Epílogo

...

Tudo no final dá certo. Se ainda não deu...

...é porque não chegou o final.

Há algum tempo fazendo pesquisas na internet, Bella encontrou um texto com um título interessante. A língua escrita era estrangeira; brasileira. Com a ajuda de um tradutor na internet conseguiu fazer a leitura daquele escrito que ficou gravado permanentemente em sua memória. “Meu nome é felicidade”. O autor era desconhecido, mas a mensagem era eloquente e verdadeira. Principalmente ao dizer que o tempo — o marido da felicidade — curava todas as feridas e reconstruía corações. Quase cinco anos distante de Edward fizeram-na mitigar a mágoa, os ressentimentos, a dor de sentir-se usada. Ali estavam eles, jogados no centro de uma cama de solteiro curtindo aquele pedaço de felicidade que chegara após muitos desentendimentos. Mas tudo havia ficado no passado; o presente estava sendo reconstruído naquele momento. Esquecendo-se de aposta, corações partidos e autoflagelação.

— Você imaginava que depois de tantos anos, nos reencontraríamos? — perguntou Edward beijando o topo da cabeça de Isabella em um singelo carinho. Após fechar diversas vezes as pálpebras, começava a acreditar que estava realmente ali, com a sua Isabella. E não em algum sonho projetado por sua mente apaixonada.

— Quem imaginaria? — replicou. Edward segurou a mão de Isabella, levando-a ao alto contemplando os dedos unidos. Como ele desejava que estivessem por muito, muito tempo. — Mas eu estou feliz de ter reencontrado você.

— Não houve mais ninguém?

Bella lembrou-se então de Nathan; seu “namorado” por um curto período de tempo. Nathan lhe prometia uma vida estável, com confiança, amor e respeito. Mas não conseguia desligar-se de uma parte do seu passado o qual sempre vinha lembrar-lhe que era com aquele garoto que tanto lhe magoou que desejava um relacionamento.

— Posso dizer que “nenhum”. E você?

Edward demorou algum tempo para responder a questão de Bella. Não tinha ficado no celibato por quase sessenta meses; tivera outras mulheres, casos breves que não avançavam a nada sério porque não conseguia esquecê-la.

— Não posso culpar você por isso — objetou ao interpretar corretamente o silêncio dele.

— Sinto muito.

— Sente muito? Edward, eu desapareci de Forks logo após ter alta no hospital. Vim para Nova Jersey para tentar reconstruir a minha vida... O fato de você ter “me superado” e seguido em frente não é algo que você precise se desculpar. E o fato de eu não ter feito o mesmo...

— Eu não “superei você”, sua bobinha! Nisso você está absurdamente errada! Eu continuo amando você da mesma forma desesperada. E quase enlouqueci quando soube da sua partida.

— Eu precisava...

Silenciou-a colocando o indicador sobre seus macios e convidativos lábios.

— Nós precisávamos.  Mas o que importa é que estamos juntos outra vez. Vamos esquecer o que passou, está bem?

— Perfeitamente. — aquiesceu Bella, levando a mão até  a bochecha de Edward para tocar com os dedos. Ele era real. Calmamente aproximou os rostos, sem nunca desviar seus olhos dos verdes brilhantes do rapaz à sua frente, colando seus lábios aos dele. Sentia falta de beijá-lo. Na verdade, sentia falta dele por completo. O desejo e a urgência estavam ali enquanto se beijavam apaixonadamente. O corpo dele moldando-se ao seu enquanto ele os girou na cama e ficando por cima dela. Os toques. A intimidade. A eletricidade que sentiu quando ele a tocou na pele da barriga exposta pela blusa elevada até o busto. A forma como seus lábios lhe beijavam o pescoço, mordiscava-lhe a pele sensível do lóbulo da orelha; ou como ele sussurrava em seu ouvido o quanto a amava.

Sentir a urgência de seu desejo por ele ao ter as intimidades próximas, separadas apenas por camadas de tecidos fê-la afastá-lo minimamente pelo ombro, fazendo-o recuar. A respiração pesada dele quando rolou para o outro lado, com os olhos cerrados tentando acalmar seu corpo aceso.

Mas não estava preparada para avançar. E Edward compreendeu a sua reserva.

(...)

A semana que se iniciou passou como um borrão. Foram a parques, visitas a galerias de arte, restaurantes e curtiram várias sessões de cinema. Estavam se reconhecendo outra vez. Agiam como um casal de namorados embora o pedido formal não tivesse acontecido ainda. Conversava com Renée ao telefone algumas noites, e em uma dessas contou à mãe sobre estar com Edward. Apesar de ter sido contra nos primeiros minutos da conversa, Renée acabou cedendo ao saber que a filha estava feliz.

