Marcas Da Morte escrita por Cavaleiro Branco


Capítulo 9
Anomalia Européia


Notas iniciais do capítulo

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Eis aqui o capítulo



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Sunset Valley High School – Dormitório Masculino 15 de Fevereiro 6h05min

–Felipe, já são seis da manhã. Levante-se logo

Eu também não estava nem um pouco a fim de me levantar àquela hora. Tanto eu como meu amigo precisávamos de muita energia para sermos “nós”. E acordar aquela hora era simplesmente...

Como o povo daqui consegue?

–O.K. Vai indo que eu já me arrumo logo – resmunga baixo.

Só não recusei porque estávamos em um lugar particular. Os quartos são ocupados por dois ou mais alunos. Luca deu um jeito de conseguir colocar eu, Felipe e ele no mesmo quarto. O que foi um alívio, já que daria um trabalho tremendo esconder e usar nossos equipamentos no quarto, especialmente com um colega curioso do lado.

–O Luca já foi? – murmura para mim.

–Pelo visto sim. Acho que saiu mais cedo.

–O que acha que ele foi fazer? – meu amigo parecia mais cansado do que nunca.

–Provavelmente não é nada de mais. Bem, eu já to indo. Nos encontramos no refeitório.

–Hum... – ele afirma sonolento.

Como era de se esperar, saí do quarto como qualquer outro; vestindo o uniforme da escola. Ate que era confortável: Camiseta de manga curta branca, com o símbolo medieval da escola na direita. Uma calça azul escuro com uma listra laranja na esquerda. Desta vez usava um tênis branco, que minha mãe me dera antes de partimos para a América.

Na realidade não esperava não ser notado. Os corredores da escola estavam cheios de alunos novos e velhos. Muitos cumprimentaram os velhos amigos, que não viam dês de o ano passado. Realmente eu não esperava que ninguém daria bola para um estrangeiro esquisito (Em todos os pontos) andando por aí.

–Procurando sua sala, meu caro?

Bem, é claro que me assustei na hora com o repentino som no meu ouvido. Me virei lentamente para observar um homem que aparentava estar passando dos 40 anos, com seus cabelos castanhos um pouco esbranquiçados e escassos. O terno era marrom escuro, com gravata da mesma cor. As vestes combinavam com o sapato de couro marrom do homem, que também já teve um peso menor em sua vida.

–Bem, na verdade sim – tentei parecer perdido.

O homem pareceu notar na hora meu sotaque.

–Ah! Você deve ser o aluno de intercâmbio, correto?

–Sim senhor – respondi.

–Pois bem, sou o diretor Hoover Skywalker, e bem vindo aos Estados Unidos!

–Obrigado, senhor – tentei parecer formal e agradecido.

–E você é... – ele tentou fazer um esforço inútil para se lembrar de meu nome.

Hesitei um pouco, mas logo depois lembrei que Luca havia dito para usarmos nossos nomes reais, então...

–Sou Kevin Stival Altair, vim da Dinamarca.

–Ah sim! É um prazer tê-lo aqui conosco, senhor Altair.

–A honra é toda minha – eu realmente detesto ser desse jeito.

–Bem, pelo que me lembro – dizia ele, enquanto pegava um papel no bolso – sua sala no momento é a 19, não?

–Sim

–Fica no segundo andar, virando à direita. Venha, eu vou te mostrar.

É óbvio que eu preferia achar por conta própria. Não sou qualquer um, eu podia fazer isso sozinho sem dúvidas. Mas preferi confiar na minha consciência do que nas minhas habilidades.

No final acabei seguindo o tal diretor até uma sala, logo depois da escada de madeira, que levava ao segundo andar. A escola tinha uma aparência antiga, com muitas carteiras e pisos de madeira, mas parecia resistir a qualquer coisa.

–A aula acabou de começar, mas não tem problema. Nunca tivemos um aluno de intercambio vindo de tão longe, mas eu tenho certeza de que os alunos vão te acolher!

–Que animador – disse com um sarcasmo tão discreto que nem o diretor percebeu.

E como o pessoal ali me acolheu...

Assim que entrei, vi a sala de aula quase cheia. A sala era bem grande, com amplas janelas à direita e uma lousa gigante à minha frente. Assim que eu entrei, o inicio da aula foi imediatamente interrompido, o que resultou em um tsunami de olhares e murmuro para cima de mim.

Cara, como eu queria ter pego uma jaqueta com um capuz!

–Ah! – exclama a professora que estava ali – você deve ser Kevin! Venha, sente-se!

A classe ainda me encarava com olhares curiosos. Fiquei com a cabeça baixa o tempo todo. Um monte de pessoas simplesmente olhando para mim... arg! Uma multidão em cima de você é o terror de todo Assassino!

Eu queria poder pular da janela naquele momento! É claro que eu podia e me sairia muito bem fazendo isso, mas achei melhor não levantar suspeitas. Mas, mesmo assim, andei lentamente, e ainda com a cabeça abaixada, até uma mesa vazia no canto da sala e me sentei com a cabeça colada na carteira.

Mesmo não olhando um segundo sequer para cima, pude sentir que alguns ainda me encaravam e tentavam identificar se eu era ou não um alienígena. Também não dei a mínima para a professora e que matéria ela dava. Eu só queria sair dali.

Mas no meio da aula, eu senti uma sensação meio estranha. Não era medo, nem arrepios. Era como se um sexto sentido me dissesse que um perigo grande estava próximo.

