Marcas Da Morte escrita por Cavaleiro Branco


Capítulo 32
Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoas.

Vamos dizer que, nesse aqui, preciso de suas opiniões com mais urgência! Esse capítulo foi narrado em uma área em que eu não atuo tão bem... e pode não ter ficado de um modo agradável de se ler.

Adoraria um review nessa, com suas opiniões sinceras! Para que, se necessário, eu possa modificar esse capítulo com suas recomendações. Vejo-os lá em baixo!

Boa Leitura.



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Dois dias depois...

-Certeza que aqui é um bom lugar?

-Kevin... não achei lugar melhor. E deixe disso, é o melhor.

 Kevin encarou o horizonte árido com uma pontada de dúvida. Não estava com nenhum bom pressentimento dali...  mas será que era pela localidade em si? Ou pelo que iria acontecer nela?

 Decidiu deixar a pergunta para a ocasião certa. Se moveu um pouco em sua posição, e se achegou mais próximo de Marco.

-Alguma movimentação?

 Marco nem tira o olhar do horizonte, apenas faz um leve movimento com a cabeça.

-Apenas aquela mesma movimentação suspeita na área Norte faz uns 10 minutos... mais nada.

-10 minutos? Só isso se passou desde aquilo?

-Uhum... continue em sua posição. Qualquer coisa eu te chamo.

 Kevin estava até meio indignado. Parecia que aquela movimentação havia rolado a horas atrás! Era incrível como a tensão fazia tudo passar devagar.

 Encarando bem, Kevin pensara melhor nas afirmações de Marco. Faziam 2 horas que estavam posicionados em um enorme terreno, no meio de um deserto. Ficava um pouco longe de São Francisco... foi um pouco demorado para movimentar todos. Mas não foi nada mal!

 Os Brancos estavam se entrincheirando em um deserto grande... mais ou menos perto da fronteira da Califórnia com Nevada, ao leste. Kevin não entendeu de cara as informações, mas depois se esclareceu olhando um mapa. Tinha uma boa localização... uma estrada passava muito longe dali, e aviões passariam muito encima para notar. Satélites eram fáceis de lidar... se rolasse uma batalha, iria ser o campo perfeito.

 Estava um clima bem agradável... e até estranho, para o gosto de Kevin. Nuvens cinzas encobriam toda a paisagem, diminuindo consideravelmente o calor do deserto. “Melhor”, pensara Kevin, “Assim não preciso ficar tomando água o tempo todo...”

 Toda a parte sul do campo estavam pontilhados por pontos Brancos, entrincheirados em três linhas de trincheiras no solo arenoso. A primeira eram as linhas de frente, responsáveis pelo primeiro ataque. Kevin e Marco estavam na segunda, que iria dar suporte à primeira. Na terceira se encaixavam alguns reforços, forças médicas e suprimentos de batalha. Aveline fez questão de que os Assassinos usassem o que aprenderam... mas nunca se sabe.

 Kevin ainda estava confuso sobre o lugar. Aveline e Marco armaram a estratégia, agrupando todos em um “Perfeito Campo de Batalha”. De acordo com eles, seria um pedido de guerra irrecusável para os Negros. Kevin ainda não concordara... apesar de se surpreender com aquela movimentação ao norte. Será que os Negros tinham aceitado o “convite”?

 Kevin se ajeita em sua posição na trincheira, e encara o horizonte.

-Isso tá parado demais...

 Felipe estava com toda a razão. Até ele estava quieto naquele momento... esperando por qualquer levantar de poeira suspeito. Seu capuz cobria o rosto, mas percebia-se que não tirava a atenção do horizonte. Daquela fileira, Felipe era o único mais conhecido de Kevin. Tanto Heloísa quanto Luca estavam em algum lugar na 3ª Trincheira.

 Para essa ocasião especial... os três haviam decidido usar o velho uniforme Assassino. Apesar da insistência de Aveline, ela sabia que ambos estavam bem acostumados com o velho manto. Não poderia ser dos melhores... mas faziam eles se sentirem melhores.

 Esses pensamentos passavam por Kevin... tanto que só notou o que aconteceu depois que todos já haviam notado.

