Lentamente abro meus olhos. Assim que minha visão se desembaça posso perceber os olhos azuis de Peeta me fitando. Seu rosto não continha algum traço de sono, então deduzi que ele já havia acordado a algum tempo.

“Bom dia minha linda” ele diz com uma voz doce e suave. “Bom dia” digo com uma voz espreguiçada, pois ainda estava tentando despertar.“Dormiu bem?” sua curiosidade vai
me despertando aos poucos. Eu apenas aceno, respondendo a sua pergunta. “Estava ansioso para que você acordasse.” Olho para Peeta atentamente. Seu sorriso faz meus lábios responderem em um outro sorriso.

“Nem adianta fazer essa carinha” ele começa. “Só direi depois, quando chegar a hora certa.” tiro a minha cabeça do seu peitoral para eu poder ter uma visão perfeita de seu rosto. Olho para ele severamente, mais sei que não sairá mais nada. Será impossível. Peeta tinha várias qualidades, mas também tinha uma enorme teimosia, que fazia tão parte dele quanto o seu dom com as palavras.

Havia passado apenas uma semana após o nosso casamento. E tudo parecia tão diferente. Minha equipe, junto com meus amigos resolveram prolongar suas férias no 12. Não sabia qual o motivo, acho que todos estavam empolgados com a estadia. Resolvi ignorar esse assunto, pois sei que seria mais fácil enlouquecer do que entender suas mentes.

Plutarch e Paylor foram na manhã seguinte após o casamento para o capitol. “O tempo não para.” Paylor disse formalmente. Ela demonstrava ter aderido oficialmente sua postura de presidente. “Nos veremos em breve.” foi apenas o que Plutarch disse enquanto me dava um abraço apertado. Depois disso não tivemos mais noticias de nenhum dos dois. Enobaria precisou partir dois dias após o casamento, pois os seus sobrinhos precisariam dela. Cressida e Pollux foram para seus exércitos e Effie foi junto com Plutarch. Ela havia tornado sua assessora ou coisa assim.

A semana que se seguiu foi normal e sem muitos movimentos. Tudo se resumia a Peeta e eu, a nossa criança, as visitas dos amigos e a padaria. Minha mãe não tocou em nenhum momento no assunto sobre sua casa no Distrito 4.

Tomo um banho, escovo meus dentes e paro em frente a meu guarda roupa. Ele está praticamente renovado. Acho que minha equipe se livrou das minhas roupas antigas as queimando ou algo assim, pois eu não as vejo entre as minhas roupas novas, talvez fizessem isso como um meio de se certificarem que eu usarei as roupas de gravidas. Traços meus dedos por elas, vendo o quão luxuosas elas são.

Decido colocar um vestido, embora a maioria das peças fossem vestidos, de cor laranjada. É a cor favorita de Peeta. Fico em frente ao espelho. Não me pareço nada com a antiga Katniss. Não é pela gravidez, só estou mudada. Consigo perceber isso através das expressões de meu rosto, da
minha nova forma de pensar. Escovo novamente meus cabelos, e paro por um instante. Decido mudar, e em vez de usar a minha eventual trança, deixo apenas meu cabelo solto e pego duas mechas de cabelo, uma de cada lado, e amarro delicadamente por trás da minha cabeça, fazendo que meus cabelos não caiam em cima dos meus olhos.

Quando termino de arrumar meu cabelo, Peeta entra com uma bandeja em suas mãos. Ele parece supresso com a minha repentina mudança. “Fique calado, está bem?” Falo a ele enquanto coloco ovos mexidos em minha boca. Peeta sorri, mas decide não falar nada, juntando-se a mim. Eu não queria entrar em detalhes do meu 'novo estilo'. O café da manhã estava realmente magnifico, excelente. Comemos calados, apreciando o gosto dos alimentos.

“Você está pronta?” Peeta diz assim que nós terminamos nosso delicioso café da manhã. Sorrio para ele com as feições cheias de curiosidade. “Vou dar apenas uma dica” ele fala assim que levanto da cama. “é no lago.” Olho para ele com mais curiosidade. O que poderia ter de novo no lago? E porque todo esse suspense dele? Resolvi não questiona-lo por enquanto.