Edward não compareceu aos ensaios antes do casamento, e Rosalie estava irritada com o furo do seu padrinho. Tentava contatá-lo pelo telefone, mas a ligação sempre caía na caixa postal.

Eles estavam sentados no gramado parque curtindo o clima quente do verão, quando lhe contou sobre o casamento.

— Vamos comigo para Southfield? Podemos alugar um carro. São apenas vinte minutos de viagem.

— Southfield? O que faríamos em Southfield?

— O casamento do meu irmão.

— Esqueci completamente! — quase gritou. Sentou-se de frente para Edward. — Você perdeu os ensaios!

— Eu teria perdido sim, se fosse aos ensaios e perdesse a semana maravilhosa com você.

— O seu irmão ficará chateado se você não for ao seu casamento.

— Emmett pode sobreviver a isso.

— Edward...

— Está bem, está bem. Você irá comigo então.

— Ele convidará alguém de... Forks?

— Emmett não tinha muitos amigos em Forks, então a resposta é não. Será uma cerimônia simples. Alguns amigos da faculdade de ambos e os familiares.

— Então eu vou.

Eles seguiram juntos ao casamento de Rosalie e Emmett; surpreendendo a noiva ao vê-la, Rosalie quase desmoronou em lágrimas ao ver a amiga chegar abraçada a Edward. Tentou controlar-se uma vez que não poderia borrar a maquiagem. Seu casamento era em algumas horas.

— Eu nunca vou perdoá-la por ter desaparecido, Isabella Swan! — dizendo isso, cingiu os ombros da amiga com seus braços, abraçando-a.  — Você é uma péssima amiga, sabia?

— Desculpa. — Bella murmurou, emocionada com o reencontro. — Eu não sabia que vocês estavam juntos...

Encarou com confusão a Edward que mantinha a sua mão presa à cintura de Bella.

— É uma longa história. Mas eu não quero tomar o seu tempo.

— Emmett acreditou que você não viria, Edward. Você faltou aos ensaios!

— Por uma boa razão. — Piscou, encarando Bella.

— Sim, sim, depois você precisa me contar sobre tudo! — abraçou Bella por uma última vez e cerrou os olhos para despedir-se de Edward, adentrando em uma salinha para vestir o vestido de noiva.

— Emmett e Rosalie casando... Quem diria!

— Parece que eles se acertaram na faculdade... Bem, — segurou com os dedos o cós da calça de Bella trazendo-a de encontro ao seu peito. Beijando-a rapidamente nos lábios, continuou. — eu acho que você precisa se arrumar. — Beijou a ponta do nariz. Era incrível que a atração que sentia pela morena continuava a mesma. Acreditava que com a distância a esqueceria completamente e seguiria em frente, como ela, ao partir de Forks. Mas o formigamento na ponta do dedo ao tocá-la estava ali; o batimento cardíaco acelerado no peito também estava presente; o desejo de estar com os lábios unidos apenas aumentava.

Desde que se reencontraram há uma semana e meia que não tiveram nenhum contato físico. Quando Bella o segurou pela mão no restaurante do hotel dizendo que precisavam “reescrever uma história” acreditou que o cenário seria com roupas sendo apressadamente tiradas e jogadas ao redor do quarto enquanto se amariam sem delongas. No entanto, ao chegarem ao quarto em que Bella estava hospedada, apenas se beijaram para matar a saudade. Deitaram na cama e ficaram conversando sobre as coisas que aconteceram aos dois naqueles quatro anos e alguns meses. No final da tarde, despediram-se com a promessa de se reencontrarem no dia seguinte. Edward prometendo acompanhá-la à Galeria de Arte.

— Eu não posso ir ao casamento — Bella murmurou arrematando Edward das recordações.

— O que você disse?

— Que eu não posso ir ao casamento. Edward, eu nem sabia que Rosalie ia casar!

— Bella, eu não estou entendendo. Seja sucinta, por favor!

— Eu não tenho roupas adequadas para um casamento.

— Simples. Nós podemos comprar um vestido legal...

— Não!

— Você e Rosalie são amigas, Bella — segurou o rosto da garota com ambas as mãos. — Ao menos eram no tempo da escola. Provavelmente alguma coisa mudou, sempre muda quando nos afastamos dos amigos por algum tempo. Mas... Rosalie ficou deslumbrada ao reencontrá-la, amor. Ela ficaria novamente magoada se você não estiver em seu casamento.

— Está bem. Você me convenceu!

A cerimônia de casamento aconteceria no jardim da casa que eles compraram para morar após o matrimônio. Talvez a construção nem pudesse ser chamada de “casa”; mais parecia uma mansão. O jardim estava completamente decorado para a ocasião, e os convidados estavam começando a chegar.