 Em um piscar de olhos, o horizonte vazio e deserto é preenchido com uma linha enorme de vultos negros. Simplesmente do nada, uma coluna gigante de Assassinos negros se projeta a vários e vários metros da primeira fileira de Assassinos Brancos. O acontecimento foi tão repentino e assustador que todos os Assassinos Brancos pularam em suas posições.

-Jesus! – grita Felipe – o que raios foi isso?!

 Nem Kevin nem ninguém ali possuíam palavras para responder. Só observavam atônicos a fileira de Assassinos Negros “recém-surgida”. Pelo que Kevin pudera perceber, deveriam haver mais de 200 Negros naquela fileira. Não chegava a bater com o número de Brancos que possuíam... não em número. Mas quando se dizia em força, entrava-se em outro tópico...

 Aquilo ficou assim por apenas um segundo, mais um dos mais longos e mortais da vida deles. Os Brancos estavam mais assustados do que nunca... não sabiam o que e nem como fazer. Nem mesmo os líderes Brancos sabiam como agir. Apenas olhavam tensos para a fileira de Negros, esperando alguma iniciativa.

 Até que ela veio.

 Um vulto começa a andar lentamente em direção a fileira de Brancos. Do lado dos Negros, nenhum movimento brusco... todos eles continuavam com seus mantos negros, encarando os antigos inimigos com suas faces ocultas. Estes, porém, pareciam assustados, tensos, e alguns até desesperados. E a tensão não diminuiu quando o vulto parou, e falou.

-BRANCOS! – a voz ressoava por todo o campo, como se fosse um alto-falante – Aceitamos seu pedido de guerra!

 Kevin franziu o cenho. Conhecia aquela voz... e sabia de onde.

-E que hoje – continua ele – se inicie a guerra que definirá quem deverá viver, e quem deverá morrer!

-Já decidimos isso a anos e anos! E NÓS GANHAMOS!

 A voz de Marco soou como um estrondo no campo... e pareceu dar incentivo as tropas Brancas.

-Vocês corromperam a humanidade e corromperam a si mesmos! Esta é mais uma chance de colocar no mundo os verdadeiros Senhores da Paz... E se acham-se tão no topo... porque não provam isso com suas próprias lâminas?!

 Kevin jurou ver alguns engolindo seco... ao mesmo tempo que notou alguns fecharem os punhos. Mas, independentemente da motivação dos Brancos, todos ficaram em posição de corrida. A guerra estava prestes a começar...

 Estava bem longe, mas a maioria notou o aparente Líder Negro erguer sua mão... apontando o dedo indicador para os Brancos.

-NEGROS! – grita ele – OPPUGNARE!

 Atacar.

 Como um só, toda a fileira de Negros solta um grito de guerra, e começa a correr em direção aos Brancos. E bastaram apenas pouquíssimos segundos para que toda a linha de frente Branca também corresse em direção ao grupo de Negros. A batalha estava muito próxima.

-Prepare-se, Kevin! – grita Marco – a guerra começou!

 Os dois lados do campo de batalha corriam com todas as intenções possíveis. Durante a corrida, Brancos sacavam suas lâminas, e gritavam coisas incompreensíveis... cada um em sua língua e cultura. Os braços dos Negros, do outro lado do campo, incendiavam em chamas negras durante a corrida. Cada vez mais e mais perto... fúria, medo e energia pura poderiam ser vistos nos olhos de cada pessoa ali. Nenhuma delas havia estado em algo assim... a aflição era enorme. Todos ali queriam batalhar... ganhar... e saírem vivos. Mas poucos deles sabiam que a probabilidade de saírem vivos dali era menor do que os olhos poderia ver.

  Até que Kevin se assusta com o mais impensável dos atos. O Negro que falava antes agora flutuava no seu próprio ciclone de destruição, o chão 10 metros abaixo dele era uma piscina de acido atacada constantemente pós raios e esferas de fogo

 Mas não foi o terror o responsável pelo espanto de Kevin.

