Deixe sua mensagem após o sinal. Bip.

  - Kate, porque você nunca atende o celular? – Deixei isso como sendo a décima mensagem que eu mandava para minha mãe.

  - Por que todo esse desespero para falar com sua mãe? – Patch perguntou ao meu lado, ele já estava me levando para casa.

  Na metade do caminho, as árvores tampavam toda a paisagem e metade do céu, mas dava para ver que já estava começando a escurecer. 

  - Ela chega de viagem hoje... Só quero saber como ela está. – Menti na cara dura. Eu contaria para Patch sobre tudo aquilo, sobre tudo no que eu estava metida.

  Ele provavelmente ia pirar quando soubesse, mas eu não podia esconder para sempre.

  Seguimos o resto do caminho para casa em silêncio. Com uma mão Patch segurava o volante e com a outra apertava a minha.   

  - Nora... O que está acontecendo? – Ele disse e notei que a velocidade do carro estava diminuindo.

  - Nada demais. – Suspirei. Já estava me cansando de mentir.  

  - Você não precisa mentir para mim, Nora. – A mão com que ele segurava a minha passou para o meu pescoço, como que procurando alguma marca. – Se aconteceu alguma coisa, pode me falar.

  Eu continuei olhando para frente, a estrada estava vazia, nenhum carro, nada.  Só as árvores nos isolando de tudo.

  Patch estava me encarando feio, e até deixava a estrada de lado. Mantive meu olhar para o lado de fora do carro, á minha frente. Viramos numa curva longa e de repente uma coisa disforme e  negra estava estendida na estrada.

   Gritei. Patch se virou na hora, ele pisou forte no freio e o carro parou bruscamente. Senti minha testa quase se chocando com o painel do carro, mas Patch colocou seu braço em minha frente quase no mesmo segundo e me puxou para trás de novo.

    Nada tinha acontecido com nenhum de nós ou com o carro. Ou pelo menos nada ainda. O vidro do carro começou a trincar, mesmo sem nada ter batido nele.

    Eu senti algumas lágrimas saindo sem eu ao menos notar e rolarem pelo meu rosto. A porta do motorista se escancarou, Patch estava saindo.  Levei minha mão ao braço dele.

   - O que você está fazendo?! – Praticamente gritei, eu estava com medo e quase doida. Por que não podíamos simplesmente sair dali?

   - Não saia daqui. – Ele disse com uma voz fria, e jogou as chaves do carro em cima de meu colo. – Pode fazer isso pelo menos?

   Abri a boca, mas ai percebi que não tinha resposta para aquilo. Tudo o que Patch falava que era melhor para mim, eu fazia o contrário sem ao menos perceber.  Ele bateu a porta ao sair e eu me encolhi como que com medo do barulho que a porta fez.

    Me meter com vampiros. A maior cagada da minha vida, e provavelmente o fim dela. Patch podia ser forte, mas sabia que não o suficiente para lutar com um vampiro tão velho quanto Eric. Mesmo assim ele seguiu até onde a massa preta tinha estado, seu andar confiante e seguro, ao mesmo tempo pronto para atacar quem viesse.

    Uma mão agarrou meu pescoço, apertando com força, não consegui gritar. Só fui puxada para fora do carro pela janela, senti o vidro arranhar todas as partes do meu corpo e quando me dei conta já estava caída da estrada. A mão não estava mais em meu pescoço e eu engasguei quando tentei gritar para Patch. Ele, felizmente, já estava correndo em minha direção.

    Sentei-me com ajuda da Patch, e vi alguma coisa negra correndo atrás de algumas árvores na encosta da estrada, recuei para perto do carro e encolhi as pernas. Patch ficou de costas para mim, com uma postura defensiva.

    Os próximos minutos passaram como que em câmera lenta, a pessoa vestida de preto pulou em cima de Patch, que foi praticamente empurrado para alguns metros de onde eu estava. Gritei o mais alto que pude. O homem, ou vampiro estava andando calmamente em minha direção, passou a mão em seus cabelos ruivos como se não tivesse pressa em fazer aquilo.

