15 Anos De Espera escrita por Angel Salvatore


Capítulo 1
Capítulo 1




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Nunca fui a rainha do baile ou a popular da escola. Eu era simplesmente a garota tímida e boazinha no canto da sala, sem nunca ser notada por ninguém ou querer que isso acontecesse comigo, até que ele apareceu.

Maxilar forte, rosto anguloso, pele branca de marfim, e por fim os olhos. Aqueles olhos que me concederam noites em claro e dias avoados. Drake Willians tinha entrado em meus mais felizes sonhos, nas minhas mais românticas ilusões.

Quinze anos. Eu completaria a idade que me traria a festa que eu não queria a vergonha que eu não queria e um fato que eu já tinha aceitado há tempos. Completaria quinze anos e meus lábios nunca tinham tocado os de outra pessoa. Completaria quinze anos sem nunca ter sido beijada.

Mias rápido do que pude prever minha mãe me bombardeou com a ideia da festa e os preparativos que deveriam ser feitos. Não sei se eu ter sido mais firme resolveria alguma coisa ou não.

Até que a notícia chegou aos meus ouvidos.

Drake Willians seria meu príncipe.

Os dias se passaram e os preparativos já tinham sido feitos. Hoje era a noite.

O meu maior inimigo me encarava com meus próprios olhos. Mas em minha mente, eles eram cinza frios e sem alma, enquanto me fatiavam sem pena. Eu olhava para o meu corpo e me encolhia. Tão magro e tão pálido. Pensando que poderia ser uma princesa, só por ter achado o garoto certo, o vestido perfeito e a música ideal.

Mas eu não era uma princesa.

Eu era a pior das plebéias. Aquela que sempre tinha o sonho de se casar com o príncipe encantado.

De tudo o que eu sabia do mundo o que eu vivia, deveria parar de sonhar que o amor da minha vida bateria a minha porta a qualquer instante. Deveria ter desistido da ideia ridícula daquela festa no primeiro segundo. Mas meu maior defeito era ser boazinha demais. Meu segundo era ser estranha demais.

Bateram na porta.

Tirei os olhos do espelho a tempo de ver minha irmã mais velha e sua melhor amiga entrando no quarto. Suzan era tão delicada com os incríveis olhos cinza e os perfeitos cabelos loiros cacheados que ela tinha deixado presos em um coque desgrenhado, em seu corpo fluía um vestido azul celeste sem alças, que tinha um corte suave que deslizava por seu corpo com perfeição.

Alexa Night era um pouco mais... Ousada. Seu cabelo castanho escuro longo também estava preso em um coque frouxo, mas ela deixou alguns fios soltos moldando seu rosto. Os olhos estavam um pouco estranhos, por causa da lente de contato por cima dos olhos vermelhos, mas ela continuava com aquele mesmo olhar confiante. Ela estava com um vestido vermelho sangue, com alças finas e um decote em V generoso sobre saltos altos e finos.

Quanto a mim? Continuava de apenas roupas íntimas da mesma cor que o vestido, esperando que, quando abrisse os olhos, tudo aquilo fosse apenas um pesadelo. Mesmo sabendo que era a mais cruel realidade.

“Por que você ainda não está pronta, Carly?”, Suzy perguntou se aproximando de mim. Joguei-me no pequeno sofá branco que tinha ali e fechei meus olhos, cansada. Senti minha irmã sentando ao meu lado e tocando meu rosto. “O que houve Carly?”

“Ela só deve estar nervosa, Suzy”, Alexa disse. Abri um dos olhos e encarei-a ali, parada perto da porta. “Eu disse pra dar mais um tempo para ela se vestir.”

“Mas ela já está aqui a mais de uma hora. Todos estão esperando ela lá fora”, Suzy lamentou e me deu um olhar. Meu estômago se revirou com a ideia de todos me esperando. Meus amigos, familiares. Ele. Todos esperando que eu fosse perfeita. Uma coisa que eu não era.

“Eu não consigo, Suzy”, eu disse fechando meus olhos de novo.

O silêncio tomou conta do quarto. O único som era a da minha respiração e, ora ou outra, o bater de um salto. Além da música que soava do lado de fora do quarto. Era eletrônica, uma das minhas favoritas. Era irônico o fato de que em minha própria festa de 15 anos, eu não querer aparecer. Soltei o ar que nem sabia que estava segurando e abri os olhos.

Alexa e Suzan me encaram com os olhos arregalados. Eu ainda me lembrava como se tivesse sido ontem o aniversário de 15 anos de Suzan. Como ela estava linda e mortal. Parecia uma pequena fada. Na verdade, parecia uma verdadeira princesa, uma coisa que todos esperavam que eu fosse hoje.