 O capuz tinha caído e lá, no meio do furacão o rosto mais impensável encaravam Kevin com um sorriso sádico e doentio, acendendo seus olhos negros e o cabelos loiro recém pintado. A graça e equilíbrio que ele demonstrava ao atacar sem piedade todos os vultos brancos que ousavam se aproximar... não condiziam em nada com o garoto desengonçado que tropeçava em seus próprios pés dois dias atrás

 Maurício encarava Kevin de lá, no alto do Armageddon.

-Não... é impossível...

 Kevin encarava o elemento, mais pálido e perplexo do que qualquer outro momento em sua vida anterior. Seu sangue havia gelado... tanto pelo que acabara de ver quanto pelo olhar que ele lançava a Kevin.

-Kevin... vai.

 Kevin olha para o lado, para ficar ainda mais surpreso com um Felipe pálido.

-Ir lá?

-Ele quer você. Está na hora.

 Kevin engoliu em seco. Mas... sabia que Felipe estava certo. Maurício o encarava com um olhar extremamente risonho... como se tudo aquilo fosse um imenso prazer para ele. Kevin o encara de sua posição, e cerra os punhos.

-Não mandem reforços. Isso é só entre eu e ele.

 E, lentamente, começa a andar até o Líder Negro.

 A cada passo, mais e mais tensão se acumulavam nos ombros de Kevin. Ele queria sair correndo para fora do campo... para se enfiar para sempre naquele deserto imenso. Mas, ao mesmo tempo... seus punhos se cerravam, e seu olhar encarava o alvo com cada vez mais sede por sangue. Enquanto passava pelo campo, pontilhado de batalhas... ninguém ousava interromper a lenta caminhada de um único Branco solitário... o caminho estava limpo, livre. Nada os separava da batalha.

 Maurício ainda flutuava sob o ácido, quando Kevin chegou o mais perto que pode. Kevin mal reconhecia... realmente não parecia-se nada com o garoto idiota que enchia o seu saco na escola. Não... esse Maurício possuía um sorriso sádico, e um olhar que Kevin conhecia muito bem... e que, apesar de o evitar, praticava-o com prazer.

 A morte.

 Maurício, ainda sorrindo, começa a descer para o solo. Na descida, o ácido simplesmente some em pequenas labaredas e fumaças esverdeadas... indo para o nada, do mesmo jeito que surgiram do nada. Quando Maurício toca o chão, a apenas 2 metros de Kevin, não havia nada além de terra seca e algum arbusto ocasional.

 Por vários segundos... fica assim. Um apenas encarava o outro. Porém... enquanto Kevin, com o olhar sério, fazia de tudo para impedir-se de pular e esfaquear o pescoço de Maurício... ele parecia estar achando tudo aquilo um imenso prazer para a alma sanguinária.

-Porque resistes? – comenta ele, ainda rindo – Pule! Me derrube! Me mate! Se suje de meu sangue, ria com isso! Seja o Assassino que sempre foi, Kevin! MATE!

 Kevin olha para Maurício... o olhar era intenso.

-Não...

-Não? Mas porque? Você foi treinado para isso! Foi criado para isso! NASCEU para isso!

 Maurício dizia tudo como um estrondo... um estrondo sorridente, jogando a óbvia verdade na cara de Kevin. Ele, porém... resistia e mantinha o impulso.

-Não sou igual a vocês... eu não estou aqui para matar e dominar a humanidade... estou aqui para protegê-la de satânicos como vocês!

 E, dizendo isso, fica em posição de luta.

-Mesmo que, para isso, eu necessite tirar vidas! Pois poucas valem por muitas!

 Maurício, como se nem ouvisse as palavras, ri como um louco.

-Você REALMENTE acha que é assim?! Me poupe! Eles afogam a verdade em sua alma por mentiras e mentiras!

-Você quem eu diga...

 Ele suspira, enfim.

-Vejo em tu um potencial que eu nunca vira em qualquer Branco... Negro... ou humano miserável e trouxa da Terra. Você SABE matar! E faz isso com um prazer que nunca sentiu antes! Mas... se limita! Se rebaixa! Sua alma tem sede de sangue, e você simplesmente a ignora!

-Eu faço o certo!

 Maurício novamente ri como doido... enquanto se virava de costas para Kevin.

-Pensa realmente que está fazendo o certo?