    Patch já corria em minha direção de novo, mas dessa vez alguma coisa foi mais rápida que ele. Um vulto passou por mim indo em direção ao vampiro, ele o derrubou no chão e os dois rolaram numa velocidade que meus olhos quase não conseguiam acompanhar.

   Eric agora estava de pé, segurando o vampiro pelo pescoço o levantando do chão. Suas presas estavam para fora e um único fio de seu cabelo loiro desarrumado.

    - Bom nos reencontrarmos. – Eric disse com sarcasmo e ao mesmo tempo jogou o homem ruivo contra uma árvore do outro lado da estrada, depois correu até lá e arrancou um galho grosso da mesma árvore.

   Eu não queria ver o que ele faria. Então, olhei para Patch com certo desespero e ele estava me olhando com a uma expressão de tristeza, que ao mesmo tempo se misturava com surpresa.

   Tinha sangue em algumas partes do meu corpo, minha blusa rasgara em vários lugares e quase minha barriga toda estava exposta. Assim mesmo, cheia de dor e com meus arranhões ardendo, levantei-me e fui até Patch, que mesmo com seu olhar triste, me abraçou com força.

    - Me desculpa. – Murmurei, minha boca contra seu peito e depois me virei para ver Eric. Ele vinha andando até nós, olhando diretamente para meus olhos, acho que ele estava tentando ignorar o fato de Patch estava parado em pé bem ali.

    - Não me disse que seu namorado era um... Anjo. – Agora ele fuzilava Patch com o olhar, sua voz estava controlada, mas seus olhos mostravam raiva.

    Patch olhou para mim, mas se dirigiu á Eric.

    - Não me disse que conhecia um vampiro.

    Afastei-me um pouco de Patch, para ficar mais no meio dos dois.

    - Você sabe sobre anjos? – Perguntei á Eric, tentando fazer o contato visual entre os dois acabar.

    - Encontrei um ou dois. – Eric só deu os ombros, com indiferença. Ele finalmente olhou para mim e seus olhos demoraram em minha blusa rasgada, eu cruzei os braços para esconder a barriga. – Gostei do visual.

    - Tire os olhos dela. – Patch grunhiu e deu um passo para frente.  

    - E se eu não quiser? – Eric retrucou com uma voz brincalhona.

    - Então a situação vai ficar complicada para você, vampirozinho.

    - É ai que você se engana, anjinho.

    E num piscar de olhos, Patch estava socando Eric, com uma força que poderia quebrar uma árvore ao meio, mas o máximo que Eric fazia era virar um pouco o rosto e sorrir. Até que Patch deu um gancho de direita em Eric e ele foi para trás.

    - Eu quase senti essa. – Disse pulando em cima de Patch e os dois rolaram um pouco no chão, eu corri até eles, mas parei quando eles começaram a se socar de novo. Um tentava enforcar o outro e os dois davam urros de raiva.

    - Patch, para! – Eu gritei quase ao mesmo tempo em que ele chutava a barriga de Eric e o atirava para trás. Antes que voltassem a se bater, eu corri para ficar no meio dos dois. – Eric, não se atreva...

     Minha voz saiu mais fina do que eu pretendia, eu não tinha certeza de que Eric ia ou não me obedecer, ele parecia mais o cara que me mataria para depois matar Patch, mas ele não o fez, só se levantou e passou a mão na jaqueta que usava a fim de tirar a terra.

    Agora os dois estavam frente a frente e eu pude notar como eram diferentes.

    Patch era alto, mas não tanto quando Eric. Tinha cabelos, com pequenos cachos escuros e olhos mais negros ainda, era meio bronzeado e seus músculos bem definidos.

    Já Eric ganhava na altura, mas era mais magro e esguio do que Patch. Seus olhos azuis e seu cabelo loiro e liso. Eles eram totalmente diferentes, mas ainda assim eu me sentia atraída por ambos.