“Por que você acha que não consegue?”, Suzy disse.

“Ele”, eu respondi solene e me levantei, sentando na penteadeira.

“Oh”, minha irmã e Alexa disseram juntas.

“Ele é seu príncipe, Carly”, Suzy se levantou e começou a mexer em meu cabelo, tentando ajeitar a confusão loira em que ele se encontrava. Ela pegou o secador de cabelo e começou a alisá-lo. Eu fechei meus olhos e tentei relaxar, mas toda vez que eu fazia isso, eu par de olhos verdes acinzentados apareciam na minha visão. “Não precisa ter medo dele. Mas também não seja relaxada, porque ele não é um cara comum”

“Como se eu fosse esquecer que eu vou dançar minha valsa de quinze anos com alguém como Ele”. Rolei meus olhos. “Sinceramente, Suzy. Não sou tão tapada quanto você pensa.”, vi pelo espelho, Alexa pegando meu vestido e colocando em cima do sofá. Como elas me convenceram sem dizer nada?

“Ele será um cavalheiro, Carly”, Alexa disse se sentando ao lado do meu vestido e me olhando pelo espelho. “Ele nunca foi muito de bailes, isso é certo. No instante em que eu disse que era pra dançar com você, ele disse que seria uma honra”

Senti meus olhos brilhando, mas não deixei a esperança alcançar meu coração. Continuei sentindo os puxões e o pente passando pelo meu cabelo. Vi Alexa sorrindo e balançando a cabeça. Tinha alguma coisa ali que eu não entendia.

“Disse por que você pediu”, eu respondi e estalei a língua.

“Claro que não, Carly”, Suzy disse colocando presilhas em meu cabelo, já liso. Eles pareciam cortinas loiras, e estavam tão brilhantes. “Por que você não consegue confiar em você mesma? Por que não consegue enxergar a linda garota que está aí dentro?”

“Será porque, mesmo eu sendo tão linda quanto você diz, não dei meu primeiro beijo até hoje?”, eu respondi dura e me levantei. Meu cabelo já estava pronto, então me mexi para colocar o vestido.

Alexa que tinha me ajudado a escolhê-lo. Nem mesmo Ele sabia que o vestido era da mesma cor de seus olhos. Verde acinzentado. Ele tinha as alças um pouco grossas que caiam em meus ombros e um decote generoso destacavam minha fina cintura e a saia se abria levemente. Os saltos eram da mesma cor, o que tinha sido o maior trabalho. Coloquei um colar que Suzy tinha me dado de aniversário com um coração e os brincos.

Olhei-me no espelho.

Quem era a feia agora?

“Você está tão linda, minha filha”, minha mãe disse.

Eu estava tão presa ao meu reflexo, a minha batalha interna que nem tinha escutado ela abrindo a porta e entrando no quarto. Olhei para ela e sorri. Eu me sentia mais bonita. Pelo menos digna de uma dança com meu príncipe. E sem ele se envergonhar de dançar comigo. A plebéia estava tendo a sua vez.

“Vamos, vamos.”, minha mãe disse nos apressando. “Todos estão esperando.”, ela deu um olhar significativo. “Incluindo os namorados de vocês duas.”, ela pôs os olhos verdes em mim. “E seu príncipe também”

Eu engoli em seco, estava na hora do show.

Assim que saímos encontramos além de um salão cheio de pessoas, Nathan e Ryan conversando com meu pai. Todos perfeitamente vestidos em seus estilos. Quase nem percebi que os olhos de meu pai estavam marejados, porém quando ele me abraçou suas lágrimas se fizeram notar.

“Oh, minha filhinha está se tornando uma moça”, ele disse e se afastou, limpando as lágrimas. Senti meu rosto corando. Os garotos riram enquanto minha mãe e meu pai se afastavam pra me anunciar aos meus convidados.

“Hey, cunhada.”, Ryan me chamou. Olhei para ele, percebendo que minha irmã já estava aninhada em seus braços. Ele tinha um sorriso tão brilhante quanto seus olhos em seus lábios. “Nem parece você mesma.”, ele exclamou e riu. “As irmãs Cool, tem o dom da beleza.”, Suzy o acotovelou, enquanto eu corava.

“Não core Carly”, Nathan, namorado de Alexa disse e sorriu. Alexa também já estava ao lado dele, e o olhava como cego vendo a luz pela primeira vez. “Os vampiros adoram sugar a vida de sua vítima.”

“Cuidado para o vampiro não te pegar”, Ryan continuou e eles bateram a mão no ar.