 Kevin hesita um pouco... mas responde, reforçando sua posição de ataque.

-Sim!

 Uma pequena risadinha se instala no local.

-Veremos...

 E atacou.

 Maurício gira o corpo em direção a Kevin, preparando um soco de direita. O golpe veio em tal velocidade que pega-o de surpresa na face, quase jogando-o para o chão seco. Kevin mal teve tempo de se recuperar do primeiro golpe, e seu olhar encontra o de Maurício. Maurício gira o pé direito para cima, e o puxa para o solo, mirando na cabeça de Kevin, agora agachado no chão. Porém, Kevin estava alerta, e repele o golpe com o braço direito. Aproveitando a deixa, ele joga Maurício para longe com a força de seu braço direito.

 Mas nem momentos de descanso duraram mais que dois segundos naquele campo de batalha. Enquanto Maurício se equilibrava, Kevin partia para o ataque. Vai correndo até Maurício, e levanta sua perna esquerda, em direção ao tronco de Maurício. Ele, porém, se recuperou rápido o suficiente para bloquear o golpe com uma das mãos, agarrando o calcanhar de Kevin. Sem poder se mexer direito, Kevin chuta a cara de Maurício com o pé direito. Sem ter no que se sustentar, tanto Kevin quanto Maurício despencam no chão.

 Um segundo após a queda, os dois Le levantam em um salto, e continuam a batalha. Maurício dá um soco na barriga de Kevin, que por pouco não desvia. Mesmo atordoado, Kevin reúne forças para revidar, tentando dar uma cotovelada em Maurício. Este, porém, consegue defender-se empurrando o cotovelo para o lado, com uma velocidade surreal. Isso deixa Kevin totalmente exposto ao segundo soco de Maurício no estômago de Kevin. Mas dessa vez, ele não resistiu. Logo Kevin cai de joelhos diante Maurício.

-Melhorou um pouquinho desde a última vez... – Maurício limpava um pequeno fio de sangue, que escorria de sua boca, enquanto caminhava em torno de um Kevin encolhido – mas confesso que esperava mais de você... Mestizo FOEDUS!

-Posso não ter melhorado em luta corpo a corpo... – Maurício ouvia o murmuro de Kevin com prazer – mas melhorei nisso!

 Maurício nem teve tempo de se assustar com a frase. Como um raio, Kevin fica de joelhos sob o solo, e estende as mãos em direção a Maurício. E, no mesmo instante, uma rajada de fogo sai de suas palmas, em direção a Maurício. O garoto se assusta com o repentino ataque relâmpago, e tenta inutilmente bloquear as chamas. Cruza os braços em frente ao rosto, procurando fazer um escudo de plasma. Porém... ele mesmo sabia que esse era mais demorado de se fazer. Ao final do jato de chamas de Kevin, os antebraços de Maurício estavam esfumaçados.

-MEUS BRAÇOS! SEU...

 Mas, enquanto Kevin se levantava, preparando-se para defender o possível ataque, se surpreendeu: Maurício ria.

-Está se superando! Antes nem conseguia soltar uma faísca direito... e olha só agora!

 E, sem motivo aparente, ele começa a rir loucamente.

-Tu és uma joia... uma joia totalmente desperdiçada e corrompida pela mentira! Você foi afundado na tinta branca da mentira! E tu... tu se rebaixas e acredita neles?!

 Kevin encara Maurício.

-Isso porque não me deram mais nada para acreditar... – o comentário faz Maurício ter um olhar surpreso – e é por isso que o defendo... pois é tudo que eu acredito, é tudo que eu tenho. E, quando não se tem mais nada para fazer... nenhuma vida normal a ser...

 Kevin inflama seu dedo indicador direito, e o aponta para Maurício.

-...Se defende. Posso não estar onde sempre quis estar... onde eu quero estar... mas essa é a minha vida, meu estilo, minha alma. E não se abandona a própria alma... nem o próprio destino! Posso não gostar dele as vezes... mas é minha vida, e eu o defenderei! Apesar de suas doutrinas.

 Kevin de repente arregaça a manga esquerda, mostrando sua marca de nascença.