Peeta pega uma cesta e saímos para fora pelo grande Seam. A manhã estava maravilhosa. O sol clareava todo o Distrito, acompanhado por um céu bem azul. As flores estavam começando a desabrochar. A grama estava verde e saudável. Estávamos na primavera.

Passamos por nosso portão improvisado e adentramos na calma floresta. Algumas semanas atrás nos não podíamos ficar vagando pela floresta desprotegidos, os animais selvagens estavam saindo de suas hibernações com muita fome. E acho que Peeta não me deixaria usar qualquer arma estando grávida, então cessamos nossas passeadas pela floresta.

Por algum tempo caminhamos silenciosamente pela floresta. Até começarmos uma conversa normal sobre coisas aleatórias. A padaria que precisa de ajudantes novos pois o movimento havia crescido, não só pelo fato de termos moradores extras mas também pelo fato de que o 12 não era mais um Distrito pobre e infeliz. Havíamos progredido bastante. Paylor, antes de ir para o capitol, havia me dito que em breve estaria chegando tudo que nós precisaríamos e que as nossas reuniões voltariam.

Conversamos também sobre nossa consulta daqui a dois dias com o Dr. Erick, sobre nossa vida mudada, enfim, foram mil motivos, havia bastante coisa para se conversar. Nunca fui de conversar. Eu sempre vivi na minha, conversando comigo mesma, através de pensamentos. Mas com Peeta era diferente. A conversa rolava normalmente, fácil. E eu não precisava fazer qualquer tipo de esforço para manter uma conversa. Por mais que seja estranho, eu gostava de conversar, de me abrir com Peeta.

Alguns minutos depois, havíamos chegado ao nosso lago. Ele continuava lindo como sempre, mas a primavera o deixou ainda mais maravilhoso, com uma beleza estonteante, fora do normal. Flores se estendia pelo chão. O sol refletia nas águas cristalinas do lago e os canto dos pássaros deixava tudo mais harmonioso e esplendido.

Meu sorriso pode ser facilmente refletido nos olhos de Peeta. Eu adorei a surpresa. Acho que ele presumiu que estando na primavera, o lago estaria todo encantando, tão magnífico!

Peeta estende um lençol na grama e eu me sento. A primeira coisa que faço é comer. A longa caminhada me trouxe uma enorme fome. O bolo doce, de alguma fruta que meu paladar não consegue decifrar, vai lentamente saciando a minha fome e a da minha pequena.

Quando olho para Peeta ele me encara com um pequeno sorriso.

“O que?” Pergunto meio embaraçada pelo seu olhar.

“Você sabe que dia é hoje?” ele pergunta calmamente. Por que ele estaria perguntado qual é o dia? O que isso tem haver com minha pergunta? “Você sabia que não se deve responder uma pergunta com outra?” retruco a ele. “Você acabou de fazer isso, não percebeu?” ele diz sorrindo. Esse nosso debate estava sendo engraçado. “Mais foi você quem começou, não foi?” rebato novamente. “Mais você não respondeu minha pergunta” ele diz.

Mas que dia seria? Estou completamente pedida quanto a isso.

“8 de maio” ele diz em um sorriso brando.

‘8 de maio’ penso. Eu sei que dia é esse. Mais logico que eu sei. É o dia do meu aniversario.

Olho incrédula para o rosto risonho de Peeta. Ele havia lembrado? Eu devo ter mencionado a ele poucas vezes o dia do meu aniversario, talvez uma ou três vezes. E ele havia se lembrado o dia? Mesmo eu não lembrando?

Então Peeta tira da cesta um bolo, não muito pequeno, mais o suficiente para mim e ele comemos. Pulo em seu pescoço, feliz por ele ter lembrado e por essa surpresa. Meus aniversários
anteriores nunca passaram de um abraço e alguns parabéns, mais nunca alguém me fez algo semelhante ou fez qualquer tipo de comemoração. Não consigo dizer algo bom o suficiente para agradece-lo por isso.

“Que esse seja o primeiro de muitos.” Peeta diz com sua voz serena. “Oh, Peeta...” digo com uma voz estranha. Acho que são hormônios de gravidez. Beijo seu rosto inteiro, mostrando toda a minha gratidão. Ouvir sua risada é a melhor coisa que se pode acontecer. Vou marcando meus lábios pelo seu rosto ate eu cansar.