Senti uma vontade de socá-los, mas eu sabia que aquela não era a atitude adequada a uma princesa. E eu tinha que ser uma princesa hoje. Ou pelo menos parecer uma. Se meu rosto parasse de esquentar com os comentários, pelo menos. Drake não era um vampiro, pelo menos eu achava que não, porém aqueles olhos que me envolviam num ardil tão intrincado as vezes me levavam a duvidar de meu julgamento. O efeito que ele tinha sobre mim e a atração que eu sentia por ele pareciam ser causados algo inumano. Até mesmo Suzan e Alexa estavam rindo. Traidoras.

“Muito engraçado, Nathan e Ryan”

Aquilo foi tudo o que eu precisei escutar para que meu mundo parasse. Aquela voz, que controlava, sem esforço, meu coração e meu corpo. Aquela voz que dominava minha alma e habitava meus sonhos. Meu coração deu um solavanco e minhas pernas começaram a tremer e as minhas mãos a suar.

Eu conseguia sentir sua respiração atrás de mim, além da sua presença bastante masculina que emanava por todo o meu ser, me causando arrepios.

Em todos os meus 15 anos, não teve ninguém que pôde fazer com que eu sentisse tanto com tão pouco. Comecei a estalar os dedos da mão, um hábito que tinha adquirido toda vez que ficava nervosa. Eu sabia que teria que encará-lo, mas tinha que me dar um tempo pra me acostumar com a ideia e pro meu coração se acalmar (mesmo sabendo que ele o estava escutando sem esforço).

“Ih, congelou”, Ryan disse, me tirando do transe.

Todos me encaravam, esperando que eu dissesse alguma coisa, mas tudo o que eu pude fazer, foi soltar o ar que eu nem sabia que estava segurando e virar para encarar meu príncipe.

Má ideia.

Ele estava lindo. Mesmo eu o preferindo com as usuais roupas escuras (e Suzy me negando esse privilégio), as roupas brancas tinham lhe caído muito bem. Na verdade, apostava que até sem roupa ele era lindo. Senti meu rosto corar ainda mais com esse pensamento. Ele estava com um smoking branco, mas com alguns detalhes dourados em seu ombro e abotoadoras que o faziam parecer um verdadeiro príncipe.

Os cabelos escuros perfeitamente penteados, destacando sua pele pálida e bonita. Os lábios cheios e bem desenhados, o nariz reto, o maxilar forte, e finalmente o alvo de minha maior atenção: os olhos verdes acinzentados. Quando seu olhar caiu no vestido, vi um pequeno vislumbre de surpresa em seus olhos. Mas foi rápido demais para eu ter certeza.

Eu estava tal qual uma idiota encarando-o. Mas ele estava tão lindo. Eu não conseguia me mexer, nem respirar. Aquele 1,80 de altura seria meu por uma noite inteira? Aquele era o melhor presente que alguém poderia ter me dado. Claro que seria melhor se ele me desse um beijo, ou se eu não desmaiasse naquele momento, o que eu tinha quase certeza que aconteceria.

Meu coração deu uma parada brusca quando ele esticou sua mão e tocou em meu rosto. Eu deveria estar realmente linda, por que não vi arrependimento em seus olhos.

Seus dedos frios traçaram meu rosto e meus lábios com cuidado até chegarem ao pescoço, o que me causou mais arrepios. Eu corei com a ideia de minha irmã e seus amigos verem essa cena e parecendo ler a minha mente, ele pegou em minha mão e me fez dar um passo na sua direção.

“Você está linda.”, ele sussurrou um meu ouvido. A música alta pareceu ter parado. Eu nem sequer escutava a voz de minha mãe ao microfone. “Adorei o vestido.”

Eu dei um pequeno sorriso sonhador e me deixei ser guiada para a pista de dança onde minha mãe terminava de me anunciar com exagerada animação. Eu queria abaixar a cabeça, mas toda vez em que eu ameaçava fazê-lo ele pegava em meu queixo e me fazia encará-lo.

“... Nossa aniversariante e seu príncipe vão dançar uma música para vocês.”, minha mãe dizia. “Por favor, palmas para Carmélia Cool e Drake Williams.”

Enquanto as palmas enchiam meus ouvidos, fingimento enchia meu coração. Fingia enquanto Drake me guiava pelo salão, que ele me amava e que não seria apenas uma dança. Que seria uma vida inteira. Era tão fácil fingir que ele era meu que eu até senti um sorriso se formando em meus lábios.

Eu podia fechar meus olhos e relaxar em seus braços, mas sabia que de olhos abertos, vendo seus olhos verdes, eu fingia melhor. Ele me olhava com tanta intensidade que era quase impossível desviar o olhar. A batida da música nos conduzia e nos dizia quem éramos naquele momento. Eu poderia morrer e não me importaria, contanto que estivesse com Drake, nada além importava.

