Because Of You escrita por Firefly Anne


Capítulo 16
XVI: Extrair a Dor


Notas iniciais do capítulo

Não é miragem! Aqui está o capítulo 15 de BOY um dia após ser atualizada. Mas depois dos lindos comentários a inspiração apareceu e eis a continuação! Por favor, tenham a mente aberta que eu avisei que era chegado o momento do drama, e avisei também no início que a Bella não lidaria muito bem depois de saber da aposta! E, preparem os lencinhos antes de ler, ok? Chorei por toda uma vida escrevendo esse capítulo. T.T
É isso. Tenham uma boa leitura!



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Extrair a Dor.

#

Bella está sentada em cima do vaso sanitário do banheiro feminino com os joelhos no peito, apoiando a cabeça sobre os braços enquanto permanecia chorando. Seu corpo trêmulo quase convulsionava. Os gemidos baixos pararam por alguns segundos, para voltarem como gritos estrangulados. Um estranho que passasse por ali acreditaria que alguém estava sendo cruelmente torturado. E na verdade, alguém estava o sendo. Torturada pelas palavras venenosas de Jessica Stanley em estado de repetição em sua cabeça. Querendo afastar aquela voz de seus pensamentos, tapou os ouvidos com a mão, mas o som não era real. Era algo do seu imaginário.

Aposta. Aposta. Aposta. Aposta. Aposta. Aposta. Aposta.

Não conseguia parar de repetir. “Ele transou com você por causa de uma aposta”.

— Sai, sai, sai, sai da minha cabeça, por favor — viu-se implorando.

Como fora ingênua. Mas é claro que Edward não a amava de verdade, desde o começo pressentia que havia algo estranho com a aproximação repentina do garoto, cercando-a em todos os lugares. Deixando-o entrar gradualmente em sua vida.

— Bella? — Rosalie a chamou.

Não conseguiu encontrar a própria voz para responder. Sentia um incômodo na garganta, uma queimação... era como se fosse vomitar. O estômago embrulhou quando se lembrou de quando entregou a sua virgindade a Edward, e não conseguiu controlar-se: levantou-se em um átimo do sanitário para despejar o seu café da manhã. Ajoelhada em frente ao vaso sanitário ela permaneceu. Até que ouviu vozes surgirem próximas ao banheiro feminino.

— Você não pode entrar aí, Edward! — reconheceu a voz de Alice.

— O diabo que eu não posso! — retrucou. Apertou o botão da descarga, e sentou-se novamente em cima do vaso. Ao ouvir a voz dele, não conteve o choro que havia findado.

— Bella? — ele a chamou. Algo em sua voz estava diferente. Não. Ele não sofria. — Por favor, fale comigo...

Mordeu a manga da camisa para abafar o seu choro.

— Por favor... — implorou novamente.

Do lado de fora, Alice estava parada com os ombros encostados no umbral da porta do banheiro para impedir a circulação ali dentro enquanto a situação não se resolvia. Tinha ouvido aos comentários começados por James sobre a aposta e seguira o irmão que correu para alcançar Bella e lhe explicar a sua versão daquela monstruosa e repulsiva história da aposta. Dizê-la que para ele o sexo que fizeram não fazia parte de uma estúpida aposta, que tudo o lhe disse era verdade... seu amor, a sua adoração. Que não era uma mentira como cada vez mais se espalhava ao redor de Forks High School.

— Edward — Rosalie tocou o ombro do irmão de Alice. — É melhor você deixar a Bella sozinha. Depois vocês conversam, fora da escola.

Mas Edward estava resoluto em falar com urgência com a menina. Deixando a loura no vácuo, seguiu até as cabines fechadas do vestiário feminino, abrindo uma a uma as portas para tentar encontrar a figura de Bella.

Encontrou uma única porta trancada. Ajoelhando-se no chão não se importando se o piso estava sujo e poderia sujar o seu jeans.

— Deixe-me falar com você, Bella — começou Edward. — Eu só preciso me explicar a você, meu amor. Eu não menti Bella, quando disse que a amava... — despenteou os cabelos com os dedos. — Essa pode ser a minha única verdade, mas eu amo você. Acredite em mim.

Alice e Rosalie deixaram o banheiro em silêncio.

— Por favor, fale comigo. Dê-me uma chance para explicar o que aconteceu. Aquela aposta... Ela nunca existiu, não para mim. Eu não sei o que James disse a você, mas era tudo mentira, você tem que acreditar em mim. Eu amo você. Eu amo você, Bella.