19 anos. Eu estou completando 19 anos. Muita coisa aconteceu desde a morte do meu pai até hoje. E a melhor foi a pessoa que está sorrindo escancaradamente para mim agora. “Nem sei o que dizer” digo. “Não fale. Só me beije.” ele diz. E eu o obedeço. Peeta é simplesmente maravilhoso.

O bolo é de morango. E esse está sendo meu sabor favorito para qualquer coisa. O sabor cai perfeitamente em meu paladar, acabando definitivamente com minha fome. Sinto um alivio pelos enjoos terem me deixado parcialmente. Algumas vezes eles sinalizam sua presença, mais nada tão forte.

Quando um raio solar atinge o rosto de Peeta os seus olhos apresentarem um azul um tão lindo, tão deslumbrante e celeste. Então uma mania do passado me volta com tudo agora. Minha obsessão pelos cílios de Peeta. Como a cor dourada deles é incrível e o quão são grandes e volumosos. E com o sol, os seus cílios ficam mais dourados, como ouro, até mais bonito que isso.

Peeta, que estava pintando algo, tira sua concentração do seu desenho e olha para mim.

“Que foi?” ele me pergunta. Coro no mesmo instante ao ter sido pega o olhando. Peeta ainda olha em meu rosto, esperando uma resposta. Acho que ele percebeu o meu rosto corar, pois no mesmo instante , ele lança um sorriso para mim. Olho para ele decidida a encara-lo. “Então?” ele
pergunta novamente. “Nada, só lembranças.” digo a ele, que parece satisfeito.

Passamos o dia inteiro no lago, arriscando sair algumas vezes do nosso perímetro para explorar a floresta, para colher algo e ir atrás de novas plantas para colocamos em nosso livro. Quando nos bateu fome novamente, nós pescamos três peixes. Peeta tinha melhorado sua condição quase em 100%. Acendemos a fogueira e assamos um peixe enorme pescado por Peeta. Os outros dois levaríamos para casa.

Havíamos avisado minha mãe sobre nossa vinda para cá. Ate arriscamos a convida-la, mas ela recursou. Minha mãe nunca gostou da floresta. No começo eu a entendia. Era uma coisa proibida pelo capitol, mais agora as escolhas estavam em nossas mãos e mesmo assim ela ainda recursava a ir. Talvez um dia ela aceite.

Aproveitei ao máximo esse dia, sabendo que minhas chances de voltar aqui brevemente estavam nulas.

Quando percebo o sol se pondo, resolvemos voltar para casa. Antes disso Peeta ainda teve a chance de grelhar um dos peixes para comemos no jantar. Ele arruma nossas coisas enquanto me despeço daquele lugar. Dou um sorriso fraco, já sentindo saudade e me viro, indo ao de encontro a Peeta que estava atrás de mim, provavelmente despedindo-se também do lago.

Peeta tem um dos seus braços sobre minha cintura enquanto caminhamos de volta para nossa vila dos vitoriosos. Pessoas ainda nos cumprimentavam e nos parabenizava pelo casamento, que foi provavelmente o ocorrido do ano. Perguntavam sobre o sexo do bebê e entre tantas outras coisas.

Quando chego posso ouvir pequenas vozes vindas de dentro de casa e ao abrir a porta
vejo várias pessoas na sala de nossa casa.

Todos começam a gritar e falarem 'surpresa' euforicamente.

Fico paralisada. Olho para Peeta e ele tem a mesma expressão de surpresa que eu. Obviamente ele não estava por trás disso tudo, o que é bom.

Braços me apertam e me parabenizam por meu aniversario. Todos meus amigos estavam aqui, com sorrisos estampados nos rostos. Todos estavam eufóricos e animados. Johanna, Haymitch, Hazelle, Gale, Delly, Anne, Beetee, Flavius, Octavia e Vênia. Agora consigo entender o motivo das suas estadias prolongadas. Não saberia dizer quem teve a ideia disso. Peeta estava descartado. Provavelmente Haymitch, minha mãe e minha equipe, que eram os primeiros da lista.