-Defenderei minha conduta de vocês! Minha vida! Minha Irmandade e minha fé! Defenderei minha Marca da Morte!

 Maurício, depois de vários segundos apenas encarando Kevin, começa a bater palmas.

-Bravas palavras, para uma joia desvalorizada... então se é assim...

 Maurício arregaça a manga direita dele... revelando uma série de símbolos tribais, muito semelhantes à Marca Branca. Mas, ao invés do símbolo Branco, havia o triangulo investido dos Negros.

-Eu defenderei a minha conduta! A minha Marca da Morte!

 Os dois se encararam por vários segundos... antes que qualquer um resolvesse agir. Kevin arruma sua manga.

-Qual é o seu nome?

 Maurício também abaixa a manga, e olha Kevin com dúvida nos olhos.

-Como assim?

-Sei que “Maurício” não é seu verdadeiro nome. Maurício era só um disfarce... não era?

 Ele responde com uma risadinha.

-Está ficando esperto... sim, não é meu verdadeiro nome.

-Então... qual é?

-Chamo-me Zack, o Negro. O Grão-Mestre Negro do Sul.

-Zack... nunca vou esquecer esse nome.

 Zack dá mais uma risada.

-Falas como um homem... mas age como uma criança indefesa.

-Vamos ver se diz a verdade... “Zack”.

 Kevin corre em direção a Zack, com um punho direito envolto em chamas. Mas Zack já previa isso, e faz um bloqueio: Uma espécie de parede de plasma negro, que parecia vidro. Kevin é barrado pela parede, batendo de frente com o “vidro”. Kevin leva a mão esquerda imediatamente ao rosto. Porém... enquanto se recuperava do golpe, a barreira de plasma se desfaz. Do que antes era ela, Zack salta para cima de Kevin, com uma adaga em seu punho.

 Antes que Kevin sequer percebesse isso, Zack o atinge com a ponta do joelho, fazendo Kevin cair e derrapar pelo chão seco. Mesmo antes de Kevin parar, Zack corria atrás dele, dessa vez com uma adaga flamejante, em chamas negras. Mas Kevin não esperou o golpe. Assim que parou, ele dá uma rasteira em Zack. Ele, por pouco, não percebe a rasteira, e consegue saltar para trás, interrompendo o golpe fatal sobre Kevin. Depois da rasteira, Kevin se levanta com um salto, esperando o possível ataque. Mas... ele não veio.

-Você é bom... – Zack dá uma risadinha, quando do nada une as palmas das mãos, com a adaga no meio delas.

- ...Mas não o suficiente... PRAESTRINGO!

 E, do nada, Kevin sente um pequeno choque em todo o corpo. Ia logo partir para um ataque... mas não conseguia... por mais que tentasse. Não conseguia mover nenhuma parte do corpo.

-Me solta!

-Hahá! Acha mesmo que eu vou? – Dizia Zack, que agora segurava a adaga no punho direito – vamos terminar logo com isso, não é?

 O rosto de Kevin fica pálido, quando Zack caminha lentamente até ele... a adaga mirada em sua garganta. Ele fazia todas as forças que sua alma podia dar a ele... mas não adiantava, continuava parado em sua posição, em pé e ereto, como uma estátua... uma estátua esperando para morrer.

 Seria aquele seu fim? Não podia ser... não, Kevin não poderia deixar tudo acabar assim!

 Mas... assim que Zack fica frente a frente com Kevin, ele abaixa a adaga de nível, ficando na altura do abdômen. E foi aí mesmo que Zack enfia sua adaga flamejante.

 Kevin já havia levado golpes com adagas antes... mas não tinham palavras para descrever a dor que estava sentindo no momento. Era tão enorme que a paralisia sumiu, fazendo Kevin despencar no chão do deserto. Encolhido, e com as mãos na barriga. Sangue saía da ferida em quantia assombrosa.

-Aproveite a minha... “generosidade” – a voz de Zack não distraia nada Kevin da dor que sentia.

-Sua... generosidade...? Fico... agradecido... demais...

 Zack novamente ri como um louco.

-Você é hilário, até mesmo durante a morte...