Levantei a cabeça rapidamente, espantando uns seis pares de olhos sobre mim. E, enquanto sondava lentamente a sala de aula, meu olhar parou sobre uma carteira, perto da mesa da professora.

Nela estava sentada uma garota. De início eu não dei muita atenção a ela, mas quando vi que ela estava remexendo algo nas mãos, virou meu interesse. O que chamava a atenção nela não era o uniforme, igual ao meu, mas substituindo a calça por uma saia azul e o tênis branco, mas foram seus belos cabelos cor de mel cacheados, que desciam até o meio das costas. Os olhos verdes e brilhantes encaravam algum objeto que tinha em mãos.

Não pude identificar muito bem o que era. Mas o mais esquisito foi isso: Assim que eu tentei visualizar melhor o objeto, aquela sensação voltou de novo em mim, só que mais forte ainda, e acompanhada por uma pequena tontura.

Cara, o que era aquilo?!

Quase não notei, mas assim que me distrai e coloquei minha mão na cabeça, para tentar espantar a dor, a garota me olhou rapidamente. Mas logo depois desviou o olhar apressada para a aula da professora.

Tá bem, aquilo tava muito estranho...

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Logo que saí daquela aula dor de cabeça, tentei procurar a cantina da escola. Eu havia combinado com a Heloísa e com o Felipe de nos encontrarmos na cantina para bater um papo sobre a escola e se tínhamos descoberto algo. É bem difícil descobrirmos algo promissor assim de cara e no primeiro dia, mas o que custaria tentar? Estávamos ali exatamente para isso.

Mas decidi guardar o peso morto do meu armário: O material. Se a professora não for usar, porque pedir para nós, os pobres alunos, sacrificarmos nossa coluna com isso? Realmente as escolas do mundo são malucas.

Parei no armário de número 141, apenas um no meio daquela muralha de armários azuis escuros no 2º andar. Eu estava prestes a abrir o armário quando finalmente notei quem estava a dois armários de mim.

Era aquela garota estranha da sala.

Quando levantei minha cabeça na direção dela, ela estava olhando para mim e desviou rapidamente o olhar, meio vermelha.

Ah, aquilo já estava enjoando!

Tentei tomar uma iniciativa, senão aquilo iria durar para sempre.

–O que foi? – perguntei frio e diretamente.

Ela pareceu se surpreender com a pergunta. Ela olha para mim finalmente.

–Nada. Não pensei que você falasse bem nossa língua – sua voz era leve e suave, e ela me deixava calmo quando ela falava...

Acorde Kevin!

–Por que pensou isso? – perguntei, ainda mantendo meu tom.

–É que você ficou quieto a aula inteira e de cabeça baixa. Então pensei que não estivesse entendendo nada e confuso.

Ela estava até meio certa ao dizer aquilo. Não que eu me importasse ou coisa e tal, mas parecia que ela estava tentando fazer amizade comigo ou coisa assim?

Realmente aquela dor de cabeça me deixou doido!

E falando nela...

–Pergunta: Você estava segurando algo na aula?

Ela ficou um pouco surpresa com a pergunta direta, mas mesmo assim respondeu.

–Algo? Não era nada não! Era só meu apontador que tinha quebrado, só isso!

Era impressão minha ou ela estava dizendo tudo isso meio nervosa?

E pelo visto ela percebeu quando eu me virei para o corredor, procurando a cantina.

–Procura alguma coisa?

–O quê? Ah, estou tentando encontrar a cantina.

–Ah! É por aqui, veja!

Ela rapidamente traça um mapa imaginário na minha frente para chegar à cantina. Não era nada muito difícil, mas ela fez questão de explicar cada detalhe.

–Então é só isso? – perguntei.

–Claro! É simples – disse ela.

–Beleza então. Obrigado.

–De nada! – disse ela, com um sorriso no rosto.

Rapidamente me virei e fui em direção às escadas, que levavam ao 1º andar. Não que eu queria sair de perto dela, era que...

Ela me dava uns arrepios estranhos.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

–Bem, por enquanto não descobri nada – reflete Heloísa.

–Muito menos eu – diz Felipe – esse povo não é lá muito acolhedor com estrangeiros.

Estávamos sentados em uma mesa mais afastada na grande cantina. A grande maioria das mesas estavam cheias de alunos e de conversas bagunçadas e até mesmo de colas desesperadas. Por isso decidimos nos sentar em uma mesa onde ninguém pudera nos incomodar.

Logo avistamos Luca abrindo espaço na multidão com seu lanche nas mãos. Logo que nos avistou sentou-se do meu lado.

–Como vão as coisas?

–Boas, até – diz Heloísa.

–Além de terem quase cuspido em mim na aula de inglês – diz Felipe – tá muito bom sim!

–Não levem isso a mal, gente – diz Luca – o pessoal aqui é um dos menos acolhedores da América. Tratam novatos como vocês como se tivessem vindo de Marte.

–Por que justo de Marte – diz Felipe – da Lua até que pode ir, mas de Marte?!

–Uma hora ou outra as amizades vão brotar – disse ele.

Na hora, pensei em falar da garota e da tal sensação. Mas decidi não revelar isso até eu ter certeza de que não foi coincidência ou algo assim. Não queria preocupar meus amigos ou fazê-los pensar que eu sou doido.

–O.K. então – finalmente falei – então vamos logo comer isso. Sei que você está doidinho para experimentar essa macarrão, Felipe.

–Você leu meu olhar – disse ele, dando o típico olhar maluco para o prato a sua frente.


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Notas finais do capítulo

Até mais!