Clack, clack.

O relógio de bolso de Tiago não parava de fazer sons irritantes. Tiago havia ganho seu relógio no natal, presente do Vó Weasley. Era folhado à ouro, lindo, mas Rosa o achava irritante. A menina chutava o banco de leve para passar o tempo, seu estômago estava quase saindo pela boca. E Tiago não ajudava nenhum pouco. Tagarelava o tempo todo sobre como seria Hogwarts, como seria o dormitório da grifinória...

Rosa parou de ouvir o que ele tagarelava à algum tempo já, o primo percebeu e parou de falar. Rosa estava com fome, seu estômago doía, não havia comido direito com o nervosismo, decidiu então que procuraria a mulher dos doces.

– Quer alguma coisa, Ti? - perguntou a ruiva já de pé.

– Vai fazer o que?

– Procurar a mulher dos doces. - respondeu ela.

Tiago tirou algumas moedas de ouro do bolso e entregou à Rosa.

– Três tortinhas de abóbora, uma varinha de alcaçús e alguns caramelos. - respondeu o primo sorrindo

– Nossa! - espantou-se Rosa - Você come igual meu pai. Volto já.

Rosa saiu da cabine deixando Tiago rindo. Ela olhou pelos corredores, cheios de estudantes, para lá e para cá. De longe avistou uma mulher grisalha e baixinha, estava encabulada em tentar domar todas aquelas crianças do primeiro ano, inquietas, deixando-a louca.

– Calma crianças - ela dizia resmungando, seu chapéu estava quase caindo, as crianças ão paravam de puxar doces e mais doces do carrinho - tem pra todos! Ei, ei você! Com seis nuques não dá pra comprar todas essas tortas, devolva já! Não querida, não temos sorvete de creme aqui... - dizia ela, atendendo pelo menos umas dez crianças ao mesmo tempo.

Rosa ria silenciosamente e observava, com o passar do tempo as crianças iam saindo, Rosa decidiu que esperaria o carrinho ficar vazio para pedir. Quando a última criança saiu de lá servida, Rosa deu o primeiro passo para perto do carrinho. Estava morta de fome, não via a hora de sair logo dali. Mas parece que outras pessoas já haviam tido essa idéia. O garoto de pele achocolatada, Scorpius e mais dois gêmeos infiaram-se na frente de Rosa para fazerem seus pedidos.

– Ei! - disse Rosa indignada. - Eu ia pedir agora.

Os quatro olharam para ela com desdem e a ignoraram. Rosa então, empurrou-os, e se meteu na frente.

– Quero três tortinhas de abóbora, duas varinhas de alcaçús, quatro sapos de chocolate e um saquinho de caramelos, por favor. - disse Rosa ignorando o comentário dos meninos, entregando à mulher as moedas de Tiago e mais algumas dela.

Quando a velha entregou os doces, Rosa virou-se para sair, mas sentiu um puxão no seu ombro que quase a fez tropeçar. Scorpius tinha um ar de raiva.

– Ei, isso foi falta de educação.

Rosa sentiu-se envergonhada, mas ai se lembrou do acidente com sorvete e o jeito que eles haviam entrado na fila.

– Escute, eu estava aqui à mais de quinze minutos...

– Nós estavamos aqui à mais de meia hora, e o próximo vagão é o nosso. Você veio para cá, não tinha o direito. - interrompeu-a.

Rosa o ignorou e saiu andando. Scorpius não foi atrás, então Rosa virou e notou que ele ainda estava a observando, isso à encomodou.

– Quer ficar com meus doces por acaso? Será que desculpas servem?

Ele esboçou um sorriso.

– Não quero nada.

Então Scorpius saiu dali e entrou na cabine. Rosa saiu de lá e foi quase correndo para a sua cabine. Ao chegar lá, encontrou um Tiago sonolento, que lutava para não dormir sentado. Rosa sentou-se do lado dele e lhe ofereceu uma tortinha. Tiago sobressaltou-se, mas aceitou e os dois comeram em silêncio.

Quando Rosa começou a atacar o saco de caramelos, Tiago finalmente falou.

– Teddy não veio nos ver.

– Ele está no vagão da Grifinória, não pode sair de lá. - respondeu Rosa.