Conversaram um pouco com os familiares de Edward, que estavam surpresos e felizes após saber que eles estavam juntos, recomeçando. Esme precisou engolir as lágrimas ao mirar o brilho nos olhos do filho. Alice separou dois minutinhos para conversar com Bella, e convidá-la para conhecer Paris em algum momento dos próximos meses.

Depois da recepção, o casal seguiu de volta ao hotel. Após cada um — separadamente — desfrutarem de um banho relaxado e compartilharam a cama. Ficaram abraçados até cada um adormecer. Bella acordou e o céu ainda estava escuro. Via-se presa entre os braços e pernas de Edward. Contemplou a face serena do rapaz adormecido e não conteve os dedos afoitos levando-o para tocar seu rosto sublime. Ele se mexeu por um instante, e Bella mordeu o lábio acreditando tê-lo acordado. Mas ele apenas a puxou para mais perto de seu peito, abraçando-a mais apertado.

Consciente do que queria, beijou-lhe o queixo seguindo até os lábios. Acreditava que ele estava dormindo, mas surpreendeu-se ao ser correspondida com paixão.

— Eu estava pensando... Estamos juntos há alguns dias e não estabelecemos nenhum compromisso.

— O que você quer dizer com isso? — inquiriu Bella, confusa.

— Se você aceita ser a minha namorada.

— Eu já sou a sua namorada — disse com um sorriso.

— É?

— Sim. Começamos a namorar cinco anos atrás. Nos nunca pedimos para terminar, logo continuamos namorando.

— E isso quer dizer que eu tenho... — coçou a cabeça.

— Eu tenho mais do que você! — deu um fraco soco no ombro do garoto.

— Mas nós estamos recomeçando, então nada mais justo que isso. Bella, eu quero terminar o nosso namoro!

— O quê? — alargou os olhos.

— É isso mesmo. Foi bom enquanto durou, mas eu não quero mais ser o seu namorado. Está tudo acabando entre nós. Seja feliz.

— Edward... Que diabo é isso?

— Estou terminando com você.

— Isso é uma brincadeira, certo?

— Não. Você não disse que ainda estávamos namorando? Pois bem, acabo de terminar aquele namoro. Ele está preso no passado. Agora... o presente: Isabella Swan, você aceita namorar comigo? Eu não prometo ser o namorado perfeito, porque sou imperfeito. Mas tentarei atender às suas expectativas, amando-a incondicionalmente. Enquanto você me quiser ao seu lado.

— Eu sempre vou querer.

— Isso é um sim?

— É um sim.

— Dessa vez eu prometo fazer tudo certo.

— Eu nunca tive a oportunidade de dizer... — Bella começou com seus olhos marejados. Por um minuto Edward preocupou-se com o que a namorada lhe diria. — Você estava certo quando dizia que éramos certos um para o outro. A metade torta da minha laranja — riu. — Mas tão certo quanto um mais um é igual a dois é o que eu vou dizer a você. — Fez uma pausa sugestiva aguçando ainda mais a curiosidade de Edward.

Bella perdeu um pouco o fio da meada quando ele passou a beijar o seu pescoço e as mãos passavam pela lateral do corpo arrastando a sua blusa para fora, ajudando-o com o processo ao suspender os braços. Jogando a peça de roupa a um canto qualquer do quarto, desceu com os beijos para o pescoço da moça abaixo de si.

— Continue — ele disse, numa voz rouca, descendo os beijos para a sua barriga, ocupando-se no minuto seguinte em tirar a calça que ela vestia.

— Você está me desconcentrando — respondeu, arqueando o corpo para a calça deslizar para fora.

— Desculpe.

Ele os trouxe sentados na cama, com Isabella sentada em seu colo com as pernas ao redor do seu quadril. Ocupou-se em desfazer o fecho do sutiã. Bella então lhe tirou a camisa, tocando o peito definido de Edward.

— O que você ia dizer?

Quando não havia mais nenhum tecido atrapalhando o contato direto, Bella sentiu-se ser preenchida por ele e tudo dele. Mordeu o lábio para conter um gemido preso à garganta. Beijando-o nos lábios, conseguiu dizer em um sussurro.

— Que eu... amo você.

Edward parou inesperadamente, arrancando um muxoxo da moça.

— Repita.

— Eu disse que eu amo você.

— Outra vez.

— Eu amo você.

— De novo.

— Amo...

Mas não completou a declaração apaixonada. Por dois motivos: o primeiro era que teve seus lábios esmagados em um beijo apaixonado; o segundo era que ele voltou a movimentar-se em seu interior levando para longe qualquer pensamento que não fossem as sensações do momento.

— Ah, Bella... — murmurou abraçando-a apertado. — Eu te amo tanto.

Levou a mão dele para tocar justamente em seu peito, fazendo-o sentir o quanto seu coração estava batendo acelerado. Não pela emoção do momento de intimidade, mas por ter finalmente se declarado.

— Ele está assim... Por sua causa.