Mas, tudo isso acabou quando a última nota foi ouvida por nossos corações e as palmas nos despertaram de um sonho distante. Aproveitei os últimos segundos perdida naqueles olhos, até que um sorriso se formou em seus lábios.

“Temos que nos virar e agradecer, Carly”, ele disse, mas com todo aquele barulho, pareceu que tinha sussurrado. Eu assenti.

Demos a mão pela última vez naquela noite e fizemos uma rápida mesura para o público. Eu sabia que metade das pessoas que tinham vindo eram parentes distantes, amigos quase esquecidos e meus amigos da escola. Todos me olhavam com admiração, mas percebi alguns suspiros femininos para Drake. Meu rosto se esquentou de raiva. Eu ainda estava presa a fantasia. Ele ainda era meu.

Drake me guiou para fora da pista com passos lentos e ensaiados. Eu sabia que era questão de tempo antes que alguém aparecesse e acabasse de vez com a minha fantasia. Ele se virou sério e me olhou de cima a baixo.

“Você estava linda”, ele disse.

“E você foi perfeito”. Surpresa eu percebi que aquilo tinha sido a primeira coisa que eu tinha lhe dito a noite toda. E que aquelas palavras faziam parte da minha fantasia. Senti-me corada e desviei o olhar.

“Por que você não me olha, Carmélia?”, ele cantou para mim. Sua voz de um anjo. O mais puro e desejável do céu. Eu arrastei meus olhos de volta para ele e limpei minha garganta.

“Estou olhando.”, eu disse e comecei a estalar os dedos de novo.

“Que bom”, ele disse e tocou meu rosto com a ponta dos dedos.

Era impressão minha ou ele estava se aproximando de mim? Oh, não. Minha cabeça tinha pifado de vez e eu não sabia mais o que era real e o que era fantasia. Eu não poderia fazer nada, apenas aproveitar minha loucura. Deixar que meu coração se enchesse de esperança banal que se quebraria com um simples Não. Mais a cada segundo que o silêncio gritava em meus ouvidos, eu sentia que eu estava mais perto de torna tudo o que eu mais desejava realidade.

“Querida, você está aí?”, minha mãe perguntou se aproximando de onde eu estava.

Com uma velocidade surpreendente, Drake nos afastou e encostou-se na parede. Mas minha mãe desviou-se do nosso caminho e entrou no pequeno quarto onde eu estava antes. Drake olhou nervoso para mim e para o corredor a nossa frente e deu um passo, pegando em minha mão. Coração traidor que me dá vagas esperanças.

“Tenho que ir, Carly”, ele disse e beijou minha mão.

Eu sabia que tudo o que eu tinha pensado ver, era ilusão. Agora que meu coração agüentasse as consequências da minha mente. Eu nem sequer pude dizer-lhe adeus, antes que piscasse e ele desaparecesse. Eu poderia ter chorado se tivesse tempo, mas minha mãe chegou no mesmo segundo que meu coração começou a se partir.

“Oh, querida.”, ela me abraçou. “Você estava linda.”, ele se segurou pelos ombros e me olhou de cima a baixo. Pus-me a colocar um sorriso frio nos lábios e ser a filha perfeita. Ela olhou por cima dos meus ombros, confusa. “Onde está Drake? Ele também estava lindo. Vocês são mesmo perfeitos para dançar juntos”

“Ele teve alguns assuntos para resolver”, eu disse. Minha voz estava tão morta quanto eu por dentro. “Foi embora”, eu queria me encolher pelo modo como aquelas palavras me atingiam.

Minha mãe tão concentrada na festa e de eu ser popular pela primeira vez, me pôs a receber todos os convidados e cumprimentá-los de mesa em mesa.

Tive que ser a mais perfeita atriz que minha mente me permitia. Sorria quando alguém dizia o quanto eu estava grande, fingia estar com vergonha quando alguém dizia que eu parecia uma princesa e dava de ombros quando alguma garota perguntava por Drake. Claro que não precisei fingir quando cheguei à mesa de minha irmã.

Todos me olhavam com pena, como se já soubessem da minha tristeza. Na verdade, eles não deveriam sentir nem a metade. Eu balancei a cabeça. Eles não tinham culpa. A culpa era da minha mãe que tinha tido a brilhante ideia de convidar Drake para ser meu príncipe depois de ter me escutado dizer o nome dele enquanto dormia. O culpado era meu coração que quis encher-se de esperança. A culpa era da minha mente obtusa que fingiu demais.