Dentro do cubículo, Bella tapava os ouvidos para não ouvir mais as mentiras de Edward Cullen.

— Eu vou quebrar essa porra de porta se você não abrir por vontade própria.

— Vá embora!  Eu odeio você! — gritou um som abafado pela manga da jaqueta.

— Deixe-me falar com você, amor. Só um minuto. Eu amo você. Você não acredita em mim, mas é verdade. Eu amo você!

Desesperada para fugir das mentirosas promessas de Edward, Bella ergueu-se. Tropeçou até a porta que a mantinha afastada do rapaz. Abriu-a em um segundo. Edward estava ajoelhado e ele também chorava. Mas não deixou a sua atenção nele mais que dois minutos. Quando ele se levantou do chão acreditando que ela lhe daria uma chance para explicar, e tentou tocá-la, afastou-se como se ele possuísse uma doença transmissível apenas com o toque de peles.

Correu em direção à porta, mas ele lhe alcançou primeiro. Segurando-a pelo braço a puxou em sua direção. Debateu-se em seus fortes braços, e desviou a face quando ele tentou beijá-la. Pego de surpresa quando ela cuspiu em sua face, Cullen a largou. E ela se afastou.

Talvez, para sempre.

(...)

Desde que seu filho tornou-se um rapazinho, não mais chorava. Sua irmã Alice sempre o ameaçando dizendo que “quem chora é mulherzinha” fez o garoto engolir o choro desde os doze anos. Mesmo quando caiu de sua motocicleta que ganhou aos dezesseis anos, ferindo os braços e joelhos, nenhuma lágrima deslizou por sua face. No entanto, aninhando-o como um bebê Esme tinha a sua camisa de cetim completamente molhada com as lágrimas silenciosas do filho.

— Você quer conversar sobre isso? Você e Bella pareciam tão felizes ontem, Edward. O que aconteceu?

— Eu estraguei tudo — respondeu.

— Você pode me contar desde o começo. Não estou entendendo. O que você fez de tão grave? Edward... você beijou outra garota em frente a filha de Renée?

— Nada disso — negou. — Lembra-se de James... e meus outros... “amigos” é o caralho! Aquele filho de uma puta!

— Controle seu linguajar, Edward.

— É tão vergonhoso admitir isso, mas nós fazíamos apostas para dormir com as garotas.

— Isso é tão cruel.

— Mas levávamos como uma brincadeira. Uma diversão que só fazemos na escola, antes da faculdade.

— Não deixa de ser cruel.

— Isso acontece há alguns anos. Três, para ser exato. Mas recentemente... Estávamos em Port Angeles e eu tinha que decidir a “minha garota”.

— Quem você escolheu? — perguntou, cautelosa.

— Eu não escolhi. Escolheram para mim.

— E quem era a garota? — insistiu, rezando para não ouvir um “Bella”.

— Bella.

— Oh, meu Deus! — exclamou Esme com os olhos tão grandes quanto uma bola de basquete.

— Eu não pude dizer “não”. Mas, eu amo Isabella, mãe. De verdade. Não foi uma aposta... foi verdade.

— E ela descobriu?

— Da pior forma possível.

— E você por que você não contou?

— Eu fiquei com medo. Medo de perdê-la.

— Mas você a perdeu... de qualquer forma.

— Eu tentei conversar com ela, e ela disse que me odiava.

— Ela não te odeia, meu bebê. Odeia o fato de você ter estado com ela por causa da aposta.

Edward adormeceu nos braços da mãe. No dia seguinte tentou ligar para o celular de Bella, até mesmo o telefone residencial, mas ninguém lhe atendia. Deixava mensagens na secretária eletrônica na esperança que ela fosse ouvir e, quem sabe, responder.

(...)

O cemitério onde o pai estava enterrado há alguns anos estava deveras silencioso — como acontecia frequentemente. Curiosamente as pessoas só lembravam-se dos seus entes queridos que partiram na data do ano que era dedicada a eles, e após a data simplesmente esqueciam. Bella era uma dessas a qual citava em pensamentos. Esteve no cemitério apenas no funeral e privava-se de uma segunda visita para não desmoronar diante da lápide de Charlie Swan. Seus pés pisavam em cima da grama recém-aparada da necrópole sem a comum presença de rosas brancas em suas mãos. A lápide do pai estava infestada com as folhas secas de uma árvore próxima.

Seus joelhos dobraram-se, ajoelhando em frente à lápide. Suas bochechas foram novamente umedecidas pelas lágrimas que evitou durante todo o caminho.

— Eu sinto a sua falta, papai — confessou para ninguém. — Você se foi e eu fiquei perdida. Eu não aguento mais.