Tiago adorava Ted. Era como um irmão. Eles eram muito ligados um com o outro, e Tiago tinha ciumes de Victoire e Ted. Desde que começaram à namorar, Ted tinha menos tempo para Tiago, e mais tempo para fotos, lanches e passeios no parque de mãos dadas com Victoire. Nada de arranjar confusões com Hugo e Tiago, nada de correr atrás dos primos, nada de brincadeiras.

– Acha que vamos vê-lo? - perguntou Tiago cabisbaixo.

– Acho que não muito, ele tem que estuda para as provas, que são difíceis. E tem Victoire, quadribol... - vendo o desânimo de Tiago, Rosa continuou - mas se entrarmos na Grifinória, veremos ele todos os dias na sala comunal. Quem sabe ele não te leva pra um passeio em Hogwarts?

Tiago sorriu, dessa vez, com vontade. Mas queria mais de Ted. Queria muito mais. Mas se não fosse possível, Tiago aprendera a se contentar com o pouco. Nãoq eu ele tivesse pouco, Tiago tinha bastante. Mas tinha que dividir tuso com os irmãos. Ele só precisava de uma coisa pra chamar de sua. Só isso. E Rosa entendia isso mais que ninguém.

Era por isso que os dois eram tão ligados. Rosa e Tiago eram como livros iguais. Se você abrisse qualquer um deles, encontraria a mesma história contada apenas de maneiras diferentes. Eles se tinham, e enquanto isso era real, era só o que eles precisavam.

Rosa e Tiago se sobressaltaram ao ver uma menina loira com olhos violeta e brincos de rabanete.

– Olá. Posso me sentar aqui? As outras estão cheias. - disse a menina meio vermelha.

– Po-pode, claro. Senta ai. - respondeu Tiago vermelho.

Tiago não conhecia muitas garotas. Pois é.

– Qual seu nome? - perguntei à menina.

– Galadriel, mas me chamem de Ariel... - disse a menina com o olhar de Rosa e Tiago sob ela. Tinha certeza que se tratava do seu nome estranho tamanha curiosidade.

– Bom, eu me chamo Rosa, e esse é Tiago, meu primo. - respondeu Rosa cutucando Tiago que estava pasmo.

– É... O-oi. - Tiago acordou de seu transe.

Rosa estava encantada com os olhos da menina.

– Você tem... Alexandria's genesis? - perguntou Rosa.

– Tenho... - sorriu Ariel. - É estranho, não é?

– É... diferente - disse Tiago.

– É lindo. - respondeu Rosa.

Ariel ficou muito corada.

– Ei, você é filha dos Weasley, e você é Potter?

– Sim... Como sabe? - perguntou a ruiva.

– O cabelo, e... sei lá, o jeito de Tiago. - ela disse - minha mãe fala muito de vocês.

– Quem é sua mãe? - Tiago sobressaltou-se

– Luna, Luna Lovegood. - respondeu corada.

Rosa riu. Agora fazia sentido aqules brincos e os cabelos quase brancos, a cor pálida e o jeito estranho da menina. Sabia que ela era diferente des do começo. Rosa via Luna muitas vezes, mas não sabia que ela tinha uma filha.

Ela, Galadriel e Tiago, conversavam sobre várias coisas. Tiago ficava bobo e corado quando olhava nos olhos da menina, Rosa via isso. Esse era um daqueles momentos em que se achavam amigos especiais.

Rosa sentia-se feliz. Estava otimista. Sabia que Hopgwarts a esperava, e seja lá qual fosse sua casa, Rosa se daria bem com as pessoas. Incrível como uma amizade nova nos faz repensar.

Mas ai Rosa começou a repensar novamente. Viu que Scorpius estava espiando eles de fora. Quando Scorpius encontrou o olhar de Rosa, a ruiva levantou-se e correu atrás do menino, que havia escapado. Quando estava o alcançando, ela colocou a mão em seu ombro, e o resultado? Uma enguissada do trem que fez os dois cairem no chão, Rosa em cima dele.

Scorpius estava arfando e Rosa com raiva.

– O que você estava fazendo lá? - perguntou a menina irrtada.

Scorpius não sabia o que dizer, mas então, diante da grosseria da menina, levantou-se deixando-a no chão, olhou=-a com desprezo e saiu andando. Rosa só conseguiu ouvir:

– Hábitos trouxas, deve ser isso.

Rosa sentiu-se horrivel, mas quando olhou pra janela, deu um sorriso. Viu um castelo. Era Hogwarts.