos, falei:

- Bonnie, eu não sabia onde estava com a cabeça. Eu posso explicar... Tudo.

- Mas eu não quero que você explique. – Ela disse, saindo do banheiro. Eu a segui e ela sentou-se na cama, sem deixar de olhar para mim. Sentei ao seu lado e abaixei a cabeça.

- Por que não me contou? – Ela perguntou. Senti sua voz espetar meu ser e não respondi, até porque, faltavam-me palavras.

- Se tinha tanta sede de sangue assim, podia ter me falado. Eu podia ir até o hospital e...

- Foi inesperado, Bonnie. – Interrompi-a. – Eu me controlei todo esse tempo. Mas eu tinha bebido e não sabia o que estava fazendo.

- Caroline me ligou. Eu sei. – Ela disse, ajeitando-se na cama. – Mas por quê? Por que beber? Você não é disso. Eu a conheço.

Tentei argumentar, mas nenhuma desculpa parecia certa. Bonnie me conhecia muito bem e saberia que eu estava inventando. O que eu poderia fazer?

- Damon sumiu. – Sem pensar, falei. Levantei e a olhei, dando de cara com uma Bonnie pálida. Ela revirou os olhos e pareceu ficar tensa de repente. – Você sabe de alguma coisa, não é? Sabe sim. E não quer me contar. Igual Stefan.

- Elena, não é tão fácil assim. – Disse e levantou-se da cama. Ficou de costas para mim e, por fim, falou: - Continue descansando, Elena. Eu ligo para você amanhã. – Assim, saiu do quarto, deixando-me sozinha.

Depois de alguns segundos, suspirei. Sentia-me horrível. Meu corpo todo reclamava da dor e o buraco vazio dentro dele. Comecei a retornar todas as cenas do sonho e lembrei-me das palavras de Damon. Aquilo doía. Doía tanto que eu não queria nem pensar mais.

Deixei-me cair na cama e puxar os cobertores. Apertei o travesseiro e deixei as lágrimas deslizarem e molharem o mesmo. O que mais doía era saber que eu não tinha mais aquela pequena esperança de senti-lo ali comigo. Ele estava distante. Muito distante.

Agora, era difícil para dizer para mim mesma que aquilo foi apenas um sonho. Mas eu queria que fosse.

- Apenas um sonho... – Murmurei sozinha, conseguindo entrar em um sono sem sonhos e pesadelos.


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