“Não tenho culpa” Peeta anuncia dando um beijo na minha bochecha enquanto como alguns docinhos em uma mesa. “Eu sei” digo engolindo uma trufa de chocolate. “Mas não estou zangada com ninguém,” digo. “estou apenas um pouco encabulada, pois nunca havia comemorado meu aniversario antes.” confesso. Peeta assenti e me puxa para seus braços.
“Você tem que se da conta de que tudo estar mudado”ele diz. Então eu aceito seu beijo, nem quem seja só por um segundo.

Vejo minha sala cheia de Pessoas queridas e sofridas, mais vencedoras. Eu tinha tanto a agradecer cada uma dessas pessoas. Haymitch e Hazelle pareciam não esconder mais o seu relacionamento. Eles estavam de mãos dadas e bem próximas. Mas as vezes posso ver o desconforto dele, talvez por vergonha. Quando perguntei sobre esse assunto para minha mãe “Eu já sabia” ela assume. Olho para ela. “Ela me contou assim que cheguei. Fico feliz pelos dois.” ela apenas diz e tudo fica por isso mesmo. Eu ainda não tive a chance de conversar a sós com o
próprio Haymitch. Ultimamente eu estava muito escassa dessas amizades, falta de tempo.

Delly e Gale para mim ainda eram incógnitas. Eu os vias próximos, mais nada que represente uma amizade profunda florescendo. As vezes eles até pareciam dois desconhecidos. Mas acho que eu estava imaginado coisas. Gale tinha se mantido bem ocupado essa semana e Delly não havia me visitado com frequência e quando vinha, havia muitas pessoas presentes junto com ela. Eu vou esperar um pouco a poeira abaixar para poder saber mais sobre o assunto.

Não sabia ao certo o motivo de minha curiosidade, talvez pelo fato dos dois serem meus melhores amigos, ou simplesmente pelo fato de que quero ver tanto Delly quanto Gale felizes. Juntos ou não.

Delly sorrir para mim e vem ao meu encontro. “Feliz aniversário!” ela fala alegre pela vigésima vez. Sorrio junto a Peeta. “Como estar nossa pequenina?” ela pergunta. Peeta parece que persuadia a todos com o sexo feminino do bebê, não que eu tenha preferencia, mais e se não fosse uma menina?

Minha equipe se aproxima de nós agora. “Já falaram para você a novidade, Katniss?” Flavius fala. Olho para ele atentamente, não por que eu esteja curiosa da fofoca, mais sim por que nesse momento Delly baixou a cabeça parecendo envergonhada. “Oh certo. Mas não tem nada decidido ainda.” ela defende-se. Olho para Peeta e ele parece curioso também. “Portia adorou o trabalho de Delly” Octavia fala. Oh, então era isso? Mais quem não adoraria o trabalho de Delly?

“E não para por ai, ela a convidou a menina Delly a ser sua ajudante” Vênia fala exaltando felicidade. Sorrio para Delly que tem um meio sorriso nos lábios. “mas essa é uma ótima notícia!”
digo a ela.

“Eu disse que não tinha resolvido nada ainda” Delly diz.

“Por quê?” peeta pergunta.

“Não sei se vou querer isso” ela simplesmente fala.

“Garota boba! Quem não ia querer ser ajudante de Portia?” Vênia fala em desdenho. “Tudo irá ser passado por telefone. Delly não precisara nem mesmo sair do 12” Flavius fala. Mas qual era o medo de Delly? Tudo estava ótimo para ela. Ela era perfeita nos desenhos. Então eu sorrio para ela e ela retribui.

Nesse momento me sinto em falta com meus amigos. Delly e eu estávamos tão próximas e esse dias Tenho me ausentando de de sua vida e de sua amizade. Eu havia prometido a mim mesma que não deixaria nossa amizade morrer e é isso que vou fazer.

“Deem um tempo para ela” digo. “Ela apenas está confusa.” ela sorrir para mim feliz por alguém defende-la.

Depois dessa longa conversa vejo um enorme bolo sendo trago. Esse não foi feito pelas mãos de Peeta, mais era grande suficiente para alimentar a todos três vezes. Embora já estivesse farta, comi um pouco de bolo.

Estava muito agradecida por essa comemoração. Eu não estava me sentindo ofendida, magoada ou muito menos triste. Eu odeio dever para as pessoas. Mas eu sei que não viveria o suficiente para agradecer a todos pelo esforço que fazem comigo. Não importa oque eu faça, eu sempre deverei a todos os meus amigos.