Sua visita ao cemitério não durou muito tempo. Era o fim da tarde e em breve escureceria, e mesmo para uma garota cheia de demônios internos, tinha medo.

Despediu-se do túmulo do pai e regressou para casa. Ao chegar lá, buscou em uma caixa amontoada na dispensa por seu diário. Sentou-se na cama para em palavras externar a dor que sentia.

“Diário... eu nunca pensei que voltaria a escrever novamente alguma linha nesse caderno tão velho, empoeirado e com páginas roídas”, uma pausa. Uma lágrima escorre do rosto de Isabella até pingar no centro da folha velha. “É tão... tão... tão... sofredor estar viva. Eu não posso confiar em ninguém.” Riscou a frase, reescrevendo-a. “Eu não quero mais confiar em ninguém. Mas, como confiar se todas às pessoas que eu depositei a minha esperança apunhalaram-me pelas costas? Estar viva é sofrer? Se decepcionar? Eu não quero viver então. Pela primeira vez eu acreditei que era amada, sabe. Eu acreditei, mesmo que demonstrasse não acreditar, mas eu acreditei. Me importei. Vibrei por dentro... mas era tudo um jogo. Peças de um jogo bem elaborado. Por que os garotos são calculistas? Eu entreguei o meu bem mais precioso a ele: a minha virgindade, a minha esperança, a minha confiança e mesmo que ele não soubesse... eu entreguei o meu coração. Porque eu acreditei nele; em todas as palavras. Em tudo. Para quê?” Mais uma pausa. Bella vira a  folha do diário, retornando a escrita. “Renée tem que me perdoar. Mamãe, se você encontrar esse diário, por favor, me perdoe. Mas eu não aguento mais. E se acontecer algo... eu amo você. Você é a única que nunca me decepcionou.”

Não suportava mais a sensação de ter uma adaga enfiada em seu peito enquanto sangrava violentamente. Precisa de um alívio, nem que fosse o momentâneo. A voz de Jessica Stanley novamente ecoou em seus pensamentos: “volte às suas giletes” e ela parou no meio do caminho, em frente à porta do banheiro. Recuou um passo enquanto pensava se magoaria a mãe tão profundamente ao novamente se cortar depois dos anos que não praticava a automutilação.

Mas, respirando fundo, continuou o percurso até o banheiro que ficava no quarto da mãe. Cada passo no piso era como pisar em um campo minado, esperava a todo segundo que uma bomba fosse se explodir abaixo dos seus pés. Fitou a maçaneta, e esticou a mão para girá-la, entrando no banheiro. Mirou o próprio reflexo e assustou-se com a sua feição. Parecia que tinha levado uma surra por isso o rosto inchado, e os olhos estavam opacos, sem vida.

A gaveta estava a poucos centímetros de distância, e abriu-a cautelosamente. Dentro de uma caixa encontrou o canivete butterfly que sabia que a mãe escondia ali dentro. Fitou o material metálico, sentindo uma sensação desconhecida tomar o seu corpo e preencher as suas veias com a adrenalina de ter aquele material perfurador machucando a sua pele. Era quase insano.

— Me perdoe, mamãe.

E então, deixando a mão esquerda fechada e apertando os dedos, as artérias do pulso ficaram em evidência. Não pensou se poderia morrer ao cortar algumas delas, ou ficar sem o movimento da palma. Apenas bem lentamente perfurou a pele com o material. A fenda abriu-se e o próprio sangue tão vermelho e brilhante escorria por seu braço, deslizando por seus dedos até pingarem na pia e serem levadas pelas águas da torneira aberta para o ralo. Não sentiu ao dor ao aprofundar mais o corte. A endorfina corria solta. Ela seria capaz de pular, sorrir até mesmo esquecer que a sua vida era uma completa merda. O primeiro corte não foi suficiente, abrindo uma segunda fenda. Porém, o inesperado aconteceu. A ruptura de uma artéria ocorreu. E Bella despencou no azulejo do banheiro com o canivete em sua mão enquanto a abertura feita no braço permanecia a manar o seu sangue. Talvez a sua vida.

Dias depois.