“Odeio quando Drake faz isso”, eu escutei Alexa dizer enquanto falava com o pessoal da mesa ao lado. “Ele fica com medo de se envolver demais e não se deixa levar e depois... Apenas foge”

“E fere o coração de minha irmãzinha”, Suzy acrescentou.

Bem nesse momento, Natalie apareceu do meu lado e sorriu. Os olhos azuis pareciam sonhadores enquanto olhavam para o meu vestido. Os cabelos loiros soltos e cacheados, o delicado vestido rosa. Eu sabia que ela queria um momento de princesa e contava os anos na ponta dos dedos. Eu só esperava que o dia dela não tivesse o mesmo desfecho que o meu. Dor e solidão.

“O que foi Natalie?”, eu perguntei. “Está aí, sonhando acordada”

“Você é tão linda, Carly.”, ela disse e tocou o meu vestido. “Quando eu crescer, quero ser igual a você”

Coração ferido idiota.

Forcei um sorriso.

“Claro, Naty.”, eu disse e ela voltou a brincar com seus amigos.

Assim que eu vi minha tarefa cumprida, resolvi tirar um tempo para mim e relaxar no jardim, um lugar em que minha mãe nunca me acharia.

Nathan tinha feito um bom trabalho, cuidando de todas as flores e escolhendo a dedo todos os tipos que haveria ali. Camélias eram as que predominavam. Ironia de Nathan.

Deixei-me levar pelo aroma das flores. Fechei meus olhos e tentei colocar minha cabeça no lugar, mas toda vez em que pensava de fazer isso, os olhos verdes de Drake voltavam a minha cabeça. Droga de garoto complicado.

“Sai da minha cabeça, por favor.”, eu pedi ainda de olhos fechados.

“Você sabia que não é uma boa ideia uma princesa andar sozinha por aí?”

Minha imaginação realmente me surpreendia, porque eu jurava que eu estava escutando Drake atrás de mim. Talvez eu pudesse tirar proveito daquele momento por alguns segundos. E um sorriso verdadeiro apareceu em meus lábios, mas não me deixei virar e ver que tudo era apenas uma ilusão bem feita.

“Sei me cuidar muito bem, sabia?”, eu disse a minha ilusão.

“Tanto que dá as costas para mim.”, senti uma presença atrás de mim, como se alguém estivesse na minhas costas. Com certeza era o vento. Minha imaginação realmente era minha mais fiel amiga e minha mais cruel inimiga.

“Eu estando de frente ou de costas para você, não importa”, eu disse ainda sorrindo. “Eu sei que você é apenas uma ilusão. Sei que estou no auge da loucura e você é o sinal inicial disso. É sua culpa que eu esteja maluca. Que eu crie tantas ilusões com você porque sei que na realidade você estava indo se encontrar com alguém mais bonita e mais estável do que eu, uma garotinha de 15 anos, sonhando com vampiros.”

“Se você acha mesmo que eu sou uma ilusão, por que não abre os olhos e se vira pra mim?”, meu doce anjo pediu. O sorriso se alargou, mas eu não abri meus olhos.

“Se você não é uma ilusão, como sabe que estou de olhos fechados, se está as minhas costas?”, eu perguntei, pegando minha própria ilusão na minha armadilha.

“Não há como explicar. Mais você não está tremendo e nem com medo, muito menos está ofegante, então sei que não está piscando, e, se não está piscando, logos seus olhos estão fechados”, ele disse segurando o riso.

“Oh!”, eu disse me virando e abrindo os olhos. Na minha cabeça tudo era menos lógico, mais pra “foi o meu Coração quem disse”.

Ele realmente estava ali.

Drake Williams. Sorrindo e com os olhos brilhantes de um predador. E eu ali, uma presa perfeita. Por que será que eu não estava com medo? Não corria? Ou me escondia? Eu sabia que se fosse para me esconder, seria em seus braços e correr em direção a sua alma. Ele ainda estava com a mesma roupa mais seu cabelo estava bagunçado, como se ele tivesse passado a mão inúmeras vezes por ele.

Percebendo o que eu tinha dito a ele, senti meu rosto corando. Também vi o quão perto estávamos. Oh, Deus. Eu era uma idiota mesmo.

“O que te fez voltar?”, eu perguntei depois de respirar profundamente.

Minha pergunta pareceu pegá-lo de surpresa.

“Esqueci de te dar uma coisa”, ele disse e deu um passo a frente tocando meu rosto.

“O que?”, eu perguntei confusa.

“Seu presente”, então ele se inclinou e eu fechei meus olhos.

E, naquela noite, recebi meu primeiro beijo.


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