 Zack se agacha, ficando ao lado de um Kevin encolhido e sujo de seu próprio sangue.

-Nos vemos daqui a várias décadas... no inferno!

 Kevin ouvia tudo... mas nada podia fazer. A dor o havia imobilizado, tanto quanto o “feitiço” de Zack sobre ele. Estava acabado... ele havia ganhado. Kevin estava totalmente indefeso... com muita dor... e muitas dúvidas.

 Enquanto Kevin sofria consigo mesmo, Zack se levanta, e encara a paisagem. A batalha continuava árdua... e, para a surpresa dos Brancos, os Negros venciam. Cada vez mais Brancos e menos Negros se retiravam do campo de batalha abatidos... ou simplesmente cediam à dor, e caiam ao chão, sem vida. Negros golpeavam com chamas negras, e Brancos pouco sabiam se defender. A cada corpo Branco que caia, um grito de vitória era dado pelo assassino. Zack encarava tudo com um olhar extremamente satisfeito, e prazeroso.

 Ele se vira para Kevin.

-Vou deixa-lo aproveitar cada momento de sua morte... enquanto isso...

 Ele eleva o tom de voz de tal maneira (natural ou não), que ecoa em todo o campo.

-NEGROS! JÁ CHEGA POR HOJE! RECUAR!

 E, com um sorriso no rosto... Zack e todos os Negros do campo foram-se do mesmo jeito que chegaram: sumindo em um piscar de olhos, sem deixar qualquer tipo de rastros.

 Um enorme silêncio se instala no campo. Os Brancos que, a apenas minutos atrás estavam suando e surpresos, só puderam despencar no chão, arfando intensamente. O campo estava pontilhado de vultos, Negros e Brancos, caídos no chão... todos misturados ao líquido vermelho que corria nas próprias veias a vários minutos atrás. Os sobreviventes que ainda conseguiam andar buscavam por sobreviventes entre os caídos.

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-KEVIN?! KEVIN?!

 Dois adolescentes corriam pelo campo de batalha. Heloísa quase tivera um infarto quando Felipe contara a ela sobre onde Kevin havia ido... e assim que a autorização havia sido dada por Marco, os dois partiram para procurar o amigo perdido.

 Demorou vários e vários segundos... até que Felipe grita.

-ACHEI!

 Heloísa segue o dedo de Felipe... que apontava para um vulto Branco, encolhido no centro de um espaço aberto do campo. Só havia ele lá... e notava-se que havia uma pequena poça de sangue ao lado.

-KEVIN! VAMOS!

 Heloísa dispara na frente, seguida por Felipe. Brancos da Terceira Trincheira agora saiam, para procurar por sobreviventes e, se possível, trata-los o quanto antes. Mas... todos ali viam que trabalho tinha a se fazer. Heloísa e Felipe pulavam muitas vezes corpos que, no momento, atuavam como obstáculos para salvar uma possível alma.

 Assim que chegaram, Heloísa foi a primeira a se atirar sobre Kevin.

-KEVIN! Me ajude aqui, Felipe!

 Os dois juntos viraram Kevin de barriga para cima... uma coisa que não agradou os olhos. Havia uma enorme mancha vermelha no abdômen de Kevin... e, no centro de tudo, um profundo corte, que ainda expelia sangue. Mas os dois respiram aliviados, ao verem que Kevin fazia o mesmo, lentamente.

-Uh... – murmura Felipe – isso não é bom...

-Claro que... não é... – a voz de Kevin irrompe o ar, e surpreende os dois – me... tirem... daqui... preciso...  parar... estocar... o sangramento...

 Não bastaram mais nenhuma palavra. Com cuidado, Felipe e Heloísa levantam e apoiam Kevin sob seus ombros.

-Consegue andar? – pergunta Felipe.

-Mais ou menos...

-Ok, já serve.

 Com delicadeza e rapidez, os dois foram levando Kevin até a região das trincheiras. Pelo caminho... o máximo que Kevin pudera fazer era levantar levemente seu olhar, e encarar o terrível resultado da batalha daquele dia. E... com tudo isso, podia refletir algo:

 Esse não era o último... muito menos o mais leve dos ataques.


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Notas finais do capítulo

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