Não se lembrava do que tinha lhe acontecido. Apenas que passara alguns dias no hospital, sedada, por causa do seu descontrole emocional. Quando despertou a primeira vez estava em um quarto típico de hospital, e Renée sentada no sofá-cama em frente ao leito lendo a Bíblia. No dia seguinte, ela teve alta no hospital. Apoiada nos ombros da mãe, elas seguiram até um carro parado no estacionamento do hospital. Quando acordou novamente, após algumas horas, Bella continuava no carro do desconhecido, sentada ao lado da mãe. Seu destino ainda era incógnito. Não sabia por quanto tempo esteve desacordada. Tentou erguer a mão para afastar um fio de cabelo que estava incidindo em seus olhos, mas não conseguiu erguer a palma esquerda. Entrou em desespero quando depois de várias tentativas de erguê-la ela continuava imóvel. A atadura ainda estava cingida no local que se lembrava de ter ferido com o canivete butterfly. Com a mão direita livre, tocou-a e não sentiu nada, absolutamente nada. Nem mesmo quando beliscou a pele nua. Sem perceber estava chorando.

— Mãe! — gritou a Renée que estava adormecida ao seu lado.

Assustada com o exclamar da filha, despertou da soneca depois de passar longas noites em aflição com o desacordar de Isabella. Aninhou-a contra o seu peito, murmurando palavras doces em seu ouvido.

Bella percebeu então que estavam em movimento. Tão concentrada por não sentir a sua mão esquerda, não reconheceu quem dirigia o carro. Billy Black, amigo de longa data da família.

— Eu não consigo... — não conseguiu completar a frase porque as palavras foram engolidas pelo gemido de dor ao tomar consciência que tinha perdido o movimento da mão esquerda quando se cortou há... Não sabia quantos dias tinham desde que se feriu.

— Não é para sempre, mamãe promete, meu amor.

— Me perdoe, mamãe... por tudo — sentiu a mãe apertá-la forte enquanto as suas lágrimas misturavam-se as dela. O quebrar em seu peito apenas aumentou por ver a mãe sempre tão inabalável chorar, e por sua culpa. Renée fez-se de forte quanto o pai foi vítima da fatalidade em serviço, engolindo as suas lágrimas para passar força à sua criança.

— Oh, amor — beijou amorosamente o topo de sua cabeça. — Eu nunca poderia culpá-la, por nada.

— Estou me sentindo culpada. Eu só queria... Ah, mamãe, é tão difícil explicar as minhas motivações, e eu sei que se contar apenas a deixarei triste. Você se importa com o meu silêncio?

— Seu terapeuta não lhe ensinou que procurar alívio na automutilação não é o caminho, amor? Eu fiquei tão preocupada em tê-la perdido para sempre. Bella, anjinho, você é tudo o que me sobrou. Eu não tenho mais o seu pai, o que seria de mim sem o meu bebê?

— Sinto muito.

Renée fungou.

— O gentil médico que cuidou de você enquanto você estava sedada... Eu pedi a ele para saber se... aquela sua imprudência causou alguma consequência.

— E qual o resultado? — Já não estava mais se importando se estava doente ou grávida de um filho... dele. Não conhecia o histórico sexual de Edward; apenas em mente que as mulheres que ele dormira eram superiores ao número que seus dedos seriam capazes de contar.

— O rapaz não tinha nenhuma enfermidade que pudesse ser transmitida pelo sexo. — ela disse. — Mas, quanto a uma suspeita gravidez... — Renée fez uma pausa para sugar o oxigênio. — Quanto a você estar grávida, Bella...

— Diga logo, mamãe! Há um bebê... — engoliu em seco como se uma centena de pedras estivesse atravessando a sua garganta.

— Isso nós só vamos descobrir quando chegarmos. O gentil rapaz disse que estava tudo muito recente, e que temos que esperar mais umas semanas. Duas, ao certo, para você fazer um exame de sangue.

— Para onde estamos indo?

— Nova Jersey, amor. Precisamos respirar um ar que não seja o de Forks. Será bom para nós. Enquanto você... eu já conversei com o diretor, ele concordou que enviará as suas avaliações para você não ficar sem nota.

— Estamos partindo?

— Estamos recomeçando.


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Notas finais do capítulo

Por favor, não queiram me jogar em uma fogueira! JDKJSJDOA
Antes que surjam dúvidas:
- A fic terá um final feliz;
- Bella não ficará sem o movimento da mão para sempre;
- Um filho não juntará os dois;
- Sim, o próximo é o último capítulo;
- Sim, vamos ter uma passagem de tempo;
- Sim, foi muito triste, chorei pra caramba escrevendo, mas sou uma dramática de carteirinha, fazer o quê! *-*
- Último capítulo virá no sábado, mas deixem comentários 3
- E sim, haverá um curto epílogo!
Mais dúvidas, perguntem na review! Adicionem o group: facebook. com/groups/anniekfics/
Volto em breve!
Beijos,
A.